Fernando Capez
Fernando Capez | |
---|---|
Secretário Especial de Defesa do Consumidor de São Paulo | |
Período | 9 de abril de 2020 a 1 de abril de 2022 |
Governador | João Doria |
Deputado Estadual de São Paulo | |
Período | 15 de março de 2007 a 15 de março de 2019 |
52.º Presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo | |
Período | 15 de março de 2015 a 15 de março de 2017 |
Antecessor(a) | Chico Sardelli (interino) |
Sucessor(a) | Cauê Macris |
Dados pessoais | |
Nascimento | 22 de março de 1964 (59 anos) São Paulo, SP, Brasil |
Alma mater | Universidade de São Paulo |
Partido | PSDB (2002-2022) UNIÃO (2022-presente) |
Profissão | Promotor de Justiça |
Fernando Capez (São Paulo, 22 de março de 1964) é um jurista, professor e político brasileiro, filiado ao União Brasil (UNIÃO).[1] Foi deputado estadual, tendo presidido a Assembleia Legislativa de São Paulo, além de secretário especial de Defesa do Consumidor e diretor executivo da Fundação Procon SP.
É procurador de Justiça do Ministério Público de São Paulo (licenciado) e publicou mais de 20 obras no campo do direito, principalmente do direito penal.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Nascido em 1964, Fernando Capez formou-se em direito pela Universidade de São Paulo (USP) em 1986, tornando-se mestre em direito pela mesma instituição em 2001. Em 2008, obteve o título de doutor pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).[2]
Atuação como Promotor Público[editar | editar código-fonte]
Foi escrevente técnico judiciário do Tribunal de Alçada Criminal de São Paulo de 1985 a 1987, e ingressou no Ministério Público de São Paulo como promotor de Justiça em 1988.[2] Nessa função, Fernando Capez combateu a a violência das torcidas organizadas e conseguiu, em 1995, a extinção das torcidas Independente, do São Paulo, e Mancha Verde, do Palmeiras, após um confronto que resultou na morte de um torcedor, no estádio do Pacaembu.[3] Foi responsável também pelo inquérito que investigou a chamada "máfia do lixo " e contratos sem licitação firmados pela prefeitura de São Paulo, em 2002.[4]
Carreira política[editar | editar código-fonte]
Enquanto deputado estadual de São Paulo pelo PSDB, foi presidente da Comissão de Constituição e Justiça por dois mandatos[5] e eleito presidente da Assembleia Legislativa para o primeiro biênio da 18ª legislatura (2015-2017).[1] Um dos seus projetos de maior destaque é o que proíbe aos hospitais a exigência de cheque caução para internação de pacientes que não possuem plano de saúde.[6] Foi também presidente da CPI que investigou o mercado de reposição de autopeças.[7]
Atuação no Procon[editar | editar código-fonte]
Em 2018, assumiu o posto de Diretor Executivo da Fundação Procon SP, nomeado pelo governador João Doria.[8] Em abril de 2020, foi indicado por Doria para assumir a Secretaria Especial de Defesa do Consumidor, criada para atuar durante a pandemia de COVID-19.[9][10] No cargo, combateu o aumento abusivo do preço dos alimentos e do botijão de gás. [2] Fiscalizou também os planos de saúde, combatendo reajustes abusivos e cobrando mais transparência do setor. [3]
Processo contra Juca Kfouri[editar | editar código-fonte]
Em 2007, Capez processou o jornalista esportivo Juca Kfouri requerendo a fixação de multa no valor de R$ 50 mil para cada ofensa que viesse a ser praticada contra ele. A ação foi motivada por crítica de Kfouri em seu blog, que criticava o desempenho dos alunos de Direito da Uniban no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil. Capez se irritou com a afirmação de que seria o diretor do curso e de que ele fracassou como promotor público no combate à violência nos estádios de futebol.[11] Entendia ser equivocada a atribuição, por já não estar no cargo. Os advogados de Capez afirmaram ainda que a abordagem do assunto num blog meramente esportivo teve por "finalidade exclusiva a crítica pessoal a Capez, demonstrando que o interesse de ofender é maior que o de informar".[12] A decisão liminar que obrigava Kfouri a pagar multa foi derrubada.[13] Até o ano de 2013, tramitavam diversas ações judiciais em que Capez tentava impedir que Kfouri citasse seu nome.[14]
Denúncia de nepotismo cruzado[editar | editar código-fonte]
Em 2012 Capez foi investigado pelo Ministério Público de São Paulo por nepotismo cruzado juntamente com Eduardo Bittencourt Carvalho. Capez empregava em seu gabinete, na Assembleia Legislativa, Joel Soares Júnior, irmão de Jackeline Soares, companheira de Bittencourt. Já o advogado Rogério Auad Palermo, cunhado de Capez, é assessor técnico do procurador do TCE, formalmente lotado no gabinete que Bittencourt ocupou durante 20 anos na corte de contas. Antes do TCE, Auad foi chefe de gabinete de Capez.[15]
Dias depois, Rogério Auad Palermo, citado na investigação pediu demissão do cargo no TCE[16][17].
A investigação foi concluída em 2013, quando a Procuradoria-Geral de Justiça determinou que a denúncia anônima era infundada. O chefe do Ministério Público paulista concluiu que todos os elementos desmentiam a imputação. Mais tarde, o Conselho Superior do Ministério Público homologou por unanimidade o arquivamento, confirmando o entendimento do procurador-geral.[18]
Citação na Máfia da merenda[editar | editar código-fonte]

Em abril de 2016, Capez foi citado pelo lobista Marcel Júlio, que afirmou que dois ex-assessores solicitaram vantagens ilícitas de uma cooperativa que forneceu suco de laranja para merenda escolar.[19][20]
Além de Capez, também foram citados os deputados federais Baleia Rossi (PMDB) e Nelson Marquezelli (PTB), além do deputado estadual Luiz Carlos Gondim (SD).[21] Em junho de 2018 o Supremo Tribunal Federal determinou o trancamento da ação penal, uma vez que o colaborador desmentiu a participação de Capez em qualquer irregularidade. Afirmou o ministro relator que "em petição nos autos, o delator negou envolvimento do deputado (Capez) e disse que ele jamais exigiu qualquer vantagem pessoalmente e jamais agiu com dolo ou má fé."[4] Anotou ainda "que a motivação principal para o trancamento da ação penal, não foi simplesmente falta de provas, mas a comprovação de que Capez não foi o autor das condutas delituosas imputadas a ele."[5]
Em janeiro de 2018, o Ministério Público denunciou Fernando Capez (PSDB) por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na "Máfia da merenda", no entanto, o Supremo Tribunal Federal trancou a ação penal contra Capez.[22] A denúncia cita o desvio de R$ 1,1 milhão, o dinheiro teria sido usado na campanha de Capez.[23]
Em maio de 2018, Capez foi o principal alvo da Operação "Alba Branca", as investigações deram conta de um salto nos depósitos e saques em espécie nas contas de antigos aliados e assessores de Capez – Jeter Rodrigues Pereira e José Merivaldo dos Santos. O rastreamento da Procuradoria apontou movimentações bancárias atípicas nos períodos posteriores aos supostos repasses do lobista, Marcel Ferreira Júlio, por meio de contratos simulados de consultoria. Em 2014, apenas R$ 2.600 em dinheiro vivo entraram na conta de Jeter, porém no ano seguinte, o valor subiu para R$ 34 mil, os saques em 2014 foram de R$ 17 mil. Em 2015, foram R$ 68 mil sacados em dinheiro vivo. O lobbista Marcel afirmou ter participado de reunião com Capez no escritório político do parlamentar, no Ibirapuera, em que, esfregando os dedos como sinal de quem pedia dinheiro, o tucano teria dito: “Não esquece de mim, estou sofrendo na campanha”.[24]
A ação penal foi trancada e arquivada em junho de 2018, com votos a favor de Capez por parte dos ministros Gilmar Mendes, Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, na ocasião, eles entenderam que não havia provas contra Capez e que a denúncia havia se baseado exclusivamente no depoimento de um relator, o MP poderia recorrer caso surgissem novos indícios.[25]
Em 16 de junho de 2020, a Justiça Federal de São Paulo determinou o bloqueio de R$ 24 milhões de Capez, o bloqueio decorre de investigações relacionadas à "Máfia da merenda" e o processo corre em segredo de Justiça, Capez afirma não ter R$ 24 milhões para serem bloqueados, que já foi inocentado por diversos órgãos e que as testemunhas do processo foram coagidas, o advogado de Capez, Alberto Zacharias Toron diz que "Fernando Capez já foi inocentado pelo STF, Corregedoria do Ministério Público, CPI da Assembleia Legislativa de São Paulo e a ação ajuizada pelo MPF afronta particularmente a decisão do STF".[25]
Investigação por "caixa 2" da Odebrecht[editar | editar código-fonte]
Em agosto de 2021, o Ministério Público de São Paulo abriu investigação contra Fernando Capez por improbidade administrativa, o inquérito instaurado pretendeu apurar suposto recebimento de 100 mil reais da Odebrecht enquanto o ex-deputado — e ex-promotor do MP Estadual — ainda ocupava o cargo na Assembleia Legislativa de São Paulo. O caso estava sendo investigado no âmbito da extinta força-tarefa da Lava-Jato. Segundo delação de 2017 de executivos da Odebrecht, Capez teria recebido o montante da construtora em “vantagens indevidas".[26] A Justiça Eleitoral de São Paulo arquivou a investigação por falta de provas.[27]
Referências
- ↑ «Capez entra no União Brasil e afirma que PSDB vive indefinição ideológica»
- ↑ a b «Currículo de Fernando Capez». CNPq. Consultado em 28 de maio de 2017
- ↑ Promotor elogia torcidas organizadas. Estadão, 8 de junho de 2004.
- ↑ MP vai investigar contratos da prefeitura de SP. Estadão, 14 de julho de 2002
- ↑ ALESP. Ficha do deputado Fernando Capez
- ↑ Hospitais não poderão pedir cheque cauçao. Estadão, 19 de maio de 2011.
- ↑ CPI convoca montadoras de veículos para explicar falta de peças. Estadão, 22 de maio de 2013.
- ↑ Junqueira (4 de dezembro de 2018). «Doria escolhe Fernando Capez para comandar o Procon de SP». R7. Record. Consultado em 24 de março de 2019
- ↑ «Doria cria Secretaria Especial de Defesa do Consumidor e indica Fernando Capez para o cargo». G1. 8 de abril de 2020. Consultado em 11 de abril de 2020
- ↑ Diário Oficial do Estado de São Paulo de 09 de abril de 2020, p. 1.
- ↑ «Juca Kfouri é processado por deputado Fernando Capez por críticas em blog». Portal Imprensa. 7 de novembro de 2007. Consultado em 4 de janeiro de 2014
- ↑ «Deputado Fernando Capez move nova ação contra Juca Kfouri». Assembleia Legislativa de São Paulo. 7 de novembro de 2007. Consultado em 4 de janeiro de 2014
- ↑ Costa, Priscyla (7 de março de 2008). «Multa imposta a Kfouri por ofensa a Capez é derrubada». Consultor Jurídico. Consultado em 4 de janeiro de 2014
- ↑ Kfouri, Juca (19 de dezembro de 2013). «Capez não foi capaz». Blog do Juca Kfouri. Folha da manhã. Consultado em 4 de janeiro de 2014
- ↑ «Ex-conselheiro e Capez são acusados de nepotismo cruzado». Estadão. O Estado de São Paulo. 23 de maio de 2012. Consultado em 4 de janeiro de 2014
- ↑ «TCE-SP exonera cunhado do deputado Capez sob suspeita de nepotismo». Estadão. O Estado de São Paulo. 24 de maio de 2012. Consultado em 4 de janeiro de 2014
- ↑ «Crime contra a honra não prescreve», Conjur, 4 de março de 2019.
- ↑ «Ministério Público arquiva falsa acusação de nepotismo contra Capez». Consultor Jurídico. Consultado em 8 de abril de 2022
- ↑ «MP apura se houve fraude em compra de mais produtos da merenda». São Paulo. Consultado em 5 de fevereiro de 2016
- ↑ «Ex-assessor de Capez recebeu de lobista, admite advogado - 04/02/2016 - Poder - Folha de S.Paulo». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 5 de fevereiro de 2016
- ↑ «Ex-presidente da Assembleia de SP é preso em ação contra máfia da merenda - 29/03/2016 - Poder - Folha de S.Paulo». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 28 de março de 2016
- ↑ «Da merenda ao metrô: os escândalos de Alckmin que nunca deram em nada». Brasil de Fato. 24 de agosto de 2018. Consultado em 28 de setembro de 2022
- ↑ «TJ de São Paulo aceita denúncia e Capez vira réu por participação na 'máfia da merenda'». G1. 9 de maio de 2018. Consultado em 28 de setembro de 2022
- ↑ «Procuradoria revela os caminhos do dinheiro dos homens de Capez». Estadão. 9 de maio de 2018. Consultado em 11 de outubro de 2022
- ↑ a b «Justiça Federal determina bloqueio de R$ 24 milhões de Capez em investigação sobre a máfia da merenda em SP». G1. 16 de junho de 2020. Consultado em 28 de setembro de 2022
- ↑ «Ministério Público de SP investiga Fernando Capez por caixa 2 da Odebrecht». Revista Veja. 19 de agosto de 2021. Consultado em 11 de outubro de 2022
- ↑ «Por falta de provas, Justiça arquiva investigação sobre Fernando Capez». Revista Veja. 19 de agosto de 2021. Consultado em 11 de outubro de 2022
Precedido por Samuel Moreira |
Presidente da ALESP 2015–2017 |
Sucedido por Cauê Macris |
- Nascidos em 1964
- Alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo
- Alunos da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
- Doutrinadores de direito penal do Brasil
- Juristas do estado de São Paulo
- Promotores de justiça do Brasil
- Membros do Partido da Social Democracia Brasileira
- Membros do União Brasil
- Deputados estaduais de São Paulo
- Secretários estaduais de São Paulo
- Alunos do Colégio São Luís