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Fernando Simas

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Fernando Simas – Republicano paranaense e primeiro farmacêutico diplomado do estado do Paraná
Constituição brasileira de 1891, página da assinatura de Fernando Simas (vigésima segunda assinatura). Acervo Arquivo Nacional

Fernando Machado Simas (ou “de” Simas) (Paranaguá, 24 de abril de 1851Rio de Janeiro, 17 de setembro de 1916) foi um farmacêutico, jornalista e político Brasileiro. Foi pai do desembargador Hugo Gutierrez Simas.

Fernando Simas nasceu na quinta-feira, dia 24 de abril de 1851 na cidade litorânea de Paranaguá. Fez seus primeiros estudos em sua terra natal e transferiu-se para a cidade do Rio de Janeiro com a intenção de completá-los. Em 1873 concluiu o curso de farmácia na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e desta maneira tornou-se o primeiro paranaense diplomado nesta profissão.

Em seu retorno para Paranaguá iniciou a vida de comerciante ao abrir a “Pharmácia Simas” e nesta desenvolveu dois produtos farmacológicos que obtiveram sucesso de vendas e que em 1882 foram premiados na Exposição Industrial; são eles: o Vinho de Mate e Glicerina”, que substitui o óleo de fígado de bacalhau e o Licor de Mate.

Na adolescência, teve envolvimento com o jornal Imprensa Livre, um periódico no qual apresentava perspectivas democráticas e os anos que ele passou na capital da nação, convivendo de perto com a família real e contrários ao governo imperial, contribuíram para que Simas tivesse, ao longo de sua vida, firme convicção em uma ideologia republicana. Sendo assim em 1881 Fernando e outros republicanos assinam a publicação “Declaração Republicana Paranaguense” e um ano depois um grupo maior de anti-monarquistas espalharam um manifesto pelas ruas de Paranaguá intitulado “Manifesto ao Paranaguense”, também encabeçado por Simas, com a clara intenção de semear o novo conceito político aos cidadãos do litoral.

Sem muito sucesso nestes dois atos, Simas associou-se a Guilherme Leite e Eugenio Machado e criam, em julho de 1883 o jornal “Livre Paraná” que é considerado o precursor da campanha republicana na então província do Paraná.

Como redator e diretor do Livre Paraná, Fernando lutou contra os jornais monarquistas e com os próprios integrantes do governo constituído da província que eram ligados a figura de Manuel Antônio Guimarães, importante político paranaense e ferrenho monarquista, mesmo por que seu Título nobiliárquico não deixava dúvidas da ideologia política que seguia; Manuel era Visconde; o Visconde de Nacar.

Houve muitas perseguições por parte dos correligionários do Visconde para com os colaboradores do jornal Livre Paraná e deste longo embate resultou no afastamento de Fernando do jornal e em seguida o farmacêutico foi forçado a deixar a cidade de Paranaguá, pois as represarias se concentraram em seu comércio sendo organizado um amplo boicote ao seu estabelecimento.

Pouco tempo antes de Fernando deixar sua terra natal, ele presidiu a assembléia que criou, em 21 de agosto de 1887, o Clube Republicano de Paranaguá. Nesta mesma reunião ele foi vencido por Guilherme José Leite na eleição para o cargo de presidente do Clube.

Transferindo residência e comércio para a cidade de Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, lá reabriu a “Pharmácia Simas” a acompanhou, de perto, o fim do regime monárquico.

Com a Proclamação da República os estados constituídos resolveram dissolver as Câmaras Imperiais e, em seu lugar, instalar os "Conselhos de Intendência", que teriam a responsabilidade, entre outras, de organizar eleições para a composição da primeira Câmara eleita pelo voto no novo regime republicano. A Câmara de Petrópolis foi, assim, dissolvida em 1890 e em 8 de agosto deste ano o governador fluminense nomeia Fernando Machado Simas para fazer parte deste conselho na cidade serrana.

Em 1891 foi eleito Deputado Constituinte Federal pelo estado do Paraná e transfere, novamente, residência e comércio, agora para a capital federal.

Após seu mandato de deputado, fazendo parte da elaboração e da promulgação da primeira carta magna do Brasil republicano, Simas permaneceu no Rio, mantendo aberta sua “Pharmácia Simas” e também foi naturalista do Jardim Botânico. Na cidade carioca conheceu, entre outras personalidades, Ruy Barbosa, do qual ficou amigo pessoal e através deste entrou para a diretoria do Clube Frontão Brasileiro, fundado na década de 1890.

Fernando também foi poeta, sem muita expressão, e por conta disto e seus trabalhos como jornalista paranaense tornou-se patrono da cadeira número 23 da Academia Paranaense de Letras.

Fernando Machado Simas faleceu no domingo, dia 17 de setembro de 1916, aos 65 anos e 05 meses, na cidade do Rio de Janeiro.

Para homenagear este fiel republicano, a sua cidade natal e Curitiba concederam a uma via pública o nome do ilustre farmacêutico e jornalista. Em Paranaguá a Rua Fernando Simas fica localizada no setor histórico da cidade litorânea, enquanto na capital a Rua Fernando Simas é uma das vias do bairro Mercês.

Licor de Mate – Produto desenvolvido pelo farmacêutico Fernando Simas – Anúncio no jornal Livre Paraná – edição de 23 de outubro de 1883. Primeira página do Jornal Livre Paraná em sua edição inaugural de 7 de julho de 1883. Editado e dirigido por Fernando Simas. Vinho de Mate e Glicerina – Produto desenvolvido pelo farmacêutico Fernando Simas - Anúncio no jornal Livre Paraná – edição de 23 de outubro de 1883.


Referências

  • Redação. Anúncios. Livre Paraná, Paranaguá, 23 de out. 1883
  • SIMAS, Fernando. As Circulares Conservadoras. Livre Paraná, Paranaguá, 18 de out. 1884
  • SIMAS, Fernando. Editorial. Livre Paraná, Paranaguá, 7 de jul. 1883
  • MILLARCH, Aramis. Câmara dos Deputados. Estado do Paraná – Tablóide, pag. 4, Curitiba, 12 ago. 1977
  • Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal de Petrópolis (n.d.). «História da Câmara». Consultado em 16 de dezembro de 2009 
  • MARTINS, R. Catálogo dos Jornais Publicados no Paraná : 1854-1907. Curitiba: Ed. Paranaense. 1908.
  • VERNALHA, Minton Miró. Clube Republicano: 1887-1987.Paranaguá. 1987
  • NICOLAS, M. Cem Anos de Vida Parlamentar: Deputados Provinciais e Estaduais do Paraná. Curitiba, 1961
  • NICOLAS, Maria. Almas das Ruas: Cidade de Curitiba. Curitiba: Lítero-técnica, 1974