Flautim-marrom

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaFlautim-marrom
Espécime avistado na Serra dos Carajás, Pará, Brasil
Espécime avistado na Serra dos Carajás, Pará, Brasil
Schiffornis turdina wallacii segundo ilustração de Smit ao Catálogo de Pássaros no Museu Britânico (Catalogue of the Birds in the British Museum) de 1888
Schiffornis turdina wallacii segundo ilustração de Smit ao Catálogo de Pássaros no Museu Britânico (Catalogue of the Birds in the British Museum) de 1888
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Tityridae
Género: Schiffornis
Espécie: S. turdina
Nome binomial
Schiffornis turdina
(Wied, 1831)
Distribuição geográfica
Distribuição do flautim-marrom
Distribuição do flautim-marrom
Sinónimos
  • Schiffornis turdinus (Wied, 1831)[2]
  • Muscicapa turdina (Wied, 1831)[3]

Flautim-marrom[4] (nome científico: Schiffornis turdina) é uma espécie de ave passeriforme da família dos titirídeos (Tityridae). É encontrado em alguns países da América do Sul, mais especificamente no Peru, Bolívia e principalmente no Brasil, onde ocorre sobretudo na Amazônia e na região litorânea do país[5]. Por ter uma área de distribuição ampla, é classificado como pouco preocupante na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN), mesmo embora se acredite que esteja em declínio populacional decorrente da perda de habitat.

Distribuição[editar | editar código-fonte]

O flautim-marrom está distribuído na Venezuela, Suriname, Guiana Francesa, Colômbia, Equador, Peru, Bolívia e Brasil.[6][7] Vive em florestas úmidas e moitas altas[1] até 1 700 metros de altitude.[8]

Descrição[editar | editar código-fonte]

Mede entre 15,5 e 17 centímetros de comprimento[9] e pesa em média 35 gramas. O dorso é castanho-oliva, com as asas e a cauda mais brilhantes e de tom avermelhado. A garganta e o peito são verde-oliva brilhante, muitas vezes com um tom ocre. Às vezes, a garganta é mais pálida abaixo e a região posterior cinza-oliva a marrom-oliva opaca. O bico é enegrecido com a base da mandíbula cinza. As pernas são cinza chumbo. A fêmea, sem a ajuda do macho, constrói o ninho, a uma altura de 1 a 1,5 metro numa palmeira espinhosa, num nó de cipós, numa pequena epífita ou na concavidade de um tronco fendido, que cobre com folhas. Põe 2 ovos amarelados ou creme, com manchas marrons, pretas ou lilás.[8]

Conservação[editar | editar código-fonte]

No Brasil, consta como vulnerável na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[10] como vulnerável na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais de 2010;[11] e pouco preocupante na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[12][13] Na entrada à espécie na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN), consta como pouco preocupante. Não há dados suficientes para determinar a quantidades de indivíduos que compõem suas populações, mas se presume que esteja em declínio devido à perda de habitat. Ainda assim, como está presente numa área de avistamento muito extensa, não é considerado, por hora, um animal em perigo de extinção, o que justifica sua classificação.[1]

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

A espécie S. turdina foi descrita pela primeira vez pelo naturalista alemão Maximilian zu Wied-Neuwied em 1831 sob o nome científico Muscicapa turdina; localidade-tipo: "Bahia, Brasil".[3] Este gênero foi tradicionalmente colocado na família dos piprídeos (Pipridae). A Proposta n.º 313 ao Comitê de Classificação Sul-Americano (SACC), seguindo os estudos de filogenia molecular de Ohlson et al. (2007),[14] aprovou a adoção da nova família dos titirídeos (Tityridae), que inclui este gêneros e outros.[15] As subespécies anteriores S. turdina olivacea, S. turdina stenorhyncha, S. turdina aenea e S. veraepacis foram separadas de S. turdina e definidas como espécies completas seguindo os estudos moleculares e ultrassonografias de A. Nyári (2007)[1][16] e os estudos complementares de variação geográfica de vozes, localidades-tipo e itens prioritários de Donegan et al (2011).[17] A proposta n.º 505 ao Comitê de Classificação Sul-Americano foi aprovada em outubro de 2011, com as referidas alterações taxonômicas.[18] A subespécie amazonum é tratada como espécie completa pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), mas não por outras classificações.[19]

Subespécies[editar | editar código-fonte]

De acordo com a classificação do Congresso Ornitológico Internacional (IOC) (Versão 6.1, 2016)[20] e a lista de Clements v.2015,[6] cinco subespécies são reconhecidas, com sua distribuição geográfica correspondente:[3]

Referências

  1. a b c d BirdLife International (2017). «Schiffornis turdina». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2017: e.T103677312A112299070. doi:10.2305/IUCN.UK.2017-1.RLTS.T103677312A112299070.enAcessível livremente. Consultado em 18 de abril de 2022 
  2. «Schiffornis turdina (Wied-Neuwied, 1831)». Integrated Taxonomic Information System - Report (ITIS). Consultado em 18 de abril de 2022 
  3. a b c «Thrush-like Mourner (Schiffornis turdina. IBC - The Internet Bird Collection. Consultado em 18 de abril de 2022. Cópia arquivada em 3 de dezembro de 2014 
  4. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 213. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  5. «flautim-marrom - eBird». ebird.org. Consultado em 20 de julho de 2023 
  6. a b Clements, J. F.; Schulenberg, T. S.; Iliff, M. J.; Roberson, D.; Fredericks, T. A.; Sullivan, B. L.; Wood, C. L. (2018). The eBird/Clements checklist of birds of the world. Ítaca, Nova Iorque: Laboratório Cornell de Ornitologia 
  7. Howell, Steve N. G.; Webb, Sophie (1995). A Guide to the Birds of Mexico and Northern Central America. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Oxônia. ISBN 0-19-854012-4 
  8. a b Elizondo, Luis Humberto (2000). «Schiffornis turdina (Wied, 1831) (Tordo-saltarín)». Especies de Costa Rica. INBio. Consultado em 18 de abril de 2022. Cópia arquivada em 27 de dezembro de 2012 
  9. Schulenberg, Thomas S. (2007). Birds of Peru. Princeton: Imprensa da Universidade de Princeton. p. 496 
  10. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  11. «Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais» (PDF). Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM. 30 de abril de 2010. Consultado em 2 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 21 de janeiro de 2022 
  12. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  13. «Schiffornis turdina (Wied, 1788)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 18 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022 
  14. Ohlson, J. I.; Prum, R. O.; Ericson, P. G. P. (2007). «A molecular phylogeny of the cotingas (Aves: Cotingidae (PDF). Molecular Phylogenetics and Evolution. 42: 25-37. Cópia arquivada (PDF) em 18 de abril de 2022 
  15. «Propuesta (#313) ao Comitê de Classificação Sul-Americano». Consultado em 18 de abril de 2022. Cópia arquivada em 8 de maio de 2008 
  16. Nyári, Á. S. (2007). «Phylogeographic patterns, molecular and vocal differentiation, and species limits in Schiffornis turdina (Aves)». Molecular Phylogenetics and Evolution. 44: 154–164 
  17. Donegan, T. M.; Quevedo, A.; McMullan, M.; Salaman, P (2011). «Revision of the status of bird species occurring or reported in Colombia 2011» (PDF). Conservación Colombiana. 15: 4-21. Cópia arquivada (PDF) em 18 de abril de 2022 
  18. «Propuesta (#505) ao Comitê de Classificação Sul-Americano». Consultado em 18 de abril de 2022. Cópia arquivada em 18 de abril de 2022 
  19. Piacentini, Vitor de Q.; Aleixo, Alexandre; Agne, Carlos Eduardo; Maurício, Giovanni Nachtigall; Pacheco, José Fernando; Bravo, Gustavo A.; Brito, Guilherme R. R.; Naka, Luciano N.; Olmos, Fábio; Posso, Sérgio; Silveira, Luís Fábio; Betini, Gustavo S.; Carrano, Eduardo; Franz, Ismael; Lees, Alexandre C.; Lima, Luciano M.; Pioli, Dimas; Schunck, Fábio; Amaral, Fábio Raposo de; Bencke, Glayson A.; Cohn-Haft, Mário; Figueiredo, Luiz Fernando A.; Straube, Fernando C.; Cesari, Evaldo (2015). «Annotated Checklist of the Birds of Brazil by the Brazilian Ornithological Records Committee / Lista Comentada das Aves do Brasil pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos». Revista Brasileira de Ornitologia. 23 (2): 91-298. ISSN 2178-7875. Consultado em 18 de abril de 2022. Cópia arquivada em 18 de abril de 2022 
  20. Gill, F.; Donsker, D. «Cotingas, manakins, tityras, becards». IOC – World Bird List. Consultado em 16 de abril de 2022