Flora da Serra de Gredos

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A Serra de Gredos é uma cordilheira no centro da Península Ibérica, situada entre as províncias espanholas de Ávila, Cáceres e Toledo, cujo ponto mais alto é o Pico Almançor, com 2 592 m de altitude.[nt 1]

Observa-se uma variação vegetal, intimamente relacionada com a altitude: azinheira (Quercus ilex, Quercus ilex rotundifolia ou Quercus rotundifolia), castanheiro (Castanea sativa), amieiro (Alnus glutinosa), tramazeira (Sorbus aucuparia), bétula (Betula), choupo (Populus), salgueiro (Salix) e carvalho-negral (Quercus pyrenaica), substituído em algumas áreas por pinheiro (Pinus). Nas zonas mais altas predomina o matagal de piornos (Cytisus oromediterraneus), zimbro-rasteiro (Juniperus communis) e diversas variedades de camomila-romana (Chamaemelum nobile).[1]

Níveis de vegetação
Nível Altitude (m)
Azinheira 300-500
Carvalho-negral 550-1800
Piornos 1800-2300
Prados de montanha 2300-2592

No nível mais alto só se encontram plantas de pequeno porte que se adaptaram às duras condições da alta montanha.

Montados de azinheira e sobreiro[editar | editar código-fonte]

Em muitas áreas de Gredos, os montados foram destruídos e no seu lugar existe agora matagal. A sul da cadeia principal as azinheiras (Quercus ilex, Quercus ilex rotundifolia ou Quercus rotundifolia) estão frequentemente misturadas com sobreiros (Quercus suber), embora esta árvore seja menos resistente às condições ambientais secas e frias, pelo que não se encontra nas zonas altas a norte dos cumes. Outras espécies presentes nos bosques são:[nt 2]

Carvalhais e pinhais[editar | editar código-fonte]

Os carvalhais formam uma cintura de vegetação que vai desde as primeiras faldas mais inclinadas de Gredos até um altitude que varia dos 1500 aos 1700 m. Muitos carvalhais foram substituídos por pinhais de pinheiro-da-escócia (Pinus sylvestris) e pinheiro-bravo (Pinus pinaster; pino marítimo). Na vertente sul do maciço oriental existem formações naturais de pinheiro-larício (Pinus nigra; pino negral). Algumas plantas caraterísticas destes bosques são:[1] [nt 2]

Prados de diente[editar | editar código-fonte]

Nos prados em que o gado pasta diretamente e que surgem como consequência da degradação dos bosques e matagais. Aí encontram-se plantas como:[1] [nt 2]

Prados de sega[editar | editar código-fonte]

Nos prados mais húmidos encontramos, entre outras, as seguintes plantas:[1] [nt 2]

Leitos e margens de rios e ribeiras[editar | editar código-fonte]

As espécies vegetais mais relevantes destas zonas são:[1] [nt 2]

Margens de lagoas[editar | editar código-fonte]

Nas margens das lagoas de altitude da serra, crescem espécies muito interessantes tanto pela sua raridade como pela sua beleza, das quais se enumeram as seguintes:[1] [nt 2]

Cervunales[editar | editar código-fonte]

Os cervunales[nt 3] são prados onde a gramínea cervuno (Nardus stricta) forma grandes extensões em solos geralmente húmidos das áreas altas da serra. Além do Nardus stricta, outras espécies comuns são:[1] [nt 2]

Drosera rotundifolia

Áreas pantanosas[editar | editar código-fonte]

Os pântanos, turfeiras ou pauis são um ecossistema onde o solo está alagado com águas total ou parcialmente paradas. A ausência de oxigénio não permite a transformação do azoto orgânico em azoto livre assimilável pelas plantas, o que as obriga a adaptar-se para poderem obter um elemento tão fundamental. As plantas recorrem a diversas estratégias, entre as quais o carnivorismo, em que o azoto de pequenos insetos é assimilado diretamente pelas folhas. Os insetos são capturados com diversos tipos de armadilhas. Outras espécies beneficiam de simbioses com fungos (micorriza) ou bactérias que levam a cabo a fixação do azoto existente na atmosfera. Algumas das plantas mais relevantes deste habitat são:[1] [nt 2]

Matagais de piorno serrano (piornais)[editar | editar código-fonte]

Os piornais são das formações mais comuns em Gredos e cobrem enormes superfícies. Estes matagais de piorneira-da-estrela (Cytisus oromediterraneus) constituem o chamado nível oromediterrânico. Algumas das plantas mais relevantes deste habitat são:[1] [nt 2]

Bordos e fissuras em rochas[editar | editar código-fonte]

As plantas que habitam os rochedos podem qualificar-se como autênticas sobreviventes que se adaptaram a duras condições. Durante as glaciações algumas plantas adaptaram-se aos paredões livres de gelo e, isoladas, evoluíram até chegarem às plantas atuais. Isso explica o grande número de endemismos presente na flora dos rochedos. Algumas das plantas mais relevantes deste habitat são:[1] [nt 2]

Pedreiras[editar | editar código-fonte]

Os terrenos pedregososos são, do ponto de vista biológico, meios móveis com solos raquíticos pobres em nutrientes, o que condiciona a morfologia dos vegetais que neles se instalam. Algumas das plantas mais relevantes deste habitat são:[1] [nt 2]

Prados de cumes[editar | editar código-fonte]

Algumas plantas encontradas neste habitat são:[1] [nt 2]

Nascentes e ribeiros[editar | editar código-fonte]

Em zonas húmidas podem encontrar-se:[1] [nt 2]

Gentiana lutea

Megafórbios[editar | editar código-fonte]

Em fissuras maiores de rochas[nt 4] onde a sombra predomina a maior parte do dia e a humidade ambiental é elevada, surgem comunidades formadas por espécies frondosas, geralmente com grandes folhas, pois não têm que proteger-se contra a secura do ambiente. Em Gredos estas comunidades albergam plantas que em latitudes mais a norte têm preferência por bosque húmidos. Trata-se de plantas nobres e raras.[1] Algumas destas plantas são:[1] [nt 2]

Plantas endémicas de Gredos[editar | editar código-fonte]

Notas

  1. a b Grande parte do texto foi inicialmente baseado no artigo «Sierra de Gredos» na Wikipédia em castelhano (acessado nesta versão).
  2. a b c d e f g h i j k l m n O(s) nomes(s) comuns em espanhol das espécies são mostrados entre parênteses.
  3. Termo não traduzido. Cervunal deriva de cervuno, um nome comum para uma espécie de planta, que, segundo o dicionário da Real Academia Espanhola[2][3] é semelhante à esteva e segundo o artigo original em espanhol [nt 1] é a gramínea da espécie Nardus stricta.
  4. Não foi encontrada tradução para o termo megaforbio. Segundo o artigo «Hierba» na Wikipédia em castelhano megaforbias são ervas gigantes que podem atingir vários metros de altura.

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p Luceño Garcés, Modesto (1998). Flores de Gredos (em inglês). Ávila: Caja de Ávila. ISBN 84-930203-0-3 
  2. «cervuno». Diccionario de la lengua española. dle.rae.es (em espanhol). Real Academia Espanhola 
  3. «jara». Diccionario de la lengua española. dle.rae.es (em espanhol). Real Academia Espanhola 
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