Forte da Praia Vermelha
Forte da praia Vermelha | |
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Praia Vermelha, Rio de Janeiro: nas extremidades ainda podem ser observados os antigos baluartes com as respectivas guaritas. | |
Construção | Pedro II de Portugal (1701) |
Estilo | Abaluartado |
Conservação | Desaparecida |
Aberto ao público |
O Forte da praia Vermelha localizava-se na praia Vermelha, onde hoje se situa a Praça General Tibúrcio, no bairro da Urca, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil.
História
[editar | editar código-fonte]Foi erguido para a defesa da praia Vermelha anteriormente a 1701,[1] e dele existe risco de autoria do Engenheiro Gregório Gomes.[2] A sua posição era estratégica, uma vez que por esse trecho se podia acessar a cidade, contornando as defesas da barra. Em agosto de 1710 repeliu uma coluna de assalto do corsário francês Jean-François Duclerc (1671-1711) provinda da antiga Estrada do Desterro (atual bairro de Santa Teresa).[3] Estava artilhado, à época da invasão de René Duguay-Trouin em 1711, com doze peças.[4] Uma fonte francesa coeva, entretanto, indica quinze peças.[5]
Está representado em planta de 1730.[6]
Foi reconstruído no governo do Vice-rei D. Antônio Álvares da Cunha (1763-1767), constituindo-se num baluarte em alvenaria de pedra e cal, voltado para o mar, com dois meio bastiões levantado entre o morro do Urubu/Babilônia e o morro do Telégrafo (atual Morro da Urca). Foi ampliado no do Vice-rei D. Luís de Almeida Portugal (1769-1779), recebendo um muro simples com uma falsa braga no portão de entrada, que fechava o seu contorno pelo interior,[4] onde foi também erguido edifício para Quartel da Tropa[3] Encontra-se relacionado no "Mapa das Fortificações da cidade do Rio de Janeiro e suas vizinhanças", que integra as "Memórias Públicas e Econômicas da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro para uso do Vice-Rei Luiz de Vasconcellos, por observações curiosas dos anos de 1779 até o de 1789".[7]
À época do Período Regencial, o Decreto de 24 de Dezembro de 1831 determinou a redução do seu armamento. Em 1838 a sua guarnição estava sob o comando do Coronel José Leite Pacheco.[8] SOUZA (1885) relata que por muitos anos aquartelou o Depósito de Recrutas.
Em 1857, passou a abrigar a Escola Militar, quando foi significativamente melhorado o seu quartel. À época (1885) estava artilhado com vinte e quatro peças.[9] Nessa Escola lecionou Benjamim Constant, difundindo os ideais republicanos entre a jovem oficialidade, o que conduziu à proclamação da República brasileira a 15 de Novembro de 1889.[10]
No século XX, após a revolta da Escola Militar (no contexto da Revolta da Vacina, em 1904), a instituição foi transferida para o bairro do Realengo, sendo o prédio da Praia Vermelha utilizado como "Pavilhão das Indústrias" na Exposição Nacional Comemorativa do 1º Centenário da Abertura dos Portos do Brasil.
Entre 1910 e 1920, o mesmo edifício abrigou a Escola de Estado-Maior e posteriormente, entre 1921 e 1935, o 3º Regimento de Infantaria. Esse Regimento foi personagem da Intentona Comunista (Levante de 27 de Novembro de 1935), quando o capitão Agildo Barata e trinta membros da Aliança Nacional Libertadora sublevaram a guarnição (1.600 praças, 100 oficiais), prendendo os legalistas no Cassino dos Oficiais. Bombardeado por terra, mar e ar, o Quartel da Praia Vermelha foi severamente atingido, forçando a rendição dos amotinados. Após esse episódio, o quartel foi demolido.
Nos dias atuais, sua área e entorno estão ocupados pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, pelo Instituto Militar de Engenharia e pelo Monumento aos Heróis de Laguna e Dourados.[11]
Na década de 1980, o Exército Brasileiro abriu ao público a pista Cláudio Coutinho, para caminhadas ecológicas. Da antiga fortificação, atualmente restam apenas os baluartes nas extremidades da praia, com guaritas sobre os respectivos piões, nos vértices, recobertas por cúpulas, vigiando o mar.
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Lista de fortificações no Rio de Janeiro
- Escola de Comando e Estado-Maior do Exército
- Instituto Militar de Engenharia
Referências
- ↑ Monsenhor Pizarro. "Memórias Históricas", Vol. V, p. 5. apud SOUZA, 1885:109.
- ↑ "Delineação da planta para a fortificação da praia Vermelha", c. 1698. Arquivo Histórico Ultramarino, Lisboa. apud IRIA, 1966:72.
- ↑ a b SOUZA, 1885:110.
- ↑ a b BARRETTO, 1958:237.
- ↑ "7. Le fort de la Pré Vermeille: 15 canons." OZANNE, Nicolas Marie. "Plan de la baye et de la ville de Rio de Janeiro", c. 1745. Gravação: Dronet. Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro.
- ↑ "Planta da Fortaleza ou Bateria da praia Vermelha na costa do sul da barra do Rio de Janeiro"", 1730. AHU, Lisboa. apud IRIA, 1966:74.
- ↑ RIHGB, Tomo XLVII, partes I e II, 1884. p. 34.
- ↑ GARRIDO, 1940:121
- ↑ Op. cit., p. 110.
- ↑ GARRIDO, 1940:121.
- ↑ BARRETTO, 1958:238.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368 p.
- GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
- SOUSA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.