IEC 60906-1
IEC 60906-1 ou popularmente, "tomada de três pinos"[1] é a proposta de um padrão internacional para tomadas elétricas. Foi projetado para se tornar o tipo de tomada mais comum, a ser usado um dia em toda a União Europeia e em outras regiões do mundo. O padrão foi publicado pela Comissão Eletrotécnica Internacional (International Electrotechnical Commission, IEC) em 1986. Até agora, somente o Brasil e a África do Sul o adotaram.[2]
Características[editar | editar código-fonte]
O sistema IEC 60906-1 foi feito para tensões até 250 V em corrente alternada e para correntes até 20 A. Define a possibilidade de utilização de conectores de 3 pinos para aplicações que requerem uso de aterramento e de 2 pinos quando este não se faz necessário (como em equipamentos de classe II ou duplo isolamento).[3][4]
O plugue[editar | editar código-fonte]
- Tem pinos redondos (cilíndricos), pinos fase e neutro, que estão a 19 mm um do outro e têm 4,5mm de diâmetro, mais um pino terra, localizado fora do eixo central entre os outros dois;
A tomada[editar | editar código-fonte]
- Tem 10 mm de profundidade para garantir a inserção do plugue de modo a não haver exposição ou contacto externo com os pinos ligados à rede;
- Garante que o pino ligado ao terra estabeleça contato antes dos pinos fase e neutro;
- Pode ser equipada com um protetor para crianças;
- É compacto o bastante para permitir a instalação de duas tomadas no mesmo espaço necessário para apenas uma tomada "Schuko" ou "BS 1363".
Para a maioria dos sistemas europeus hoje existentes, seria possível criar tomadas multipadrão, que aceitem tanto os plugues tradicionais como os modelos IEC 60906-1 para dois ou três pinos, permitindo também uma suave transição para o novo sistema. Entretanto, o padrão IEC 60906-1 desencoraja explicitamente o uso de tomadas multipadrão, afirmando a possibilidade de essas tomadas criarem riscos à segurança das instalações elétricas quando usadas com plugues oriundos de outros países.[2][3]
Comparação com os sistemas tradicionais[editar | editar código-fonte]
Em função da moderna tecnologia de moldagem mediante injeção, plugues mais robustos e seguros podem ter dimensões menores do que era possível quando os outros padrões foram criados, no início ou em meados do Século XX.[5][2]
Plugue brasileiro[editar | editar código-fonte]
No ano 2000, o então presidente do Inmetro, Armando Mariante Carvalho Junior, estabeleceu, por meio de portaria, prazos para que fabricantes e comerciantes de material elétrico e eletrodomésticos se adaptassem ao padrão NBR 14136,que foi estabelecida inicialmente em 1998 pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que determina a padronização do encaixe em formato hexagonal, fixado à parede, com três furos posicionados em formato de pirâmide. Na parte interna, possui três pequenos pinos ocos conectados à fiação. Os plugues de aparelhos que ali se conectam possuem um terceiro pino que funciona como o terra o que supostamente aumentava sua segurança.[6]
Embora o padrão NBR 14136 (baseado na IEC 60906-1) se pareça muito com o padrão IEC 60906-1, há diferenças notáveis entre eles.[7] O plugue brasileiro:
- prega o uso da tomada com dois ou três pinos redondos para qualquer tensão enquanto o padrão IEC prega o uso de pinos chatos para tensões de 110VAC, para assim evitar o uso de aparelhos em tomadas com a tensão incorreta
- especifica dois diâmetros de pinos: 4 mm para aparelhos com corrente de até 10 amperes e 4,8 mm para aqueles que consomem entre 10 e 20 amperes, enquanto o padrão internacional indica pinos de 4,5 mm de diâmetro e corrente máxima de 16 amperes.
O formato e a sua obrigatoriedade a partir de 2011 foram alvo de constantes criticas.[8][9][10][11] Estima-se que foram gastos R$ 1,4 bilhão de reais para adaptar todas as residências brasileiras ao novo padrão e que houve lobby de empresas do ramo para que o INMETRO o adotasse. A despeito da alegada segurança, o numero de acidentes elétricos cresceu mais de 50% desde que foi adotado e o numero de mortes não caiu, permanecendo praticamente estável no período.[8]
O livro A tomada de três pinos deve deixar de existir?, publicado pela editora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), esclareceu tecnicamente as dúvidas sobre a tomada de três pinos. O autor do livro, o professor Danilo Ferreira de Souza, explica sobre o processo de padronização desde o desenvolvimento do padrão internacional até a publicação da norma brasileira.[12][13]
Dimensões[editar | editar código-fonte]
O seu estilo frontal também consiste num hexágono achatado. Os plugues têm 35,5mm de largura e 17mm de altura. Os lados paralelos estão a 26mm um do outro e os dois pares de faces laterais são ortogonais um em relação ao outro. O pino para o terra está 3mm fora do eixo central entre os pinos fase e neutro.[2][5]
Especificações[editar | editar código-fonte]
- IEC 60906-1: IEC system of plugs and socket-outlets for household and similar purposes — Part 1: Plugs and socket-outlets 16 A 250 V a.c., International Electrotechnical Commission, 1986.[2]
- Norma brasileira NBR 14136, julho de 2001.[2][1]
Referências
- ↑ a b «Tomada de três pinos, Brasil único pais a adotar este padrão?». www.mundodaeletrica.com.br. Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ a b c d e f «World plugs | IEC». IEC - International Electrotechnical Commission. Consultado em 30 de dezembro de 2021
- ↑ a b «SA to switch to new, safer plugs | Energy | BDlive». web.archive.org. 22 de outubro de 2014. Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ «Log In ‹ EE Publishers — WordPress». www.ee.co.za. Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ a b Kroon, Robert; Tribune, International Herald (12 de junho de 1995). «A Single Plug? Discovering Electricity Was Easier». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ «Sete anos depois, quem ganhou dinheiro com as tomadas de três pinos?». epoca.globo.com. Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ GREGO, Mauricio (1). Nova tomada elétrica brasileira torna-se obrigatória hoje (em português). Exame.com. Página visitada em 2 nov 2012.
- ↑ a b «Sete anos depois, quem ganhou dinheiro com as tomadas de três pinos?». epoca.globo.com. Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ Payão, Felipe (18 de junho de 2019). «Governo Bolsonaro avança para 'acabar' com a tomada de três pinos». TechTudo. Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ «Tomada de três pinos vira alvo das reformas do governo Bolsonaro». ISTOÉ Independente. 17 de junho de 2019. Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ «'Mudar tomada de três pinos seria retrocesso', diz Associação de Normas». Época. 18 de junho de 2019. Consultado em 16 de junho de 2022
- ↑ Ferreira de Souza, Danilo (2020). A TOMADA DE TRÊS PINOS DEVE DEIXAR DE EXISTIR?. Cuiabá: Editora da Universidade Federal de Mato Grosso - EdUFMT. p. 42. 77 páginas
- ↑ «A TOMADA DE TRÊS PINOS DEVE DEIXAR DE EXISTIR?». EdUFMT. Consultado em 16 de junho de 2022
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Por que usar o padrão?
- «International standardization of electrical plugs and sockets for domestic use» (em inglês)
- «Drawing of IEC 60906-1 Class I plug» (em inglês)
- «Drawing of IEC 60906-1 Class I socket» (em inglês)
- South African Plugs and Sockets Standards
- Crabtree, South African plug/socket manufacturer.