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Manoel de Barros: diferenças entre revisões

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Nascido à beira do [[rio Cuiabá]], um ano depois sua família foi viver em uma propriedade rural em [[Corumbá]], mudou ainda quando criança para [[Campo Grande]] e, mais tarde, para o Rio de Janeiro, a fim de completar os estudos, onde formou-se bacharel em direito em 1941<ref>[http://www.revista.agulha.nom.br/manu.html#bio Jornal de Poesia. ''Manoel de Barros: Bio-bibliografia''. Edição Soares Feitosa. Fotaleza, Ceará. Página visitada em 03/08/2010.]</ref>.
Nascido à beira do Dickinson[[rio Cuiabá]], um ano depois sua família foi viver em uma propriedade rural em [[Corumbá]], mudou ainda quando criança para [[Campo Grande]] e, mais tarde, para o Rio de Janeiro, a fim de completar os estudos, onde formou-se bacharel em direito em 1941<ref>[http://www.revista.agulha.nom.br/manu.html#bio Jornal de Poesia. ''Manoel de Barros: Bio-bibliografia''. Edição Soares Feitosa. Fotaleza, Ceará. Página visitada em 03/08/2010.]</ref>.


Tendo estado 10 anos em um internato, rebelou-se contra a escrita do Padre [[Antônio Vieira]], por lhe parecer que para aquele a frase era mais importante que a verdade. Através da leitura da poesia em prosa de [[Arthur Rimbaud]], Manoel de Barros descobre que "pode misturar todos os sentidos".
Tendo estado 10 anos em um internato, rebelou-se contra a escrita do Padre [[Antônio Vieira]], por lhe parecer que para aquele a frase era mais importante que a verdade. Através da leitura da poesia em prosa de [[Arthur Rimbaud]], Manoel de Barros descobre que "pode misturar todos os sentidos".

Revisão das 13h27min de 22 de maio de 2013

Manoel Wenceslau Leite de Barros (Cuiabá, 19 de dezembro de 1916) é um poeta brasileiro do século XX, pertencente, cronologicamente à Geração de 45, mas formalmente ao Modernismo brasileiro, se situando mais próximo das vanguardas européias do início do século e da Poesia Pau-Brasil e da Antropofagia de Oswald de Andrade. Recebeu vários prêmios literários, entre eles, dois Prêmios Jabutis. É o mais aclamado poeta brasileiro da contemporaneidade nos meios literários. Enquanto ainda escrevia, Carlos Drummond de Andrade recusou o epíteto de maior poeta vivo do Brasil em favor de Manoel de Barros [1]. Sua obra mais conhecida é o "Livro sobre Nada" de 1996.

A vida e o contexto

Nascido à beira do Dickinsonrio Cuiabá, um ano depois sua família foi viver em uma propriedade rural em Corumbá, mudou ainda quando criança para Campo Grande e, mais tarde, para o Rio de Janeiro, a fim de completar os estudos, onde formou-se bacharel em direito em 1941[2].

Tendo estado 10 anos em um internato, rebelou-se contra a escrita do Padre Antônio Vieira, por lhe parecer que para aquele a frase era mais importante que a verdade. Através da leitura da poesia em prosa de Arthur Rimbaud, Manoel de Barros descobre que "pode misturar todos os sentidos".

Seu primeiro livro não era de poesia, e teria se perdido em razão de uma confusão com a polícia. Quando vivia no Rio de Janeiro, aos 18 anos, tendo entrado para a Juventude Comunista, pichou as palavras "Viva o Comunismo" em uma estátua. Quando a polícia foi buscá-lo na pensão onde vivia, a dona do estabelecimento pediu para "não prender o menino, tão bom que até teria escrito um livro, chamado 'Nossa Senhora de Minha Escuridão'". Tendo o policial que comandava a operação se sensiblizado, o poeta não foi preso, mas o livro foi perdido, pois o policial levou-o consigo.

Embora a poesia tenha estado presente em sua vida desde os 13 anos de idade, teria escrito o primeiro poema somente aos 19 anos. Seu primeiro livro publicado foi "Poemas concebidos sem pecado" (1937), feito artesanalmente por amigos numa tiragem de 20 exemplares mais um, que ficou com ele.

Rompe com o Partido Comunista quando o seu líder, Luís Carlos Prestes, após 10 anos de prisão política durante o regime getulista, resolve declarar apoio ao presidente Getúlio Vargas, que já havia entregue sua esposa Olga Benário ao regime nazista da Alemanha, onde ela morreu.

Após sua decepção, vive na Bolívia, no Peru e também, durante um ano, em Nova Iorque, onde faz um curso de cinema e pintura no Museu de Arte Moderna.

Na década de 1960 voltou para Campo Grande, onde passou a viver como criador de gado, sem nunca deixar de trabalhar incansavelmente em seu ofício de poeta.

Apesar de ter escrito muitos livros durante toda a sua vida e de ter ganho vários prêmios literários desde 1960, durante muito tempo sua obra ficou desconhecida do grande público. Possivelmente porque o poeta não frequentava os meios literários e editoriais e, deduzindo-se das palavras do poeta (ele diz "por orgulho"), por não bajular ninguém.

Seu trabalho começou a ser valorizado nacionalmente a partir da descoberta deste por parte de Millôr Fernandes, já na década de 1980. A partir daí, ganhou reconhecimento através de vários dos maiores prêmios literários do Brasil, como o Jabuti, em 1987, com "O guardador de águas".

Atualmente, é considerado o maior ou um dos maiores poetas vivos do Brasil, sendo o mais aclamado atualmente nos círculos literários do seu país. Seu trabalho tem sido publicado em Portugal, onde é um dos poetas contemporâneos brasileiros mais conhecidos [3], na Espanha e na França.

A poesia

Somente após as suas duas primeiras publicações em livro, as quais expressavam um lirismo mais subjetivo, a poesia de Manoel de Barros assume as características que marcam a sua obra.

Na sua obra de estréia, "Poemas concebidos sem pecado" (1937), apesar do tom auto-biográfico de poemas como "Cabeludinho", nota-se claramente a inserção do poeta no Modernismo brasileiro de 1922, através da discussão da tradição literária brasileira (Iracema), do Parnasianismo, e da influência de Macunaíma de Mário de Andrade, admitida e criticada pelo próprio Barros. Algumas construções próximas do primeiro vanguardismo europeu e da oralidade brasileira também são perceptíveis[4].

Após a publicação de "A face imóvel" (1942), sua poesia passa a ter como "pano de fundo" o pantanal, indo sua temática, porém, muito além disto. Sendo aquele o universo onde os poemas se "desenrolam", ele é representado através de sua natureza e do seu cotidiano, usando uma linguagem que procura transformar em tátil aquilo que é abstrato. O filólogo Antonio Houaiss o compara a São Francisco de Assis, "na sua humildade diante das coisas" [5].

Transfigurando aquele universo aparentemente pequeno, Manoel de Barros mostra, em realidade, o verdadeiro tamanho do homem diante da natureza, bem como diante das coisas. Isto fica claro diante, até mesmo, dos títulos dos seus livros, tais como "Compêndio para uso dos pássaros" (1960), "Gramática expositiva do chão"(1966) , "Tratado geral das grandezas do ínfimo"(2001). Ainda segundo Antonio Houaiss, a poesia de Manoel de Barros, sob a aparência surrealista, é de uma enorme racionalidade: "suas visões, oníricas num primeiro instante, logo se revelam muito reais..." [6]

Outras características marcantes da poesia de Manoel de Barros são o uso de vocabulário coloquial-rural e de uma sintaxe que remete diretamente à oralidade, ampliando as possibilidades expressivas e comunicativas do seu léxico através da formação de palavras novas (neologismos). Assim, pelo uso que Manoel de Barros faz da lingua escrita reproduzindo e desnvolvendo o legado da oralidade em todos os seus níveis, seu trabalho tem sido muitas vezes comparado ao de Guimarães Rosa, muitos referindo-se ao poeta como "o Guimarães Rosa da poesia". "Desde Guimarães Rosa a nossa língua não se submete a tamanha instabilidade semântica", teria dito o poeta Geraldo Carneiro a seu respeito.

Pode-se dizer que Manoel de Barros, na poesia, tal como Guimarães Rosa na prosa, teria desenvolvido às últimas consequências aquilo que Oswald de Andrade expressava, programaticamente, em seu Manifesto Antropófago [7].

Talvez, por todas essa características, ele próprio definiu sua arte como "vanguarda primitiva"[8], tendo consciência da sua relação com as vanguardas e o modernismo brasileiro, principalmente o de Oswald de Andrade, vivenciada junto à natureza. Manoel de Barros nunca se afasta do "vanguardismo primitivista"(ver primitivismo), como se pode notar pelo título "Poesia Rupestre" (2004), ganhador de vários prêmios literários de repercussão em todo o Brasil.

Obras

  • 1937Poemas concebidos sem pecado
  • 1942Face imóvel
  • 1956Poesias
  • 1960Compêndio para uso dos pássaros
  • 1966Gramática expositiva do chão
  • 1974Matéria de poesia
  • 1980Arranjos para assobio
  • 1985Livro de pré-coisas
  • 1989O guardador das águas
  • 1990Gramática expositiva do chão: Poesia quase toda
  • 1993Concerto a céu aberto para solos de aves
  • 1993 — O livro das ignorãças
  • 1996Livro sobre nada
  • 1996 — Das Buch der Unwissenheiten - Edição da revista alemã Akzente
  • 1998Retrato do artista quando coisa
  • 2000Ensaios fotográficos
  • 2000 — Exercícios de ser criança
  • 2000 — Encantador de palavras - Edição portuguesa
  • 2001O fazedor de amanhecer
  • 2001 — Tratado geral das grandezas do ínfimo
  • 2001 — Águas
  • 2003Para encontrar o azul eu uso pássaros
  • 2003 — Cantigas para um passarinho à toa
  • 2003 — Les paroles sans limite - Edição francesa
  • 2003 — Todo lo que no invento es falso - Antologia na Espanha
  • 2004Poemas Rupestres
  • 2005Riba del dessemblat. Antologia poètica — Edição catalã (2005, Lleonard Muntaner, Editor)
  • 2005Memórias inventadas I
  • 2006Memórias inventadas II
  • 2007Memórias inventadas III
  • 2010Menino do Mato
  • 2010Poesia Completa
  • 2011Escritos em verbal de ave

Prêmios

  • 1960 — Prêmio Orlando Dantas - Diário de Notícias, com o livro Compêndio para uso dos pássaros;
  • 1966 — Prêmio Nacional de poesias, com o livro Gramática expositiva do chão;
  • 1969 - Prêmio da Fundação Cultural do Distrito Federal, com o livro Gramática expositiva do chão.
  • 1989Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria Poesia, como o livro O guardador de águas;
  • 1990 — Prêmio Jacaré de Prata da Secretaria de Cultura de Mato Grosso do Sul como melhor escritor do ano;
  • 1996 — Prêmio Alfonso Guimarães da Biblioteca Nacional, com o livro Livro das ignorãnças;
  • 1997 — Prêmio Nestlé de Poesia, com o livro Livro sobre nada;
  • 1998 — Prêmio Nacional de Literatura do Ministério da Cultura, pelo conjunto da obra;
  • 2000 — Prêmio Odilo Costa Filho - Fundação do Livro Infanto Juvenil, com o livro Exercício de ser criança;
  • 2000 — Prêmio Academia Brasileira de Letras, com o livro Exercício de ser criança;
  • 2002Prêmio Jabuti de Literatura, na categoria livro de ficção, com O fazedor de amanhecer;
  • 2005 — Prêmio APCA 2004 de melhor poesia, com o livro Poemas rupestres;
  • 2006Prêmio Nestlé de Literatura Brasileira, com o livro Poemas rupestres;[9]

Referências

Ligações externas

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