Manuel Serra
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Manuel Serra | |
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Nascimento | 23 de julho de 1931 Lisboa |
Morte | 31 de janeiro de 2010 (78 anos) |
Cidadania | Portugal |
Ocupação | político |
Manuel Serra (Lisboa, 23 de julho de 1931 - Lisboa, 31 de janeiro de 2010) foi um líder socialista católico, antifascista, ex-dirigente do Partido Socialista e revolucionário português.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nasceu em Lisboa, a 23 de Julho de 1931. Começou por ser oficial da Marinha Mercante e fundador da revista Náutica.[1]
Oposição católica e anti-fascismo
[editar | editar código-fonte]Durante a ditadura do Estado Novo fez parte da oposição católica. Adere à Juventude Operária Católica aos 17 anos e torna-se dirigente.
Mais tarde, participou na campanha presidencial de 1958 em apoio de Humberto Delgado.[2] A campanha mobilizaria o país de Norte a Sul, popularizada pelo "obviamente demito-o" a Salazar, mas no final venceria o candidato apoiado pelo partido único União Nacional, uma vez mais. Apesar das intimidações, prisões, e fraude direta nos votos, o resultado (falseado) de 24% de Humberto Delgado vai assustar o regime, passando a eleição do presidente a ser feito na Assembleia Nacional.[1]
Com a fraude nas urnas, a oposição vai-se radicalizar. Henrique Galvão, Palma Inácio, Varela Gomes, e o próprio Humberto Delgado, entre outros, vão ser protagonistas de uma série de ações espetaculares como o desvio de um avião para distribuir panfletos por Lisboa (1961) ou o resgate do paquete Santa Maria (1961). Vão ainda patrocinar golpes armados para derrubar o regime ditatorial.
Manuel Serra vai participar no golpe da Sé, em Março de 1959, e foi o líder civil do golpe de Beja, a Janeiro de 1962. No processo judicial subsequente, o maior do Estado Novo com 86 réus, foi defendido por Francisco Sousa Tavares.[3] Das duas vezes foi preso, onde foi brutalmente torturado.[1] Da primeira vez, ficara seis meses isolado no Aljube, mas consegue fugir. Da segunda vez, sujeito à tortura do sono, em 44 dias dormiu somente oito horas, associado com estátua e espancamentos.[1] Esteve preso 11 anos durante a ditadura.[2]
Em 1972, após sair da prisão, volta à resistência antifascista. Interpelado pelo então jovem capitão Vasco Lourenço, "Mas já estás a pensar meter-te noutra?", terá retorquido "Com mais força do que nunca".[2]
Período democrático
[editar | editar código-fonte]No pós 25 de Abril funda o Movimento Socialista Popular, que se junta ao PS como tendência de esquerda. Assume funções de "chefe do aparelho", o que lhe granjeia considerável poder.[1] Candidatou uma lista ao Secretariado Nacional contra Mário Soares, mas perdeu com 44 por cento dos votos.[3] Não concordando com a linha "direitista" seguida pelo PS, desvincula-se do partido.
De seguida funda a Frente Socialista Popular. Em 1975, a FSP participa com outros partidos de esquerda na Frente de Unidade Revolucionária (FUR) para apoiar o V Governo provisório de Vasco Gonçalves. Nas eleições para a Assembleia Constituinte de 1975, será o sexto partido mais votado , o maior dos pequenos partidos, mas obtendo apenas 1,16%. Em 1976, apoia Otelo Saraiva de Carvalho nas primeiras presidenciais, contribuindo para o seu segundo lugar na corrida. A FSP dissolve-se em 1979-1980.[1][2]
Em 1980, participa ainda na fundação da Força de Unidade Popular (FUP), uma tentativa de juntar vários partidos à esquerda como o MES, PRP, OUT, PCP(ml)P, PCP(R), UDP e da UC (Unidade Comunista).[2] Eventualmente afastar-se-á por divergências políticas.
Afasta-se então da política e gere a empresa AtlantiSado, no ramo da aquacultura.[1]
Morte
[editar | editar código-fonte]Manuel Serra morreu em Lisboa num domingo na sequência de um linfoma,[1] anunciado pela sua esposa a advogada Marinela Coelho no dia seguinte. Após ser velado na igreja de Arroios, teve o corpo cremado no Cemitério dos Olivais.[4]
O seu falecimento em 2010 foi lembrado pelo partido Bloco de Esquerda,[3] e meios de comunicação social como a RTP, e os principais jornais Público, Expresso e Diário de Notícias. Nas parangonas foi lembrado como "uma das grandes figuras católicas da oposição ao fascismo" (Expresso) ou "O homem que perdeu o PS para Soares" (Público).
Referências
- ↑ a b c d e f g Almeida, São José (2010). «O homem que perdeu o PS para Soares». Público
- ↑ a b c d Almeida, São José (2010). «Morreu Manuel Serra, antigo dirigente do PS». Público
- ↑ a b Rolim, ML (2010). «Manuel Serra (1932-2010)». Expresso
- ↑ «Morreu Manuel Serra, um histórico do PS». dn.pt. Diário de Notícias. 1 de fevereiro de 2010. Consultado em 13 de julho de 2024. Cópia arquivada em 13 de julho de 2024
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]Galiza, Rui e João Pina (2007) Por Teu Livre Pensamento. Histórias de 25 ex-presos políticos portugueses. Assírio e Alvim.