Maria Eduarda Barjona de Freitas

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Maria Eduarda Barjona de Freitas
Nascimento 13 de setembro de 1882
Alcoutim
Morte 18 de julho de 1952 (69 anos)
Porto
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Alma mater
Ocupação jornalista, enfermeira, escritora, investigadora

Maria Eduarda Barjona de Freitas (Alcoutim,1882 - Porto, 1952), foi uma jornalista, escritora, investigadora e crítica literária portuguesa. Foi também enfermeira militar, tendo sido condecorada com a medalha de louvor, pelos serviços prestados durante o golpe de estado organizado por Sidónio Pais em 1917.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Maria Eduarda Brak-Lamy Lopes Alves Barjona de Freitas, nasceu em Alcoutim no dia 13 de Setembro de 1882 e baptizada em Março do ano seguinte.[1][2][3][4]

Após estudar em Lagoa, no Colégio das Irmãs Dominicanas de São José e ter publicado o seu primeiro conto com apenas 20, intitulado O Ladrão, no Diário Illustrado, vai para Paris fazer o curso de de Decoração Artística, onde recebe dois prémios literários.[1][5][6][3]

Regressada a Portugal, frequenta a Faculdade de Letras de Lisboa e adopta os pseudónimos Maria Arade, Maria Luísa Aguiar e Pimentel de Vabo, com os quais assina artigos para vários jornais portugueses, franceses, italianos, belgas, entre eles: A Luz, O Rebate, O Mundo, La Pensée, La Razione, La Republicana e Le Rappel.[7][8][3][1][5][9]

Em 1911, torna-se directora do Jornal da Mulher, com o qual continuará a colaborar, após trocar Lisboa pela cidade do Porto em 1914. Voltará a assumir a direcção em 1931.[8][10]

É no Porto que durante a Primeira Guerra Mundial, tira o curso de enfermagem da Cruz Vermelha Portuguesa e em 1918 é colocada no Hospital Militar do Porto.[5][7][8][3][1][11] No ano anterior, havia sido condecorada com a Medalha de Louvor nº 1 pelos serviços prestados durante o golpe de estado protagonizado por Sidónio Pais, em que este derrubou o então presidente da república portuguesa Bernardino Machado.[12][13][7]

Dois anos mais tarde, em 1919, dá-se a contra-revolução monárquica no Porto que fica conhecida como a Monarquia do Norte.[14] Maria Eduarda abandona a cidade com a filha de dois meses e apresenta-se ao serviço, no Hospital Militar da Estrela, em Lisboa. O facto de ter abandonado o posto, no hospital militar do Porto, faz com que seja acusada de deserção, sendo presa e libertada após 13 dias encarcerada.O processo foi arquivado, uma vez que era impossivel provar que tinha desertado por se ter apresentado em Lisboa.[5][1] Equiparada a oficial, reforma-se com a patente de tenente.[1][7][5][6]

Durante todo este período nunca deixa de escrever, sendo responsável pela secção Arte e o Lar do jornal republicano A Luta, para o qual escreveu vários artigos, entre os quais se destaca o que escreveu sobre o pintor Amadeo de Souza Cardoso com o pseudónimo Maria Arade.[8][15][16][17][18]

Desenvolve também uma carreira como investigadora tendo publicado vários livros sobre encadernação artistica e a história do livro.[5][4]

Rejeita em 1924, o convite para fazer parte da Academia das Ciências de portugal e funda a Academia Feminina Portuguesa de Ciencias e Artes que não vinga.[5][7]

Funda, em 1926, uma biblioteca para cegos com livros em braille que doa ao Asilo de Cegos de Nossa Senhora da Saúde em Lisboa.[7][5][3]

Morre no dia 18 de Julho de 1952 no Porto, onde se encontrava a participar num seminário.[1][8][5]

Obras Seleccionadas[editar | editar código-fonte]

Entre as suas obras destacam-se: [4][19][20]

  • 1923 - Eterna Luta: Tentativa para o Restabelecimento do Poder Temporal do Papa
  • 1935 - Martírio: Cenas da Vida Conventual do Sécilo XVIII[21]
  • 1937 - A Arte do Livro[22]
  • 1937 - Manual do Encadernador, Livraria Sá de Costa[23]; Vimara Editor, 2024 [Brasil]
  • 1941 - Manual do Decorador de Livros e do Dourador de Livros[24]; Vimara Editor, 2024 [Brasil]
  • 1945 - Um livreiro encadernador frances em Portugal
  • 1952 - Os Livreiros de Lisboa Quinhentista[25]

Homenagem[editar | editar código-fonte]

Foi condecorada com a Medalha de Louvor Nº1 pelos serviços prestados enquanto enfermeira militar durante o golpe de estado protagonizado por Sidónio Pais em 1917.

O seu nome consta na toponímia de Alcoutim e de Faro.[26][1]

O Ecomuseu Municipal do Seixal conserva o seu espólio documental, composto por 1500 documentos, no Fundo Maria Eduarda Barjona de Freitas.[27][2]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e f g h «Recordamos hoje, Maria Eduarda Barjona de Freitas, Enfermeira, Escritora e Jornalista, no dia em que passa mais um aniversário do seu nascimento.». Ruas com história. 13 de setembro de 2018. Consultado em 30 de janeiro de 2022 
  2. a b «Maria Eduarda Barjona de Freitas». Marafado. 10 de agosto de 2012. Consultado em 30 de janeiro de 2022 
  3. a b c d e Varzeano, José. «Maria Eduarda de Freitas». Alcoutim Livre 
  4. a b c «Obras de Maria Brak-Lamy Barjona de Freitas, presentes no catálogo da Biblioteca Nacional de Portugal». catalogo.bnportugal.gov.pt. Consultado em 30 de janeiro de 2022 
  5. a b c d e f g h i Marreiros, Glória (2000). Quem Foi Quem? 200 Algarvios do Século XX. [S.l.]: Edições Colibri. pp. 217, 218. ISBN 972-772-192-3 
  6. a b Grande enciclopédia portuguesa e brasileira: ilustrada com cêrca de 15.000 gravuras e 400 estampas a côres. [S.l.]: Editorial Enciclopédia. 1959 
  7. a b c d e f Lopes de Oliveira, Américo (1981). Dicionário de Mulheres Célebres. [S.l.]: Lello & Irmão Editores. pp. 114–115. ISBN 978-972-48-0026-4 
  8. a b c d e Rostos da República (catalogo da exposição). Espinho: Câmara Municipal de Espinho e Museu Municipal de Espinho. 2010 
  9. «O nosso lar. LII, pela Republica, por Portugal!, escrito com o pseudónimo Maria Arade». Rede de Bibliotecas de Lisboa. Consultado em 16 de fevereiro de 2022 
  10. Braga, Isabel Drumond (2020). «O Jornal da Mulher (1910-1937): conselhos de economia doméstica e receitas de culinária». Universidade de Coimbra. Revista Portuguesa de História. ISSN 0870-4147. doi:10.14195/0870-4147 
  11. Quem é alguém: (Who's who in Portugal) Dicionário biográfico das personalidades em destaque do nosso tempo. [S.l.]: Portugália editora. 1947. p. 102 
  12. «MPR - Sidónio Pais». www.museu.presidencia.pt. Consultado em 16 de fevereiro de 2022 
  13. Oliveira, Américo Lopes (1983). Escritoras brasileiras, galegas e portuguesas. [S.l.]: Tipo grafia Silva Pereira. p. 24 
  14. «O fim da "Monarquia do Norte"». RTP Ensina. Consultado em 16 de fevereiro de 2022 
  15. Canelas, Lucinda. «Amadeo preparou-se para esta exposição como quem se prepara para a guerra». PÚBLICO. Consultado em 16 de fevereiro de 2022 
  16. «O que escreveu a imprensa da época». PÚBLICO. Consultado em 16 de fevereiro de 2022 
  17. «Amadeo de Souza-Cardoso - Há 100 anos foi assim». Time Out Lisboa. Consultado em 16 de fevereiro de 2022 
  18. «BNP - 1º Congresso Internacional Amadeo de Souza Cardoso». bibliografia.bnportugal.gov.pt. pp. 31–46. ISBN 978-989-8970-02-2. Consultado em 16 de fevereiro de 2022 
  19. «Obras de Maria Eduarda Barjona de Freitas que constam do catálogo da Rede de Bibliotecas de Lisboa». Rede de Bibliotecas de Lisboa. Consultado em 16 de fevereiro de 2022 
  20. Matos Oliveira, Marta Susana (2010). Livraria Sá da Costa: uma livraria e editora através da história (1913-2011) (PDF). Aveiro: Universidade de Aveiro 
  21. «MARTÍRIO. by BARJONA DE FREITAS. (Maria Brak-Lamy): Good Soft Cover | Livraria Castro e Silva». www.abebooks.com (em inglês). Consultado em 30 de janeiro de 2022 
  22. Carujo, Carlos Araujo (8 de novembro de 2020). A Arte Do Escritor. [S.l.]: Clube de Autores. ISBN 9789851115330 
  23. Freitas, Maria Brak-Lamy Barjona De (1937). Manual do encadernador. [S.l.]: Livraria sá de Costa 
  24. «Arte do livro. Manual do dourador e decorador de livros». In-Libris. Consultado em 30 de janeiro de 2022 
  25. «Os livreiros da Lisboa Quinhentista, por Maria Brak-Lamy Barjona de Freitas». Hemeroteca Digital - Revista municipal. Consultado em 30 de janeiro de 2022 
  26. «Código Postal de Praceta Maria Eduarda Barjona de Freitas em Faro | 8005-221». codigopostal.ciberforma.pt. Consultado em 30 de janeiro de 2022 
  27. «O CDI disponibiliza aos seus utilizadores um atendimento personalizado, garantido por pessoal técnico especializado. - PDF Free Download». docplayer.com.br. Consultado em 30 de janeiro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]