O Menino e o Vento

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Menino e o Vento
O Menino e o Vento
 Brasil
1967 •  pb •  104 min 
Gênero drama
Direção Carlos Hugo Christensen
Roteiro Carlos Hugo Christensen
Millor Fernandes (diálogos)
Aníbal Machado (conto)
Elenco Ênio Gonçalves
Wilma Rodrigues
Luiz Fernando Ianelli
Idioma português

O Menino e o Vento é um filme de drama brasileiro de 1967, dirigido por Carlos Hugo Christensen. Roteiro do diretor, baseado no conto "O Iniciado do Vento" de Aníbal Machado.[1][2] O diretor conheceu o conto após uma ida a uma livraria de São Paulo, na qual ele se deparou com o livro Poemas em Prosa.[3] Após a ocasião tornou-se amigo do autor o qual denominou "um dos maiores poetas da América Latina", segundo ele os contos de Aníbal possuem "uma concepção essencialmente cinematográfica" e "em todos está presente o grande poeta que era".[3]

As gravações ocorreram na cidade de Visconde do Rio Branco, zona da mata mineira, após a ótima recepção do prefeito e da população o diretor Carlos Hugo exibiu o filme ao ar livre, na praça principal.[4]

Para o elenco, Christensen queria trabalhar apenas com atores "novatos", e após a inclusão de Ênio Gonçalves e do ator Luiz Fernando Isnelli, convidou Alba Veronese, que embora tivesse projeção internacional nos meios artísticos não era conhecida do cinema brasileiro.[1] Foram feitos testes com mais de trezentos garotos para o papel, o ator escolhido, Isnelli, recebeu vários elogios pelo seu desempenho com a crítica,[5][6] e chamou atenção nas gravações ao recusar dublê em uma cena que teria que dominar um cavalo.[7]

A recepção foi mista. Recebeu indicação de melhor filme no Festival de Teresópolis e ganhou como melhor diretor.[8][9] Em relação as críticas desfavoráveis, Rogério Costa Rodrigues, do jornal Correio Braziliense o chamou de frustrante, e escreveu que para um tema complexo como o de "O Iniciado no Vento" era necessário certa sensibilidade para ser "captado nas suas exatas dimensões", o que não aconteceu.[10] Em 1967, foi selecionado para representar o Brasil no Festival de Veneza,[11] no entanto, foi rejeitado, pois, de acordo com o diretor do evento, Luigi Chiarini, era "antigo e sem importância" e seria "impossível admitir num festival que pretende abrir suas portas a um cinema jovem, polêmico e dinâmico, um filme cheio de ideias inúteis".[12]

O filme foi exibido na mostra de cinema brasileira no teatro National Film Theather, de Londres, com o patrocínio da Britsh Film Institut, em fevereiro de 1970.[13]

Sinopse[editar | editar código-fonte]

  • Fonte: Cinemateca Brasileira[14]

José Roberto é um jovem engenheiro que vai de férias à distante vila de Bela Vista, interior de Minas Gerais, local de fortes ventos. Na infância ele sempre se interessara por esse fenômeno e quando conhece Zeca da Curva, fica fascinado com o conhecimento, a paixão e a afinidade do garoto pelos ventos de sua região e os dois se tornam companheiros inseparáveis durante os 28 dias de férias do engenheiro, sempre percorrendo as colinas em busca de ventos cada vez mais fortes. Mas ao voltar para a cidade onde mora, José Roberto fica sabendo que fora acusado do desaparecimento do garoto, que não fora mais visto depois da partida dele, e que era réu num julgamento à revelia. Ele retorna à Bela Vista e fica indignado quando as testemunhas, principalmente Laura, a dona do hotel, e Mário, um primo rico homossexual de Zeca, tentam chantageá-lo para mudarem os depoimentos que aludem a um provável crime de homicídio com motivação sexual que ele teria cometido.

Elenco[editar | editar código-fonte]

  • Fonte: Cinemateca Brasileira[14]
  • Ênio Gonçalves...José Roberto Nery (engenheiro)
  • Wilma Henriques...Laura (dona do hotel)
  • Luiz Fernando Ianelli...Zeca da Curva
  • Odilon Azevedo...Jorge (escrivão)
  • Germano Filho...advogado de Roberto
  • Oscar Felipe...Mário (primo rico de Zeca)
  • Palmira Barbosa... Maria Amália (mãe de Zeca)
  • Antônio Naddêo... Promotor (advogado de Zeca)
  • Jotta Barroso... funcionário do fórum (abertura do julgamento)
  • Armando Rosas... juiz
  • Antônia Marzullo ... índia (avó de Zeca)
  • Thales Penna... Aparecido Telles (peão da fazenda)
  • Amiris Veronese... passageira do trem (olhando para Roberto)
  • Míriam Pereira... Isaura (Espiga de Milho) (namorada de Zeca)

Prêmios[editar | editar código-fonte]

  • Prêmio do INC - Instituto Nacional de Cinema, 1967.[2]

Referências

  1. a b «Alba pelos caminhos do Menino e o Vento». A Cigarra: 85. 12 de dezembro de 1966. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  2. a b Cinemateca Acessado em 9-07-14
  3. a b Reis, Moura (11 de março de 1970). «Christensen - Brasileiro adotivo». Filme & Cultura: 26. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  4. Alves, José Maria (18 de abril de 1967). «Sétima arte». O Fluminense: 7. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  5. «Diário do país». Diário de Notícias: 3. 16 de agosto de 1966. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  6. «Luiz Fernando e o vento». Cinelândia: 38. 1967. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  7. Souza, Arthur (1 de abril de 1967). «Luís Fernando - O menino do vento». Manchete: 41. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  8. Zazie (1967). «Mini-respectiva do Festival de Teresópolis». Cinelândia: 24. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  9. Ruas, Carlos (4 de maio de 1967). «Os Melhores». O Fluminense: 2. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  10. Rodrigues, Rogério Costa (19 de outubro de 1967). «O menino e o vento». Correio Braziliense: 2. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  11. Sani, Ítalo C. (Julho de 1967). «O menino e o vento». Filme & Cultura: 33. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  12. Sani, Ítalo C. (16 de setembro de 1967). «Como é alegre Veneza». Manchete: 16. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  13. «Exito em Londres abre novo mercado ao cinema nacional». O Estado de Mato Grosso: 6. 11 de março de 1970. Consultado em 22 de novembro de 2021 
  14. a b O Menino e o Vento Bases.cinemateca.gov.br. Consultado em 1 de novembro de 2021.