Ofício das erveiras do Ver-o-peso

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Ofício das erveiras do Ver-o-peso
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A erveiras do Ver-o-peso é a denominação popular brasileira dada a uma vendedora de óleos e essências fitoterápicas e purificadoras baseadas no saber-tradicional sobre as ervas da Amazônia.[1][2][3] Um ofício muito presente na Região Norte do Brasil, principalmente na feira do Ver-o-Peso na cidade brasileira de Belém (Pará), baseados no saber tradicional dos indígenas;[4][5] que são econtradas em um espaço específico do mercado, o setor das ervas ou barracas das erveiras,[6] um dos mais tradicionais do mercado. Segundo a antropóloga Dorotéa Lima há evidência da presença das erveiras desde os primeiros dias do mercado (1901).[7]

Elementos[editar | editar código-fonte]

Os produtos comercializados com base em elementos naturais fitoterápicos e purificadores são: banho de erva, banho de cheiro, garrafada, óleos vegetais e, essências florais.[1][2]

Dentre esses produtos comercializados pelas erveiras, que conforme a crença popular são: cura para o mal olhado; cura do desemprego; atração de dinheiro, atração de paz espeiritual, até sorte no amor.[8] E recebem uma designação popular conforme a finalidade do cliente:

  • Abre caminho;
  • Chega-te a mim;
  • Vai buscar longe;
  • Corre atrás;
  • Dinheiro em penca;
  • Trevo da sorte.[8]

Saber tradicional[editar | editar código-fonte]

O saber tradicional é um produto histórico resultado do modo de vida (intelecto coletivo ou intelecto cultural) de uma comunidade tradicional, o relacionamento com a biodiversidade que está inserida.[9] Este saber se reconstrói na transmissão entre as gerações e, possui uma vísivel aplicação prática na sociedade.[9]

Feira do ver-o-peso[editar | editar código-fonte]

O Complexo do Ver-o-Peso, como é conhecido o mercado, é maior feira atacadista e varejista do norte brasileiro. Localizado em Belém, na capital do Estado do Pará, reúne grande parte da biodiversidade amazônica, assim como costumes, práticas e saberes comuns a região. A partir da sua coletânea de dados culturais e históricos, em especial o Setor das Ervas, tradicional seção da feira, nota-se grande influência da qualidade patrimonial acerca da imagem das mulheres feirantes erveiras: elas agregam valor do patrimônio e bem cultural como formas de destaque para o consumo turístico e de lazer da feira [10].

Tradição[editar | editar código-fonte]

Um patrimônio cultural do Pará, as erveiras preservam as crenças populares através de plantas, raízes, ervas e cipós da Amazônia.[8] Garantindo assim o sustento de suas famílias, a simpatia com turistas e, principalmente, a importância de se manter o uso sustentável de recursos naturais.[8][11]

Parceria[editar | editar código-fonte]

Durante o ano de 2022, o aplicativo de relacionamentos tinder lançou em parceria com algumas erveiras do Ver-o-peso o projeto "Desata Match", e durante o tempo que a iniciativa vigorou, o aplicativo oferecia dicas de flerte de alguns artistas e também presenteou seus usuários com essências criadas pelas erveiras do Ver-o-peso.[12] O Kit oferecia três das nove essências criadas pela associação de erveiras do Ver-o-peso especialmente para a iniciativa.[13]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b «Cheirosas: as erveiras de Belém do Pará». www.vice.com. Consultado em 24 de abril de 2023 
  2. a b «Beth Cheirosinha mantém viva a tradição das erveiras». ELLE Brasil. 6 de agosto de 2020. Consultado em 24 de abril de 2023 
  3. Dantas, Cleide Furtado Nascimento; Ferreira, Rubens da Silva (junho de 2013). «Os conhecimentos tradicionais dos(as) erveiros(as) da Feira do Ver-o-Peso (Belém, Pará, Brasil): um olhar sob a ótica da Ciência da Informação». Perspectivas em Ciência da Informação: 105–125. ISSN 1413-9936. doi:10.1590/S1413-99362013000200008. Consultado em 21 de setembro de 2023 
  4. CONRADO, Mônica Prates; BARROS, Thiane Neves; ESTEVES, Lorena; http://lattes.cnpq.br/6141735247260273; http://lattes.cnpq.br/2685700768655045; http://lattes.cnpq.br/6917631244983786 (2022). Amazônia negra: imagens, narrativas e saberes em diálogo (PDF). [S.l.]: Monteiro. Resumo divulgativo 
  5. Gomes, Filipe Morato (19 de julho de 2017). «Plantas medicinais da Amazónia (a "farmácia do índio")». Alma de Viajante. Consultado em 28 de julho de 2023 
  6. RedePará. «Erveiras do Ver-o-Peso esperam boas vendas no Círio». REDEPARÁ. Consultado em 24 de abril de 2023 
  7. «Cura para tudo, amor e dinheiro: família faz a vida entre ervas e poções no Pará». Yahoo Finance. Consultado em 24 de abril de 2023 
  8. a b c d «Aliando tradição e cultura, erveiras do ver-o-peso dão dicas para a entrada de ano». Agência Belém de Notícias. Consultado em 21 de setembro de 2023 
  9. a b Costa, Nivia Maria Vieira Costa; Melo, Lana Gabriela Guimarães; Costa, Norma Cristina Vieira (10 de fevereiro de 2018). «A Etnofísica da Carpintaria Naval em Bragança - Pará - Brasil». Amazônica - Revista de Antropologia (1): 414–436. ISSN 2176-0675. doi:10.18542/amazonica.v9i1.5497. Consultado em 26 de julho de 2023. Resumo divulgativo 
  10. Vieira, L. C. . (2020). As mulheres erveiras do Ver-O-Peso e os olhares patrimoniais: Ver-O-Peso herbal women and heritage looks. Caminhos Da História, 24(1), 97–113. Recuperado de https://www.periodicos.unimontes.br/index.php/caminhosdahistoria/article/view/2598
  11. GARCIA, João Vitor et al. Todas as Amazônias se encontram no Ver-o-Peso: as “erveiras” e sua contribuição para a manutenção do conhecimento tradicional. Cadernos de Agroecologia, v. 13, n. 1, 2018.
  12. «Tinder distribui kit de essências 'místicas' para ajudar solteiros encalhados | Terraço Paulistano». VEJA SÃO PAULO. Consultado em 24 de abril de 2023 
  13. Redação, Da. «Desata Match: Tinder agora une amor e misticismo». 33giga.com.br. Consultado em 24 de abril de 2023