Orfelia fultoni

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Larva do Diptera Orfelia fultoni brilha no solo musgoso de uma floresta da Geórgia, Estados Unidos. Suas extremidades emitem uma luz azul que é usada para atrair as suas presas.[1]
Larva do Diptera Orfelia fultoni brilha no solo musgoso de uma floresta da Geórgia, Estados Unidos. Suas extremidades emitem uma luz azul que é usada para atrair as suas presas.[1]
Bioluminescência da larva do Diptera Orfelia fultoni, na ausêcia de luz.
Bioluminescência da larva do Diptera Orfelia fultoni, na ausêcia de luz.
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Diptera
Subordem: Bibionomorpha
Família: Keroplatidae
Subfamília: Keroplatinae
Tribo: Orfeliini
Género: Orfelia
Costa, 1857[2]
Espécie: O. fultoni
Nome binomial
Orfelia fultoni
(Fisher, 1940)[3]
Distribuição geográfica
Orfelia fultoni possui sua distribuição endêmica à Região Sudeste dos Estados Unidos, no Alabama (AL), Tennessee (TN), Carolina do Norte (NC), Virgínia (VA) e uma cachoeira na Geórgia (GA): Anna Ruby Falls.[1]
Orfelia fultoni possui sua distribuição endêmica à Região Sudeste dos Estados Unidos, no Alabama (AL), Tennessee (TN), Carolina do Norte (NC), Virgínia (VA) e uma cachoeira na Geórgia (GA): Anna Ruby Falls.[1]
Sinónimos
Platyura fultoni Fisher, 1940[4]

Orfelia fultoni (denominados popularmente, em inglês, dismalites (-pl.); este nome vindo da localidade Dismals Canyon, no Alabama;[5][6][7] ou fox fire (-sing.); "fox fire" - raposa de fogo - sendo o nome resultante do fenômeno do seu brilho)[5] é um inseto de distribuição neoártica endêmico à Região Sudeste dos Estados Unidos, principalmente na cordilheira e no planalto (Cumberland) dos Apalaches,[1] uma espécie de mosquito da família Keroplatidae e o único inseto bioluminescente da ordem Diptera encontrado na América do Norte.[1][3]

Descoberta e descrição[editar | editar código-fonte]

A espécie foi descoberta no início da década de 1940 perto de uma nascente no oeste da Carolina do Norte, sua localidade-tipo, por B. B. Fulton (daí provindo o seu descritor específico: fultoni), que estava realizando um trabalho de campo quando notou as larvas de Orfelia fultoni, em pontos de luz azulada, brilhando na terra úmida, durante a noite. Descobriu também que tais larvas se escondiam em fendas durante o dia e rastejavam para fora à noite, em suas teias, para emitirem suas luzes e se alimentarem; tendo muitas características semelhantes às das aranhas, incluindo o uso das teias para predação. Fulton não conseguiu identificar a espécie, então tentou criar algumas dessas larvas até sua maturidade e não obteve sucesso na primeira tentativa; um ano depois descobrindo que as larvas prosperavam quando mantidas num ambiente fresco, em leitos de turfa. Uma vez crescidas até a maturidade, ele foi capaz de identificá-las como uma espécie não-descrita, recebendo o nome Platyura fultoni por Elizabeth Gault Fisher, no texto "New Mycetophilidae from North Carolina (Diptera)"; publicado no periódico Entomological News, em 1940.[3][4][8]

Habitat e ecologiɑ[editar | editar código-fonte]

As larvas desta espécie vivem nas margens de riachos, entre musgos e cavidades rochosas, bem como em cavernas úmidas de arenito, construindo suas teias pegajosas no musgo, na madeira podre, nas fendas entre as rochas ou em solo descoberto; usando suas duas lanternas bioluminescentes como atrativo e capturando presas voadoras em suas teias. Uma vez na teia, os produtos químicos presentes em sua superfície paralisam a presa em ácido oxálico. Orfelia fultoni necessita ter uma área escura e imóvel, onde suas luzes possam brilhar e onde o vento não perturbe muito as suas teias.[1][9]

Dismals Canyon[editar | editar código-fonte]

O cânion conhecido por Dismals, no Alabama, abriga a maior população deste inseto exclusivo dos Estados Unidos; havendo duas temporadas de pico para as larvas: o pico da primavera, do final de abril a maio, e o pico do outono, do final de setembro até primeiro de outubro. Eles são visíveis durante todo o ano em números menores, oferecendo-se passeios noturnos e guiados para que os visitantes possam ver os "dismalites".[6]

Características e ciclo de vidɑ[editar | editar código-fonte]

Orfelia fultoni é uma larva de coloração acastanhada que mede em média 1 a 2 centímetros de comprimento e 1 a 2 milímetros de diâmetro.[5][10] É remotamente relacionada com Arachnocampa, um gênero de mosquitos com estágio larval bioluminescente, endêmico da Nova Zelândia e Austrália. Entretanto, o sistema bioluminescente de ambas as larvas é morfologicamente e bioquimicamente distinto.[11] Eles usam lanternas bilaterais, na cabeça e cauda, para emitir sua luz, ao contrário do Arachnocampa, que usa uma única lanterna caudal.[1][10]

Seu ciclo de vida possui quatro estágios. A primeira etapa é o ovo: esferas marrons, pegajosas, que ficam penduradas nas paredes, saliências e tetos de cavernas. O ovo eclode após aproximadamente 7 a 9 dias e a fase larval é a mais reconhecível, pois é nesta fase que Orfelia fultoni emite seu brilho, durando de 6 a 9 meses, dependendo da disponibilidade de alimento; no entanto, o inseto pode sobreviver por longos períodos sem comer, sendo este o único estágio em que se alimenta, comendo principalmente outros mosquitos, efêmerópteros e tricópteros, bem como ocasionalmente vagalumes adultos. O terceiro estágio é a pupa. A larva usa os seus fios pegajosos para criar uma barreira protetora, depois fica pendurada no meio desta barreira e se envolve em uma "seda" de pupa que, após aproximadamente duas semanas, emerge no mosquito adulto.[12] Os machos adultos então procuram uma pupa fêmea para acasalar e morrem; a fêmea adulta põe mais de 130 ovos, após o acasalamento, e depois também morre.[13]

Glowworm[editar | editar código-fonte]

Nos Estados Unidos, as larvas de Orfelia fultoni também podem receber a nomenclatura vernácula de glowworm (verme que brilha) juntamete com larvas de besouros bioluminescentes da família Phengodidae (chamados gloworm beetles).[9][14]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f «OBSERVATIONS» (PDF) (em inglês). The Thalweg Volume 15 Issue 3. 2018. 1 páginas. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  2. «Orfelia Costa 1857» (em inglês). Fungus Gnats Online. 1 páginas. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  3. a b c «Orfelia fultoni (Fisher, 1940)» (em inglês). Fungus Gnats Online. 1 páginas. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  4. a b Fulton, B. B. (1 de junho de 1941). «A Luminous Fly Larva with Spider Traits (Diptera, Mycetophilidae)» (em inglês). Annals of the Entomological Society of America, Volume 34, Issue 2 (Oxford University Press). 1 páginas. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  5. a b c Cressler, Alan (26 de junho de 2014). «Orfelia fultoni, Anna Ruby Falls Recreation Area, Chattahoochee National Forest, White County, Georgia 5» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 22 de dezembro de 2023. This is the only bioluminescent fungus gnat larvae in North America. Both whitish ends of the larvae emit a blue light used to lure prey. Although they may be common in proper habits, apparently there are very few places in the southeast where they form extensive colonies. One place is Dismal Canyon in Alabama where they are locally called "dismalites". I was invited by my friends who work for the Chattahoochee National Forest to view and photograph the extensive colony at Anna Ruby Falls Recreation Area. Locally the event is called "fox fire" and there are scheduled night hikes to witness the amazing colony. Other than the guided night hikes, after hours entry into the area is prohibited. 
  6. a b Campbell, Phil (2019). «DISMALITES» (em inglês). Dismals Canyon. 1 páginas. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  7. «Dismals Canyon» (em inglês). Tennessee River Valley. 1 páginas. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  8. Fisher, E.Gault (1940). «New Mycetophilidae from North Carolina (Diptera)» (em inglês). Entomological News (Fungus Gnats Online). 1 páginas. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  9. a b Kanuckel, Amber (7 de julho de 2022). «Glowworms: The Crazy World Of Dismalites» (em inglês). Farmers' Almanac. 1 páginas. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  10. a b Viviani, Vadim R.; Hastings, J. Woodland; Wilson, Thérèse (1 de maio de 2007). «Two Bioluminescent Diptera: The North American Orfelia fultoni and the Australian Arachnocampa flava. Similar Niche, Different Bioluminescence Systems» (em inglês). Photochemistry and Photobiology. 75 (1) (Wiley Online Library). 1 páginas. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  11. a b c Viviani, Vadim R.; Silva, Jaqueline R.; Amaral, Danilo T.; Bevilaqua, Vanessa R.; Abdalla, Fabio C.; Branchini, Bruce R.; Johnson, Carl H. (15 de junho de 2020). «A new brilliantly blue-emitting luciferin-luciferase system from Orfelia fultoni and Keroplatinae (Diptera)» (em inglês). Scientific Reports. 10: 9608 (PubMed Central). 1 páginas. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  12. «DISMALITES» (em inglês). Dismals Canyon (Wayback Machine). 2005. 1 páginas. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  13. Merritt, David; Changying, Niu; Baker, Claire; Graham, Glenn (2005). «BIOLUMINESCENT GLOW-WORMS: IS THERE A DIFFERENCE BETWEEN CAVE AND RAINFOREST POPULATIONS?» (PDF) (em inglês). 25th Biennial Conference of the Australian Speleological Federation. pp. 11–12. Consultado em 22 de dezembro de 2023 
  14. «Family Phengodidae - Glowworm Beetles» (em inglês). BugGuide. 1 páginas. Consultado em 17 de dezembro de 2023 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]