Senhorio de Sídon
Senhorio de Sídon | ||||
| ||||
Mapa político dos estados cruzados no Próximo Oriente em c.1100; o Senhorio de Sído era a região do Reino de Jerusalém entre Tiro e Beirute. | ||||
Continente | Ásia | |||
País | Parte do actual Líbano | |||
Capital | Sídon | |||
Língua oficial | Francês antigo, latim | |||
Religião | Cristianismo ocidental | |||
Governo | Suserania hereditária | |||
Período histórico | Idade Média | |||
• 1110 | Conquista do território pelos cruzados | |||
• 1187 | Saladino apodera-se do senhorio | |||
• 1197 | Os cruzados retomam o senhorio | |||
• 1291 | Conquista da cidade de Sídon pelos mamelucos | |||
Membro de: Estados cruzados |
O Senhorio de Sídon foi um feudo dos estados cruzados localizado no Sídon (distrito), em uma faixa costeira do mar Mediterrâneo entre Tiro e Beirute, no actual Líbano.
Segundo o jurista cruzado João de Ibelin, era um dos quatro principais vassalos do Reino de Jerusalém - os outros três eram o Condado de Jafa e Ascalão, o Principado da Galileia e o Senhorio da Transjordânia. No entanto, aparentemente seria muito menor em extensão do que estes, e o seu peso político poderá na verdade ter sido equivalente a vassalos menores do reino tais como os senhorios de Toron e Beirute.
História
[editar | editar código-fonte]A cidade de Sídon foi conquistada aos fatímidas em Dezembro de 1110 e cedida a Eustácio I Grenier pelo rei Balduíno I de Jerusalém. Seria reconquistada para os muçulmanos por Saladino em 1187, até nova conquista cristã em 1197 por Amalrico II de Jerusalém, com a ajuda de cruzados germânicos sob o comando do arcebispo de Mogúncia, quando também retomaram Beirute. Este exército chegou ainda a cercar Toron, mas a morte do imperador Henrique VI da Germânia provocaria a retirada dos germânicos em 2 de Fevereiro de 1198.
Em 1260 o Império Mongol conquistou Damasco, aliado ao Reino Arménio da Cilícia e ao Principado de Antioquia.[1] Julião Grenier, descrito por seus contemporâneos como irresponsável e leviano, e que hipotecara o senhorio de Sídon à Ordem dos Templários em 1254,[2] tentou saquear territórios sob o domínio dos mongóis. O general mongol Kitbuqa enviou o seu sobrinho para obter satisfações, mas Julião emboscou e matou esta pequena força.
Em resposta, Kitbuqa saqueou a cidade de Sídon, destruindo as muralhas e massacrando os cristãos,[3] chegando mesmo a assaltar o castelo.[4] Financeiramente arruinado após a batalha de Ain Jalut, Julião viu o seu senhorio ser tomado pelos Templários no mesmo ano,[2] nas mãos de quem ficou até à conquista definitiva pelos mamelucos em 1291, juntamente com Tiro e São João de Acre.
Senhores de Sídon
[editar | editar código-fonte]- 1110-1123 - Eustácio I Grenier (1071-1123), senhor de Sídon e da Cesareia, casado com uma sobrinha ou filha de Arnulfo de Rohes
- 1123-1171 - Geraldo Grenier (1101-1171), também referido nas crónicas como Eustácio II, o Jovem, filho do anterior, casado com Inês, irmã de Guilherme II de Burés, príncipe da Galileia
- 1171-1187 - Reinaldo Grenier (c.1130-1202), filho do anterior, casado com Inês de Courtenay e depois Helvis de Ibelin
Com os territórios conquistados por Saladino em 1187, Reinaldo foi apenas senhor titular até 1197
- 1197-1202 - Reinaldo Grenier (restaurado)
- 1202-1240 - Balião I Grenier (m.1240), filho do anterior, casado com Margarida de Brienne
- 1240-1260 - Julião Grenier (m.1275), filho do anterior, casado com Eufémia, filha do rei Hetum I da Arménia
Com os territórios tomados Ordem dos Templários em 1254, e subsequente conquista pelos mamelucos, Julião manteve-se senhor titular, passando apenas o título aos seus descendentes:
- 1260-1275 - Julião Grenier
- 1275-1277 - Balião II Grenier (m.1277), filho do anterior
- c.1460 - Filipe De Lusignan
- Antes de Julho de 1485 - Febo de Lusignan (cuja filha Leonor foi casada com Vasco Gil Moniz, vedor do Infante D. Pedro, duque de Coimbra)
Senhorio de Schuf
[editar | editar código-fonte]Segundo o sistema feudal, Sídon era vassalo do Reino de Jerusalém, mas suserano de outros feudos menores. Um destes era o Senhorio de Shuf, criado a partir dos territórios de Sídon em c.1170, com o centro do poder na fortaleza da caverna de Tyron, escavada na montanha de frente para a cidade de Sídon.[5] Seria vendido por Julião de Grenier aos Cavaleiros Teutónicos em 1257[6]. Foram seus senhores:
- André de Schuf (século XIII)
- João de Schuf (século XIII)
- Julião de Sídon (meados do século XIII)
Referências
- ↑ René Grousset. Histoire des Crusades (em francês). III. 1188-1291 L'anarchie franque in Histoire des croisades et du royaume franc de Jérusalem. 1936, 2006. Paris: Perrin. p. 581. ISBN 9782262025694
- ↑ a b «Genealogia dos senhores de Sídon, Foundation for Medieval Genealogy» (em inglês)
- ↑ Mary Nickerson Hardwicke (1969). A History of the Crusades (em inglês). II The Later Crusades, 1189–1311, The Crusader States, 1192–1243 Kenneth M. Setton, R. L. Wolff; H. W. Hazard ed. Madison, Wisconsin: University of Wisconsin Press. p. 573
- ↑ «The Flower of Histories of the East, compiled by Het'um the Armenian of the Praemonstratensian Order, Chapter 30» (em inglês)
- ↑ Kristian Molin (2001). Unknown Crusader Castles (em inglês). [S.l.]: Continuum International Publishing Group. p. 19. ISBN 9781852852610
- ↑ Denys Pringle, Peter E. Leach (1993). The Churches of the Crusader Kingdom of Jerusalem (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press. p. 373. ISBN 9780521390378
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- John L. La Monte (1932). Feudal Monarchy in the Latin Kingdom of Jerusalem, 1100-1291 (em inglês). [S.l.]: The Medieval Academy of America
- Jonathan Riley-Smith (1973). The Feudal Nobility and the Kingdom of Jerusalem, 1174-1277 (em inglês). [S.l.]: The Macmillan Press
- Steven Runciman (1952). A History of the Crusades. Vol. II: The Kingdom of Jerusalem and the Frankish East, 1100-1187 (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press
- Steven Tibble (1989). Monarchy and Lordships in the Latin Kingdom of Jerusalem, 1099-1291 (em inglês). [S.l.]: Clarendon Press