Usuário(a):Mhassui/Testes

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 Nota: Para a subdivisão etíope, veja Jawi (Etiópia).
Mhassui/Testes
Tipo Abjad
Línguas
Período de tempo
1300 d.C até hoje
Sistemas-pais
Sistemas-irmãos
Pegon

Jawi (árabe: جاوي, kelatan-pattani: Yawi, achinês: Jawoë, pronunciado [d͡ʒä.wi]) é um sistema de escrita utilizado para escrever a língua malaia e diversas outras línguas do Sudeste Asiático, como achinês, banjarês, kerinci, minangkabau, tausūg, maguindanao e ternate. O jawi é baseado no alfabeto árabe e consiste em todas as 28 letras árabes originais, cinco letras adicionais criadas para representar os fonemas nativos do malaio e um fonema adicional usado em palavras estrangeiras (mas que não é encontrado no árabe clássico), que são ca (⟨چ⟩ /t͡ʃ/), nga (⟨ڠ⟩ /ŋ/), pa (⟨ڤ⟩ /p/), ga (⟨ݢ⟩ /ɡ/), va (⟨ۏ⟩ /v/), e nya (⟨ڽ⟩ /ɲ/).

O jawi foi desenvolvido por conta da difusão do Islã no arquipélago malaio, substituindo os alfabetos brâmicos que eram usados durante a Era Hindu-Budista. A evidência mais antiga da escrita jawi foi encontrada no século XIV na pedra de inscrição de Terengganu, na qual foi gravada uma língua do período do Malaio Clássico que contém uma mistura do vocabulário do malaio, sânscrito e árabe. Existem duas teorias a respeito da origem do alfabeto jawi. A mais popular delas sugere que o sistema derivou diretamente do alfabeto árabe, enquanto estudiosos como R.O Windstedt sugerem que ele foi desenvolvido através da influência do alfabeto árabe-persa.[1]

As expansões comerciais e o alastramento do Islã em outras áreas do Sudeste Asiático no século XV levou o jawi além do mundo tradicional do malaio. Até o século XX, o jawi permaneceu como a escrita padrão do malaio. O uso do jawi sinalizou o nascimento da literatura malaia tradicional quando foi utilizado principalmente em correspondências da realeza, textos religiosos e publicações literárias. Com a chegada da influência ocidental através da colonização e educação, o jawi foi restrito a manuscritos utilizados na educação religiosa, enquanto a língua malaia eventualmente adotou o alfabeto latino chamado de rumi para o uso geral.

Atualmente, o jawi é um dos dois alfabetos oficiais de Brunei. Na Malásia, o uso oficial do jawi é protegido pela Seção 9 do National Language Act (Ato de Língua Nacional) de 1963/1967 por reter a dimensão de uso oficial na administração religiosa e cultural. Em alguns estados, principalmente Kelantan, Terengganu e Pahang, o jawi alcançou a posição de alfabeto cooficial, onde as empresas são obrigadas a adotar sinalizações e painéis publicitários em jawi. O jawi também é usado como um sistema de escrita alternativo entre comunidades malaias na Indonésia e na Tailândia.[2]

Até o começo do século XX, não havia ortografia uniforme para o jawi. A primeira reforma ortográfica a adotar uma ortografia padrão foi feita em 1937 pelo acordo The Malay Language and Johor Royal Literary Book Pact (O Pacto do Livro Literário Real da Língua Malaia e de Johor). Essa reforma foi seguida por outra feita pelo escritor e linguista Za'aba em 1949. A última grande reforma ocorreu em 1986 sob o nome de "Enhanced Guidelines of Jawi Spelling" (Diretrizes Aprimoradas da Ortografia Jawi), que utilizou a Ortografia Za'aba como base.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

De acordo com o dicionário Kamus Dewan (O Dicionário do Instituto), "Jawi" é um sinônimo de "Malaios".[3] O termo foi usado com o mesmo signficado de "malaios" em outros termos, como é o caso de Bahasa Jawi (literalmente "língua malaia", usado como sinônimo de Bahasa Melayu, termo atualmente usado para se referir à língua malaia), Masuk Jawi (literalmente "se tornar malaio", se referindo à prática da cincuncisão que simboliza a transição da criança para o adulto) e Jawi Pekan ou Jawi Peranakan (literalmente "malaio da cidade" ou "nascido malaio", se referindo aos mulçumanos falantes de malaio que possuem ascendência mista malaia e indiana).[4] Com os circunfixos men- ... - kan, menjawikan (literalmente "tornar algo malaio"), também se refere ao ato de traduzir um texto estrangeiro para a língua malaia. O termo Tulisan Jawi que significa "escrita jawi" é outro vocábulo que significa "escrita malaia".[3]

História antiga[editar | editar código-fonte]

Antes do começo da islamização, a escrita Pallava, Nagari e outras escritas sumatras foram utilizadas para transcrever a língua malaia. Esse fato é comprovado pela descoberta de diversas inscrições em pedra em Malaio Antigo, entre as quais se destacam a inscrição de Kedukan Bukit e a inscrição de Talang Tuo. A difusão do Islã no Sudeste Asiático e a introdução subsequente do sistema de escrita árabe começou com a chegada de comerciantes muçulmanos na região desde o século VII, e entre os artefatos arqueológicos mais antigos inscritos com o alfabeto árabe estão: A lápide do Xeique Rukunuddin encontrada em Barus, Sumatra, datada de 48 A.H. (668/669 d.C); uma lápide encontrada no mausoléu do Xeique Abdul Qadir Ibn Husin Syah, localizado em Alor Setar, Kedah, datada de 290 A.H. (910 d.C); uma lápide encontrada em Pekan, Pahang, datada de 419 A.H. (1026 d.C); uma lápide descoberta em Phan Rang, Vietnã, datada de 431 A.H. (1039 d.C); uma lápide encontrada em Bandar Seri Begawan, Brunei, datada de 440 A.H. (1048 d.C); e a lápide de Fatimah Binti Maimun Bin Hibat Allah, encontrada em Gresik, Java Oriental, datada de 475 A.H. (1082 d.C).[5][6] O Islã se propagou do litoral para o interior da ilha e de forma geral de cima para baixo em um processo no qual os governantes foram convertidos e então introduziram versões mais ou menos ortodoxas do Islã para seus povos. A conversão do rei Ong Mahawangsa de Kedah em 1136 e do rei Merah Silu de Samudera Pasai em 1267 estão entre os primeiros exemplos desse progresso.

No começo da islamização, o alfabeto árabe foi ensinado para as pessoas que haviam abraçado do Islã recentemente na forma de práticas religiosas como a recitação do Alcorão e o Salat. Pode-se dizer que a escrita árabe foi aceita pela comunidade malaia junto com a aceitação do Islã e que não demorou muito para que a escrita fosse modificada e adaptada para se adequar o Malaio Clássico falado – é escrito da direita para a esquerda e possui 6 sons que não são encontrados no árabe: ca, pa, ga, va, nga e nya. Muitos caracteres árabes não são utilizados por não serem pronunciados na língua malaia, além da presença de algumas letras nunca se juntam e outras se juntam obrigatoriamente.[7][8] Essa foi a mesma evolução da aceitação da escrita árabe na Turquia, Pérsia e Índia, que ocorreu antes e por isso a escrita jawi foi considerada a escrita dos mulçumanos.[9]

Os indícios mais antigos do malaio ter usado a escrita jawi foram encontrados na pedra de inscrição de Terengganu, datada de 702 A.H. (1303 d.C), aproximadamente 600 anos depois da primeira existência registrada da escrita árabe na região. A inscrição na pedra contém uma proclamação emitida pelo "Sri Paduka Tuan" de Terengganu, que incentiva seus súditos a "estender e manter" o Islã e provém 10 leis básicas (sharia) para direcionamento. Isso comprova a forte disciplina da fé mulçumana no começo do século XIV, em Terengganu e no mundo malaio de forma geral.

O desenvolvimento da escrita jawi foi diferente do desenvolvimento da escrita pallava, que era exclusivamente restrita à nobreza e monges em monastérios. O jawi foi aderido por toda a comunidade mulçumana, independentemente da classe. Com a intensidade crescente da apreciação pelo Islã, documentos originalmente produzidos em árabe foram traduzidos para o malaio e escritos em jawi. Além disso, estudiosos religiosos locais posteriormente começaram a explicar o ensino islâmico na forma das escrituras originais. Adicionalmente, também havia pessoas da comunidade que usavam o jawi para transcrever a literatura que anteriormente existia e era passada oralmente, e com essa inclusão, a literatura malaia passou a tomar uma forma mais sofisticada. Acredita-se que tudo isso tenha ocorrido do século XV ao século XIX.[9] Outras formas de escrita basedas no árabe existiam na região, notavelmente o alfabeto pegon usado pelo javanês em Java e o alfabeto serang usado pelo buginês em Sulawesi Meridional. Ambos os alfabetos fizeram uso extensivo dos diacríticos árabes e adicionaram diversas letras que eram formadas diferentemente das letras do jawi para se adequarem às suas respectivas línguas. Devido ao seu uso bastante limitado, nenhuma das ortografias desses dois alfabetos passou por desenvolvimentos e modificações avançadas como ocorreu com o jawi.[10]

Propagação e extensão da escrita jawi[editar | editar código-fonte]

A tombstone in Aceh with Jawi inscription dated from 16th or 17th century. The inscription are: 1st row: bahwasanya inilah nisan kubur2nd row: yang mulia bernama Meurah Meukuta 3rd row: bergelar orang kaya kapai[11]
Netherlands East Indies Java Rupee with Jawi script
A copy of Undang-Undang Melaka ('Laws of Malacca'). The Malacca system of justice as enshrined in the text was the legal source for other major regional sultanates like Johor, Perak, Brunei, Pattani and Aceh.[12][13]

The script became prominent with the spread of Islam, supplanting the earlier writing systems. The Malays held the script in high esteem as it is the gateway to understanding Islam and its Holy Book, the Quran. The use of Jawi script was a key factor driving the emergence of Malay as the lingua franca of the region, alongside the spread of Islam.[14] It was widely used in the Sultanate of Malacca, Sultanate of Johor, Sultanate of Brunei, Sultanate of Sulu, Sultanate of Pattani, the Sultanate of Aceh to the Sultanate of Ternate in the east as early as the 15th century. The Jawi script was used in royal correspondences, decrees, poems and was widely understood by the merchants in the port of Malacca as the main means of communication. Early legal digests such as the Undang-Undang Melaka Code and its derivatives including the Codes of Johor, Perak, Brunei, Kedah, Pattani and Aceh were written in this script. It is the medium of expression of kings, nobility and the religious scholars. It is the traditional symbol of Malay culture and civilisation. Jawi was used not only amongst the ruling class, but also the common people. The Islamisation and Malayisation of the region popularised Jawi into a dominant script.[15]

Royal correspondences for example are written, embellished and ceremoniously delivered. Examples of royal correspondences still in the good condition are the letter between Sultan Hayat of Ternate and King John III of Portugal (1521), the letter from Sultan Iskandar Muda of Acèh Darussalam to King James I of England (1615), and the letter from Sultan Abdul Jalil IV of Johor to King Louis XV of France (1719).[15] Many literary works such as epics, poetry and prose use the Jawi script. It is the pinnacle of the classic Malay civilisation. Historical epics such as the Malay Annals, as listed by UNESCO under Memories of the World, are among the countless epics written by the Malay people. The Sufic poems by Hamzah Fansuri and many others contributed to the richness and depth of the Malay civilisation. Jawi script was the official script for the Unfederated Malay States when they were British protectorates.




Alfabeto jawi (a tabela deve ser lida da direita para a esquerda, de cima para baixo.



O uso cotidiano do jawi ainda se mantém em áreas habitadas por populações malaias mais conservadoras, como Pattani, na Tailândia, e Kelantan, na própria Malásia.[16]

Referências

  1. Winstedt, Richard Olaf (1961), «Malay Chronicles from Sumatra and Malaya», Historians of South-East Asia of Historical Writing on the Peoples of Asia, 2: 24 
  2. Andrew Alexander Simpson (2007). Language and National Identity in Asia. [S.l.]: Oxford University Press. pp. 356–60. ISBN 978-0-19-926748-4 
  3. a b «Jawi II». Pusat Rujukan Persuratan Melayu. 2017 
  4. «Jawi Pekan». Pusat Rujukan Persuratan Melayu. 2017 
  5. Shahrizal bin Mahpol (2002). «Penguasaan tulisan jawi di kalangan pelajar Melayu : suatu kajian khusus di UiTM cawangan Kelantan (Competency in Jawi among Malay students: A specific study in UiTM, Kelantan campus)». Digital Repository, Universiti Malaya [ligação inativa]
  6. Abdul Rashid Melebek; Amat Juhari Moain (2006). Sejarah Bahasa Melayu (History of Bahasa Melayu). [S.l.]: Utusan Publications. 52 páginas. ISBN 967-61-1809-5 
  7. John U. Wolff, Indonesian Readings Edition: 3, SEAP Publications: 1988: ISBN 0-87727-517-3. 480 pages.
  8. Robert Leon Cooper Language spread: studies in diffusion and social change, Center for Applied Linguistics, Indiana University Press,: 1982 p. 40 ISBN 0-253-32000-3.
  9. a b Siti Hawa Haji Salleh (2010). Malay Literature of the 19th Century. [S.l.]: Institut Terjemahan Negara Malaysia Berhad. 8 páginas. ISBN 978-983-068-517-5 
  10. Matlob (2007). Pandai Jawi. [S.l.]: Cerdik Publications. pp. 237–238. ISBN 978-983-70-1054-3 
  11. «Laksamana Wanita Abad Ke-16/17 M Bernama Meurah Meukuta Bergelar Orangkaya Kapai Laksamana». Consultado em 11 de maio de 2022 
  12. Fauzia 2013, p. 81
  13. Abd. Jalil Borham 2002, p. 94
  14. «An overview of Jawi's origin in Brunei». Brunei Times. 16 July 2007. Cópia arquivada em 24 May 2013  Verifique data em: |arquivodata=, |data= (ajuda)
  15. a b The Legacy of the Malay Letter, Annabel Teh Gallop, The British Library and Arkib Negara Malaysia, ISBN 978-0-7123-0376-7.
  16. Andrew Alexander Simpson. Language and National Identity in Asia. [S.l.]: Oxford University Press. pp. 356–60. ISBN 0199267480 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]