Usuário:DAR7/Testes/Geopolítica do Brasil/Evolução territoral do Paraná

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A evolução territorial do Paraná teve início no século XVI, ao começo da colonização portuguesa no Brasil quando já foi imposta a divisão das terras portuguesas e espanholas na América Latina, dando origem ao surgimento dos atuais países do continente. Vêm, desde então, muitas questões e iniciativas, que terminaram no início do século XX, com a determinação das fronteiras terrestres, como a Guerra do Contestado e a Questão de Palmas. Alguns ainda se perguntam: por quê o Paraná é um estado tão médio-pequeno? Como o estado do Paraná conseguiu fazer para pertencer ao Brasil e não à Argentina? Por quê o Paraná é uma das unidades federativas que fazem parte do Brasil?

Limites geográficos atuais[editar | editar código-fonte]

O Paraná confronta, ou seja, se limita com três unidades federativas do Brasil, dois departamentos do Paraguai, uma província da Argentina e um corpo de água: São Paulo ao norte e a nordeste; Santa Catarina ao sul; Mato Grosso do Sul a noroeste; Canindeyú e Alto Paraná a oeste; Missiones a sudoeste; e Oceano Atlântico a leste.[1]

Os pontos extremos do território paranaense são:[2]

História[editar | editar código-fonte]

Antecedentes[editar | editar código-fonte]

Colonização espanhola[editar | editar código-fonte]

Os espanhóis ocuparam pela primeira vez as terras do atual oeste do Paraná. Em 1554, a povoação de Ontiveros, um pouco ao sul das antigas Sete Quedas, no Paraná, foi criada pelo Governo do Rio da Prata e do Paraguai. Depois em 1557 esta povoação foi mudada para a desembocadura do Rio Piquiri, alterando sua denominação para Ciudad Real del Guairá. Em 1576, os paraguaios criaram na confluência dos rios Corumbataí e Ivaí, a Vila Rica del Espíritu Santo.[3][4]

Em 1608, as terras do Paraná ocidental formaram a Província del Guairá, jurisdicionada pelos padres jesuítas da Espanha. Dois anos depois, em 1610, a região passou a formar uma República Cristã, abrangendo treze núcleos de aldeamentos de indígenas na área nos limites dos rios Tibagi, Paranapanema, Iguaçu e Paraná, mas durou pouco tempo, sofrendo destruição de 1629 até 1632, pelas bandeiras paulistas lideradas por dois homens. Eram eles: Antônio Raposo Tavares e Manuel Preto.[3][4]

Depois, com o Tratado de Madri (1750), haviam passado de modo definitivo para Portugal, quaisquer das terras que os portugueses ocuparam para oeste de Tordesilhas.[3][4]

Colonização luso-brasileira[editar | editar código-fonte]

Mapa das capitanias hereditárias do Brasil (1534).

Tiveram início no começo do século XVI, as penetrações pela costa do Paraná. Diversas expedições de Portugal, como as de Aleixo Garcia (1522–1524), de Francisco Chaves e de Pero Lobo, atravessaram a terras do Paraná. Dirigiram-se ao rio Paraná, sendo destruídas, através do trajeto, pelas tribos indígenas.[5][6][7]

O estabelecimento do sistema de capitanias hereditárias, sugerido por D. João III de Portugal, em 1536, marcou decisivamente a colonização eficaz das terras do Brasil.[5][6][7]

De 1541 até 1542, a expedição liderada por D. Álvar Núñez Cabeza de Vaca, passou pelas terras do Paraná, no momento de sua viagem à Asunción com o objetivo de assumir o posto de governador, ao qual foi indicado.[6][7]

O mais antigo mapa da baía de Paranaguá foi elaborado por Hans Staden, depois que este permaneceu por um longo tempo nesta região, em que seu navio havia afundado.[5][6][7]

Durante o século XVII, habitantes de São Vicente e Cananeia, chegaram ao litoral do Paraná em maior quantidade, encantados pelas novidades da presença de ouro. Estabeleceram-se, no início, na região do Superagui e Guaraqueçaba. Mais tarde tomaram posse da ilha da Cotinga, de onde foram, definitivamente, para o continente, e isso originou Paranaguá, o primeiro município da história do Paraná.[5][6][7]

Pouco a pouco, os primeiros aventureiros alcançaram o Primeiro Planalto Paranaense, os vales do Ribeira, Açungui, Iguaçu e Tibagi.[5][6][7]

Em torno de meados do século XVII, o planalto já dispunha de uma abundância de arraiais de mineração, entre os quais o arraial chamado Vilinha originou o município de Curitiba, margeada pelo rio Atuba. Os nomes de Eleodoro Ébano Pereira, Martim Mateus Leme e Baltazar Carrasco dos Reis destacam-se na conquista eficaz das terras curitibanas.[5][6][7]

Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, na ilha do Mel, no município de Paranaguá, Paraná, Brasil.

Durante o século XVIII, a chegada de Afonso Botelho Sampaio e Souza ao sul do Brasil com o objetivo de construir fortes na região foi o motivo dos seguintes acontecimentos:[5][6][7]

  • erguimento, em 1767, da Fortaleza da barra de Paranaguá (Forte de Nossa Senhora dos Prazeres) na ilha do Mel;
  • a criação das vilas de Guaratuba (1769) e de São José de Ararapira, hoje cidade fantasma;
  • despacho de expedições militares para fazer inventários dos sertões e dos vales localizados no planalto.

De 1769 até 1770, saindo do rio Tibagi, as expedições de Estevam Ribeiro Bayão e Francisco Lopes da Silva vieram aos rios Ivaí, Piquiri e Paraná, depois de atravessarem a região de Campo Mourão.[5][6][7]

Em 1771, Cândido Xavier de Almeida e Souza veio aos campos de Guarapuava, ocupados, um pouco depois, por Diogo Pinto de Azevedo Portugal e Antônio da Rocha Loures. Foi criada, na região, a fortaleza chamada Atalaia. Mudada para um segundo lugar com a denominação de Nossa Senhora de Belém, originou, em 1819, o município de Guarapuava.[5][6][7]

Em 1839, os campos de Palmas começaram a ser efetivamente colonizados por Joaquim Ferreira dos Santos e Pedro Siqueira Cortés.[5][6][7]

No ano de 1855, a pedido do Barão de Antonina, foi construída no norte do Paraná a sede da Colônia Militar de Jataí. Esse núcleo estava localizado na beira oriental do rio Tibagi, como um legítimo ponto de apoio das comunicações com a província de Mato Grosso. Ainda, naquele tempo, surgiram como marcos iniciais na colonização do norte do Paraná, os aldeamentos de São Pedro de Alcântara (1855) e São Jerônimo (1859), a Colônia Mineira (1862), Tomazina (1865) e Jacarezinho (1886).[5][6][7]

A expedição de Telêmaco Borba e de seu irmão Nestor, em 1876, depois de percorrer os rios Tibaji, Paranapanema e Paraná, alcançou os saltos de Sete Quedas, atualmente inundados pela represa da Usina Hidrelétrica de Itaipu.[5][6][7]

Em 1889, com a criação de uma colônia militar na desembocadura do rio Iguaçu, os brasileiros definitivamente começaram a povoaram as terras do extremo oeste.[5][6][7]

Desde 1920, os movimentos colonizadores oriundos do sul do Brasil entraram no sudoeste do Paraná através da região de Pato Branco, encantados pela erva-mate e pela madeira, Naquele tempo, cresceu a colonização das terras do norte do Paraná. Companhias de colonização trouxeram para a região muitas famílias, partilhando terras, difundindo a cafeicultura e criando um grande número de municípios na área.[5][6][7]

Evolução política[editar | editar código-fonte]

Mapa do Império do Brasil com a divisão em províncias (1822).

Com a partilha do Brasil em capitanias hereditárias, a costa litorânea do Paraná pertenceu a duas delas: São Vicente e Santana.[5][6][8]

A Capitania de São Vicente (donatário Martim Afonso de Souza) abrangia as terras entre Bertioga (SP) e a foz da Baía de Paranaguá. A Capitania de Santana (donatário Pero Lopes de Souza) localizava-se ao sul da mesma barra, estendendo-se até onde fossem autênticas as terras dos domínios portugueses além-mar. Duas não progrediram, começando a de São Vicente a pertencer à Capitania de Santo Amaro e a de Santana foi substituída pela de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá, criada pelo Marquês de Cascais.[9] Posteriormente, com o alargamento dos domínios territoriais pelos bandeirantes paulistas, ambas as Capitanias começaram a fazer parte da de São Paulo.[5][6][8]

O Paraná nasceu como província emancipada através do Decreto Imperial n.º 704, de 29 de agosto de 1853, no momento em que passou a não ser mais a 5.ª Comarca de São Paulo. No dia 19 de dezembro do mesmo ano, a nova província foi instalada oficialmente pelo advogado e político baiano, Zacarias de Góis e Vasconcelos, primeiro presidente da região.[5][6][8]

Com a declaração da república no Brasil, o Paraná, ao lado de outras províncias do Brasil, foi elevado à condição de unidade federativa, em 17 de novembro de 1889, com a nomeação de Francisco José Cardoso Júnior, primeiro presidente do estado.[5][6][8]

Questões de limites[editar | editar código-fonte]

Museu Histórico e Antropológico da Região do Contestado, em Caçador, no vizinho estado de Santa Catarina. O edifício reconstitui a estação ferroviária de Rio Caçador.

Entre as questões de limites que ocorreram no Paraná, duas se destacam: a Questão das Missões e a do Território do Contestado.[5][6][10]

A Questão das Missões foi um problema internacional de fronteira envolvendo o Brasil e a Argentina. A questão litigiava uma área de 30 622 km na região de Palmas (sudoeste do Estado). Os argentinos pensavam defender seus ilegítimos direitos às suas terras que se estendiam até os rios Chopim (Paraná) e Chapecó (Santa Catarina), enquanto os brasileiros pleiteavam legitimamente as que se localizavam até o Santo Antônio (PR) e o Peperi-Guaçu (SC). Em 1895, apoiando-se na argumentação realizada pelo Barão do Rio Branco, o presidente dos Estados Unidos, Grover Cleveland, concedeu ganho de causa para o Brasil.[5][6][10]

A Questão do Território do Contestado foi um problema interestadual envolvendo o Paraná e Santa Catarina. A questão dentre as duas unidades federativas litigiavam uma área de terras de 48 mil km² do sul do Paraná, e a qual foi denominada de “Território do Contestado”. Esse território compreendia como limites os rios Saí-Guaçu, Negro, Preto, Marombas, Canoas, Uruguai, Peperi-Guaçu, Santo Antônio e Iguaçu, além das montanhas da serra Geral e da divisa seca entre os dois estados, próxima às cidades de Joinville, Itapoá, Garuva, Guaratuba e São Bento do Sul.[11][12][13] O problema foi solucionado em 1916, com a imediação do presidente Wenceslau Braz, quem partilhou a região, tendo o Paraná com 20 mil km², e o resto com Santa Catarina.[5][6][10]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Governo do Paraná. «Mapas». Secretaria de Estado da Educação. Consultado em 23 de junho de 2015. Cópia arquivada em 24 de novembro de 2020 
  2. a b c d e Governo do Paraná. «Mapas». Secretaria de Estado da Educação. Consultado em 23 de junho de 2015. Cópia arquivada em 24 de novembro de 2020 
  3. a b c Antonelli, Diego (6 de junho de 2014). «O Paraná que um dia foi espanhol». Gazeta do Povo. Consultado em 24 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 1 de julho de 2021 
  4. a b c Wons 1994, p. 102.
  5. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u Chueire, Rubens (19 de dezembro de 2003). «Colonização do Paraná começou no século XVI». Tribuna do Paraná. Consultado em 24 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 9 de abril de 2017 
  6. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v Governo do Paraná (2018). «Um pouco de História». Secretaria de Estado da Cultura. Consultado em 24 de janeiro de 2018. Cópia arquivada em 22 de maio de 2018 
  7. a b c d e f g h i j k l m n o Wons 1994, pp. 103–105.
  8. a b c d Wons 1994, pp. 107–108.
  9. Benvenutti, Aline. «Paranaguá: mudanças nos seus limites geográficos IV». Consultado em 1 de julho de 2021. Cópia arquivada em 1 de julho de 2021 
  10. a b c Wons 1994, pp. 108–109.
  11. Dalfré, Liz Andréa (2004). «OUTRAS NARRATIVAS DA NACIONALIDADE: O MOVIMENTO DO CONTESTADO» (PDF). Universidade Federal do Paraná. Consultado em 11 de julho de 2018. Cópia arquivada (PDF) em 11 de julho de 2018 
  12. Wachowicz 1995, pp. 189–191.
  13. Wachowicz 2010, pp. 231–232.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Wachowicz, Ruy Christovam (1995). História do Paraná 7ª ed. Curitiba: Editora Gráfica Vicentina Ltda 
  • Wachowicz, Ruy Christovam (2010). História do Paraná 10ª ed. Curitiba: Editora UEPG 
  • Wons, Iaroslaw (1994). Geografia do Paraná 6 ed. Curitiba: Ensino Renovado 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]