Vila de Povoação

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A Vila de Povoação, ou simplesmente Povoação, situa-se no Distrito de Povoação à margem do Rio Doce, cerca de 10 quilômetros ao norte da foz do Rio Doce no município de Linhares, no Espírito Santo, Brasil.[1] Povoação possui 1492 habitantes (IBGE, 2010).[2] O principal acesso se dá pela rodovia ES-248 a aproximadamente 40 quilômetros da sede do município.[3]

História[editar | editar código-fonte]

No início os únicos habitantes eram os índios Botocudos. Com a navegação do Rio Doce, começaram a chegar os primeiros colonos brancos e mestiços. Porém, os primeiros registros históricos de Povoação surgem em 1818, nos escritos do naturalista francês Auguste Saint-Hilaire que se hospedou no sítio de Antônio Alves Martins, duas léguas acima da foz do Rio Doce. Referência feita também pelo bispo Dom José Caetano, em visita à região em 1819. Essas referências são confirmadas, em outro livro, pelo historiador linharense Lastenio Calmon Júnior, 1975.[4]

Já em 1865, o geólogo Haltt escreve, “a uma pequena distância rio acima, há uma pequena colônia chamada Povoação”.[4]

Entre os anos de 1918 e 1930, com a introdução do cacau, muitas fazendas foram surgindo, e o lugar cresceu rapidamente. “Mas Regência dormita... Ali mesmo , do outro lado, um lugar que só tem o nome de Povoação está crescendo; já se mudou para lá o juiz distrital, já la se foi o registro civil; lá se fundem fazendas, lá se abrem casas, lá se ganha dinheiro depressa”. “Em Povoação o Rio está desbarrancando o cemitério humilde”. (Rubem Braga, 1946).[4]

Um marco importante da economia da região foram os vapores, Tupi, Muniz, Tamoio e o Juparanã, que no Século XX impulsionou a economia local, transportando pessoas e mercadorias para Linhares (sede do município) e Colatina.[4]

Infraestrutura[editar | editar código-fonte]

A vila possui uma escola de ensino fundamental (Escola Municipal Professora Urbana Penha Costa), uma creche, um posto de saúde, dois campos de futebol (um deles serve de área de eventos) e um ginásio poliesportivo.

Povoação possui energia elétrica, rede de telefonia, estação de tratamento de água e coleta de resíduo domiciliar.

A maior parte do acesso à vila pela ES-248 não é pavimentada. As ruas da vila também não são pavimentadas ou calçadas. Existem horários diários de transporte coletivo do Centro de Linhares até Povoação.[5]

Cultura[editar | editar código-fonte]

Turismo e lazer[editar | editar código-fonte]

Praia de Povoação.

A Praia de Povoação é propícia à prática de surfe, bodyboarding e pesca esportiva.[3][6]

Na foz do Rio Doce, conhecido pelos morados como Pontalzinho, é possível ver o encontro das águas do rio com o Oceano Atlântico.

Na Lagoa da Viúva encontra-se um restaurante, estrutura para camping, passeios de barco, de buggy e de motocross.

Lagoa Monsarás à esquerda e o mar à direita.

O Projeto TAMAR possui uma base de monitoramento desde de 1987 (a segunda implantada no estado) a quatro quilômetros da vila entre o mar e a Lagoa Monsarás. A base monitora 39 quilômetros entre a foz do Rio Doce e a Praia do Degredo. Povoação registra cerca de 500 desovas com cerca de 50 mil filhotes por ano de tartarugas-marinhas, principalmente da espécie tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) e também com ocorrência da tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea). Em certas épocas do ano, é possível acompanhar a soltura dos filhotes de tartaruga-marinha.[1]

Nos meses de setembro ou outubro é realizada a "Festa do Robalo" organizada pela Associação de Moradores e Amigos de Povoação do Rio Doce (AMAPRD). Há apresentações culturais e musicais regionais na área de eventos à noite e durante o dia são promovidos eventos na praia. É possível provar pratos típicos, principalmente a moqueca de robalo, peixe que dá nome a festa. Em 2015, durante a XI Festa do Robalo foram realizados etapas do Circuito Capixaba de Bodyboarding Profissional e Amador.[7] Em 2017, é realizada a 12ª edição da festa após a não realização em 2016.[8]

A vila também é procurada no feriado de Carnaval com a apresentação de bloco de rua e trio elétrico com bandas regionais.

Arte e folclore[editar | editar código-fonte]

A Igreja Católica de São Benedito é uma das mais antigas construções da vila.

A Banda de Congo São Benedito apresenta-se nas festividades do Natal, quando ocorre a "Levantada do Mastro" com a bandeira de São Benedito. Em janeiro, próximo ao Dia de São Sebastião (20 de janeiro), ocorre a "Derrubado do Mastro" após uma procissão religiosa.[9]

O Grupo de Folia de Reis apresenta-se entre o dia 6 de janeiro a 3 de fevereiro encenando a visita dos Três Reis Magos ao menino Jesus. O grupo é formado de doze integrantes com instrumentos musicais, chamados de "marujos", que representam os doze apóstolos, enquanto o personagem "Tio Chico" é o mestre de cerimônias.[9][10]

Referências

  1. a b «Povoação». tamar.org.br. Consultado em 28 de agosto de 2015 
  2. Felipe Pinto Gonçalves (7 de julho de 2014). «Distribuição da População no Litoral de Linhares-ES». ufes.br. Consultado em 2 de setembro de 2015 
  3. a b «Pontos Turísticos de Linhares». linhares.es.org.br. Consultado em 24 de março de 2021 
  4. a b c d «História da vila». Portal de Povoação. Consultado em 8 de janeiro de 2019 
  5. «Transporte de Linhares». linhares.es.org.br. Consultado em 24 de março de 2021 
  6. «Distrito de Povoação tem circuito de surfe, em Linhares». globo.com. 12 de junho de 2017. Consultado em 5 de novembro de 2017 
  7. «Festa do Robalo». linharesemdia.com.br. Consultado em 15 de outubro de 2015 
  8. «12ª. edição da Festa do Robalo começa nesta sexta-feira». linhares.es.org.br. 6 de setembro de 2017. Consultado em 14 de setembro de 2017 
  9. a b «Inventário da Oferta Turística do Município de Linhares - 2009» (PDF). linhares.es.org.br. Consultado em 16 de outubro de 2015 
  10. «Folia de Reis em Povoação mantém viva a tradição e identidade da comunidade do balneário». linhares.es.org.br. 2 de fevereiro de 2015. Consultado em 24 de março de 2021