Fibrilação auricular: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
OsmoseIt (discussão | contribs)
adding video.
conteúdo + WP:LE + ajustes
Linha 1: Linha 1:
{{Info/Patologia
{{Info/Patologia
| Nome = Fibrilação auricular
| Nome = Fibrilação auricular
| Imagem = SinusRhythmLabels.svg
| Imagem = SinusRhythmLabels.svg
| Legenda = [[Eletrocardiograma]] de um [[ritmo sinusal]] normal. Na fibrilação auricular, as [[Eletrocardiograma#Onda_P|ondas P]], que representam a despolarização das [[aurícula]]s, estão ausentes.
| Legenda =
| CID10 = {{CID10|I|48|i|30}}
| DiseasesDB = 1065
| CID9 = {{CID9|427.31}}
| CID10 = {{CID10|I|48||i|30}}
| CIDO =
| CID9 = {{CID9|427.31}}
| OMIM =
| ICDO =
| OMIM =
| DiseasesDB = 1065
| MedlinePlus = 000184
| MedlinePlus = 000184
| MeshID = D001281
| eMedicineSubj = med
| eMedicineTopic = 184
| eMedicine_mult = {{eMedicine2|emerg|46}}
| MeshID = D001281
}}
}}
<!-- Definição e sintomas -->
'''Fibrilação atrial/auricular''', A fibrilação atrial é uma condição cardíaca extremamente séria que acomete cerca de 2,5% da população mundial e pode ser diagnosticada em pessoas aparentemente saudáveis, em qualquer faixa etária, sendo muito mais comum a partir dos 40 anos de idade e aumentando com passar dos anos.
'''Fibrilação auricular''' ou '''fibrilação auricular''' é um [[Arritmia cardíaca|ritmo cardíaco anormal]] caracterizado por batimentos rápidos e irregulares.<ref>{{cite web|title=Heart Disease Other Related Conditions|url=http://www.cdc.gov/heartdisease/other_conditions.htm|website=cdc.gov|accessdate=19 de fevereiro de 2015|date=3 de Setembro de 2014}}</ref> Os episódios têm muitas vezes início com breves períodos de batimentos anormais que com o passar do tempo se tornam estáveis e a intervalos maiores.<ref name=Zoni2014/> Muitos episódios são [[assintomático]]s.<ref name=Mun2014/> Em alguns podem-se manifestar sintomas como [[palpitação|palpitações]], [[Síncope (medicina)|desmaio]], [[Dispneia|falta de ar]] ou [[angina|dor no peito]].<ref>{{cite book|last1=Gray|first1=David|title=Chamberlain's Symptoms and Signs in Clinical Medicine: An Introduction to Medical Diagnosis|year=2010|publisher=Hodder Arnold|location=London|isbn=9780340974254|pages= [https://books.google.ca/books?id=IXynWiryyjoC&pg=PA70 70–1]|edition=13ª}}</ref> A doença está associada a um risco acrescido de [[insuficiência cardíaca]], [[demência]] e [[acidente vascular cerebral]] (AVC).<ref name=Mun2014/> É um tipo de [[taquicardia supraventricular]].<ref>{{cite book|last1=Urman|first1=edited by Linda S. Aglio, Robert W. Lekowski, Richard D.|title=Essential clinical anesthesia review : keywords, questions and answers for the boards|date=2015|isbn=9781107681309|page=480|url=https://books.google.ca/books?id=VJzWBQAAQBAJ&pg=PA480}}</ref>


<!-- Causa e diagnóstico -->
Caracterizada por uma frequência cardíaca irregular, mais acelerada do que o normal, causada quando as câmaras superiores do coração (átrios) apresentam ritmo de contração irregular e dessincronizado.
Os fatores de risco modificáveis mais comuns da fibrilação auricular são a [[hipertensão arterial]] e as [[valvulopatia]]s.<ref name=Anu2014/><ref>{{cite journal|last1=Nguyen|first1=TN|last2=Hilmer|first2=SN|last3=Cumming|first3=RG|title=Review of epidemiology and management of atrial fibrillation in developing countries.|journal=International Journal of Cardiology|date=10 de setembro de 2013|volume=167|issue=6|pages=2412–20|pmid=23453870|doi=10.1016/j.ijcard.2013.01.184}}</ref> Entre outros fatores de risco relacionados com o coração estão a [[insuficiência cardíaca]], [[doença arterial coronária]], [[miocardiopatia]] e [[cardiopatia congénita]].<ref name=Anu2014>{{cite journal|last1=Anumonwo|first1=JM|last2=Kalifa|first2=J|title=Risk Factors and Genetics of Atrial Fibrillation.|journal=Cardiology clinics|date=Novembro de 2014|volume=32|issue=4|pages=485–494|pmid=25443231|doi=10.1016/j.ccl.2014.07.007}}</ref> Em países desenvolvidos, a causa mais comum de valvulopatias é a [[febre reumática]].<ref name=Kna2013/> Entre os fatores de risco relacionados com os pulmões estão a [[doença pulmonar obstrutiva crónica]], a [[obesidade]] e a [[apneia de sono]].<ref name=Mun2014/> Entre outros fatores de risco estão o consumo excessivo de [[Bebidas alcoólicas|álcool]], [[diabetes]] e [[hipertiroidismo]].<ref name=Mun2014/><ref name=Kna2013>{{cite journal|last1=Mischke|first1=K|last2=Knackstedt|first2=C|last3=Marx|first3=N|last4=Vollmann|first4=D|title=Insights into atrial fibrillation.|journal=Minerva medica|date=Abril de 2013|volume=104|issue=2|pages=119–30|pmid=23514988}}</ref> No entanto, metade dos casos não está associada a qualquer um destes riscos.<ref name=Mun2014/> O diagnóstico é feito pela medição da [[pulsação arterial]] e pode ser confirmado com um [[eletrocardiograma]] (ECG).<ref name=Ferg2013/> Um ECG de fibrilação auricular revela não existirem [[Eletrocardiograma#Onda_P|ondas P]] e um ritmo ventricular irregular.<ref name=Ferg2013>{{cite journal |vauthors=Ferguson C, Inglis SC, Newton PJ, Middleton S, Macdonald PS, Davidson PM |title=Atrial fibrillation: stroke prevention in focus |journal=ACC |volume=00 |issue=2 |pages=92–8 |year=2013 |pmid=24054541 |doi=10.1016/j.aucc.2013.08.002 |url=http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1036731413001690 }}</ref>


<!-- Tratamento -->
==Etiologia==
A fibrilação auricular é geralmente tratada com medicamentos que diminuem a [[frequência cardíaca]] para valores normais ou que convertem o ritmo para o [[ritmo sinusal]] normal.<ref name=Anu2014/> A conversão em ritmo sinusal normal pode ser também realizada com [[cardioversão]], um procedimento que é muitas vezes usado em situações de emergências quando a pessoa se encontra instável.<ref>{{cite journal|last1=Oishi|first1=ML|last2=Xing|first2=S|title=Atrial fibrillation: management strategies in the emergency department.|journal=Emergency medicine practice|date=Fevereiro de 2013|volume=15|issue=2|pages=1–26; quiz 27|pmid=23369365}}</ref> Em algumas pessoas, a recorrência pode ser prevenida com [[Ablação|ablação por radiofrequência]].<ref>{{cite journal|last1=Amerena|first1=JV|last2=Walters|first2=TE|last3=Mirzaee|first3=S|last4=Kalman|first4=JM|title=Update on the management of atrial fibrillation.|journal=The Medical journal of Australia|date=4 Novembro de 2013|volume=199|issue=9|pages=592–7|pmid=24182224|doi=10.5694/mja13.10191}}</ref> No caso de haver risco acrescido de AVC, podem ser recomendadas [[aspirina]] ou [[anticoagulante]]s como a [[varfarina]] ou novos anticoagulantes orais.<ref name=Mun2014/> Embora estes medicamentos diminuam o risco de AVC, aumentam o risco de [[hemorragia]]s.<ref name=Stein2014>{{cite journal|last1=Steinberg|first1=BA|last2=Piccini|first2=JP|title=Anticoagulation in atrial fibrillation.|journal=BMJ (Clinical research ed.)|date=14 de abril de 2014|volume=348|pages=g2116|pmid=24733535|doi=10.1136/bmj.g2116}}</ref>

<!-- Epidemiologia e história-->
A fibrilação auricular é a arritmia cardíaca grave mais comum.<ref name=Mun2014>{{cite journal|last1=Munger|first1=TM|last2=Wu|first2=LQ|last3=Shen|first3=WK|title=Atrial fibrillation.|journal=Journal of biomedical research|date=January 2014|volume=28|issue=1|pages=1–17|pmid=24474959|doi=10.7555/JBR.28.20130191}}</ref> Entre os [[países desenvolvidos]], a condição afeta cerca de 0,6% dos homens e 0,4% das mulheres. <ref name=Zoni2014/> Na Europa e na América do Norte a prevalência da doença tem vindo a aumentar. Em 2005 afetava entre 0,4 e 1% da população,<ref name=AHA2006>{{cite journal |last=Fuster |first= Valentin |title=ACC/AHA/ESC 2006 Guidelines for the Management of Patients with Atrial Fibrillation: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines and the European Society of Cardiology Committee for Practice Guidelines (Writing Committee to Revise the 2001 Guidelines for the Management of Patients With Atrial Fibrillation): developed in collaboration with the European Heart Rhythm Association and the Heart Rhythm Society |journal=Circulation |volume=114 |issue=7 |pages=e257–354 |year=2006 |pmid=16908781 |doi=10.1161/CIRCULATIONAHA.106.177292}}</ref> enquanto que em 2014 afetava entre 2 a 3% da população.<ref name=Zoni2014>{{cite journal|last1=Zoni-Berisso|first1=M|last2=Lercari|first2=F|last3=Carazza|first3=T|last4=Domenicucci|first4=S|title=Epidemiology of atrial fibrillation: European perspective.|journal=Clinical epidemiology|date=2014|volume=6|pages=213–20|pmid=24966695|doi=10.2147/CLEP.S47385}}</ref> A percentagem de pessoas com fibrilação auricular aumenta com a idade, sendo afetadas 0,14% das pessoas com menos de 50 anos, 4% das pessoas entre 60 e 70 anos e 14% das pessoas com mais de 80 anos.<ref name=Zoni2014/> Em 2013, a fibrilação auricular e o [[flutter auricular]] foram a causa de {{formatnum:112000}} mortes, um aumento em relação às {{formatnum:29000}} em 1990.<ref name=GDB2013>{{cite journal|last1=GBD 2013 Mortality and Causes of Death|first1=Collaborators|title=Global, regional, and national age-sex specific all-cause and cause-specific mortality for 240 causes of death, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013.|journal=Lancet|date=17 de dezembro de 2014|pmid=25530442|doi=10.1016/S0140-6736(14)61682-2|volume=385|issue=9963|pages=117–171|pmc=4340604}}</ref> A primeira descrição conhecida de pulsação arterial irregular foi publicada por [[:en:Jean-Baptiste de Sénac|Jean-Baptiste de Sénac]] em 1749. O primeiro registo da fibrilação auricular em eletrocardiograma foi feita por [[Thomas Lewis]] em 1909.<ref name=Mun2014/>
{{TOC limit|3}}

==Sinais e sintomas==

Quando surge subitamente um episódio de fibrilação auricular paroxística, o paciente sente [[dispneia]] e cansaço, podendo, dependente da patologia cardíaca associada, desencadear um pré-edema pulmonar. Isto deve-se à perda súbita de cerca de 20% do débito cardíaco. Pode haver uma diminuição da pressão arterial, mas não muito significativa, pois a diminuição do débito cardíaco leva de imediato a uma vasoconstrição periférica de modo a manter um equilíbrio entre o volume vascular (continente) e o seu enchimento (conteúdo). O paciente pode sentir palpitações ou um tremor sobre a região précordial. Muitas vezes é assintomático. Quando já existem sintomas por doença cardíaca pré-existente, o aparecimento da fibrilação auricular vai agravar esses sintomas. A fibrilação auricular é frequente no pós operatório de algumas cirurgias cardíacas. É extremamente raro que a fibrilação auricular leve a um [[estado de choque]] cardiogénico.<ref>Braunwald, Tratado de Cardiologia 8e. edição espanhola, Elsevier, 2009 ISBN-13: 978-8480863766</ref>

===Complicações===

O maior risco da FA são os quadros de embolia periférica, mais frequentemente cerebral. Ocorrem pela formação de [[trombo]]s dentro das aurículas, mas sobretudo dentro dos apêndices auriculares ou aurículos. A agregação plaquetária é grande dentro dessas cavidades onde o sangue estagna devido à falta de contração das aurículas. Este risco existe sobretudo nos casos de fibrilação paroxítica e é quando o nódulo sinusal retoma o comando que os coágulos são ejectados para a aorta e desta seguem pelas carótidas em direção ao cérebro. É a uma das causas mais importantes de acidente vascular cerebral da pessoa idosa. Na meia idade, os pacientes de maior risco são os portadores de doenças da [[válvula mitral]].<ref>Braunwald, Tratado de Cardiologia 8e. edição espanhola, Elsevier, 2009 ISBN-13: 978-8480863766</ref>

==Causas==
[[File:Atrial_fibrillation_video.webm|thumb|278x278px|Vídeo que descreve o mecanismo de fibrilação auricular. Inglês com legendas em português.]]
[[File:Atrial_fibrillation_video.webm|thumb|278x278px|Vídeo que descreve o mecanismo de fibrilação auricular. Inglês com legendas em português.]]
Na maioria das vezes, os pacientes diagnosticados com fibrilação apresentam arritmia cardíaca que pode ser causada por malformações presentes desde o nascimento, danos na estrutura do coração causados por infartos ou problemas em determinadas válvulas cardíacas.
Na maioria das vezes, os pacientes diagnosticados com fibrilação apresentam arritmia cardíaca que pode ser causada por malformações presentes desde o nascimento, danos na estrutura do coração causados por infartos ou problemas em determinadas válvulas cardíacas.
Linha 37: Linha 57:
*''persistente'' - que tem duração prolongada, mas também se resolve espontaneamente -
*''persistente'' - que tem duração prolongada, mas também se resolve espontaneamente -
*''permanente'', quando não há retorno ao ritmo normal.
*''permanente'', quando não há retorno ao ritmo normal.

==Sintomas==

Quando surge subitamente um episódio de fibrilação auricular paroxística, o paciente sente [[dispneia]] e cansaço, podendo, dependente da patologia cardíaca associada, desencadear um pré-edema pulmonar. Isto deve-se à perda súbita de cerca de 20% do débito cardíaco. Pode haver uma diminuição da pressão arterial, mas não muito significativa, pois a diminuição do débito cardíaco leva de imediato a uma vasoconstrição periférica de modo a manter um equilíbrio entre o volume vascular (continente) e o seu enchimento (conteúdo). O paciente pode sentir palpitações ou um tremor sobre a região précordial. Muitas vezes é assintomático. Quando já existem sintomas por doença cardíaca pré-existente, o aparecimento da fibrilação auricular vai agravar esses sintomas. A fibrilação auricular é frequente no pós operatório de algumas cirurgias cardíacas. É extremamente raro que a fibrilação auricular leve a um [[estado de choque]] cardiogénico.<ref>Braunwald, Tratado de Cardiologia 8e. edição espanhola, Elsevier, 2009 ISBN-13: 978-8480863766</ref>


==Diagnóstico==
==Diagnóstico==


Existem vários exames que podem ser feitos para obter o diagnóstico de FA. Geralmente, médicos solicitam esses testes quando há a presença de sintomas. Esses exames são: Eletrocardiograma, holter, ecocardiograma, monitor cardíaco móvel, monitor de eventos, eletrocardiograma transtorácico.
Existem vários exames que podem ser feitos para obter o diagnóstico de FA. Geralmente, médicos solicitam esses testes quando há a presença de sintomas. Esses exames são: Eletrocardiograma, holter, ecocardiograma, monitor cardíaco móvel, monitor de eventos, eletrocardiograma transtorácico.

==Complicações==

O maior risco da FA são os quadros de embolia periférica, mais frequentemente cerebral. Ocorrem pela formação de [[trombo]]s dentro das aurículas, mas sobretudo dentro dos apêndices auriculares ou aurículos. A agregação plaquetária é grande dentro dessas cavidades onde o sangue estagna devido à falta de contração das aurículas. Este risco existe sobretudo nos casos de fibrilação paroxítica e é quando o nódulo sinusal retoma o comando que os coágulos são ejectados para a aorta e desta seguem pelas carótidas em direção ao cérebro. É a uma das causas mais importantes de acidente vascular cerebral da pessoa idosa. Na meia idade, os pacientes de maior risco são os portadores de doenças da [[válvula mitral]].<ref>Braunwald, Tratado de Cardiologia 8e. edição espanhola, Elsevier, 2009 ISBN-13: 978-8480863766</ref>


==Tratamento==
==Tratamento==
{{sem-fontes}}

O tratamento depende da patologia co-existente e da idade do paciente.
O tratamento depende da patologia co-existente e da idade do paciente.
*o uso permanente de [[anticoagulante]]s nos pacientes com patologia da válvula mitral.
*o uso permanente de [[anticoagulante]]s nos pacientes com patologia da válvula mitral.
Linha 60: Linha 72:
*Dado o risco de embolia, a desfibrilação só deve ser feita se a resposta for muito rápida e difícil de reverter, com edema pulmonar grave, o que não é muito frequente, e sempre após anticoagulação intra-venosa (heparina). Está reservada aos casos de colapso [[hemodinâmica|hemodinâmico]] (instabilidade [[pressão arterial|tensional]], [[choque circulatório|choque]]). Cargas iniciais de 200 [[Joule]]s geralmente revertem o ritmo desordenado ao normal. Após o episódio inicial, o risco de recorrências é alto, como ou sem controlo dos fatores que podem perpetuar a fibrilação como o [[hipertiroidismo]] ou a [[cafeína]] que aumentam as possibilidades de aparecimento das extrassístoles supraventriculares.
*Dado o risco de embolia, a desfibrilação só deve ser feita se a resposta for muito rápida e difícil de reverter, com edema pulmonar grave, o que não é muito frequente, e sempre após anticoagulação intra-venosa (heparina). Está reservada aos casos de colapso [[hemodinâmica|hemodinâmico]] (instabilidade [[pressão arterial|tensional]], [[choque circulatório|choque]]). Cargas iniciais de 200 [[Joule]]s geralmente revertem o ritmo desordenado ao normal. Após o episódio inicial, o risco de recorrências é alto, como ou sem controlo dos fatores que podem perpetuar a fibrilação como o [[hipertiroidismo]] ou a [[cafeína]] que aumentam as possibilidades de aparecimento das extrassístoles supraventriculares.


{{Referências|col=2}}

{{Referências}}Site: IFA - Instituto de fibrilação atrial http://www.institutofibrilacaoatrial.com.br/


{{DEFAULTSORT:Fibrilacao Auricular}}
{{DEFAULTSORT:Fibrilacao Auricular}}

Revisão das 13h23min de 26 de agosto de 2016

Fibrilação auricular
Fibrilação auricular
Eletrocardiograma de um ritmo sinusal normal. Na fibrilação auricular, as ondas P, que representam a despolarização das aurículas, estão ausentes.
Especialidade cardiologia
Classificação e recursos externos
CID-10 I48
CID-9 427.31
CID-11 171698302
DiseasesDB 1065
MedlinePlus 000184
eMedicine med/184 emerg/46
MeSH D001281
A Wikipédia não é um consultório médico. Leia o aviso médico 

Fibrilação auricular ou fibrilação auricular é um ritmo cardíaco anormal caracterizado por batimentos rápidos e irregulares.[1] Os episódios têm muitas vezes início com breves períodos de batimentos anormais que com o passar do tempo se tornam estáveis e a intervalos maiores.[2] Muitos episódios são assintomáticos.[3] Em alguns podem-se manifestar sintomas como palpitações, desmaio, falta de ar ou dor no peito.[4] A doença está associada a um risco acrescido de insuficiência cardíaca, demência e acidente vascular cerebral (AVC).[3] É um tipo de taquicardia supraventricular.[5]

Os fatores de risco modificáveis mais comuns da fibrilação auricular são a hipertensão arterial e as valvulopatias.[6][7] Entre outros fatores de risco relacionados com o coração estão a insuficiência cardíaca, doença arterial coronária, miocardiopatia e cardiopatia congénita.[6] Em países desenvolvidos, a causa mais comum de valvulopatias é a febre reumática.[8] Entre os fatores de risco relacionados com os pulmões estão a doença pulmonar obstrutiva crónica, a obesidade e a apneia de sono.[3] Entre outros fatores de risco estão o consumo excessivo de álcool, diabetes e hipertiroidismo.[3][8] No entanto, metade dos casos não está associada a qualquer um destes riscos.[3] O diagnóstico é feito pela medição da pulsação arterial e pode ser confirmado com um eletrocardiograma (ECG).[9] Um ECG de fibrilação auricular revela não existirem ondas P e um ritmo ventricular irregular.[9]

A fibrilação auricular é geralmente tratada com medicamentos que diminuem a frequência cardíaca para valores normais ou que convertem o ritmo para o ritmo sinusal normal.[6] A conversão em ritmo sinusal normal pode ser também realizada com cardioversão, um procedimento que é muitas vezes usado em situações de emergências quando a pessoa se encontra instável.[10] Em algumas pessoas, a recorrência pode ser prevenida com ablação por radiofrequência.[11] No caso de haver risco acrescido de AVC, podem ser recomendadas aspirina ou anticoagulantes como a varfarina ou novos anticoagulantes orais.[3] Embora estes medicamentos diminuam o risco de AVC, aumentam o risco de hemorragias.[12]

A fibrilação auricular é a arritmia cardíaca grave mais comum.[3] Entre os países desenvolvidos, a condição afeta cerca de 0,6% dos homens e 0,4% das mulheres. [2] Na Europa e na América do Norte a prevalência da doença tem vindo a aumentar. Em 2005 afetava entre 0,4 e 1% da população,[13] enquanto que em 2014 afetava entre 2 a 3% da população.[2] A percentagem de pessoas com fibrilação auricular aumenta com a idade, sendo afetadas 0,14% das pessoas com menos de 50 anos, 4% das pessoas entre 60 e 70 anos e 14% das pessoas com mais de 80 anos.[2] Em 2013, a fibrilação auricular e o flutter auricular foram a causa de 112 000 mortes, um aumento em relação às 29 000 em 1990.[14] A primeira descrição conhecida de pulsação arterial irregular foi publicada por Jean-Baptiste de Sénac em 1749. O primeiro registo da fibrilação auricular em eletrocardiograma foi feita por Thomas Lewis em 1909.[3]

Sinais e sintomas

Quando surge subitamente um episódio de fibrilação auricular paroxística, o paciente sente dispneia e cansaço, podendo, dependente da patologia cardíaca associada, desencadear um pré-edema pulmonar. Isto deve-se à perda súbita de cerca de 20% do débito cardíaco. Pode haver uma diminuição da pressão arterial, mas não muito significativa, pois a diminuição do débito cardíaco leva de imediato a uma vasoconstrição periférica de modo a manter um equilíbrio entre o volume vascular (continente) e o seu enchimento (conteúdo). O paciente pode sentir palpitações ou um tremor sobre a região précordial. Muitas vezes é assintomático. Quando já existem sintomas por doença cardíaca pré-existente, o aparecimento da fibrilação auricular vai agravar esses sintomas. A fibrilação auricular é frequente no pós operatório de algumas cirurgias cardíacas. É extremamente raro que a fibrilação auricular leve a um estado de choque cardiogénico.[15]

Complicações

O maior risco da FA são os quadros de embolia periférica, mais frequentemente cerebral. Ocorrem pela formação de trombos dentro das aurículas, mas sobretudo dentro dos apêndices auriculares ou aurículos. A agregação plaquetária é grande dentro dessas cavidades onde o sangue estagna devido à falta de contração das aurículas. Este risco existe sobretudo nos casos de fibrilação paroxítica e é quando o nódulo sinusal retoma o comando que os coágulos são ejectados para a aorta e desta seguem pelas carótidas em direção ao cérebro. É a uma das causas mais importantes de acidente vascular cerebral da pessoa idosa. Na meia idade, os pacientes de maior risco são os portadores de doenças da válvula mitral.[16]

Causas

Vídeo que descreve o mecanismo de fibrilação auricular. Inglês com legendas em português.

Na maioria das vezes, os pacientes diagnosticados com fibrilação apresentam arritmia cardíaca que pode ser causada por malformações presentes desde o nascimento, danos na estrutura do coração causados por infartos ou problemas em determinadas válvulas cardíacas.

No entanto, mesmo pessoas que não apresentam histórico de alteração no ritmo cardíaco ou malformações no órgão podem ser diagnosticadas com fibrilação atrial. Apesar de raros, existem casos de infecções virais que geram alteração no ritmo cardíaco.

Fisiopatologia

Trata-se uma atividade elétrica caótica, irregular e muito rápida de cerca de 350 a 600/min. Felizmente muitos destes estímulos não conseguem ser transmitidos aos ventrículos pois ao chegarem ao nódulo aurículo-ventricular encontram-no em período refratário e são bloqueados a este nível. Havendo uma anarquia eléctrica, não existe uma contração em massa do miocárdio auricular, há um enchimento ventricular deficiente e perde-se cerca de 20% do débito cardíaco.[17]

Condução
Ritmo sinusal
Fibrilação auricular

Em muitos casos (sobretudo no idoso) um episódio é desencadeado por uma extrassístole supraventricular principalmente se ela tiver origem na desembocadura das veias pulmonares.[18]

A fibrilação auricular pode ser

  • paroxística - episódios de arritmia que se resolvem espontaneamente -
  • persistente - que tem duração prolongada, mas também se resolve espontaneamente -
  • permanente, quando não há retorno ao ritmo normal.

Diagnóstico

Existem vários exames que podem ser feitos para obter o diagnóstico de FA. Geralmente, médicos solicitam esses testes quando há a presença de sintomas. Esses exames são: Eletrocardiograma, holter, ecocardiograma, monitor cardíaco móvel, monitor de eventos, eletrocardiograma transtorácico.

Tratamento

O tratamento depende da patologia co-existente e da idade do paciente.

  • o uso permanente de anticoagulantes nos pacientes com patologia da válvula mitral.
  • Administração de bloqueadores dos canais de cálcio do grupo das Fenilalquilaminas, "Verapamilo" (bloqueiam os focos ectópicos auriculares) na prevenção do aparecimento das extrassístoles que desencadeiam os episódios.
  • Os digitálicos ajudam a manter uma resposta ventricular menos irregular
  • Os antiagregantes plaquetares nas pessoas idosas com fibrilação auricular permanente
  • Em pacientes jovens, pode tentar-se a ablação, que consistem na aplicação, com o uso de cateteres, de ondas de rádio de alta freqüência nas áreas próximas à junção da veia pulmonar com o átrio, bloqueando o focos que originam as extrassístoles que desencadeam a fibrilação.
  • Dado o risco de embolia, a desfibrilação só deve ser feita se a resposta for muito rápida e difícil de reverter, com edema pulmonar grave, o que não é muito frequente, e sempre após anticoagulação intra-venosa (heparina). Está reservada aos casos de colapso hemodinâmico (instabilidade tensional, choque). Cargas iniciais de 200 Joules geralmente revertem o ritmo desordenado ao normal. Após o episódio inicial, o risco de recorrências é alto, como ou sem controlo dos fatores que podem perpetuar a fibrilação como o hipertiroidismo ou a cafeína que aumentam as possibilidades de aparecimento das extrassístoles supraventriculares.

Referências

  1. «Heart Disease Other Related Conditions». cdc.gov. 3 de Setembro de 2014. Consultado em 19 de fevereiro de 2015 
  2. a b c d Zoni-Berisso, M; Lercari, F; Carazza, T; Domenicucci, S (2014). «Epidemiology of atrial fibrillation: European perspective.». Clinical epidemiology. 6: 213–20. PMID 24966695. doi:10.2147/CLEP.S47385 
  3. a b c d e f g h Munger, TM; Wu, LQ; Shen, WK (January 2014). «Atrial fibrillation.». Journal of biomedical research. 28 (1): 1–17. PMID 24474959. doi:10.7555/JBR.28.20130191  Verifique data em: |data= (ajuda)
  4. Gray, David (2010). Chamberlain's Symptoms and Signs in Clinical Medicine: An Introduction to Medical Diagnosis 13ª ed. London: Hodder Arnold. pp. 70–1. ISBN 9780340974254 
  5. Urman, edited by Linda S. Aglio, Robert W. Lekowski, Richard D. (2015). Essential clinical anesthesia review : keywords, questions and answers for the boards. [S.l.: s.n.] p. 480. ISBN 9781107681309 
  6. a b c Anumonwo, JM; Kalifa, J (Novembro de 2014). «Risk Factors and Genetics of Atrial Fibrillation.». Cardiology clinics. 32 (4): 485–494. PMID 25443231. doi:10.1016/j.ccl.2014.07.007 
  7. Nguyen, TN; Hilmer, SN; Cumming, RG (10 de setembro de 2013). «Review of epidemiology and management of atrial fibrillation in developing countries.». International Journal of Cardiology. 167 (6): 2412–20. PMID 23453870. doi:10.1016/j.ijcard.2013.01.184 
  8. a b Mischke, K; Knackstedt, C; Marx, N; Vollmann, D (Abril de 2013). «Insights into atrial fibrillation.». Minerva medica. 104 (2): 119–30. PMID 23514988 
  9. a b Ferguson C, Inglis SC, Newton PJ, Middleton S, Macdonald PS, Davidson PM (2013). «Atrial fibrillation: stroke prevention in focus». ACC. 00 (2): 92–8. PMID 24054541. doi:10.1016/j.aucc.2013.08.002 
  10. Oishi, ML; Xing, S (Fevereiro de 2013). «Atrial fibrillation: management strategies in the emergency department.». Emergency medicine practice. 15 (2): 1–26; quiz 27. PMID 23369365 
  11. Amerena, JV; Walters, TE; Mirzaee, S; Kalman, JM (4 Novembro de 2013). «Update on the management of atrial fibrillation.». The Medical journal of Australia. 199 (9): 592–7. PMID 24182224. doi:10.5694/mja13.10191 
  12. Steinberg, BA; Piccini, JP (14 de abril de 2014). «Anticoagulation in atrial fibrillation.». BMJ (Clinical research ed.). 348: g2116. PMID 24733535. doi:10.1136/bmj.g2116 
  13. Fuster, Valentin (2006). «ACC/AHA/ESC 2006 Guidelines for the Management of Patients with Atrial Fibrillation: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Practice Guidelines and the European Society of Cardiology Committee for Practice Guidelines (Writing Committee to Revise the 2001 Guidelines for the Management of Patients With Atrial Fibrillation): developed in collaboration with the European Heart Rhythm Association and the Heart Rhythm Society». Circulation. 114 (7): e257–354. PMID 16908781. doi:10.1161/CIRCULATIONAHA.106.177292 
  14. GBD 2013 Mortality and Causes of Death, Collaborators (17 de dezembro de 2014). «Global, regional, and national age-sex specific all-cause and cause-specific mortality for 240 causes of death, 1990-2013: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2013.». Lancet. 385 (9963): 117–171. PMC 4340604Acessível livremente. PMID 25530442. doi:10.1016/S0140-6736(14)61682-2 
  15. Braunwald, Tratado de Cardiologia 8e. edição espanhola, Elsevier, 2009 ISBN-13: 978-8480863766
  16. Braunwald, Tratado de Cardiologia 8e. edição espanhola, Elsevier, 2009 ISBN-13: 978-8480863766
  17. H. Harold Friedman, Diagnostic Electrocardiography and Vectorcardiography, Mcgraw-Hill, 3rd edition (January 1985) ISBN 978-0070224278
  18. Shih-Ann Chen, http://circ.ahajournals.org/content/100/18/1879.full, acesso 04-Novembro-2012