Júlia Lopes de Almeida: diferenças entre revisões
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'''Júlia Valentim da Silveira Lopes de Almeida''' ([[Rio de Janeiro]], [[24 de setembro]] de [[1862]] — [[Rio de Janeiro]], [[30 de maio]] de [[1934]]) foi uma [[escritor]]a, [[cronista]], [[teatro|teatróloga]] e [[Abolicionismo|abolicionista]] [[brasileira]].<ref>GUIMARÃES, Alex dos Santos. [http://anpuhba.org/wp-content/uploads/2013/12/ALEX.pdf Júlia Lopes de Almeida e o Cânone Literário: Memória e Exclusão]. |
'''Júlia Valentim da Silveira Lopes de Almeida''' ([[Rio de Janeiro]], [[24 de setembro]] de [[1862]] — [[Rio de Janeiro]], [[30 de maio]] de [[1934]]) foi uma [[escritor]]a, [[cronista]], [[teatro|teatróloga]] e [[Abolicionismo|abolicionista]] [[brasileira]].<ref>GUIMARÃES, Alex dos Santos. [http://anpuhba.org/wp-content/uploads/2013/12/ALEX.pdf Júlia Lopes de Almeida e o Cânone Literário: Memória e Exclusão]. [[Associação Nacional de História]], 2013.</ref><ref>[http://www.multirio.rj.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1266&Itemid=118 Júlia Lopes de Almeida, a primeira escritora profissional do Brasil]. MultiRio, 26 de agosto de 2014</ref> Foi uma das idealizadoras da [[Academia Brasileira de Letras]] (ABL).<ref name="Itau">{{Citar web |url=http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa443758/julia-lopes-de-almeida |título=Júlia Lopes de Almeida |acessadoem=9 de agosto de 2017 |publicado=Itaú Cultural |editor=[[Itaú Cultural]]}}</ref><ref name="blogueiras">{{Citar web |url=http://blogueirasfeministas.com/2013/03/julia-lopes-de-almeida-uma-mulher-que-a-patria-desconhece/ |título=Julia Lopes de Almeida: uma mulher que a pátria desconhece |publicado=Blogueiras Feministas |editor=Adriana Mattoso |acessadoem=9 de agosto de 2017}}</ref> Tem uma produção grande e importante para a literatura brasileira, de literatura infantil a romances, crônicas, peças de teatro e matérias jornalísticas.<ref name="Mendonça" /><ref name="USP">{{Citar web |url=http://jornal.usp.br/ciencias/ciencias-humanas/escritora-mais-publicada-da-primeira-republica-foi-vetada-na-abl/ |título=Escritora mais publicada da Primeira República foi vetada na ABL |data=03/08/2017 |acessadoem=9 de agosto de 2017 |publicado=[[Jornal da USP]] |editor=Ivanir Ferreira}}</ref> Foi casada com o [[poeta]] [[Portugal|português]] [[Filinto de Almeida]], e mãe dos também escritores [[Afonso Lopes de Almeida]], [[Albano Lopes de Almeida]] e [[Margarida Lopes de Almeida]].<ref name=USP/><ref>[https://www2.camara.leg.br/a-camara/visiteacamara/cultura-na-camara/arquivos/.lixeira/as-mensageiras-primeiras-escritoras-do-brasil Série Histórias Não Contadas - "As Mensageiras" - Primeiras Escritoras do Brasil] Câmara dos Deputados - acessado em 6 de março de 2021</ref> |
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==Biografia== |
==Biografia== |
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===Vida pessoal=== |
===Vida pessoal=== |
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Nascida na cidade do Rio de Janeiro em 1862, era filha do médico [[Valentim José da Silveira Lopes]], mais tarde Visconde de São Valentim, e de Adelina Pereira Lopes, ambos portugueses emigrados para o Brasil. Mudou-se ainda na infância para a cidade de [[Campinas]],<ref name=Itau/> no estado de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], onde, em 1881, publicou seus primeiros textos na ''[[Gazeta de Campinas]]'', apesar de na época a literatura não ser vista como uma atividade própria para [[mulher]]es. Numa entrevista concedida a [[João do Rio]] entre 1904 e 1905, confessou que adorava escrever [[Poesia|versos]], mas o fazia às escondidas.<ref name=Mendonça>{{Citar web |url=http://www.letras.ufpr.br/documentos/pdf_revistas/mendonca.pdf |título=Júlia Lopes de Almeida: A Busca da Liberação Feminina pela Palavra |publicado=Revista Letras |editor=Cátia Toledo Mendonça |acessadoem=9 de dezembro de 2014}}</ref> Três anos depois, em 1884, começa a escrever também para o jornal carioca ''O País'', trabalho que durou mais de três décadas. |
Nascida na cidade do [[Rio de Janeiro]] em 1862, era filha do médico [[Valentim José da Silveira Lopes]], mais tarde Visconde de São Valentim, e de Adelina Pereira Lopes, ambos portugueses emigrados para o Brasil. Mudou-se ainda na infância para a cidade de [[Campinas]],<ref name=Itau/> no estado de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], onde, em 1881, publicou seus primeiros textos na ''[[Gazeta de Campinas]]'', apesar de na época a literatura não ser vista como uma atividade própria para [[mulher]]es.<ref>{{Citar periódico |url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0020-38742018000300095&lng=en&nrm=iso&tlng=pt |titulo=Júlia Lopes de Almeida on the scene: outlines of the writer’s personal archive and unpublished theater |data=2018-09 |acessodata=2021-05-15 |jornal=Revista do Instituto de Estudos Brasileiros |número=71 |ultimo=Fanini |primeiro=Michele Asmar |ultimo2=Fanini |primeiro2=Michele Asmar |paginas=95–114 |doi=10.11606/issn.2316-901x.v0i71p95-114 |issn=0020-3874}}</ref> Numa entrevista concedida a [[João do Rio]] entre 1904 e 1905, confessou que adorava escrever [[Poesia|versos]], mas o fazia às escondidas.<ref name=Mendonça>{{Citar web |url=http://www.letras.ufpr.br/documentos/pdf_revistas/mendonca.pdf |título=Júlia Lopes de Almeida: A Busca da Liberação Feminina pela Palavra |publicado=Revista Letras |editor=Cátia Toledo Mendonça |acessadoem=9 de dezembro de 2014}}</ref> Três anos depois, em 1884, começa a escrever também para o jornal carioca ''O País'', trabalho que durou mais de três décadas. |
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===Carreira=== |
===Carreira=== |
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Em 1886, mudou-se para [[Lisboa]], onde se lança como escritora e junto de sua irmã publica ''Contos Infantis'', em 1887. Em 28 de novembro de 1887 casou-se com Filinto de Almeida, à época diretor da revista ''[[A Semana Ilustrada]]'', editada no Rio de Janeiro. Passou a ser colaboradora sistemática da publicação. Também escreveu para a revista ''[[Brasil-Portugal (revista)|Brasil-Portugal]]''<ref>{{Citar web | |
Em 1886, mudou-se para [[Lisboa]], onde se lança como escritora e junto de sua irmã publica ''Contos Infantis'', em 1887.<ref>{{Citar web |ultimo=Fangueiro |primeiro=Maria |url=http://bndigital.bn.gov.br/dossies/periodicos-literatura/personagens-periodicos-literatura/julia-lopes-de-almeida/ |titulo=Júlia Lopes de Almeida |acessodata=2021-05-15 |website=[[Biblioteca Nacional do Brasil]] |lingua=pt-BR}}</ref> Em 28 de novembro de 1887 casou-se com Filinto de Almeida, à época diretor da revista ''[[A Semana Ilustrada]]'', editada no Rio de Janeiro.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books/about/A_ilustra%C3%A7%C3%A3o_1884_1892.html?id=I8ltDwAAQBAJ&source=kp_book_description|título=A ilustração [1884-1892]: Circulação de textos e imagens entre Paris, Lisboa e Rio de Janeiro|ultimo=Luca|primeiro=Tania Regina de|data=2018-09-10|editora=SciELO - Editora UNESP|lingua=en}}</ref> Passou a ser colaboradora sistemática da publicação. Também escreveu para a revista ''[[Brasil-Portugal (revista)|Brasil-Portugal]]'' (1899-1914).<ref>{{Citar web |url=http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/FichasHistoricas/BrasilPortugal.pdf |título=Ficha histórica: Brasil-Portugal : revista quinzenal illustrada (1899-1914). |data=29 de Abril de 2009 |acessodata=26 de Junho de 2014 |publicado=[[Hemeroteca Municipal de Lisboa]] |autor=Rita Correia |formato=pdf}}</ref> Júlia retornou ao Brasil em 1888, onde publica seu primeiro romance, ''Memórias de Marta'', que sai em folhetins em O País.<ref name=Itau/> Seu textos em jornais da época tratam sempre de temas pertinentes como a República, a abolição e direitos civis.<ref name=blogueiras/><ref name=USP/><ref name=Itau/> |
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Pioneira da [[literatura infantil]] no Brasil, seu primeiro livro, ''Contos Infantis'' (1886), foi uma reunião de 33 textos em verso e 27 em prosa destinados às crianças, escrito em parceria com sua irmã, [[Adelina Lopes Vieira]].<ref name=Mendonça/> Um ano depois, publicou ''Traços e Iluminuras'', o primeiro dos seus 10 romances.<ref name=Silva>{{Citar tese |nome= Marcelo Medeiros da |sobrenome=SILVA|título=Júlia Lopes de Almeida e Carolina Nabuco: uma escrita bem-comportada?|url=http://tede.biblioteca.ufpb.br:8080/handle/tede/6159 |local=Paraíba |universidade=[[Universidade Federal da Paraíba]] |acessodata=9 de agosto de 2017 |ano=2011}}</ref> |
Pioneira da [[literatura infantil]] no Brasil, seu primeiro livro, ''Contos Infantis'' (1886), foi uma reunião de 33 textos em verso e 27 em prosa destinados às crianças, escrito em parceria com sua irmã, [[Adelina Lopes Vieira]].<ref name=Mendonça/> Um ano depois, publicou ''Traços e Iluminuras'', o primeiro dos seus 10 romances.<ref name=Silva>{{Citar tese |nome= Marcelo Medeiros da |sobrenome=SILVA|título=Júlia Lopes de Almeida e Carolina Nabuco: uma escrita bem-comportada?|url=http://tede.biblioteca.ufpb.br:8080/handle/tede/6159 |local=Paraíba |universidade=[[Universidade Federal da Paraíba]] |acessodata=9 de agosto de 2017 |ano=2011}}</ref> |
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Escreveu também para teatro, com dois volumes publicados e cerca de 10 textos inéditos.<ref> |
Escreveu também para teatro, com dois volumes publicados e cerca de 10 textos inéditos.<ref>{{Citar periódico |url=http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104-026X2013000300019&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt |titulo=Júlia Lopes de Almeida teatróloga: apontamentos sobre a peça inédita "O Caminho do Bem" |data=2013-12 |acessodata=2021-05-15 |jornal=Revista Estudos Feministas |número=3 |ultimo=Fanini |primeiro=Michele Asmar |paginas=1099–1119 |lingua=pt |doi=10.1590/S0104-026X2013000300019 |issn=0104-026X}}</ref><ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.11606/t.8.2010.tde-08102010-163035 |titulo=Escrita e experiência na obra de Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) |acessodata=2021-05-15 |ultimo=Amed |primeiro=Jussara Parada}}</ref> |
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Foi presidente honorária da [[Legião da Mulher Brasileira]], sociedade criada em 1919. Sua coletânea de contos ''Ânsia Eterna'', 1903, sofreu influência de [[Guy de Maupassant]] e uma das suas crônicas veio a inspirar [[Artur Azevedo]] ao escrever a peça ''O dote''. Em colaboração com o marido, escreveu, em folhetim do ''[[Jornal do Commercio]]'', seu último romance, ''A Casa Verde'', em 1932.<ref name=Silva/><ref name=Itau/> |
Foi presidente honorária da [[Legião da Mulher Brasileira]], sociedade criada em 1919.<ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.11606/t.8.2010.tde-08102010-163035 |titulo=Escrita e experiência na obra de Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) |acessodata=2021-05-15 |ultimo=Amed |primeiro=Jussara Parada}}</ref><ref name=":0">{{citar web |ultimo=Ruy |primeiro=José |url=https://vermelho.org.br/2016/03/08/o-brilho-permanente-da-escrita-feminina/ |titulo=O brilho permanente da escrita feminina |data=08/03/2016 |acessodata=15/05/2021 |publicado=[[Vermelho (internet)|Vermelho]]}}</ref><ref>{{citar web |ultimo=Bispo |primeiro=Antônio |url=http://revista.brasil-europa.eu/156/Legiao_da_Mulher_Brasileira.html |titulo=A Legião da Mulher Brasileira e a direita social-nacionalista e católico-restaurativa na música Concepções estético-musicais de Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) |data=2010 |acessodata=15/05/2021 |publicado=Revista Brasil-Europa: Correspondência Euro-Brasileira}}</ref> Sua coletânea de contos ''Ânsia Eterna'', 1903, sofreu influência de [[Guy de Maupassant]] e uma das suas crônicas veio a inspirar [[Artur Azevedo]] ao escrever a peça ''O dote''.<ref>{{Citar livro|url=https://books.google.com/books/about/%C3%82nsia_Eterna.html?id=LnvkDwAAQBAJ&source=kp_book_description|título=Ânsia Eterna|ultimo=Almeida|primeiro=Júlia Lopes de|data=2021-03-24|editora=Vermelho Marinho|lingua=pt-BR}}</ref> Em colaboração com o marido, escreveu, em folhetim do ''[[Jornal do Commercio]]'', seu último romance, ''A Casa Verde'', em 1932.<ref name=Silva/><ref name=Itau/> |
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===Grêmio Júlia Lopes=== |
===Grêmio Júlia Lopes=== |
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Instituição cultural feminina fundada em 26 de novembro de 1916 por um grupo de intelectuais cuiabanas. A escolha de Júlia Lopes como patrona foi proposta pela professora [[Maria Dimpina Lobo Duarte]] após a leitura do "Livro das Noivas". O Grêmio Júlia Lopes se dedicava principalmente a produção literária através da revista A Violeta, proposta da professora [[Maria da Glória Figueiredo]], e que seria dirigida por vinte anos anos pela professora [[Bernardina Maria Elvira Rich]]. O periódico contava com a contribuição da própria Júlia Lopes, e dentre várias outras intelectuais cuiabanas, de modo mais constante com Maria Dimpina, Bernardina Rich e a professora [[Maria de Arruda Müller]]. A revista A Violeta circulou mensalmente de 1916 até 1950, e sempre foi laborado apenas por mulheres.<ref |
Instituição cultural feminina fundada em 26 de novembro de 1916 por um grupo de intelectuais cuiabanas.<ref name=":1">{{Citar web |ultimo= |primeiro= |url=https://barranews.com.br/durante-40-anos-mulheres-editaram-revista-feminina-em-mato-grosso/ |titulo=Durante 40 anos mulheres editaram revista feminina em Mato Grosso |data=24 de março de 2019 |acessodata=2021-05-15 |lingua=pt-BR}}</ref> A escolha de Júlia Lopes como patrona foi proposta pela professora [[Maria Dimpina Lobo Duarte]] após a leitura do "Livro das Noivas".<ref name=":1" /> O Grêmio Júlia Lopes se dedicava principalmente a produção literária através da revista ''A Violeta,'' proposta da professora [[Maria da Glória Figueiredo]], e que seria dirigida por vinte anos anos pela professora [[Bernardina Maria Elvira Rich]].<ref name=":2">{{citar web |ultimo=Costa |primeiro=Laís |url=http://www.uel.br/pos/letras/EL/vagao/EL11-Art14.pdf |titulo=FACTOS E COUSAS NAS CRÔNICAS DA REVISTA MATOGROSSENSE A VIOLETA |data=2013 |acessodata=15/05/2021 |publicado=Revista Estação Literária ([[Universidade Estadual de Londrina]])}}</ref> O periódico contava com a contribuição da própria Júlia Lopes, e dentre várias outras intelectuais cuiabanas, de modo mais constante com Maria Dimpina, Bernardina Rich e a professora [[Maria de Arruda Müller]].<ref name=":2" /> A revista A Violeta circulou mensalmente de 1916 até 1950, e sempre foi laborado apenas por mulheres.<ref name=":2" /> |
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===Fundação da ABL=== |
===Fundação da ABL=== |
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Júlia Lopes de Almeida integrava o grupo de escritores e intelectuais que planejou a criação da [[Academia Brasileira de Letras]]. Seu nome constava da primeira lista dos 40 "imortais" que fundariam a entidade, elaborada por [[Lúcio de Mendonça]].<ref name=Fanini>{{Citar web |url=http://seer.fclar.unesp.br/estudos/article/view/1941/1579 |título=Júlia Lopes de Al meida: entre o salão literário e a antessala da Academia Brasileira de Letras|publicado=Revista Estudos de Sociologia |editor=Michele Asnar Fanini |acessadoem=9 de agosto de 2017}}</ref> |
Júlia Lopes de Almeida integrava o grupo de escritores e intelectuais que planejou a criação da [[Academia Brasileira de Letras]] (ABL).<ref name=":0" /> Seu nome constava da primeira lista dos 40 "imortais" que fundariam a entidade, elaborada por [[Lúcio de Mendonça]].<ref name=Fanini>{{Citar web |url=http://seer.fclar.unesp.br/estudos/article/view/1941/1579 |título=Júlia Lopes de Al meida: entre o salão literário e a antessala da Academia Brasileira de Letras|publicado=Revista Estudos de Sociologia |editor=Michele Asnar Fanini |acessadoem=9 de agosto de 2017}}</ref> |
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Na primeira reunião da ABL, porém, seu nome foi excluído. Os fundadores optaram por manter a Academia exclusivamente masculina, da mesma forma que a [[Academia Francesa]], que lhes servia de modelo. No lugar de Júlia Lopes entrou justamente o seu marido, Filinto de Almeida, que chegou a ser chamado de "acadêmico consorte".<ref>FANINI, Michele Asnar. [http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-83332013000200012&script=sci_arttext Júlia Lopes de Almeida em "retrato e prosa": a propósito dos diálogos entre as imagens da escritora e sua produção literária]. Cad. Pagu no.41 Campinas July/Dec. 2013</ref> |
Na primeira reunião da ABL, porém, seu nome foi excluído.<ref name="Fanini" /> Os fundadores optaram por manter a Academia exclusivamente masculina, da mesma forma que a [[Academia Francesa]], que lhes servia de modelo.<ref>{{Citar web |url=https://super.abril.com.br/cultura/academia-francesa-de-letras-inspirou-a-brasileira/ |titulo=Academia francesa de letras inspirou a brasileira |data=31 de janeiro de 1996 |acessodata=2021-05-15 |website=[[Superinteressante]] |publicado=[[Editora Abril]] |lingua=pt-BR}}</ref> No lugar de Júlia Lopes entrou justamente o seu marido, Filinto de Almeida, que chegou a ser chamado de "acadêmico consorte".<ref>FANINI, Michele Asnar. [http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-83332013000200012&script=sci_arttext Júlia Lopes de Almeida em "retrato e prosa": a propósito dos diálogos entre as imagens da escritora e sua produção literária]. Cad. Pagu no.41 Campinas July/Dec. 2013</ref> |
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O veto à participação de mulheres só terminou em 1977, com a eleição de [[Rachel de Queiroz]] para a cadeira nº 5.<ref name=Itau/><ref name=USP/> |
O veto à participação de mulheres só terminou em 1977, com a eleição de [[Rachel de Queiroz]] para a cadeira nº 5.<ref name=Itau/><ref name=USP/><ref>{{citar web |url=https://www.academia.org.br/academicos/rachel-de-queiroz |titulo=Rachel de Queiroz |acessodata=15/05/2021 |publicado=[[Academia Brasileira de Letras]]}}</ref> |
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==Morte== |
==Morte== |
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Almeida morreu em 30 de maio de 1934, na cidade do Rio de Janeiro, por complicações renais e linfáticas decorrentes da [[febre amarela]].<ref>{{citar web |ultimo=Nascimento |primeiro=Patrícia |url=https://blog.bbm.usp.br/2020/julia-lopes-de-almeida-uma-ilustre-mortal/ |titulo=JÚLIA LOPES DE ALMEIDA, UMA ILUSTRE MORTAL |data=29/10/2020 |acessodata=15/05/2021 |publicado=[[Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin]]}}</ref><ref>{{citar web |ultimo=Trevisan |primeiro=Gabriela |url=http://repositorio.unicamp.br/jspui/bitstream/REPOSIP/341901/1/Trevisan_GabrielaSimonetti_M.pdf |titulo=A ESCRITA FEMINISTA DE JÚLIA LOPES DE ALMEIDA |data=[[2020]] |acessodata=15/05/2021 |publicado=[[Universidade Estadual de Campinas]]}}</ref> Foi sepultada no [[Cemitério de São Francisco Xavier (Rio de Janeiro)|cemitério São Francisco Xavier]], no bairro do [[Caju (Rio de Janeiro)|Caju]], Zona norte do Rio.<ref>{{citar web |ultimo=Luca |primeiro=Leonora |url=https://ieg.ufsc.br/public/storage/articles/October2020/Pagu/1999(12)/Luca.pdf |titulo=O “feminismo possível” de Júlia Lopes de Almeida (1862-1934) |acessodata=15/05/2021 |publicado=[[Universidade Federal de Santa Catarina]]}}</ref> |
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Postumamente, no mesmo ano, foi publicado seu último romance, ''Pássaro Tonto''.<ref name="Silva" /><ref name="Itau" /> |
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Revisão das 19h04min de 15 de maio de 2021
Júlia Lopes de Almeida | |
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Nome completo | Júlia Valentim da Silveira Lopes de Almeida |
Nascimento | 24 de setembro de 1862 Rio de Janeiro, Brasil |
Morte | 30 de maio de 1934 (71 anos) Rio de Janeiro, Brasil |
Nacionalidade | brasileira |
Cônjuge | Filinto de Almeida |
Ocupação | escritora e abolicionista |
Magnum opus | Livro das noivas |
Júlia Valentim da Silveira Lopes de Almeida (Rio de Janeiro, 24 de setembro de 1862 — Rio de Janeiro, 30 de maio de 1934) foi uma escritora, cronista, teatróloga e abolicionista brasileira.[1][2] Foi uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras (ABL).[3][4] Tem uma produção grande e importante para a literatura brasileira, de literatura infantil a romances, crônicas, peças de teatro e matérias jornalísticas.[5][6] Foi casada com o poeta português Filinto de Almeida, e mãe dos também escritores Afonso Lopes de Almeida, Albano Lopes de Almeida e Margarida Lopes de Almeida.[6][7]
Biografia
Vida pessoal
Nascida na cidade do Rio de Janeiro em 1862, era filha do médico Valentim José da Silveira Lopes, mais tarde Visconde de São Valentim, e de Adelina Pereira Lopes, ambos portugueses emigrados para o Brasil. Mudou-se ainda na infância para a cidade de Campinas,[3] no estado de São Paulo, onde, em 1881, publicou seus primeiros textos na Gazeta de Campinas, apesar de na época a literatura não ser vista como uma atividade própria para mulheres.[8] Numa entrevista concedida a João do Rio entre 1904 e 1905, confessou que adorava escrever versos, mas o fazia às escondidas.[5] Três anos depois, em 1884, começa a escrever também para o jornal carioca O País, trabalho que durou mais de três décadas.
Carreira
Em 1886, mudou-se para Lisboa, onde se lança como escritora e junto de sua irmã publica Contos Infantis, em 1887.[9] Em 28 de novembro de 1887 casou-se com Filinto de Almeida, à época diretor da revista A Semana Ilustrada, editada no Rio de Janeiro.[10] Passou a ser colaboradora sistemática da publicação. Também escreveu para a revista Brasil-Portugal (1899-1914).[11] Júlia retornou ao Brasil em 1888, onde publica seu primeiro romance, Memórias de Marta, que sai em folhetins em O País.[3] Seu textos em jornais da época tratam sempre de temas pertinentes como a República, a abolição e direitos civis.[4][6][3]
Pioneira da literatura infantil no Brasil, seu primeiro livro, Contos Infantis (1886), foi uma reunião de 33 textos em verso e 27 em prosa destinados às crianças, escrito em parceria com sua irmã, Adelina Lopes Vieira.[5] Um ano depois, publicou Traços e Iluminuras, o primeiro dos seus 10 romances.[12]
Escreveu também para teatro, com dois volumes publicados e cerca de 10 textos inéditos.[13][14]
Foi presidente honorária da Legião da Mulher Brasileira, sociedade criada em 1919.[15][16][17] Sua coletânea de contos Ânsia Eterna, 1903, sofreu influência de Guy de Maupassant e uma das suas crônicas veio a inspirar Artur Azevedo ao escrever a peça O dote.[18] Em colaboração com o marido, escreveu, em folhetim do Jornal do Commercio, seu último romance, A Casa Verde, em 1932.[12][3]
Grêmio Júlia Lopes
Instituição cultural feminina fundada em 26 de novembro de 1916 por um grupo de intelectuais cuiabanas.[19] A escolha de Júlia Lopes como patrona foi proposta pela professora Maria Dimpina Lobo Duarte após a leitura do "Livro das Noivas".[19] O Grêmio Júlia Lopes se dedicava principalmente a produção literária através da revista A Violeta, proposta da professora Maria da Glória Figueiredo, e que seria dirigida por vinte anos anos pela professora Bernardina Maria Elvira Rich.[20] O periódico contava com a contribuição da própria Júlia Lopes, e dentre várias outras intelectuais cuiabanas, de modo mais constante com Maria Dimpina, Bernardina Rich e a professora Maria de Arruda Müller.[20] A revista A Violeta circulou mensalmente de 1916 até 1950, e sempre foi laborado apenas por mulheres.[20]
Fundação da ABL
Júlia Lopes de Almeida integrava o grupo de escritores e intelectuais que planejou a criação da Academia Brasileira de Letras (ABL).[16] Seu nome constava da primeira lista dos 40 "imortais" que fundariam a entidade, elaborada por Lúcio de Mendonça.[21]
Na primeira reunião da ABL, porém, seu nome foi excluído.[21] Os fundadores optaram por manter a Academia exclusivamente masculina, da mesma forma que a Academia Francesa, que lhes servia de modelo.[22] No lugar de Júlia Lopes entrou justamente o seu marido, Filinto de Almeida, que chegou a ser chamado de "acadêmico consorte".[23]
O veto à participação de mulheres só terminou em 1977, com a eleição de Rachel de Queiroz para a cadeira nº 5.[3][6][24]
Morte
Almeida morreu em 30 de maio de 1934, na cidade do Rio de Janeiro, por complicações renais e linfáticas decorrentes da febre amarela.[25][26] Foi sepultada no cemitério São Francisco Xavier, no bairro do Caju, Zona norte do Rio.[27]
Postumamente, no mesmo ano, foi publicado seu último romance, Pássaro Tonto.[12][3]
Obras publicadas
Romances
- A Família Medeiros
- Memórias de Marta
- A Viúva Simões
- A Falência
- Cruel Amor
- A Intrusa
- A Silveirinha
- A Casa Verde (com Felinto de Almeida)
- Pássaro Tonto
- O Funil do Diabo
Novelas e contos
- Traços e Iluminuras
- Ânsia Eterna
- Era uma vez…
- A Isca (quatro novelas)
- A caolha
Teatro
- 1909 - A Herança (peça em um ato)
- 1917 - Teatro
- O caminho do céu
- A última entrevista
- A senhora marquesa
- O dinheiro dos outros
- Vai raiar o sol
- Laura
Diversos
- Livro das Noivas
- Livro das Donas e Donzelas
- Correio da Roça
- Jardim Florido
- Jornadas no Meu País
- Eles e Elas
- Oração a Santa Dorotéia
- Maternidade (obra pacifista)
- Brasil (conferência)
Escolares
- Histórias da Nossa Terra
- Contos Infantis (com Adelina Lopes Vieira)
- A Árvore (com Afonso Lopes de Almeida)
Referências
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