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'''Lebá''' ({{langx|fon|''Legbà''}}), '''Legbá''',<ref>''[https://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa]''. Academia Brasileira de Letras.</ref> '''Elegbá''',<ref>''[https://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa]''. Academia Brasileira de Letras.</ref> '''Elebá''', '''Légua''' ou '''Eleguá''' (em [[Cuba]])<ref>{{Citar livro|sobrenome=Castro|nome=Yeda Pessoa de|título=Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro|ano=2001|local=Rio de Janeiro |editora=Academia Brasileira de Letras|página=227}}</ref> é um [[vodum]] precursor e do bem e do mal. Geralmente instalado na entrada da aldeia, afasta todos os maus espíritos. É invocado antes de qualquer cerimônia, para garantir a calma e o bom andamento do ritual. É sempre representado em um montinho de terra e com atributos sexuais exorbitantes.<ref>{{Citar web |url=http://www.bj.refer.org/benin_ct/tur/vodoun/43.htm |titulo=Animisme au Bénin. Attributs extérieurs du Vodoun |acessodata=2007-01-13 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070202225811/http://www.bj.refer.org/benin_ct/tur/vodoun/43.htm |arquivodata=2007-02-02 |urlmorta=yes }}</ref> Entre os [[fons]] e os [[ |
'''Lebá''' ({{langx|fon|''Legbà''}}), '''Legbá''',<ref>''[https://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa]''. Academia Brasileira de Letras.</ref> '''Elegbá''',<ref>''[https://www.academia.org.br/nossa-lingua/busca-no-vocabulario Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa]''. Academia Brasileira de Letras.</ref> '''Elebá''', '''Légua''' ou '''Eleguá''' (em [[Cuba]])<ref>{{Citar livro|sobrenome=Castro|nome=Yeda Pessoa de|título=Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro|ano=2001|local=Rio de Janeiro |editora=Academia Brasileira de Letras|página=227}}</ref> é um [[vodum]] precursor e do bem e do mal. Geralmente instalado na entrada da aldeia, afasta todos os maus espíritos. É invocado antes de qualquer cerimônia, para garantir a calma e o bom andamento do ritual. É sempre representado em um montinho de terra e com atributos sexuais exorbitantes.<ref>{{Citar web |url=http://www.bj.refer.org/benin_ct/tur/vodoun/43.htm |titulo=Animisme au Bénin. Attributs extérieurs du Vodoun |acessodata=2007-01-13 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20070202225811/http://www.bj.refer.org/benin_ct/tur/vodoun/43.htm |arquivodata=2007-02-02 |urlmorta=yes }}</ref> Entre os [[fons]] e os [[Jejes|eué]], Lebá possui um aspecto eminentemente fálico, e seus iniciados, os lebaces (''Legbasi''), transportam os ''sacra'' de Lebá (assentamento), composto de uma complexa parafernália - na qual predominam cabaças e pequenas esculturas fálicas - para onde quer que forem e vestem uma saieta de ráfia tingida de roxo. Carregam ainda um [[falo]] esculpido em madeira (''ogo''), o qual, nas festas públicas, gostam de esfregar no nariz dos turistas. Lebá pode ser encontrado em todos os [[humpame|templos]], pois é ele quem abre o caminho para os demais voduns poderem atuar. |
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O Lebá, guardião dos templos, das aldeias e casas particulares, montado na forma de um montículo de barro de onde sai um enorme falo ereto, é eminentemente uma entidade coletiva (Abô-Lebá), mas se conhece ainda um Lebá feminino (Assi-Lebá ou Lebaionu) que é montado e cultuado para proteger as mulheres e as crianças da comunidade. Mas, segundo os fons, a mulher de Lebá é Auovi (cujo nome significa "filha do engano" e representa os acidentes), representada por uma estatueta de barro de aspecto feminino, sem cabeça e com os olhos no lugar dos seios, e a boca na altura da vagina. Normalmente é maior do que a representação de Lebá. Minona (representação divinizada dos poder mágico atribuído às mulheres) e [[Aizã]] são consideradas ora esposas, ora mães de Lebá. |
O Lebá, guardião dos templos, das aldeias e casas particulares, montado na forma de um montículo de barro de onde sai um enorme falo ereto, é eminentemente uma entidade coletiva (Abô-Lebá), mas se conhece ainda um Lebá feminino (Assi-Lebá ou Lebaionu) que é montado e cultuado para proteger as mulheres e as crianças da comunidade. Mas, segundo os fons, a mulher de Lebá é Auovi (cujo nome significa "filha do engano" e representa os acidentes), representada por uma estatueta de barro de aspecto feminino, sem cabeça e com os olhos no lugar dos seios, e a boca na altura da vagina. Normalmente é maior do que a representação de Lebá. Minona (representação divinizada dos poder mágico atribuído às mulheres) e [[Aizã]] são consideradas ora esposas, ora mães de Lebá. |
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No [[vodu haitiano]], Papa Lebá é o protetor do mundo espiritual e o mediador entre o homem e os [[loá]]s, que são os espíritos ou deuses menores. Costuma aparecer como um homem velho, com uma muleta ou uma bengala, vestindo um chapéu de palha de aba larga e fumar um cachimbo, ou aspersão da água<ref>[http://www.pantheon.org/articles/p/papa_legba.html Pantheon.org: Representação de Papa Legba]</ref>. O [[Canis lupus familiaris|cachorro]] é sagrado a ele. Devido à sua posição como guardião do portão entre os mundos da vida e dos mistérios ele é frequentemente identificado como [[São Pedro]], que detém uma posição comparável na tradição [[Católica]]. Mas ele também está representado no Haiti, como [[Lázaro, o Leproso|São Lázaro]], ou [[Antão do Deserto|Santo Antônio o Grande]]<ref>[http://www.gede.org/lwas/legba.html Gede.org: Legba símbolos e associações]</ref>. |
No [[vodu haitiano]], Papa Lebá é o protetor do mundo espiritual e o mediador entre o homem e os [[loá]]s, que são os espíritos ou deuses menores. Costuma aparecer como um homem velho, com uma muleta ou uma bengala, vestindo um chapéu de palha de aba larga e fumar um cachimbo, ou aspersão da água<ref>[http://www.pantheon.org/articles/p/papa_legba.html Pantheon.org: Representação de Papa Legba]</ref>. O [[Canis lupus familiaris|cachorro]] é sagrado a ele. Devido à sua posição como guardião do portão entre os mundos da vida e dos mistérios ele é frequentemente identificado como [[São Pedro]], que detém uma posição comparável na tradição [[Católica]]. Mas ele também está representado no Haiti, como [[Lázaro, o Leproso|São Lázaro]], ou [[Antão do Deserto|Santo Antônio o Grande]]<ref>[http://www.gede.org/lwas/legba.html Gede.org: Legba símbolos e associações]</ref>. |
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== Sincretismos == |
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[[Exu (orixá)|Exu]], Elegbara e Legba são, entre os povos iorubas e fon-ewe situados na África Ocidental, divindades mensageiras, dinâmicas, temidas e respeitadas, que devem ser saudadas em primeiro lugar para não atrair confusão ou vingança. São deuses ''[[Trickster|tricksters]]'' que questionam, invertem ou quebram regras e comportamentos. São associados aos processos de [[fertilidade]] e, sob a forma de um [[Falo|falo ereto]], cultuados em altares públicos localizados na frente das casas, nos mercados e nas encruzilhadas. Quando seu culto foi “descoberto” pelos [[Europa|europeus]] iniciou-se um processo no qual essas divindades foram associadas ao imaginário do mal, da desordem e da [[Sexualidade humana|repressão sexual]] (ao [[Demónio|demônio cristão]] e muçulmano) e, posteriormente ao mundo pré-moderno (primitivo), ao imaginário das forças antagônicas da modernidade, entre as quais estava, sobretudo, o [[pensamento mágico]] presente nas religiões que não passaram pelo processo da [[secularização]] ou [[Burocracia|burocratização]].<ref>{{Citar periódico |url=http://www.scielo.br/j/sant/a/y6yvtL9FpKgNv7cKx6YbPYw/?lang=pt |titulo=LEGBA NO BRASIL - TRANSFORMAÇÕES E CONTINUIDADES DE UMA DIVINDADE |data=2019-08-19 |acessodata=2021-07-09 |jornal=Sociologia & Antropologia |ultimo=Silva |primeiro=Vagner Gonçalves da |paginas=453–468 |lingua=pt |doi=10.1590/2238-38752019v925 |issn=2238-3875}}</ref>{{Nota de rodapé}} |
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==Na cultura popular== |
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Também é citado na terceira temporada da série American Horror Story: Coven de 2013. |
Também é citado na terceira temporada da série American Horror Story: Coven de 2013. |
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== Ligações externas == |
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Revisão das 01h11min de 9 de julho de 2021
Lebá (em fom: Legbà), Legbá,[1] Elegbá,[2] Elebá, Légua ou Eleguá (em Cuba)[3] é um vodum precursor e do bem e do mal. Geralmente instalado na entrada da aldeia, afasta todos os maus espíritos. É invocado antes de qualquer cerimônia, para garantir a calma e o bom andamento do ritual. É sempre representado em um montinho de terra e com atributos sexuais exorbitantes.[4] Entre os fons e os eué, Lebá possui um aspecto eminentemente fálico, e seus iniciados, os lebaces (Legbasi), transportam os sacra de Lebá (assentamento), composto de uma complexa parafernália - na qual predominam cabaças e pequenas esculturas fálicas - para onde quer que forem e vestem uma saieta de ráfia tingida de roxo. Carregam ainda um falo esculpido em madeira (ogo), o qual, nas festas públicas, gostam de esfregar no nariz dos turistas. Lebá pode ser encontrado em todos os templos, pois é ele quem abre o caminho para os demais voduns poderem atuar.
O Lebá, guardião dos templos, das aldeias e casas particulares, montado na forma de um montículo de barro de onde sai um enorme falo ereto, é eminentemente uma entidade coletiva (Abô-Lebá), mas se conhece ainda um Lebá feminino (Assi-Lebá ou Lebaionu) que é montado e cultuado para proteger as mulheres e as crianças da comunidade. Mas, segundo os fons, a mulher de Lebá é Auovi (cujo nome significa "filha do engano" e representa os acidentes), representada por uma estatueta de barro de aspecto feminino, sem cabeça e com os olhos no lugar dos seios, e a boca na altura da vagina. Normalmente é maior do que a representação de Lebá. Minona (representação divinizada dos poder mágico atribuído às mulheres) e Aizã são consideradas ora esposas, ora mães de Lebá.
Embora introduza desordem e confusão no plano divino, Lebá também abre caminho para uma nova ordem, mais dinâmica. Para os fons do Benim, Lebá é um desordeiro, que perturba a harmonia e semeia confusão, mas é reverenciado como um transformador e não visto como um mal.[5]
No Haiti
No vodu haitiano, Papa Lebá é o protetor do mundo espiritual e o mediador entre o homem e os loás, que são os espíritos ou deuses menores. Costuma aparecer como um homem velho, com uma muleta ou uma bengala, vestindo um chapéu de palha de aba larga e fumar um cachimbo, ou aspersão da água[6]. O cachorro é sagrado a ele. Devido à sua posição como guardião do portão entre os mundos da vida e dos mistérios ele é frequentemente identificado como São Pedro, que detém uma posição comparável na tradição Católica. Mas ele também está representado no Haiti, como São Lázaro, ou Santo Antônio o Grande[7].
Sincretismos
Exu, Elegbara e Legba são, entre os povos iorubas e fon-ewe situados na África Ocidental, divindades mensageiras, dinâmicas, temidas e respeitadas, que devem ser saudadas em primeiro lugar para não atrair confusão ou vingança. São deuses tricksters que questionam, invertem ou quebram regras e comportamentos. São associados aos processos de fertilidade e, sob a forma de um falo ereto, cultuados em altares públicos localizados na frente das casas, nos mercados e nas encruzilhadas. Quando seu culto foi “descoberto” pelos europeus iniciou-se um processo no qual essas divindades foram associadas ao imaginário do mal, da desordem e da repressão sexual (ao demônio cristão e muçulmano) e, posteriormente ao mundo pré-moderno (primitivo), ao imaginário das forças antagônicas da modernidade, entre as quais estava, sobretudo, o pensamento mágico presente nas religiões que não passaram pelo processo da secularização ou burocratização.[8][nota 1]
Na cultura popular
O nome Lebá foi utilizado no filme Encruzilhada (Crossroads), de 1986, como nome do demônio para quem a personagem Willie Brown vende sua alma para se tornar um grande bluesman. O filme faz analogia à lenda que diz que o conhecido bluesman Robert Johnson havia feito o mesmo. Este também aparece no filme.[9]
Também é citado na terceira temporada da série American Horror Story: Coven de 2013.
Notas
- ↑ {{{1}}}
Referências
- ↑ Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Academia Brasileira de Letras.
- ↑ Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. Academia Brasileira de Letras.
- ↑ Castro, Yeda Pessoa de (2001). Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras. p. 227
- ↑ «Animisme au Bénin. Attributs extérieurs du Vodoun». Consultado em 13 de janeiro de 2007. Arquivado do original em 2 de fevereiro de 2007
- ↑ Britannica Online. African religions[ligação inativa]
- ↑ Pantheon.org: Representação de Papa Legba
- ↑ Gede.org: Legba símbolos e associações
- ↑ Silva, Vagner Gonçalves da (19 de agosto de 2019). «LEGBA NO BRASIL - TRANSFORMAÇÕES E CONTINUIDADES DE UMA DIVINDADE». Sociologia & Antropologia: 453–468. ISSN 2238-3875. doi:10.1590/2238-38752019v925. Consultado em 9 de julho de 2021
- ↑ Bhesham S. Sharma, [ Poetic devices in the Songs of Robert Johnson, King of the Delta Blues] Transcultural Music Review No.3 (1997).
Ligações externas
- Imagens: Legbasi no Benin http://www.bj.refer.org/benin_ct/tur/vodoun/images/va6.jpg Em falta ou vazio
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