Jato astrofísico: diferenças entre revisões

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Um '''jato astrofísico''' é um fenômeno [[Astronomia|astronômico]] onde fluxos de matéria [[Ionização|ionizada]] são emitidos como um feixe estendido ao longo do [[Movimento de rotação|eixo de rotação]].<ref>{{citar periódico|último=Beall |primeiro=J. H. |data=2015|título=A Review of Astrophysical Jets|url=https://pos.sissa.it/archive/conferences/246/058/MULTIF15_058.pdf |periódico=[[Proceedings of Science]]||página=58|bibcode=2015mbhe.confE..58B|acessodata=19-02-2017}}</ref> Quando essa matéria muito acelerada no feixe se aproxima da [[velocidade da luz]], os jatos astrofísicos tornam-se '''jatos relativísticos''', pois mostram efeitos da [[relatividade especial]].
:''A versão [[partícula relativística|não relativística]] de baixa energia deste fenômeno é descrita em [[jato polar]].''


A formação e alimentação de jatos astrofísicos são fenômenos altamente complexos que estão associados a muitos tipos de fontes astronômicas de alta energia. Eles provavelmente surgem de interações dinâmicas dentro de [[discos de acreção]], cujos processos ativos são comumente conectados a objetos centrais compactos, como [[buracos negros]], [[estrelas de nêutrons]] ou [[pulsares]]. Uma explicação é que os [[campos magnéticos]] emaranhados são organizados para direcionar dois feixes diametralmente opostos para longe da fonte central por ângulos de apenas alguns graus de largura {{nowrap|(c. > 1%).<ref name="Kundt">{{citar periódico|último=Kundt |primeiro=W.|ano=2014|título=A Uniform Description of All the Astrophysical Jets |url=https://pos.sissa.it/archive/conferences/237/025/FRAPWS2014_025.pdf |periódico=[[Proceedings of Science]]||página=58 |bibcode=2015mbhe.confE..58B|acessodata=19-02-2017}}</ref>}} Os jatos também podem ser influenciados por um efeito de [[relatividade geral]] conhecido como [[arrasto de referenciais]].<ref>{{citar periódico|último=Miller-Jones|primeiro=James|data=abril de 2019|título=A rapidly changing jet orientation in the stellar-mass black-hole system V404 Cygni|periódico=Nature|volume=569 |número=7756||página=374–377|doi=10.1038/s41586-019-1152-0|pmid=31036949|arxiv=1906.05400 |bibcode=2019Natur.569..374M |s2cid=139106116|url=https://eprints.soton.ac.uk/431852/1/A_rapidly_changing_jet_orientation_in_the_stellar_mass_black_hole_system_V404_Cygni.pdf}}</ref>


A maioria dos jatos maiores e mais ativos são criados por [[buracos negros supermassivos]] no centro de [[Núcleo galáctico ativo|galáxias ativas]], como [[quasares]] e [[galáxias de rádio]] ou dentro de [[aglomerados de galáxias]].<ref>{{citar periódico|ano=2014 |título=A review of Astrophysical Jets|periódico=Acta Polytechnica CTU Proceedings|volume=1|número=1||página=259–264 |bibcode=2014mbhe.conf..259B |doi=10.14311/APP.2014.01.0259|último1=Beall|primeiro1=J. H|doi-access=free}}</ref> Outros objetos astronômicos que contêm jatos incluem [[estrelas variáveis]] cataclísmicas, [[binários de raios-X]] e [[explosões de raios gama]]. Jatos em uma escala muito menor (~[[parsec]]s) podem ser encontrados em regiões de [[formação de estrelas]], incluindo [[estrelas T Tauri]] e [[objetos Herbig-Haro]]; esses objetos são parcialmente formados pela interação de jatos com o [[meio interestelar]]. Os [[Fluxo bipolar|fluxos bipolares]] também podem estar associados a [[protoestrela]]s,<ref>{{citar web|data=27-12-2007|título=Star sheds via reverse whirlpool|url=http://www.astronomy.com/news/2007/12/star-sheds-via-reverse-whirlpool|website=Astronomy.com|acessodata=26-05-2015}}</ref> ou a estrelas evoluídas [[Protonebulosa planetária|pós-AGB]], [[nebulosas planetárias]] e [[nebulosas bipolares]].


== Jatos relativísticos ==
'''Jatos relativísticos''' são jatos extremamente poderosos de [[plasma]] que emergem dos centros de algumas [[Galáxia#Núcleo ativo|galáxias ativas]], notavelmente [[radiogaláxia]]s e [[quasar]]es. Seus comprimentos podem atingir vários milhares<ref>Biretta, J. (1999, January 6). Hubble Detects Faster-Than-Light Motion in Galaxy M87 (http://www.stsci.edu/ftp/science/m87/m87.html)</ref> ou mesmo centenas de milhares de anos luz.<ref>Yale University - Office of Public Affairs (2006, June 20). Evidence for Ultra-Energetic Particles in Jet from Black Hole (http://www.yale.edu/opa/newsr/06-06-20-01.all.html)</ref> Acredita-se que a torção dos campos magnéticos no disco de acreção [[luz colimada|colima]] o fluxo ao longo dos eixos de rotação do objeto central, assim, com condições favoráveis, um jato emerge de cada face do disco de acreção. Se o jato for orientado ao longo da linha de visão da Terra, o [[brilho relativístico]] muda seu brilho aparente. Mecanismos comuns para a criação dos jatos<ref>Meier, L. M. (2003). The Theory and Simulation of Relativistic Jet Formation: Towards a Unified Model For Micro- and Macroquasars, 2003, ''New Astron. Rev. '', '''47''', 667. (http://arxiv.org/abs/astro-ph/0312048)</ref><ref>Semenov, V.S., Dyadechkin, S.A. and Punsly (2004, August 13). Simulations of Jets Driven by Black Hole Rotation. ''Science'', '''305''', 978-980. (http://www.sciencemag.org/cgi/content/abstract/sci;305/5686/978?maxtoshow=&HITS=10&hits=10&RESULTFORMAT=&fulltext=relativistic+jet&searchid=1&FIRSTINDEX=10&resourcetype=HWCIT)</ref> e a composição dos jatos<ref>Georganopoulos, M.; Kazanas, D.; Perlman, E.; Stecker, F. (2005) Bulk Comptonization of the Cosmic Microwave Background by Extragalactic Jets as a Probe of their Matter Content, ''The Astrophysical Journal '', '''625''', 656. (http://arxiv.org/abs/astro-ph/0502201)</ref> ainda são matéria de muito debate na comunidade científica. Acredita-se que os jatos são compostos de uma mistura eletricamente neutra de [[elétrons]], [[pósitron]]s e [[prótons]] em alguma proporção.
{{anchor|Jatos relativísticos}}
[[Imagem:A view of the M87 supermassive black hole in polarised light.tif|thumb|right|300px|Uma visão do [[buraco negro supermassivo]] [[M87*]] em luz polarizada, obtida pelo [[Event Horizon Telescope]]. A direção das linhas sobre a intensidade total marca a orientação da polarização, a partir da qual a estrutura do [[campo magnético]] ao redor do [[buraco negro]] pode ser determinada]]
Jatos relativísticos são feixes de matéria [[Ionização|ionizada]] acelerados perto da [[velocidade da luz]]. A maioria foi observacionalmente associada a [[buracos negros]] centrais de algumas [[galáxias ativas]], [[galáxias de rádio]] ou [[quasares]] e também a [[buracos negros]], [[estrelas de nêutrons]] ou [[pulsares]]. Os comprimentos dos feixes podem se estender entre vários milhares,<ref>{{citar web|último=Biretta |primeiro=J.|data=6-01-1999|título=Hubble Detects Faster-Than-Light Motion in Galaxy M87 |url=http://www.stsci.edu/ftp/science/m87/m87.html}}</ref> centenas de milhares<ref>{{citar web|título=Evidence for Ultra-Energetic Particles in Jet from Black Hole|url=http://news.yale.edu/2006/06/20/evidence-ultra-energetic-particles-jet-black-hole|data=20-06-2006|publicado=Yale University – Office of Public Affairs|arquivourl=https://web.archive.org/web/20080513034113/http://www.yale.edu/opa/newsr/06-06-20-01.all.html|arquivodata=2008-05-13}}</ref> ou milhões de [[parsec]]s.<ref name="Kundt" /> As velocidades dos jatos ao se aproximarem da velocidade da luz mostram efeitos significativos da teoria da [[relatividade especial]]; por exemplo, [[radiação relativística]] que altera o brilho aparente do feixe.<ref>{{citar periódico|último1=Semenov |primeiro1=V.|último2=Dyadechkin |primeiro2=S.|último3=Punsly |primeiro3=B.|ano=2004|título=Simulations of Jets Driven by Black Hole Rotation|periódico=[[Science (journal)|Science]]|volume=305 |número=5686 ||página=978–980|arxiv=astro-ph/0408371|bibcode=2004Sci...305..978S|doi=10.1126/science.1100638|pmid=15310894|s2cid=1590734|url=http://cds.cern.ch/record/789685}}</ref>


[[Ficheiro:M87 jet.jpg|thumb|left|[[Messier 87|Galáctia elíptica M87]] emitindo um jato relativístico, como vista pelo detector [[WFPC2]] do [[Telescópio Espacial Hubble]] no [[espectro visível]].]]
[[Imagem:M87 jet.jpg|thumb|left|[[Galáxia elíptica]] [[Messier 87|M87]] emitindo um jato relativístico, visto pelo [[Telescópio Espacial Hubble]]]]


Buracos negros centrais massivos em [[galáxia]]s têm os jatos mais poderosos, mas sua estrutura e comportamento são semelhantes aos de estrelas de nêutrons menores e buracos negros. Esses sistemas de [[buracos negros supermassivos]] são frequentemente chamados de [[microquasar]]es e mostram uma grande variedade de velocidades. O jato [[SS 433]], por exemplo, tem velocidade média de 0.26[[Velocidade da luz|c]].<ref>{{citar periódico|último1=Blundell |primeiro1=Katherine |título=Jet Velocity in SS 433: Its Anticorrelation with Precession-Cone Angle and Dependence on Orbital Phase |periódico=The Astrophysical Journal |data=dezembro de 2008 |volume=622 |número=2 |página=129 |doi=10.1086/429663 |arxiv=astro-ph/0410457 |url=https://www.researchgate.net/publication/230936232 |acessodata=15-01-2021|doi-access=free }}</ref> A formação de jatos relativísticos também pode explicar as [[explosões de raios gama]] observadas.
Jatos similares, apesar de em uma escala bem menor, podem se desenvolver em torno de discos de acreção de [[estrela de nêutron|estrelas de nêutrons]] e [[buraco negro estelar|buracos negros estelares]]. Estes sistemas são geralmente chamados de [[microquasar]]es. Um exemplo famoso é [[SS433]], cujos jatos observados tem uma velocidade de 0,23[[velocidade da luz|c]], apesar de outros microquasares parecerem ter velocidades muito maiores (mas que ainda não foram medidas o suficiente). Mesmo jatos mais fracos e menos relativísticos podem ser associados com muitos sistemas binários; o mecanismo de aceleração destes jatos pode ser similar ao processo de [[reconexão magnética]] observados na [[magnetosfera]] terrestre e o [[vento solar]].


Os mecanismos por trás da composição dos jatos permanecem incertos,<ref>{{citar periódico|último1=Georganopoulos |primeiro1=M. |último2=Kazanas |primeiro2=D.|último3=Perlman |primeiro3=E.|último4=Stecker |primeiro4=F. W. |ano=2005|título=Bulk Comptonization of the Cosmic Microwave Background by Extragalactic Jets as a Probe of Their Matter Content|periódico=[[The Astrophysical Journal]] |volume=625 |número=2 ||página=656–666|arxiv=astro-ph/0502201|bibcode=2005ApJ...625..656G|doi=10.1086/429558 |s2cid=39743397}}</ref> embora alguns estudos favoreçam modelos em que os jatos são compostos de uma mistura eletricamente neutra de [[Núcleo atómico|núcleos]], [[elétrons]] e [[pósitrons]], enquanto outros são consistentes com jatos compostos de plasma pósitron-elétron.<ref>{{citar periódico|último1=Hirotani |primeiro1=K.|último2=Iguchi |primeiro2=S.|último3=Kimura |primeiro3=M.|último4=Wajima |primeiro4=K.|ano=2000|título=Pair Plasma Dominance in the Parsec‐Scale Relativistic Jet of 3C 345|periódico=[[The Astrophysical Journal]]|volume=545 |número=1 ||página=100–106|bibcode=2000ApJ...545..100H|doi=10.1086/317769|arxiv = astro-ph/0005394 |s2cid=17274015}}</ref><ref name="brandeis.edu">[http://pc.astro.brandeis.edu/pdfs/elec-pos.pdf Electron–positron Jets Associated with Quasar 3C 279]</ref><ref name="auto">{{citar web|último1=Naeye |primeiro1=R.|último2=Gutro |primeiro2=R.|data=2008-01-09|título=Vast Cloud of Antimatter Traced to Binary Stars|url=http://www.nasa.gov/centers/goddard/news/topstory/2007/antimatter_binary.html|publicado=[[NASA]]}}</ref> Espera-se que núcleos de traços varridos em um jato relativístico de pósitron-elétron tenham energia extremamente alta, pois esses núcleos mais pesados devem atingir velocidade igual à velocidade do pósitron e do elétron.
Acredita-se que a formação dos jatos relativísticos é a chave para explicar das [[erupção de raios gama|erupções de raios gama]]. Estes jatos tem um [[transformação de Lorentz|fator de Lorentz]] de ~ 100 (ou seja, velocidades aproximadas de 0,99995[[velocidade da luz|c]]), o que os torna os objetos mais rápidos conhecidos atualmente.


==Buracos negros girantes como fonte de energia==
== Rotação como possível fonte de energia ==
Devido à enorme quantidade de energia necessária para lançar um jato relativístico, acredita-se que alguns jatos sejam movidos por [[buraco negro|buracos negros]] girantes. Existem duas teorias concorrentes para explicar como a energia é transferida do buraco negro para o jato.
Por causa da enorme quantidade de energia necessária para lançar um jato relativístico, alguns jatos são possivelmente alimentados por [[buracos negros]] giratórios. No entanto, a frequência de fontes astrofísicas de alta energia com jatos sugere combinações de diferentes mecanismos indiretamente identificados com a energia dentro do [[disco de acreção]] associado e as emissões de [[raios-X]] da fonte geradora. Duas teorias iniciais foram usadas para explicar como a energia pode ser transferida de um buraco negro para um jato astrofísico:
* ''Processo [[Roger Blandford|Blandford]]-Znajek''<ref>Blandford, R. D., Znajek, R. L. (1977), ''Monthly Notices of the Royal Astronomical Society'', 179, 433</ref> Esta é a teoria mais popular para extrair energia de um buraco negro central. Os campos magnéticos em torno do disco de acreção são arrastados pelo giro do buraco negro. O material relativístico possivelmente é lançado pelo fortalecimento das linhas de campo.
* ''Mecanismo de [[Processo Penrose|Penrose]]''.<ref>Penrose, R. (1969). Gravitational collapse: The role of general relativity. ''Nuovo Cimento Rivista'', Numero Speciale '''1''', 252-276.</ref> Este mecanismo extrai energia de um buraco negro em rotação pelo [[arrasto de referenciais]]. Mais tarde provou-se que esta teoria permitiria extrair energia e momentum de uma partícula relativística,<ref>Williams, R. K. (1995, May 15). Extracting x rays, Ύ rays, and relativistic e<sup>-</sup>e<sup>+</sup> pairs from supermassive Kerr black holes using the Penrose mechanism. ''Physical Review'', '''51'''(10), 5387-5427.</ref> e subsequentemente se mostrou que é um dos mecanismos possíveis para a formação dos jatos.<ref>Williams, R. K. (2004, August 20). Collimated escaping vortical polar e<sup>-</sup>e<sup>+</sup> jets intrinsically produced by rotating black holes and Penrose processes. ''The Astrophysical Journal'', '''611''', 952-963. (http://arxiv.org/abs/astro-ph/0404135)</ref>


* ''[[Processo Blandford-Znajek]]''.<ref>{{citar periódico|último1=Blandford |primeiro1=R. D.|último2=Znajek |primeiro2=R. L.|ano=1977|título=Electromagnetic extraction of energy from Kerr black holes|periódico=[[Monthly Notices of the Royal Astronomical Society]]|volume=179 |número=3 ||página=433|bibcode=1977MNRAS.179..433B|doi=10.1093/mnras/179.3.433|arxiv=astro-ph/0506302}}</ref> Essa teoria explica a extração de energia de [[campos magnéticos]] ao redor de um disco de acreção, que são arrastados e torcidos pelo giro do buraco negro. O material relativístico é então lançado de maneira viável pelo aperto das linhas de campo.
==Outras imagens==
* ''[[Processo Penrose|Mecanismo Penrose]]''.<ref>{{citar periódico|último1=Penrose |primeiro1=R.|ano=1969|título=Gravitational Collapse: The Role of General Relativity|periódico=[[Rivista del Nuovo Cimento]]|volume=1 ||página=252–276|bibcode=1969NCimR...1..252P}} Reimpresso em: {{citar periódico|último1=Penrose |primeiro1=R.|ano=2002|título="Golden Oldie": Gravitational Collapse: The Role of General Relativity|periódico=[[General Relativity and Gravitation]]|volume=34 |número=7 ||página=1141–1165|bibcode=2002GReGr..34.1141P |doi=10.1023/A:1016578408204|s2cid=117459073}}</ref> Aqui, a energia é extraída de um buraco negro giratório por [[arrasto de referenciais]], que mais tarde foi teoricamente comprovado como capaz de extrair energia e momento relativísticos de partículas<ref>{{citar periódico|último=Williams |primeiro=R. K.|ano=1995|título=Extracting X-rays, Ύ-rays, and relativistic e<sup>−</sup>e<sup>+</sup> pairs from supermassive Kerr black holes using the Penrose mechanism|periódico=[[Physical Review]] |volume=51 |número=10 ||página=5387–5427|bibcode=1995PhRvD..51.5387W|doi=10.1103/PhysRevD.51.5387|pmid=10018300}}</ref> e, posteriormente, mostrou ser um possível mecanismo para a formação de jatos.<ref>{{citar periódico|último1=Williams |primeiro1=R. K. |ano=2004|título=Collimated Escaping Vortical Polar e−e+Jets Intrinsically Produced by Rotating Black Holes and Penrose Processes |periódico=[[The Astrophysical Journal]]|volume=611 |número=2 ||página=952–963|arxiv=astro-ph/0404135 |bibcode=2004ApJ...611..952W|doi=10.1086/422304|s2cid=1350543}}</ref> Este efeito inclui o uso de [[gravitomagnetismo]] relativista geral.
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== Jatos relativísticos de estrelas de nêutrons ==
[[Imagem:Lighthouse nebula.jpg|thumb|O [[pulsar]] [[IGR J11014-6103]] com origem remanescente de [[supernova]], [[nebulosa]] e jato]]
Jatos também podem ser observados a partir de [[estrelas de nêutrons]] giratórias. Um exemplo é o [[pulsar]] [[IGR J11014-6103]], que possui o maior jato já observado na [[Via Láctea]], e cuja velocidade é estimada em 80% da [[velocidade da luz]] (0.8c). Observações de [[raios-X]] foram obtidas, mas não há assinatura de rádio detectada nem [[disco de acreção]].<ref>{{citar web|url=http://chandra.harvard.edu/photo/2012/igrj11014/|título=Chandra :: Photo Album :: IGR J11014-6103 :: June 28, 2012}}</ref><ref>{{citar periódico|último1=Pavan |primeiro1=L.|display-authors=etal|ano=2015|título=A closer view of the IGR J11014-6103 outflows |periódico=Astronomy & Astrophysics|volume=591||página=A91|arxiv=1511.01944 |bibcode=2016A&A...591A..91P|doi=10.1051/0004-6361/201527703|s2cid=59522014}}</ref> Inicialmente, presumia-se que este pulsar girava rapidamente, mas medições posteriores indicam que a taxa de rotação é de apenas 15.9 Hz.<ref>{{citar periódico|último1=Pavan |primeiro1=L.|display-authors=etal|ano=2014 |título=The long helical jet of the Lighthouse nebula, IGR J11014-6103 |url=http://www.aanda.org/articles/aa/pdf/2014/02/aa22588-13.pdf|periódico=[[Astronomy & Astrophysics]]|volume=562 |número=562 ||página=A122|arxiv=1309.6792 |bibcode=2014A&A...562A.122P |doi=10.1051/0004-6361/201322588|s2cid=118845324}} Long helical jet of Lighthouse nebula page 7</ref><ref>{{citar periódico|último1=Halpern |primeiro1=J. P.|display-authors=etal|ano=2014|título=Discovery of X-ray Pulsations from the INTEGRAL Source IGR J11014-6103|periódico=[[The Astrophysical Journal]]|volume=795 |número=2 ||página=L27 |arxiv=1410.2332|bibcode=2014ApJ...795L..27H |doi=10.1088/2041-8205/795/2/L27|s2cid=118637856}}</ref> Uma taxa de rotação tão lenta e a falta de material de acreção sugerem que o jato não é movido por rotação nem por acreção, embora pareça alinhado com o eixo de rotação do pulsar e perpendicular ao movimento verdadeiro do pulsar.
{{limpar}}
== Outras imagens ==
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Ficheiro:NGC_5128.jpg|[[Centaurus A]] em raios x mostrando o jato relativístico
Imagem:NGC 5128.jpg|[[Centaurus A]] em [[raios-x]] mostrando o jato relativístico
Ficheiro:Onde-radioM87.jpg|O jato de M87 visto pelo telescópio [[Very Large Array]] na [[ondas de rádio|frequência de rádio]] (O campo de visão é maior e rotacionado com respeito a imagem acima).<ref> {{Link |1=en |2=http://arxiv.org/abs/1404.0014 |3=MOJAVE: Monitoring of Jets in Active Galactic Nuclei with VLBA Experiments. XI. Spectral distributions}}<br> '''MJNAEV: Monitoramento dos Jatos em Núcleos Galácticos Ativos com Experimentos com VLBA. XI. Distribuições Espectrais''' </ref>
File:Onde-radioM87.jpg|O jato M87 visto pelo [[Very Large Array]] em [[radiofrequência]] (o campo de visão é maior e girado em relação à imagem acima)
Imagem:HST-3C66B-jet-O5BQ06010.gif|Hubble Legacy Archive Imagem Near-[[Radiação ultravioleta|UV]] do jato relativístico em [[3C 66B]]
Imagem:hs-2015-19-a-small web.jpg|Galáxia [[NGC 3862]], um jato extragaláctico de material movendo-se quase à [[velocidade da luz]]
Imagem:Hubble Sees the Force Awakening in a Newborn Star (23807356641).jpg|Alguns dos jatos em [[HH 24-26]], que contém a maior concentração de jatos conhecidos em qualquer lugar no céu
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{{Referências}}


== Ver também ==
== Ver também ==
* [[Disco de acreção]]
{{div col}}
* [[Fluxo bipolar]]

* [[Fluxo molecular bipolar]]
* [[Processo Blandford-Znajek]]
* [[CGCG 049-033]] – [[Galáxia elíptica]] localizada a 600 milhões de [[anos-luz]] da [[Terra]], conhecido por ter o jato galáctico mais longo descoberto.
* [[Projeto MOJAVE]]
* [[Lista de artigos de física de plasma]]

{{div col end}}

== Bibliografia ==
* [[Fulvio Melia|Melia, Fulvio]], ''The Edge of Infinity. Supermassive Black Holes in the Universe'' 2003, [[Cambridge University Press]], ISBN 978-0-521-81405-8 (Cloth)


{{referências}}


== Ligações externas ==
== Ligações externas ==
* [http://imagine.gsfc.nasa.gov/docs/ask_astro/answers/990923a.html NASA – Ask an Astrophysicist: Black Hole Bipolar Jets]
* [http://www.space.com/scienceastronomy/blackhole_jets_040817.html SPACE.com – Twisted Physics: How Black Holes Spout Off]
* {{citar arXiv|eprint=astro-ph/0107228v1 |último1=Blandford |primeiro1=Roger |título=Compact Objects and Accretion Disks |último2=Agol |primeiro2=Eric |último3=Broderick |primeiro3=Avery |último4=Heyl |primeiro4=Jeremy |último5=Koopmans |primeiro5=Leon |último6=Lee |primeiro6=Hee-Won |ano=2001}}
* [https://www.youtube.com/watch?v=nf7W-WfKxLM Hubble Video Shows Shock Collision inside Black Hole Jet] ([http://www.nasa.gov/feature/goddard/hubble-video-shows-shock-collision-inside-black-hole-jet Article])


{{controle de autoridade}}
*{{Link |1=en |2=http://www.physics.purdue.edu/MOJAVE/ |3=MOJAVE (Monitoring Of Jets in Active galactic nuclei with VLBA Experiments)}}
'''MJNAEV (Monitoramento dos Jatos em Núcleos Galácticos Ativos com Experimentos com VLBA)'''

{{Galáxias}}
{{Portal3|Ciência|Física}}


{{DEFAULTSORT:Jato Relativistico}}
[[Categoria:Astrofísica]]
[[Categoria:Astrofísica]]
[[Categoria:Física de plasmas]]
[[Categoria:Buracos negros]]
[[Categoria:Conceitos em astronomia]]

Revisão das 19h52min de 26 de abril de 2022

Um jato astrofísico é um fenômeno astronômico onde fluxos de matéria ionizada são emitidos como um feixe estendido ao longo do eixo de rotação.[1] Quando essa matéria muito acelerada no feixe se aproxima da velocidade da luz, os jatos astrofísicos tornam-se jatos relativísticos, pois mostram efeitos da relatividade especial.

A formação e alimentação de jatos astrofísicos são fenômenos altamente complexos que estão associados a muitos tipos de fontes astronômicas de alta energia. Eles provavelmente surgem de interações dinâmicas dentro de discos de acreção, cujos processos ativos são comumente conectados a objetos centrais compactos, como buracos negros, estrelas de nêutrons ou pulsares. Uma explicação é que os campos magnéticos emaranhados são organizados para direcionar dois feixes diametralmente opostos para longe da fonte central por ângulos de apenas alguns graus de largura (c. > 1%).[2] Os jatos também podem ser influenciados por um efeito de relatividade geral conhecido como arrasto de referenciais.[3]

A maioria dos jatos maiores e mais ativos são criados por buracos negros supermassivos no centro de galáxias ativas, como quasares e galáxias de rádio ou dentro de aglomerados de galáxias.[4] Outros objetos astronômicos que contêm jatos incluem estrelas variáveis cataclísmicas, binários de raios-X e explosões de raios gama. Jatos em uma escala muito menor (~parsecs) podem ser encontrados em regiões de formação de estrelas, incluindo estrelas T Tauri e objetos Herbig-Haro; esses objetos são parcialmente formados pela interação de jatos com o meio interestelar. Os fluxos bipolares também podem estar associados a protoestrelas,[5] ou a estrelas evoluídas pós-AGB, nebulosas planetárias e nebulosas bipolares.

Jatos relativísticos

Uma visão do buraco negro supermassivo M87* em luz polarizada, obtida pelo Event Horizon Telescope. A direção das linhas sobre a intensidade total marca a orientação da polarização, a partir da qual a estrutura do campo magnético ao redor do buraco negro pode ser determinada

Jatos relativísticos são feixes de matéria ionizada acelerados perto da velocidade da luz. A maioria foi observacionalmente associada a buracos negros centrais de algumas galáxias ativas, galáxias de rádio ou quasares e também a buracos negros, estrelas de nêutrons ou pulsares. Os comprimentos dos feixes podem se estender entre vários milhares,[6] centenas de milhares[7] ou milhões de parsecs.[2] As velocidades dos jatos ao se aproximarem da velocidade da luz mostram efeitos significativos da teoria da relatividade especial; por exemplo, radiação relativística que altera o brilho aparente do feixe.[8]

Galáxia elíptica M87 emitindo um jato relativístico, visto pelo Telescópio Espacial Hubble

Buracos negros centrais massivos em galáxias têm os jatos mais poderosos, mas sua estrutura e comportamento são semelhantes aos de estrelas de nêutrons menores e buracos negros. Esses sistemas de buracos negros supermassivos são frequentemente chamados de microquasares e mostram uma grande variedade de velocidades. O jato SS 433, por exemplo, tem velocidade média de 0.26c.[9] A formação de jatos relativísticos também pode explicar as explosões de raios gama observadas.

Os mecanismos por trás da composição dos jatos permanecem incertos,[10] embora alguns estudos favoreçam modelos em que os jatos são compostos de uma mistura eletricamente neutra de núcleos, elétrons e pósitrons, enquanto outros são consistentes com jatos compostos de plasma pósitron-elétron.[11][12][13] Espera-se que núcleos de traços varridos em um jato relativístico de pósitron-elétron tenham energia extremamente alta, pois esses núcleos mais pesados devem atingir velocidade igual à velocidade do pósitron e do elétron.

Rotação como possível fonte de energia

Por causa da enorme quantidade de energia necessária para lançar um jato relativístico, alguns jatos são possivelmente alimentados por buracos negros giratórios. No entanto, a frequência de fontes astrofísicas de alta energia com jatos sugere combinações de diferentes mecanismos indiretamente identificados com a energia dentro do disco de acreção associado e as emissões de raios-X da fonte geradora. Duas teorias iniciais foram usadas para explicar como a energia pode ser transferida de um buraco negro para um jato astrofísico:

  • Processo Blandford-Znajek.[14] Essa teoria explica a extração de energia de campos magnéticos ao redor de um disco de acreção, que são arrastados e torcidos pelo giro do buraco negro. O material relativístico é então lançado de maneira viável pelo aperto das linhas de campo.
  • Mecanismo Penrose.[15] Aqui, a energia é extraída de um buraco negro giratório por arrasto de referenciais, que mais tarde foi teoricamente comprovado como capaz de extrair energia e momento relativísticos de partículas[16] e, posteriormente, mostrou ser um possível mecanismo para a formação de jatos.[17] Este efeito inclui o uso de gravitomagnetismo relativista geral.

Jatos relativísticos de estrelas de nêutrons

O pulsar IGR J11014-6103 com origem remanescente de supernova, nebulosa e jato

Jatos também podem ser observados a partir de estrelas de nêutrons giratórias. Um exemplo é o pulsar IGR J11014-6103, que possui o maior jato já observado na Via Láctea, e cuja velocidade é estimada em 80% da velocidade da luz (0.8c). Observações de raios-X foram obtidas, mas não há assinatura de rádio detectada nem disco de acreção.[18][19] Inicialmente, presumia-se que este pulsar girava rapidamente, mas medições posteriores indicam que a taxa de rotação é de apenas 15.9 Hz.[20][21] Uma taxa de rotação tão lenta e a falta de material de acreção sugerem que o jato não é movido por rotação nem por acreção, embora pareça alinhado com o eixo de rotação do pulsar e perpendicular ao movimento verdadeiro do pulsar.

Outras imagens

Ver também

Referências

  1. Beall, J. H. (2015). «A Review of Astrophysical Jets» (PDF). Proceedings of Science: 58. Bibcode:2015mbhe.confE..58B. Consultado em 19 de fevereiro de 2017 
  2. a b Kundt, W. (2014). «A Uniform Description of All the Astrophysical Jets» (PDF). Proceedings of Science: 58. Bibcode:2015mbhe.confE..58B. Consultado em 19 de fevereiro de 2017 
  3. Miller-Jones, James (abril de 2019). «A rapidly changing jet orientation in the stellar-mass black-hole system V404 Cygni» (PDF). Nature. 569 (7756): 374–377. Bibcode:2019Natur.569..374M. PMID 31036949. arXiv:1906.05400Acessível livremente. doi:10.1038/s41586-019-1152-0 
  4. Beall, J. H (2014). «A review of Astrophysical Jets». Acta Polytechnica CTU Proceedings. 1 (1): 259–264. Bibcode:2014mbhe.conf..259B. doi:10.14311/APP.2014.01.0259Acessível livremente 
  5. «Star sheds via reverse whirlpool». Astronomy.com. 27 de dezembro de 2007. Consultado em 26 de maio de 2015 
  6. Biretta, J. (6 de janeiro de 1999). «Hubble Detects Faster-Than-Light Motion in Galaxy M87» 
  7. «Evidence for Ultra-Energetic Particles in Jet from Black Hole». Yale University – Office of Public Affairs. 20 de junho de 2006. Cópia arquivada em 13 de maio de 2008 
  8. Semenov, V.; Dyadechkin, S.; Punsly, B. (2004). «Simulations of Jets Driven by Black Hole Rotation». Science. 305 (5686): 978–980. Bibcode:2004Sci...305..978S. PMID 15310894. arXiv:astro-ph/0408371Acessível livremente. doi:10.1126/science.1100638 
  9. Blundell, Katherine (dezembro de 2008). «Jet Velocity in SS 433: Its Anticorrelation with Precession-Cone Angle and Dependence on Orbital Phase». The Astrophysical Journal. 622 (2): 129. arXiv:astro-ph/0410457Acessível livremente. doi:10.1086/429663Acessível livremente. Consultado em 15 de janeiro de 2021 
  10. Georganopoulos, M.; Kazanas, D.; Perlman, E.; Stecker, F. W. (2005). «Bulk Comptonization of the Cosmic Microwave Background by Extragalactic Jets as a Probe of Their Matter Content». The Astrophysical Journal. 625 (2): 656–666. Bibcode:2005ApJ...625..656G. arXiv:astro-ph/0502201Acessível livremente. doi:10.1086/429558 
  11. Hirotani, K.; Iguchi, S.; Kimura, M.; Wajima, K. (2000). «Pair Plasma Dominance in the Parsec‐Scale Relativistic Jet of 3C 345». The Astrophysical Journal. 545 (1): 100–106. Bibcode:2000ApJ...545..100H. arXiv:astro-ph/0005394Acessível livremente. doi:10.1086/317769 
  12. Electron–positron Jets Associated with Quasar 3C 279
  13. Naeye, R.; Gutro, R. (9 de janeiro de 2008). «Vast Cloud of Antimatter Traced to Binary Stars». NASA 
  14. Blandford, R. D.; Znajek, R. L. (1977). «Electromagnetic extraction of energy from Kerr black holes». Monthly Notices of the Royal Astronomical Society. 179 (3): 433. Bibcode:1977MNRAS.179..433B. arXiv:astro-ph/0506302Acessível livremente. doi:10.1093/mnras/179.3.433 
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  16. Williams, R. K. (1995). «Extracting X-rays, Ύ-rays, and relativistic ee+ pairs from supermassive Kerr black holes using the Penrose mechanism». Physical Review. 51 (10): 5387–5427. Bibcode:1995PhRvD..51.5387W. PMID 10018300. doi:10.1103/PhysRevD.51.5387 
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  18. «Chandra :: Photo Album :: IGR J11014-6103 :: June 28, 2012» 
  19. Pavan, L.; et al. (2015). «A closer view of the IGR J11014-6103 outflows». Astronomy & Astrophysics. 591: A91. Bibcode:2016A&A...591A..91P. arXiv:1511.01944Acessível livremente. doi:10.1051/0004-6361/201527703 
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  21. Halpern, J. P.; et al. (2014). «Discovery of X-ray Pulsations from the INTEGRAL Source IGR J11014-6103». The Astrophysical Journal. 795 (2): L27. Bibcode:2014ApJ...795L..27H. arXiv:1410.2332Acessível livremente. doi:10.1088/2041-8205/795/2/L27 

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