Festa junina no Brasil: diferenças entre revisões

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[[Imagem:Marcelo Calero conhece o São João de Caruaru (27252841923).jpg|thumb||Local da festa do [[São João de Caruaru]], em [[Pernambuco]]]]
{{Mais notas|data=setembro de 2021}}
[[Imagem:Marcelo Calero conhece o São João de Caruaru (27252841923).jpg|thumb|upright=1.4|O [[São João de Caruaru]], em [[Pernambuco]]]]
[[Imagem:Cidade cenográfica do São João de Campina Grande, Paraíba, Brasil.jpg|thumb|Cidade cenográfica da [[Festa de São João de Campina Grande]], em [[Campina Grande]], na [[Paraíba]].]]
'''Festas juninas no Brasil''', também conhecidas como '''festas de São João''' por celebrarem a [[natividade de São João Batista]] (24 de junho), são as comemorações anuais [[Brasil|brasileiras]] adaptado do [[Festa junina|solstício de verão]] europeu que ocorre no meio do inverno do homisfério sul. Estas festividades, introduzidas pelos [[Império Português|portugueses]] durante o [[Brasil Colônia|período colonial]] (1500-1822), são celebradas durante o mês de junho em todo o país. A festa é celebrada principalmente nas vésperas das solenidades [[Igreja Católica|católicas]] de [[Santo António de Lisboa|Santo Antônio]], [[João Batista|São João Batista]] e [[Pedro (apóstolo)|São Pedro]].<ref>{{Citar web|ultimo=Various Authors|url=https://www.suapesquisa.com/musicacultura/historia_festa_junina.htm|titulo=História da Festa Junina e tradiçõe|data=1999|website=Sua Pesquisa}}</ref>
[[Imagem:Cidade cenográfica do São João de Campina Grande, Paraíba, Brasil.jpg|thumb|upright=1.4|Cidade cenográfica do Parque do Povo n'[[O Maior São João do Mundo]], em [[Campina Grande]], na [[Paraíba]].]]
As '''[[festas juninas]] no [[Brasil]]''' são, em sua essência, multiculturais, embora o formato com que hoje as conhecemos tenha se originado nas festas dos santos populares em [[Portugal]]: a [[Festa de Santo Antônio]], a [[Véspera de São João|Festa de São João]] e a [[Festa de São Pedro e São Paulo]] principalmente. A música e os instrumentos usados (cavaquinho, sanfona, triângulo ou ferrinhos, reco-reco etc.) estão na base da música popular e folclórica portuguesa e foram trazidos ao Brasil pelos povoadores e imigrantes do país irmão. As roupas caipiras ou [[Saloio|saloias]] são uma clara referência ao povo campestre que povoou principalmente o nordeste do Brasil e pode-se encontrar muitíssimas semelhanças no modo de vestir caipira no Brasil e em Portugal. Do mesmo modo, as decorações com que se enfeitam os arraiais iniciaram-se em Portugal, junto com as novidades que, na época dos [[Descobrimentos portugueses|descobrimentos]], os portugueses trouxeram da Ásia, tais como enfeites de papel, balões de ar quente e pólvora. Embora os balões tenham sido proibidos em muitos lugares do Brasil, são usados na cidade do Porto em Portugal com muita abundância e o céu se enche com milhares deles durante toda a noite. A [[Pau de fita|dança de fitas]] e o [[pau de sebo]], típicos das festas juninas no Brasil, são originários da [[Península Ibérica]].{{cf|data=maio de 2022}}


Como o [[Região Nordeste do Brasil|Nordeste do Brasil]] é em grande parte [[árido]] ou [[semiárido]], essas festas não apenas coincidem com o [[Clima do Brasil|fim das estações chuvosas]] da maioria dos estados da região, como também oferecem às pessoas a oportunidade de agradecer a [[João Batista|São João]] pela chuva. Elas também celebram a vida [[Zona rural|rural]] e apresentam roupas, comidas e danças típicas (principalmente a [[Quadrilha (dança)|quadrilha]]).
No [[Brasil]], recebeu o [[nome]] de "junina" (chamada inicialmente de "joanina", de São João), porque acontece no mês de junho. Além de Portugal, a tradição veio de outros países [[Europa|europeus]] cristianizados dos quais são oriundas as comunidades de imigrantes, chegadas a partir de meados do [[século XIX]]. Ainda antes, porém, a festa já havia sido trazida ao Brasil pelos portugueses e logo foi incorporada aos costumes das populações [[indígenas]] e [[afro-brasileiro|afro-brasileiras]].


== Origens e história ==
As grandes mudanças no conceito artístico contemporâneo acarretaram na "adequação e atualização" dessas festas, em que ritmos e bandas não tradicionais aos tipicamente vivenciados são acrescentadas às grades e programações de festas regionais, incentivando o maior interesse de novos públicos. Essa tem sido a aposta de vários festejos para agradar a todos, não deixando de lado os costumes juninos. Têm-se, como exemplo, as festas no interior da Bahia, tais como a de [[Ibicuí]], [[Amargosa]] e a de [[Santo Antônio de Jesus]], que, apesar da inclusão de novas programações, não deixa de lado a cultura nordestina do forró, conhecido como "pé de serra" nos dias de comemoração junina.
{{AP|Festa junina|Dia de São João}}

A festa brasileira de São João é típica da [[Região Nordeste do Brasil|Região Nordeste]]. Por ser uma região árida, o Nordeste agradece anualmente a [[São João Batista]], mas também a [[São Pedro]], pelas chuvas caídas nas lavouras. Em razão da época propícia para a colheita do milho, integram a tradição as comidas feitas dele, tais como a [[canjica]], a [[pamonha]], o [[Mungunzá|munguzá]], o [[milho cozido]], a [[pipoca]] e o [[bolo de milho]]. Também pratos típicos das festas são o [[arroz-doce]], a [[broa de milho]], a [[cocada]], o [[Doces do Brasil|bom-bocado]], o [[quentão]], o [[vinho quente]], o [[pé-de-moleque]], a [[batata-doce]], o bolo de amendoim, a o bolo de [[pinhão]].{{cf|data=maio de 2022}}

O local onde ocorre a maioria dos festejos juninos é chamado de arraial, um largo espaço ao ar livre cercado ou não, onde barracas são erguidas unicamente para o evento, ou então um galpão já existente com dependências já construídas e adaptadas para a festa. Geralmente, o arraial é decorado com bandeirinhas de papel colorido, balões e palha de [[coqueiro]] ou [[bambu]]. Nos arraiais, acontecem as quadrilhas, os forrós, leilões, [[bingo]]s e os casamentos matutos.

== Locais ==
[[Imagem:São João no Pelô 2.jpg|thumb|Festa junina brasileira em [[Salvador (Bahia)|Salvador]], com bandeirinhas coloridas e dançarinos de quadrilha.]]
[[Imagem:São João no Pelô 2.jpg|thumb|Festa junina brasileira em [[Salvador (Bahia)|Salvador]], com bandeirinhas coloridas e dançarinos de quadrilha.]]
Estes arraiais são muito comuns em Portugal e não são exclusivos da festa de São João; são parte da tradição popular em geral. Nessas festas, encontram-se imensas semelhanças entre o Brasil e Portugal, mas não só. Na África e na Ásia, [[Macau]], [[Índia]], [[Malásia]], na [[Comunidade Cristang]], os portugueses deixaram bem marcada essa tradição dos santos populares.

Atualmente, os festejos realizados em cidades do Norte e Nordeste do Brasil dão impulso à economia local. Citem-se, como exemplo, [[Senhor do Bonfim (Bahia)|Senhor do Bonfim]], [[Santo Antônio de Jesus]] e [[Cruz das Almas]] na Bahia; [[Aracaju]] em [[Sergipe]]; [[Caruaru]], [[Petrolina]] e [[Arcoverde]] em [[Pernambuco]]; [[Campina Grande]] na [[Paraíba]]; [[Mossoró]] no [[Rio Grande do Norte]]; [[Juazeiro do Norte]] e [[Maracanaú]] no [[Ceará]]; [[São Luís (Maranhão)|São Luís]] no [[Maranhão]]; e [[Cametá]] no [[Pará]]; dentre outros. [[Campina Grande]] realiza a maior festa junina do Brasil, intitulada "[[O Maior São João do Mundo]]", sempre com duração de 31 dias, tendo a sua primeira edição em 1983; já [[Caruaru]] faz a edição de 2022 com 29 dias.

Outra informação relevante é que, diferente do que fora noticiado na mídia [[Caruaru|caruaruense]], o próprio escritório do [[Guinness World Records]] na Inglaterra desmentiu a [[Notícia falsa|informação falsa]] de que a cidade é reconhecida como a maior a céu aberto<ref>{{Citar web|ultimo=Aragão|primeiro=Hanna|url=https://interior.ne10.uol.com.br/noticias/2021/06/03/campina-grande-x-caruaru-ne10-conversa-com-historiadores-para-saber-qual-o-maior-sao-joao-do-mundo-210582/index.html|titulo=Campina Grande x Caruaru: NE10 conversa com historiadores para saber qual o maior São João do Mundo|data=2021-06-04|acessodata=2022-06-24|website=JC|lingua=pt-br}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://g1.globo.com/pe/caruaru-regiao/noticia/2021/06/01/guinness-reconheceu-o-sao-joao-de-caruaru-como-maior-e-melhor-do-mundo-g1-checa-informacao.ghtml|titulo=Guinness não reconhece o São João de Caruaru como 'Maior e Melhor do Mundo'|acessodata=2022-06-24|website=G1|lingua=pt-br}}</ref>.<blockquote>''"Após checar a nossa base de dados e em outros registros, eu posso confirmar que a cidade de Caruaru não está registrada no Guiness World Records como detentora de recorde algum e não foi recebido por nós qualquer requerimento sobre o assunto. Na verdade, o recorde em questão sequer é monitorado pelo Guiness World Records no momento."''</blockquote>Outra região conhecida pelas festividades no mês de junho é o [[interior de São Paulo]], onde ainda se mantém a tradição da realização de [[quermesse]]s e danças de quadrilha em torno de fogueiras. A culinária local apresenta pratos característicos da época, tais como a [[paçoca]], o [[pé-de-moleque]], o bolinho caipira, os pastéis, a canjica e outros. As quermesses atraem também [[Música sertaneja|músicos sertanejos]] e brincadeiras para os mais novos.{{carece de fontes|data=abril de 2017}}

== Tradições e costumes ==
{{mais notas|Esta seção|data=Junho de 2008}}
=== Origem da fogueira ===
[[Imagem:Festa junina-fire.jpg|thumb|[[Fogueira de São João]] em [[Goiânia]], [[Goiás]].]]

De origem europeia, as fogueiras juninas fazem parte da antiga tradição [[paganismo|pagã]] de celebrar o [[solstício]] de verão. Assim como a cristianização da árvore pagã "sempre verde", que se tornou a famosa [[árvore de natal]], a fogueira a volta do 25 de junho tornou-se, pouco a pouco, na Idade Média, um atributo da [[festa de São João|festa de São João Batista]], o santo celebrado nesse mesmo dia. Ainda hoje, a fogueira de São João é o traço comum que une todas as Festas de São João Europeias (da Estônia a Portugal, da Finlândia à França).

Uma lenda católica cristianizando a fogueira pagã afirma que o antigo costume de acender fogueiras no começo do verão europeu tinha suas raízes num acordo feito pelas primas [[Maria (mãe de Jesus)|Maria]] e [[Isabel (Bíblia)|Isabel]]. Para avisar Maria sobre o nascimento de São João Batista e, assim ter seu auxílio após o parto, Isabel teria de acender uma fogueira sobre um monte.

=== Os balões ===
[[Imagem:Arraial 2008 - panoramio.jpg|thumb|Festa junina em [[Boa Vista (Roraima)|Boa Vista]], em [[Roraima]]]]
O uso de [[Balão|balões]] e [[fogos de artifício]] durante a festa de São João no Brasil está relacionado com o tradicional uso da fogueira junina e seus efeitos visuais. Esse costume foi trazido pelos portugueses para o Brasil e se mantém em ambos os lados do Oceano Atlântico, sendo que é na cidade do [[Porto]], em Portugal, onde mais se evidencia. Fogos de artifício manuseados por indivíduos e espetáculos pirotécnicos organizados por associações ou municipalidades tornaram-se uma parte essencial da festa na [[Região Nordeste do Brasil]], em outras partes do Brasil e em Portugal. Os fogos de artifício, segundo a tradição popular, servem para despertar São João Batista. Em Portugal, pequenos papéis com desejos e pedidos são atados ao balão.

Os balões serviam para avisar que a festa iria começar. Eram soltos de cinco a sete balões para indicar o início da festança. Os balões, no entanto, estão atualmente proibidos por [[lei]] em muitos locais, como no [[Brasil]], devido ao risco de incêndio e mortes.

Durante todo o mês de junho, é comum, principalmente entre as crianças, soltar bombas, conhecidas por nomes como "traque", "chilene", "cordão", "cabeção-de-nego", "cartucho", "treme-terra", "rojão", "buscapé", "cobrinha", "espadas-de-fogo", "chuvinha", "pimentinha", "bufa-de-vei" , "biribinha" e "bombinha".

=== O mastro de São João ===
[[Imagem:Festa_Junina_(9062891212).jpg|thumb|Festa junina no [[Engenho Velho (Tijuca)|Engenho Velho]], [[Rio de Janeiro (cidade)|Rio de Janeiro]]]]
O mastro de São João − conhecido em Portugal também como o mastro dos Santos Populares − é erguido durante a festa junina para celebrar os três santos ligados a essa festa. No Brasil, no topo de cada mastro são amarradas, em geral, três bandeirinhas simbolizando os santos. Apesar de, hoje em dia, ter uma significação cristã bastante enraizada e ser, entre os costumes nas festas juninas, um dos mais marcadamente católicos, o [[Festa do Mastro|levantamento do mastro]] se originou no costume pagão de levantar o "mastro de maio", ou a árvore de maio, costume ainda hoje vivo em algumas partes da Europa.

Além de sua cristianização profunda em Portugal e no Brasil, é interessante notar que o levantamento do mastro de maio em Portugal é também erguido em junho ao se celebrarem as festas desse mês. O mesmo costume ocorre também na Suécia, onde o mastro de maio, "[[Festa do Mastro|majstången]]", de origem primaveril, passou a ser erguido durante as festas estivais de junho, Midsommarafton. O fato de suspender milhos e laranjas ao mastro de São João parece ser um vestígio de práticas pagãs similares em torno do mastro de maio. A tradição do [[Cambeiro]] é celebrada em Janeiro. Hoje em dia, um rico simbolismo católico popular está ligado aos procedimentos envolvendo o levantamento do mastro e seus enfeites.

=== Quadrilha ===
{{Artigo principal|Quadrilha (dança)}}
[[Ficheiro:Dança de crianças do ensino fundamental 1 na festa junina do Colégio Padre de Man, Coronel Fabriciano MG.JPG|thumb|direita|Dança de crianças de uma classe do [[ensino fundamental]] 1 na festa junina de uma escola no município de [[Coronel Fabriciano]], em [[Minas Gerais]].]]
A quadrilha brasileira originou seu nome numa dança de salão francesa para quatro pares, a ''quadrille'', em voga na [[França]] entre o início do [[século XIX]] e a [[Primeira Guerra Mundial]]. A ''quadrille'' francesa, por sua parte, já era um desenvolvimento da ''contredanse'', popular nos meios aristocráticos franceses do [[século XVIII]]. A ''contredanse'' se desenvolveu a partir de uma dança inglesa de origem campesina, surgida provavelmente por volta do [[século XIII]], e que se popularizara em toda a Europa na primeira metade do século XVIII.

[[Imagem:Quadrilha Junina 1.jpg|thumb|Quadrilha Junina da [[Festa do São Pedro de Belém (Paraíba)]]]]
A ''quadrille'' veio para o Brasil seguindo o interesse da [[classe média]] e das [[Elite (sociologia)|elite]]s portuguesas e brasileiras do [[século XIX]] por tudo que fosse a última moda de [[Paris]] −dos discursos republicanos de [[Léon Gambetta|Gambetta]] e [[Jules Ferry]], passando pelas poesias de [[Victor Hugo]] e [[Théophile Gautier]] até a criação de uma [[Academia Brasileira de Letras|academia de letras]], dos cabelos cacheados de [[Sarah Bernhardt]] até ao uso do [[cavanhaque]].

Ao longo do século XIX, a quadrilha se popularizou no Brasil e se fundiu com danças brasileiras preexistentes, tendo subsequentes evoluções (entre elas, o aumento do número de pares e o abandono de passos e ritmos franceses). Ainda que inicialmente adotada pela elite urbana brasileira, esta dança teve seu maior florescimento no Brasil rural (daí o vestuário campesino), e se tornou uma dança própria dos festejos juninos, principalmente no Nordeste. A partir de então, a quadrilha, nunca deixando de ser um fenômeno popular e rural, também recebeu influências do movimento nacionalista e da sistematização dos costumes nacionais pelos estudos [[folclore|folclóricos]].

[[Imagem:Quadrilha junina Sergipe.jpg|thumb|Uma quadrilha de [[Sergipe]]]]

O nacionalismo folclórico marcou as [[ciências sociais]] no Brasil e na Europa entre os começos do [[romantismo]] e a [[Segunda Guerra Mundial]]. A quadrilha − assim como outras danças brasileiras, como o pastoril −, foi sistematizada e divulgada por associações municipais, igrejas e clubes de bairros, sendo também defendida por professores e praticada por alunos em colégios e escolas, na zona rural ou urbana, como sendo uma expressão da cultura [[Caboclo|cabocla]] e da república brasileira. Esse folclorismo acadêmico e ufano explica, de certa maneira, o aspecto matuto rígido e artificial da quadrilha.

[[Imagem:Lançamento da pré-candidatura de Cida Pedrosa (52082216568)).jpg|thumb|Quadrilha Junina durante apresentação em evento no [[Recife]].]]
No entanto, hoje em dia, essa artificialidade rural é vista pelos foliões como uma atitude lúdica, teatral e festiva, mais do que como a expressão de algum ideal folclórico, nacionalista ou acadêmico. Seja como for, é correto afirmar que a quadrilha deve sua sobrevivência urbana na segunda metade do [[século XX]], e seu grande apelo popular atual, aos cuidados meticulosos de associações e clubes juninos da classe média e ao trabalho educativo de conservação e prática feito por estabelecimentos de ensino primário e secundário, mais do que à prática campesina real, ainda que vivaz, porém quase sempre desprezada pela cultura citadina.

Desde do [[século XIX]], em contato com diferentes danças mais antigas do país, a quadrilha sofreu influências regionais, daí surgindo muitas variantes:

* "Quadrilha Caipira" ([[São Paulo (estado)|São Paulo]])
* "Saruê", corruptela do termo francês "''soirée''", "noite"{{cf|data=maio de 2022}} (Brasil Central)
* "Baile Sifilítico" ([[Bahia]])
* "Mana-Chica" ([[Rio de Janeiro (estado)|Rio de Janeiro]])
* "Quadrilha" ([[Sergipe]])
* "Quadrilha Matuta"

Hoje em dia, entre os instrumentos musicais que normalmente acompanham a quadrilha, encontram-se o [[acordeão]], o [[pandeiro]], o [[zabumba]], o [[violão]], o [[triângulo (instrumento musical)|triângulo]] e o [[cavaquinho]]. Não há uma peça musical específica que seja própria a todas as regiões. A música é aquela comum aos bailes de [[roça]], em compasso binário ou de [[marchinha]], que favorece o cadenciamento das marcações.
[[Imagem:Quadrilha do Meirelles.jpg|thumb|esquerda|"Quadrilha Caipira" (São Paulo)]]

Em geral, para a prática da dança é importante a presença de um mestre "marcante" ou "marcador", pois é ele quem determina as figurações diversas que os dançadores devem desenvolver. Termos de origem francesa são ainda utilizados por alguns mestres para cadenciar a dança.

Os participantes da quadrilha, vestidos de matuto ou à [[caipira]], como se diz fora do Nordeste do Brasil (indumentária que se convencionou pelo folclorismo como sendo a das comunidades caboclas), executam diversas evoluções em pares de número variável. Em geral, o par que abre o grupo é um "noivo" e uma "noiva", já que a quadrilha pode encenar um casamento fictício. Esse ritual matrimonial da quadrilha liga-a às festas de São João europeias que também celebram aspirações ou uniões matrimoniais. Esse aspecto matrimonial e a fogueira junina constituem os dois elementos mais presentes nas diferentes festas de São João da Europa.

No nordeste brasileiro é utilizado o [[forró]], assim como ritmos aparentados tais como o [[Baião (música)|baião]] e o [[xote]], além do [[reisado]], do [[Coco (dança)|coco]] e das cantigas típicas das festas juninas.


Vários aspectos do festival têm origem nas celebrações do solstício de verão europeu, como a criação de uma grande fogueira. Muitas dessas comemorações já ocorrem com influência da sociedade rural brasileira. As festividades geralmente aconteciam em um ''arraial'', uma enorme tenda com telhado de palha que era reservada para festas importantes no interior do Brasil antigo.<ref name=":0">{{Citar livro|título=Festas juninas, festas de São João: origens, tradições e história|ultimo=Rangel|primeiro=Lúcia Helena Vitalli|data=2008|editora=Publishing Solutions|isbn=978-85-61653-00-2}}</ref> Como o clima brasileiro é muito diferente do europeu, os participantes brasileiros costumavam usar o festival como uma forma de agradecer pela chuva.<ref>{{Citar web|ultimo=Bholi|primeiro=Shelly|url=https://www.evesly.com/life-style/festa-junina-the-winter-fest-of-brazil/|titulo=Festa junina – the Winter Fest of Brazil|data=28 de junho de 2017|website=Evesly}}</ref> Uma grande fogueira é acesa durante o festival. Isso se origina de uma história católica de uma fogueira sendo acesa para alertar [[Maria (mãe de Jesus)|Maria]] sobre o [[nascimento de João Batista]] e assim para ter sua assistência após o parto, [[Isabel (Bíblia)|Isabel]] teria que acender uma fogueira em um morro. A maioria dos festivais ocorria longe da costa, mais perto do interior, onde ficavam muitas plantações maiores.<ref name=":0" /> Ainda governadas por Portugal, as cidades litorâneas, especialmente em [[Pernambuco]], se industrializaram e tiveram uma prosperidade econômica muito maior. Na esperança de promover esse crescimento, o [[João IV de Portugal|rei Dom João]] modificou sua política econômica para favorecer cidades como [[Recife]] em detrimento dos interesses rurais.<ref>{{Citar livro|título=The mansions and the shanties : the making of modern Brazil|ultimo=Freyre, Gilberto|data=1986|editora=University of California Press|localização=Berkeley|isbn=9780520056817|oclc=14068000|edição=1st complete paperback}}</ref> Conforme a festa junina continuou a ser praticada nas cidades modernas ela tornou-se muito maior. Hoje, o tamanho das celebrações ultrapassou o da Europa. Embora sejam praticados e organizados principalmente por escolas, muitas cidades organizam sua própria grande celebração. Entre as maiores festas juninas celebradas no Brasil, estão o [[São João de Caruaru]], o [[São João de Campina Grande]], o São João de [[Aracaju]], o [[Bumba meu boi do Maranhão|Bumba meu boi de São Luís]] e o [[Encontro Nacional de Folguedos]] em [[Teresina]].<ref>{{citar web |url=https://viagemeturismo.abril.com.br/materias/as-cinco-maiores-festas-juninas-do-brasil|titulo=As cinco maiores festas juninas do Brasil|data=26 de maio de 2014|acessodata=3 de junho de 2023|autor= Julia Latorre |website=[[Viagem e Turismo]]}}</ref>
=== Costumes populares ===
[[Imagem:Festa Junina (603631885).jpg|thumb|Menina com roupas típicas de festa junina]]
[[Imagem:FestaJunina.jpg|thumb|Festa junina caipira]]
[[Imagem:Riobranco gameleira.jpg|thumb|Bandeirinhas de festa junina em [[Rio Branco]], [[Acre]]]]
As festas juninas brasileiras podem ser divididas em dois tipos distintos: as festas da [[Região Nordeste do Brasil|Região Nordeste]] e as festas do [[caipira|Brasil caipira]], ou seja, dos estados de [[São Paulo (estado)|São Paulo]], [[Paraná]] (norte), [[Minas Gerais]] (sobretudo na parte sul) e da [[Região Centro-Oeste do Brasil|Região Centro-Oeste]].<ref>{{Citar web|url=http://neloresantaclara.com.br/festas-juninas-no-centro-oeste/|titulo=Festas Juninas no Centro-Oeste / NELORE SANTA CLARA|acessodata=2017-08-05|obra=neloresantaclara.com.br|lingua=pt-BR}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://mgturismo.com.br/2017/06/01/turismo-divulga-festejos-juninos-da-regiao-centro-oeste/|titulo=Turismo divulga festejos juninos da Região Centro-Oeste|data=2017-06-01|acessodata=2017-08-05|obra=JORNAL MG TURISMO|publicado=|ultimo=|primeiro=}}</ref>


== Tradições ==
No Nordeste brasileiro, pequenas ou grandes festas reúnem toda a comunidade e muitos turistas, com fartura de comida, quadrilhas, casamento matuto e forró. É comum os participantes das festas se vestirem de matuto, os homens com camisa quadriculada, calça remendada com panos coloridos, e [[chapéu de palha]], e as mulheres com vestido colorido de [[Chita (tecido)|chita]] e chapéu de palha. No [[interior de São Paulo]], ainda se mantém a tradição da realização de [[quermesse]]s e danças de quadrilha em torno de fogueiras.
[[Imagem:Festa junina-fire.jpg|thumb|[[Fogueira]] de São João em [[Goiânia]], [[Goiás]].]]
[[Ficheiro:Quadrilha_junina_Sergipe.jpg|miniaturadaimagem|"[[Quadrilha (dança)|Quadrilha]]" em [[Sergipe]], Brasil]]
[[Ficheiro:Festa_Junina_(603631885).jpg|miniaturadaimagem|[[Menina]] com fantasia de [[caipira]]]]
No Brasil, a festa é praticada principalmente por agricultores rurais, conhecidos como [[Caipira|caipiras]] ou [[Matuto|matutos]]. Os homens se vestem de fazendeiros com grandes chapéus de palha e as mulheres usam rabo de cavalo, sardas, dentes pintados e vestidos xadrezes.<ref name=":0"/>


Danças ao longo do festival envolvem a [[Quadrilha (dança)|''quadrilha'']]. A maioria dessas danças surgiu na Europa do século XIX, trazidas pelos portugueses. A ''quadrilha'' apresenta formações de casais em torno de um casamento simulado, cujos noivos são o foco central da dança. Isso reflete a fertilidade da terra. Existem vários tipos de dança dentro da categoria de quadrilha. A cana-verde, uma subcategoria de estilos de dança [[fandango]], é mais popular no sul e é principalmente improvisada. As danças envolvendo o [[bumba meu boi]] também marcam presença nesta festa, onde a dança gira em torno de uma mulher que deseja comer a língua de um [[boi]]. Seu marido mata o boi, para desespero do dono do boi. Um curandeiro entra e ressuscita o boi e todos os participantes comemoram.<ref name=":0"/>
=== Simpatias, sortes e adivinhas para Santo Antônio ===
O relacionamento entre os devotos e os santos juninos, principalmente Santo Antônio e São João, é quase familiar: cheio de intimidades, chega a ser, por vezes, irreverente, debochado e quase obsceno. Esse carácter fica bastante evidente quando se entra em contato com as simpatias, sortes, adivinhas e acalantos dedicados a esses santos:


Acompanhando essas danças está um gênero musical conhecido como [[forró]]. Este gênero tradicional utiliza principalmente [[Acordeão|sanfonas]] e [[Triângulo (instrumento musical)|triângulos]], e tem como foco a vida e a luta dos caipiras. A música foca muito na [[saudade]], um sentimento de nostalgia ou desamparo, pela vida rural na fazenda. Versões mais modernas da música podem incluir [[Guitarra|guitarras]], [[Fiddle|violinos]] e [[Bateria (instrumento musical)|bateria]].
:: Confessei-me a Santo Antônio, confessei que estava amando.
:: Ele deu-me por penitência
:: que fosse continuando.


Muitas brincadeiras voltadas para o público infantil estão presentes nas festas juninas, principalmente nas festas realizadas nas escolas que servem como arrecadação de fundos.<ref name=":1">{{Citar periódico |título=Festas juninas nas escolas: lições de preconceitos |data=agosto de 2007 |periódico=Educação & Sociedade |número=99 |ultimo=Campos |primeiro=Judas Tadeu de |paginas=589–606 |lingua=Portuguese |titulotrad=June parties in schools: lesson of prejudice |doi=10.1590/S0101-73302007000200015 |volume=28 |doi-access=free}}</ref>
Os objetos utilizados nas simpatias e adivinhações devem ser virgens, ou seja, estar sendo usados pela primeira vez, senão… nada de a simpatia funcionar! A seguir, algumas simpatias feitas para [[Santo Antônio de Lisboa|Santo Antônio]]:


* Pescaria: as crianças usam uma vara de pescar para pegar latas ou papel desenhado para se parecer com peixes de uma caixa.
Moças solteiras, desejosas de se casar, em várias regiões do Brasil, colocam um figurino do santo de cabeça para baixo atrás da porta ou dentro do poço ou enterram-no até o pescoço. Fazem o pedido e, enquanto não são atendidas, lá fica a imagem de cabeça para baixo. Para conseguir namorado ou marido, basta amarrar uma fita vermelha e outra branca no braço da imagem de Santo Antônio, fazendo a ele o pedido; rezar um [[Pai Nosso|pai-nosso]] e uma [[Salve Rainha|salve-rainha]], pendurar a imagem de cabeça para baixo sob a cama; ela só deve ser desvirada quando a pessoa alcançar o pedido.
* Corrida do saci: as crianças pulam em uma perna até o final de uma linha em uma corrida, imitando o movimento do personagem folclórico [[Saci|saci perere]].
* Corrida de três pés: onde dois participantes amarram uma das pernas na perna do parceiro e correm com a outra.
* Jogo de argolas: anéis são jogados em garrafas na tentativa de cair no gargalo.
* Tiro ao Alvo: lançamento de [[Dardos|dardo]] na tentativa de ganhar mais pontos.


== Críticas modernas ==
No dia 13, é comum ir à igreja para receber o "pãozinho de Santo Antônio", que é dado gratuitamente pelos frades. Em troca, os fiéis costumam deixar ofertas. O pão, que é bento, deve ser deixado junto aos demais mantimentos para que estes não faltem jamais.
Atualmente, as festas de São João são extremamente populares nas maiores cidades do Brasil. A presença de um festival celebrando a vida rural em um cenário urbano revelou [[estereótipos]] modernos de caipiras. Aqueles que residem em cidades maiores acreditam que os agricultores rurais são menos educados e incapazes de se socializar adequadamente.<ref>{{Citar periódico |url=https://journals.openedition.org/terrabrasilis/341 |título=O Sertão |data=Janeiro de 2003 |periódico=Terra Brasilis |número=4–5 |ultimo=Moraes |primeiro=Antonio Carlos Robert |series=Nova Série |doi=10.4000/terrabrasilis.341 |doi-access=free}}</ref> Isso geralmente se reflete nas caricaturas de caipiras ensinadas às crianças nas escolas brasileiras, que são instruídas a usar gramática incorreta e agir como tolos durante o festival.<ref name=":1"/> A ansiedade sobre a mudança de significado do festival também reflete uma crescente "carnavalização" da tradição. Ao invés de uma ênfase na religião, o festival é apresentado como um grande encontro para brasileiros e turistas com grandes espetáculos nas principais cidades.<ref>{{Citar periódico |título=The Other Other Festa: June Samba and the Alternative Spaces of Bahia, Brazil's São João Festival and Industries |data=2014 |periódico=Black Music Research Journal |número=2 |ultimo=Packman |primeiro=Jeff |paginas=255–283 |doi=10.5406/blacmusiresej.34.2.0255 |jstor=10.5406/blacmusiresej.34.2.0255 |volume=34}}</ref>


== Ver também ==
== Ver também ==
*[[Dia de São João]]
* [[Dia de São João]]
* [[Festa de São João do Porto]]


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Revisão das 01h57min de 4 de junho de 2023

Local da festa do São João de Caruaru, em Pernambuco
Cidade cenográfica da Festa de São João de Campina Grande, em Campina Grande, na Paraíba.

Festas juninas no Brasil, também conhecidas como festas de São João por celebrarem a natividade de São João Batista (24 de junho), são as comemorações anuais brasileiras adaptado do solstício de verão europeu que ocorre no meio do inverno do homisfério sul. Estas festividades, introduzidas pelos portugueses durante o período colonial (1500-1822), são celebradas durante o mês de junho em todo o país. A festa é celebrada principalmente nas vésperas das solenidades católicas de Santo Antônio, São João Batista e São Pedro.[1]

Como o Nordeste do Brasil é em grande parte árido ou semiárido, essas festas não apenas coincidem com o fim das estações chuvosas da maioria dos estados da região, como também oferecem às pessoas a oportunidade de agradecer a São João pela chuva. Elas também celebram a vida rural e apresentam roupas, comidas e danças típicas (principalmente a quadrilha).

Origens e história

Ver artigos principais: Festa junina e Dia de São João
Festa junina brasileira em Salvador, com bandeirinhas coloridas e dançarinos de quadrilha.

Vários aspectos do festival têm origem nas celebrações do solstício de verão europeu, como a criação de uma grande fogueira. Muitas dessas comemorações já ocorrem com influência da sociedade rural brasileira. As festividades geralmente aconteciam em um arraial, uma enorme tenda com telhado de palha que era reservada para festas importantes no interior do Brasil antigo.[2] Como o clima brasileiro é muito diferente do europeu, os participantes brasileiros costumavam usar o festival como uma forma de agradecer pela chuva.[3] Uma grande fogueira é acesa durante o festival. Isso se origina de uma história católica de uma fogueira sendo acesa para alertar Maria sobre o nascimento de João Batista e assim para ter sua assistência após o parto, Isabel teria que acender uma fogueira em um morro. A maioria dos festivais ocorria longe da costa, mais perto do interior, onde ficavam muitas plantações maiores.[2] Ainda governadas por Portugal, as cidades litorâneas, especialmente em Pernambuco, se industrializaram e tiveram uma prosperidade econômica muito maior. Na esperança de promover esse crescimento, o rei Dom João modificou sua política econômica para favorecer cidades como Recife em detrimento dos interesses rurais.[4] Conforme a festa junina continuou a ser praticada nas cidades modernas ela tornou-se muito maior. Hoje, o tamanho das celebrações ultrapassou o da Europa. Embora sejam praticados e organizados principalmente por escolas, muitas cidades organizam sua própria grande celebração. Entre as maiores festas juninas celebradas no Brasil, estão o São João de Caruaru, o São João de Campina Grande, o São João de Aracaju, o Bumba meu boi de São Luís e o Encontro Nacional de Folguedos em Teresina.[5]

Tradições

Fogueira de São João em Goiânia, Goiás.
"Quadrilha" em Sergipe, Brasil
Menina com fantasia de caipira

No Brasil, a festa é praticada principalmente por agricultores rurais, conhecidos como caipiras ou matutos. Os homens se vestem de fazendeiros com grandes chapéus de palha e as mulheres usam rabo de cavalo, sardas, dentes pintados e vestidos xadrezes.[2]

Danças ao longo do festival envolvem a quadrilha. A maioria dessas danças surgiu na Europa do século XIX, trazidas pelos portugueses. A quadrilha apresenta formações de casais em torno de um casamento simulado, cujos noivos são o foco central da dança. Isso reflete a fertilidade da terra. Existem vários tipos de dança dentro da categoria de quadrilha. A cana-verde, uma subcategoria de estilos de dança fandango, é mais popular no sul e é principalmente improvisada. As danças envolvendo o bumba meu boi também marcam presença nesta festa, onde a dança gira em torno de uma mulher que deseja comer a língua de um boi. Seu marido mata o boi, para desespero do dono do boi. Um curandeiro entra e ressuscita o boi e todos os participantes comemoram.[2]

Acompanhando essas danças está um gênero musical conhecido como forró. Este gênero tradicional utiliza principalmente sanfonas e triângulos, e tem como foco a vida e a luta dos caipiras. A música foca muito na saudade, um sentimento de nostalgia ou desamparo, pela vida rural na fazenda. Versões mais modernas da música podem incluir guitarras, violinos e bateria.

Muitas brincadeiras voltadas para o público infantil estão presentes nas festas juninas, principalmente nas festas realizadas nas escolas que servem como arrecadação de fundos.[6]

  • Pescaria: as crianças usam uma vara de pescar para pegar latas ou papel desenhado para se parecer com peixes de uma caixa.
  • Corrida do saci: as crianças pulam em uma perna até o final de uma linha em uma corrida, imitando o movimento do personagem folclórico saci perere.
  • Corrida de três pés: onde dois participantes amarram uma das pernas na perna do parceiro e correm com a outra.
  • Jogo de argolas: anéis são jogados em garrafas na tentativa de cair no gargalo.
  • Tiro ao Alvo: lançamento de dardo na tentativa de ganhar mais pontos.

Críticas modernas

Atualmente, as festas de São João são extremamente populares nas maiores cidades do Brasil. A presença de um festival celebrando a vida rural em um cenário urbano revelou estereótipos modernos de caipiras. Aqueles que residem em cidades maiores acreditam que os agricultores rurais são menos educados e incapazes de se socializar adequadamente.[7] Isso geralmente se reflete nas caricaturas de caipiras ensinadas às crianças nas escolas brasileiras, que são instruídas a usar gramática incorreta e agir como tolos durante o festival.[6] A ansiedade sobre a mudança de significado do festival também reflete uma crescente "carnavalização" da tradição. Ao invés de uma ênfase na religião, o festival é apresentado como um grande encontro para brasileiros e turistas com grandes espetáculos nas principais cidades.[8]

Ver também

Referências

  1. Various Authors (1999). «História da Festa Junina e tradiçõe». Sua Pesquisa 
  2. a b c d Rangel, Lúcia Helena Vitalli (2008). Festas juninas, festas de São João: origens, tradições e história. [S.l.]: Publishing Solutions. ISBN 978-85-61653-00-2 
  3. Bholi, Shelly (28 de junho de 2017). «Festa junina – the Winter Fest of Brazil». Evesly 
  4. Freyre, Gilberto (1986). The mansions and the shanties : the making of modern Brazil 1st complete paperback ed. Berkeley: University of California Press. ISBN 9780520056817. OCLC 14068000 
  5. Julia Latorre (26 de maio de 2014). «As cinco maiores festas juninas do Brasil». Viagem e Turismo. Consultado em 3 de junho de 2023 
  6. a b Campos, Judas Tadeu de (agosto de 2007). «Festas juninas nas escolas: lições de preconceitos» [June parties in schools: lesson of prejudice]. Educação & Sociedade (em Portuguese). 28 (99): 589–606. doi:10.1590/S0101-73302007000200015Acessível livremente 
  7. Moraes, Antonio Carlos Robert (Janeiro de 2003). «O Sertão». Terra Brasilis. Nova Série (4–5). doi:10.4000/terrabrasilis.341Acessível livremente 
  8. Packman, Jeff (2014). «The Other Other Festa: June Samba and the Alternative Spaces of Bahia, Brazil's São João Festival and Industries». Black Music Research Journal. 34 (2): 255–283. JSTOR 10.5406/blacmusiresej.34.2.0255. doi:10.5406/blacmusiresej.34.2.0255 

Ligações externas