Metilecgonidina

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de AEME)
Metilecgonidina
Alerta sobre risco à saúde
Nome sistemático Methyl (1R,5S)-8-methyl-8-azabicyclo[3.2.1]oct-2-ene-2-carboxylate
Outros nomes Anidrometilecgonina; AEME
Identificadores
Número CAS 43021-26-7
PubChem 119478
SMILES
InChI
1/C10H15NO2/c1-11-7-3-5-8(10(12)13-2)9(11)6-4-7/h5,7,9H,3-4,6H2,1-2H3/t7-,9+/m0/s1
Propriedades
Fórmula química C10H15NO2
Massa molar 181.22 g mol-1
Farmacologia
Página de dados suplementares
Estrutura e propriedades n, εr, etc.
Dados termodinâmicos Phase behaviour
Solid, liquid, gas
Dados espectrais UV, IV, RMN, EM
Exceto onde denotado, os dados referem-se a
materiais sob condições normais de temperatura e pressão

Referências e avisos gerais sobre esta caixa.
Alerta sobre risco à saúde.

Metilecgonidina (anidrometilecgonina; anidroecgonina metil éster; AEME) é um intermediário químico derivado de ecgonina [en] e cocaína. A metilecgonidina é produto de reação por pirólise, formada quando o crack é fumado, o que torna a substância útil como biomarcador para testes de drogas voltados especificamente para detectar o uso de crack, pois a cocaína em pó (cloridrato de cocaína) não forma metilecgonidina como metabólito.[1]

A metilecgonidina tem uma meia-vida biológica relativamente curta de, em média, 18 a 21 minutos, quando é metabolizada em ecgonidina, por isso as concentrações relativas dos dois compostos podem ser usadas para estimar o quão recentemente o crack foi fumado. A metilecgonidina demonstrou ser especificamente mais prejudicial ao corpo do que outros subprodutos da cocaína; por exemplo para o coração,[2] pulmões[3] e fígado.[4] A toxicidade elevada se deve a um efeito agonista parcial nos receptores muscarínicos M1 e M3, levando à fragmentação do DNA espermático e morte celular por apoptose.[5]

A AEME também é usada em pesquisas científicas para a síntese de análogos de feniltropano, como troparil, dicloropano e iometopano. A metilecgonidina também pode ser usada para produzir cocaína e, portanto, pode ser uma substância controlada em alguns países.

Síntese[editar | editar código-fonte]

A metilecgonidina também pode ser sintetizada por meios além de prólise, por exemplo, a partir da cocaína via hidrólise/desidratação[6] seguida de esterificação com metanol.[7][8]

Síntese de metilecgonidina

A síntese proposta por Kline[9] é baseada na reação do ácido 2,4,6-cicloheptatrieno-7-carboxílico com metilamina. Essa é uma versão modificada da síntese patenteada por Grundmann e Ottmann. Em outro método de síntese registrado pelos mesmos autores, a metilecgonidina reage com dois equivalentes de fenil-lítio para formar um álcool terciário em um éster por meio da adição de Michael. No entanto, o produto possui apenas 10% da potência da atropina.[10]

Síntese de metilecgonidina por Kline[9]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Scheidweiler KB, Plessinger MA, Shojaie J, Wood RW, Kwong TC (dezembro de 2003). «Pharmacokinetics and pharmacodynamics of methylecgonidine, a crack cocaine pyrolyzate». The Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics. 307 (3): 1179–87. PMID 14561847. doi:10.1124/jpet.103.055434 
  2. Pharmacokinetics and Pharmacodynamics of Methylecgonidine, a Crack Cocaine Pyrolyzate - Scheidweiler et al. 307 (3): 1179 Figure IG6 - Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics
  3. Yang Y, Ke Q, Cai J, Xiao YF, Morgan JP (janeiro de 2001). «Evidence for cocaine and methylecgonidine stimulation of M(2) muscarinic receptors in cultured human embryonic lung cells». British Journal of Pharmacology. 132 (2): 451–60. PMC 1572570Acessível livremente. PMID 11159694. doi:10.1038/sj.bjp.0703819 
  4. Fandiño AS, Toennes SW, Kauert GF (dezembro de 2002). «Studies on hydrolytic and oxidative metabolic pathways of anhydroecgonine methyl ester (methylecgonidine) using microsomal preparations from rat organs». Chemical Research in Toxicology. 15 (12): 1543–8. PMID 12482236. doi:10.1021/tx0255828 
  5. Garcia RC, Dati LM, Torres LH, da Silva MA, Udo MS, Abdalla FM, et al. (dezembro de 2015). «M1 and M3 muscarinic receptors may play a role in the neurotoxicity of anhydroecgonine methyl ester, a cocaine pyrolysis product». Scientific Reports. 5. 17555 páginas. Bibcode:2015NatSR...517555G. PMC 4667193Acessível livremente. PMID 26626425. doi:10.1038/srep17555 
  6. Basmadjian GP, Singh S, Sastrodjojo B, Smith BT, Avor KS, Chang F, et al. (novembro de 1995). «Generation of polyclonal catalytic antibodies against cocaine using transition state analogs of cocaine conjugated to diphtheria toxoid». Chemical & Pharmaceutical Bulletin. 43 (11): 1902–11. PMID 8575031. doi:10.1021/ja01502a049 
  7. De Jong AW (1937). «Some properties of the ecgonines and their esters II. The structural formulae of the ecgonines and ecgonidine.». Recueil des Travaux Chimiques des Pays-Bas. 56 (2): 186–97, 198–201. doi:10.1002/recl.19370560215 
  8. Matchett JR, Levine J (1941). «Isolation of Ecgonidine Methyl Ester from Coca Seeds 1». J. Am. Chem. Soc. 63 (9): 2444–2446. doi:10.1021/ja01854a038 
  9. a b Kline RH, Wright J, Fox KM, Eldefrawi ME (julho de 1990). «Synthesis of 3-arylecgonine analogues as inhibitors of cocaine binding and dopamine uptake». Journal of Medicinal Chemistry. 33 (7): 2024–7. PMID 2362282. doi:10.1021/jm00169a036 
  10. «Methyl 2,4,6-cycloheptatriene-1-carboxylate - C9H10O2, density, melting point, boiling point, structural formula, synthesis»