Acrididae

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Gafanhoto do Egito (Anacridium aegyptium)
Gafanhoto do Egito (Anacridium aegyptium)
Classificação científica
Reino: Animalia
Divisão: Neoptera
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Subclasse: Pterygota
Ordem: Orthoptera
Família: Acrididae MacLeay, 1821
Subfamília: Ver Tabela 1.
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Eyprepocnemis plorans.

Os Acrididae (em português: acrídios[1]), comummente conhecidos como gafanhotos[2] ou saltões[3], estão entre os insetos terrestres mais conhecidos[4]. São herbívoros e podem ser encontrados em pastagens de todo o mundo, exercendo um papel importante na ciclagem de nutrientes e podendo servir como fonte de alimento para invertebrados e vertebrados[4].

Muitas espécies desta família são consideradas importantes pragas agrícolas, principalmente quando realizam surtos em grande escala, gerando prejuízos[4]. Entre as mais conhecidas e estudadas, estão as espécies Locusta migratoria (Linnaeus, 1758), Rhammatocerus schistocercoides (Rehn, 1906), Schistocerca cancellata (Serville, 1838) e Schistocerca gregaria (Forskål, 1775). Porém, algumas podem ser benéficas sendo utilizadas como agentes de controle biológico, por exemplo a espécie Cornops aquaticum (Bruner, 1906) que se alimenta de plantas que são pragas de lagos artificiais ou naturais, ou então alimentando-se de ervas daninhas que podem ser prejudiciais para o gado e outros animais, como é o caso da espécie Hesperotettix viridis (Thomas, 1872)[4].

Nos acrídios, é comum encontrar-se algumas espécies que passam o inverno sob a forma de ovo ou ninfa (são insetos paurometábolos), sendo que poucas são as que passam essa estação do ano sob a forma de adulto[5]. Os machos deste grupo possuem uma fileira de pequenos pinos estridulatórios na superfície interna do fêmur posterior, com os quais produzem um som similar ao de um zumbido baixo[5].

Portugal[editar | editar código-fonte]

Há cerca de 200 espécies conhecidas de gafanhotos em Portugal.[6]

De acordo com a Lista Vermelha de Grilos, Gafanhotos e Saltões[7], criada pela União Europeia, a maioria das espécies identificadas em Portugal foi encontrada em prados (51,6% do total) e em matagais (47,3%). Também foram identificadas nas florestas (18,8%), em habitats artificiais, como jardins ou quintas (16,7%), em terrenos rochosos (10,9%) e, ainda, em habitats subterrâneos (7,6%).[6]

Brasil[editar | editar código-fonte]

No Brasil, podem ser encontrados em regiões florestais; de vegetação aberta, como campos e cerrados; regiões secas, como a Caatinga; e regiões úmidas, como alagados e banhados, sendo a família com maior número de espécies para o país, com mais de 360, distribuídas por 129 gêneros e 10 subfamílias[8]. Os acridídeos são extremamente diversos no seu tamanho e forma corporal, assim como na biologia e ecologia[8].

Biogeografia, taxonomia e filogenia[editar | editar código-fonte]

Esta família possui mais de 6.500 espécies válidas, representando a linhagem mais diversa dentro da subordem Caelifera[9]. Provavelmente teve a sua origem no início do Cenozóico, diversificando-se até o final dessa mesma Era[4]. Os principais continentes já se encontravam separados nessa altura, o que sugere que essa dispersão teve um importante papel nos padrões biogeográficos observados nos acrídios modernos[4]. Possui 26 subfamílias, sendo que cinco são cosmopolitas, 14 restritas ao Velho Mundo e sete ao Novo Mundo, principalmente na América Central e do Sul (ver Tabela 1)[4].

Possuem as seguintes características diagnósticas[5]: (1) antenas curtas e robustas, (2) órgãos auditivos (tímpanos) situados na lateral do primeiro segmento do abdómen, (3) tarso com três segmentos e, (4) ovipositor curto. As asas podem ser desenvolvidas, braquípteras, micrópteras ou ausentes[8]. Geralmente, possuem a coloração cinza ou acastanhada, podendo apresentar cores brilhantes nas asas posteriores[8].

Um recente estudo recuperou a família como monofilética e propôs-se que os acrídios ter-se-ão originado na América do Sul, indo contra a crença de que o centro da sua origem é em África.[4]

Tabela 1. As 26 subfamílias atualmente reconhecidas na família Acrididae, com o número de gêneros e espécies, além da sua distribuição.[4]
Subfamília Número de gêneros Número de espécies Distribuição
Acridinae 141 483 Cosmopolita
Calliptaminae 12 92 Velho Mundo
Catantopinae 341 1077 Velho Mundo
Copiocerinae 21 90 Novo Mundo
Coptacrinae 20 116 Velho Mundo
Cyrtacanthacridinae 36 162 Cosmopolita
Egnatiinae 9 36 Velho Mundo
Eremogryllinae 2 5 Velho Mundo
Euryphyminae 23 87 Velho Mundo
Eyprepocnemidinae 26 159 Velho Mundo
Gomphocerinae 192 1274 Cosmopolita
Habrocneminae 2 3 Velho Mundo
Hemiacridinae 38 122 Velho Mundo
Leptysminae 21 79 Novo Mundo
Marelliinae 1 1 Novo Mundo
Melanoplinae 145 1173 Cosmopolita
Oedipodinae 137 792 Cosmopolita
Ommatolampidinae 114 292 Novo Mundo
Oxyinae 37 307 Velho Mundo
Pauliniinae 1 1 Novo Mundo
Pezotettiginae 2 10 Velho Mundo
Proctolabinae 29 215 Novo Mundo
Rhytidochrotinae 20 47 Novo Mundo
Spathosterninae 3 12 Velho Mundo
Teratodinae 8 24 Velho Mundo
Tropidopolinae 11 34 Velho Mundo

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. S.A, Priberam Informática. «acrídio». Dicionário Priberam. Consultado em 2 de março de 2023 
  2. S.A, Priberam Informática. «gafanhoto». Dicionário Priberam. Consultado em 2 de março de 2023 
  3. S.A, Priberam Informática. «saltão». Dicionário Priberam. Consultado em 2 de março de 2023 
  4. a b c d e f g h i Song, Hojun; Mariño-Pérez, Ricardo; Woller, Derek A; Cigliano, Maria Marta (1 de julho de 2018). «Evolution, Diversification, and Biogeography of Grasshoppers (Orthoptera: Acrididae)». Insect Systematics and Diversity (em inglês) (4). 3 páginas. ISSN 2399-3421. doi:10.1093/isd/ixy008. Consultado em 28 de outubro de 2020 
  5. a b c ESTUDO DOS INSETOS – Tradução da 7ª edição de Borror and Delong’s Introduction to the Study of Insects. [S.l.: s.n.] 
  6. a b Serafim, Teresa. «Seguindo o rasto dos gafanhotos e grilos na Europa». PÚBLICO. Consultado em 2 de março de 2023 
  7. European Commission. Directorate General for the Environment.; International Union for Conservation of Nature (IUCN).; Butterfly Conservation Europe. (2016). European red list of grasshoppers, crickets and bush-crickets. LU: Publications Office 
  8. a b c d Rafael, José Albertino. (2012). Insetos do Brasil : diversidade e taxonomia. Ribeirão Preto, SP: Holos Editora. OCLC 826299601 
  9. «family Acrididae MacLeay, 1821: Orthoptera Species File». orthoptera.speciesfile.org. Consultado em 20 de novembro de 2020 

Referências adicionais[editar | editar código-fonte]


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