Cerco de Tarnovo

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Cerco de Tarnovo
Guerras búlgaro-otomanas

Tarnovo Medieval, mostrando Tsarevets e Trapezitsa.
Data abril de 1393 - 17 de julho de 1393
Local Tarnovo, Bulgária
Coordenadas 43° 05' N 25° 39' E
Desfecho Vitória otomana decisiva
Beligerantes
Segundo Império Búlgaro Império Búlgaro Império Otomano Império Otomano
Comandantes
Segundo Império Búlgaro Patriarca Eutímio da Bulgária Império Otomano Suleiman Çelebi
Baixas
Pesadas Pesadas
Tarnovo está localizado em: Bulgária
Tarnovo
Localização de Tarnovo no que é hoje a Bulgária

O Cerco de Tarnovo, também Queda de Tarnovo, ocorreu na primavera de 1393 e terminou numa vitória decisiva para o Império Otomano, pois, com a queda de sua capital, o Império Búlgaro foi reduzido a uma poucas fortalezas ao longo do Danúbio.

Cerco[editar | editar código-fonte]

Tarnovo era a maior e mais importante das cidades búlgaras, em tamanho, tesouros e fortificações, algumas naturais e outras, artificiais. Por isso, foi o primeiro alvo das forças turcas na guerra contra a Bulgária.

Na primavera de 1393, Bajazeto I reuniu suas tropas da Ásia Menor, cruzou o Helesponto e se juntou ao exército ocidental, que, nesta altura, provavelmente incluía alguns governantes cristãos da Macedônia. Ele encarregou o comando da imensa força ao seu filho, Solimão, o Cavalheiro, e ordenou-lhe que partisse para Tarnovo. Rapidamente a cidade foi cercada e os turcos ameaçaram a população com fogo e morte se não se rendessem.

A população resistiu, mas acabou se rendendo após um cerco de três meses após um ataque vindo da direção de Tsarevets em 17 de julho de 1393. A "Igreja da Ascensão", sede do Patriarcado da Bulgária, foi imediatamente transformada numa mesquita, enquanto que as demais igrejas seguiram o mesmo caminho ou foram transformadas em banhos ou estábulos. Todos os palácios e igrejas de Trapezitsa foram queimados e arrasados, o mesmo destino do palácio do tsar em Tsarevets, do qual somente as paredes e as torres ainda existiam no século XVII.

Na ausência do czar João Sismanes, que estava liderando o que restava de suas tropas para a fortaleza de Nicópolis, o principal líder búlgaro na cidade foi o patriarca Eutímio (Evtimiy). Ele foi até o acampamento turco com a intenção de persuadir o comandante turco, que, apesar de ter ouvido educadamente às demandas do patriarca, cumpriu pouco do que prometeu depois da conquista.

Çelebi deixou a cidade depois de nomear um comandante local. O novo governador reuniu todos os cidadãos eminentes e os boiardos da cidade sob um falso pretexto e os matou todos. De acordo com a lenda, Eutímio foi sentenciado à morte, mas se salvou no último minuto por um milagre.

Consequências[editar | editar código-fonte]

Posteriormente, os demais cidadãos importantes foram exilados para a Ásia Menor e seus traços históricos se perderam. O patriarca foi também exilado, mas para a Trácia, onde morreu e, posteriormente, foi canonizado como santo nacional por seu povo.

Os cidadãos que ficaram na cidade testemunharam o que foi descrito por fontes contemporâneas como "uma completa devastação da cidade". Colonos turcos ocuparam Tsarevets, que passou a se chamar Hisar. Os discípulos de Eutímio se dispersaram para a Rússia e para a Sérvia, levando consigo os livros búlgaros da mesma forma que fariam os gregos cultos anos depois com os antigos clássicos levados de Constantinopla. Muitos comerciantes e boiardos se converteram ao islamismo e a famosa Igreja dos Quarenta Santos Mártires, construída por João Asen II, um pouco danificada pela batalha, foi convertida numa mesquita.

A queda de Tarnovo e o exílio do patriarca Eutímio marcam a destruição da igreja nacional búlgara. Ainda em 1394, o patriarca de Constantinopla nomeou o metropolita da Moldávia como responsável pelos fiéis de Tarnovo, para onde ele se mudou no ano seguinte. Em 1402, a cidade conseguiu ter novamente seu próprio metropolita, subordinado ao patriarca de Constantinopla. Desta forma, enquanto o estado búlgaro caiu sob o domínio otomano, sua igreja foi dominada pela grega.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Este artigo incorpora texto da Geschichte der Bulgaren (1876), de K. J. Jireček, uma publicação agora em domínio público.