Coremas (tribo)

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Coremas
População total

Extinta

Regiões com população significativa
 Paraíba
 Rio Grande do Norte[nota 1]
Línguas
Língua tupi
Religiões
Animismo, xamanismo
Grupos étnicos relacionados
Outras tribos Tarairiús

Os Coremas foram um grupo indígena pertencentes à grande nação Cariris,[nota 2] que habitava o oeste do estado brasileiro da Paraíba, onde hoje está situada a cidade de Coremas. Tal povo teve como um dos líderes principais o cacique de nome Piancó (em língua tupi, «temor ou medo»).

O vale que outrora era ocupado pela tribo é até hoje chamado de Vale do Piancó.[1]

Características

Os Coremas ficaram conhecidos por serem bastantes aguerridos e valentes, tanto com as outras tribos tapuias como no contato direto com o colonizador. Foram, junto aos Panatis, os últimos a manterem relações amigáveis com o homem civilizado. Eram amantes de suas terras e tradições, o que os fizeram resistentes ao homem branco colonizador.

Viviam em inúmeras aldeias separadas por distâncias variadas, praticando rudimentarmente a pesca e a agricultura de subsistência (frutos silvestres e raízes).

Em um trecho do livro Guerreiros do sol: o banditismo no Nordeste do Brasil lê-se:

«(...) Teodósio de Oliveira Ledo, por exemplo, levou a cabo no início do século XVIII contra a nação dos Tapuias, dos Pegas e dos Coremas, para que pudesse se estabelecer com sua gente nos campos do Piancó, nos sertões paraibanos.»[1]

Histórico

Tratado de paz

Tempos depois da pacificação entre índios e brancos (colonizadores), deu-se o processo de catequização, realizado por missionários católicos, principalmente padres e frades. Por meio dessa influência os então denominados «gentis» se tornavam cristãos à força, adotando a religião católica e começando a utilizar nomes aportuguesados. Isso logo os levou a adquirir novos costumes, fazendo-os esquecer aos poucos suas tradições selvagens.

Foi no governo de Dom João Alencastro (16941702), da Bahia, que ocorreu a autorização para povoar e criar em definitivo, as fazendas de gado na região do rio Piancó (autorizando inclusive, se necessário, exterminar as populações indígenas locais). Coube a ingrata tarefa ao capitão-mor Manoel de Araújo Carvalho, que segundo alguns historiadores, conseguiu realizar um acordo de paz entre os indígenas e colonizadores, favorecendo desse modo o início do povoamento da região.[2]

Finalmente, já no governo português de Dom José I (1750-1777), seu primeiro-ministro Sebastião José de Carvalho e Melo - o Marquês de Pombal, nomeou o Juiz Dr. Miguel Pina de Caldeira Castelo Branco, residente em Olinda-PE. Este ficou famoso por algumas dezenas de medidas, dentre elas, aquela que autorizou as transferências de locais, tradicionalmente habitado pelos índios, ou seja, fizeram as mudanças de enormes contingentes populacionais (tribos inteiras) de uma região para outra, normalmente bem distantes dos locais de origens. Isto contribuiu para o aniquilamento de inúmeras tribos devido as novas doenças, fome, isolamento dentre outros motivos, deu-se então, a aculturação dos costumes e a eliminação pura e simples da presença indígena na formação das populações.

Transferência e extinção

Os Coremas foram todos transferidos para regiões distantes do sertão, principalmente para o litoral, sendo uma das cidades escolhida Pilar, no agreste paraibano, onde já habitavam os índios Bultrins, também transferidos de suas terras ancestrais. Outra parte da tribo, contudo, foi fixada no litoral do estado do Rio Grande do Norte, com promessas ardilosas.

Tal episódio explica por que os mais antigos habitantes do local não chegaram a conhecer os verdadeiros índios Coremas. É fato que as mais tradicionais famílias do município, não apresenta nenhuma característica indígena nas suas gerações por não haver mistura de raça entre os colonizadores e os índios daquela região. Fica registrado que mesmo tendo o nome de origem indígena, o município de Coremas-PB não possui atualmente nenhuma presença da cultura indígena, o que é lamentável sob vários aspectos.

Notas

  1. Após transferência forçada e assimilação étnica.
  2. Também denominado Kariri.

Referências

  1. a b MELLO, Frederico Pernambucano de (1985). Guerreiros do sol: o banditismo no Nordeste do Brasil. [S.l.]: Governo de Pernambuco. 310 páginas 
  2. O espaço sertanéjo: deslocamento da fronteira e massacre dos indígenas. [S.l.]: A União Editora. 1997. 22 páginas 
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