Correio dos Ferroviários
Correio dos Ferroviários | |
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Frequência | Mensal |
Circulação | Nacional, contingente ferroviários |
Fundação | 1933 |
Primeira edição | outubro de 1933 |
País | Brasil |
Idioma | (em português) |
Correio dos Ferroviários foi uma revista de publicação oficial interna da RVPSC (Rede de Viação Paraná-Santa Catarina), editada desde outubro de 1933 e distribuída para todas as ferrovias do país e para a administração da RFFSA, chegando a alcançar, em alguns períodos, uma tiragem variável entre 11,5 a 13 mil exemplares.[1] A revista foi fundada por Antônio Dantas,[2] era editada em Curitiba, e tinha tiragem mensal, tendo veiculado até 1973/ 1974. Apresentava notícias nacionais, internacionais e, em especial, aquelas que dissessem respeito à Rede Ferroviária. Divulgava os “Atos da Diretoria”, a “Caixa de Aposentadoria e Pensão dos Ferroviários” (C.A.P.), crônicas de ferroviários apaixonados pela Rede, dicas de beleza e etiqueta na “Página da Mulher”, aniversariantes do mês, além de prestar homenagens a figuras que foram importantes para a RVPSC.[3]
A partir de 1949, teve início a segunda fase do “Correio dos Ferroviários”, caracterizada pela ausência de propagandas devido à tutela da RVPSC. Reiniciou, assim, a numeração como ano I, em 1949.[4]
Seções[editar | editar código-fonte]
- “Página da Mulher”
- “Crônicas Meu Marido Um Ferroviário”. O concurso de crônicas “Meu Marido Um Ferroviário” foi lançado em setembro de 1965, e era dirigido a todas as esposas de ferroviários, exceto aqueles que ocupassem cargos de confiança.[3] Melo (2008) observa que “coincidentemente ou não, esse concurso foi lançado logo após o Golpe Militar de 1964. Nesse contexto, a valorização de um determinado perfil de trabalhador – o que não é novo na história – ganhava contornos significativos se pensarmos que as ferrovias eram consideradas áreas estratégicas dentro da concepção de segurança nacional dos Governos Militares”.[3]
- “Nos Domínios da Gramática”, coluna mantida por Nilo Brandão de 1952 a 1961, na qual respondia questões e prestava os mais diversos esclarecimentos em torno da língua portuguesa.
- “Corrija se souber”: coluna também mantida por Nilo Brandão.
- O que vai pelo mundo e ferrovias pitorescas: notícias sobre as ferrovias internacionais, enfatizando sua importância social e econômica bem como os investimentos em tecnologia.[3]
- “Notas ferroviárias”: informações pontuais sobre a carreira ferroviária como um todo e notícias específicas sobre as demais redes ferroviárias brasileiras.
- “Seja ilustrado”: dedicada a curiosidades e conhecimentos gerais.
- “Segurança do trabalho e higiene”: discorria sobre as condições de trabalho dentro da RVPSC.
- “Nossa gente”
- “Vida de um ferroviário”: as duas seções dedicavam-se a dar visibilidade à vida cotidiana, familiar e à trajetória profissional de alguns ferroviários, prestando, na maioria das vezes, homenagens póstumas.[3]
- “Humor ferroviário”: representava por meio de charges situações “engraçadas” da vida nos trens e trilhos.
Todas as seções acima, com algumas pequenas variações, foram mais ou menos permanentes ao longo dos anos, além de artigos, entrevistas, crônicas e notícias sobre o mundo e sobre o contingente ferroviário.
Colaboradores[editar | editar código-fonte]
A revista contou, ao longo de sua existência, com a colaboração literária de escritores, poetas, jornalistas e até anônimos, como era o caso das crônicas “Meu Marido Um Ferroviário”, escritas por esposas de ferroviários. Entre os colaboradores mais famosos figuraram: José Petroski, Denisar Zanello Miranda,[2] Nilo Brandão, Euro Brandão, Raquel Prado, Adolpho Werneck, Newton Sampaio, Manoel de Oliveira Franco Sobrinho,[5] Leonor Castellano, Luiz Antônio Solda, Alceu Chichorro, Carlos Klug, Faria Júnior (caricaturas), Helmuth Erich Wagner, além de apresentar textos e poesias de autores como Cruz e Sousa, Raquel de Queirós, e outros.
José Maria Petroski[editar | editar código-fonte]
José Petroski, falecido em 2005, teve entre outras atribuições, como funcionário da Rede de Viação Paraná-Santa Catarina, a gerência da revista “Correio dos Ferroviários”.
Nilo Brandão[editar | editar código-fonte]
O professor de português Nilo Brandão (1895-1967) foi diretor do “Correio dos Ferroviários” entre outubro de 1952 e 1961,[2] e criou as colunas "Nos Domínios da Gramática" e "Corrija se souber", nas quais, respondendo a perguntas de leitores, transmitia informações gramaticais.
Adolpho Werneck[editar | editar código-fonte]
O poeta, jornalista, humorista e charadista Adolpho Werneck (1877 – 1932) teve vários de seus trabalhos publicados, postumamente, nas páginas do “Correio dos Ferroviários”, inclusive uma homenagem, a poesia “In memoriam” de seu filho, Arion Werneck de Capistrano, na edição de setembro de 1934.
Newton Sampaio[editar | editar código-fonte]
O romance incompleto “Dor”, de Newton Sampaio, tem o único registro na publicação do seu terceiro capítulo, intitulado "Volta ao lar", no número 9, de junho de 1934, do “Correio dos Ferroviários”.[6] Outro trabalho de Sampaio publicado pelo Correio foi “Carnaval de Camelô”, em janeiro de 1936.
Denisar Zanello Miranda[editar | editar código-fonte]
Engenheiro graduado em 1956 pela Universidade Federal do Paraná, professor, foi editor por mais de 10 anos do “Correio dos Ferroviários”.[7]
Leonor Castellano[editar | editar código-fonte]
Na década de 1930, a escritora e feminista Leonor Castellano dirigiu algumas colunas femininas no “Correio dos Ferroviários”,[8] pertencendo ao Conselho da revista por duas décadas. Atuou na revista ao lado de Ilnah Secundino e Rosy Pinheiro Lima, as três pertencentes ao Centro Paranaense Feminino de Cultura.
Raquel Prado[editar | editar código-fonte]
Jornalista e escritora curitibana, Raquel Prado (1891-1943),[9] teve vários de seus textos publicados no “Correio dos Ferroviários”. .
Luiz Antônio Solda[editar | editar código-fonte]
Luiz Antônio Solda, paulista nascido em Itararé, mudou-se para Curitiba em 1966 e foi auxiliar de escritório na Rede Ferroviária Federal, participando como ilustrador da revista “Correio dos Ferroviários”.
Alceu Chichorro[editar | editar código-fonte]
O jornalista, poeta e chargista curitibano Alceu Chichorro (1896-1977) participou do “Correio dos Ferroviários” na década de 1930.[10]
Carlos Klug[editar | editar código-fonte]
Trabalhou durante 35 anos nas áreas administrativas da Rede de Viação Paraná-Santa Catarina (RVPSC) e Rede Ferroviária Federal S.A (RFFSA). Produziu contos, artigos e poemas para jornais e para a revista "Correio dos Ferroviários", assinando como Carlos Klug, Carlito ou, ainda, usando os pseudônimos "Cirano" e "K.Litto". Aposentou-se da RFFSA no ano de 1980. Possuía uma grande paixão a filha Perci Cristina Klug, única filha menina de seu segundo casamento com sua segunda esposa Iraci da Silva.
Manoel de Oliveira Franco Sobrinho[editar | editar código-fonte]
Manoel de Oliveira Franco Sobrinho foi um advogado, juiz, jornalista, administrador público, político, professor e escritor que atuou na cidade de Curitiba, escrevendo vários livros na área jurídica. Colaborou com a revista “Correio dos Ferroviários” nos anos 1930.
Edições especiais[editar | editar código-fonte]
Ano | Fascículo | Data | Assunto relevante | |||
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1933 | ||||||
I | 1 | outubro 1933 | Início da Revista Correio dos Ferroviários. | |||
1934 | ||||||
I | 9 | junho 1934 | Fundação da Escola de Artes e Ofícios em Curitiba, telefonia, regulamentação do trabalho dos ferroviários. O romance incompleto “Dor”, de Newton Sampaio, tem o único registro na publicação do seu terceiro capítulo, intitulado “Volta ao lar”, neste número do Correio dos Ferroviários | |||
I | 10 | julho 1934 | Constituinte, viação férrea nacional, administração. | |||
I | 11 | agosto 1934 | Linha Itararé-Uruguai, fusão dos sindicatos da linha Paraná e Itararé-Uruguai, Lei de Aposentadoria. Publicação da poesia “Fábula”, de Adolpho Werneck (póstuma). | |||
I | 12 | setembro 1934 | Primeiro aniversário, histórico da revista, monumentos artísticos ferroviários, carvão, eleições sindicais, Associação Beneficente 26 de Outubro, União de Socorro e de Consumo dos Ferroviários, Clube Atlético Ferroviário. Publicação da poesia “In Memoriam”, de Arion Werneck de Capistrano, em homenagem póstuma a seu pai, o poeta Adolpho Werneck, (falecido em 1932). | |||
II | 1 | outubro 1934 | Aumento de vencimentos (mês da greve), direito ferroviário (pensões). | |||
II | 2 | novembro 1934 | Aumento de vencimentos: tabela de máximos conseguidos, exigência de mínimos. | |||
II | 3 | dezembro 1934 | Escola de Artes e Ofícios. | |||
1935 | ||||||
II | 6 | março 1935 | Cinquentenário da Estrada de Ferro do Paraná. Apresenta na capa a “Medalha Comemorativa” ao cinquentenário. “O destino do Nosso Mundo”, de Manoel de Oliveira Franco Sobrinho. | |||
II | 7 | abril 1935 | Publicação da poesia “Na hora do Silêncio”, de Adolpho Werneck (póstuma). | |||
1936 | ||||||
III | 4 | janeiro 1936 | Construção de casas para os ferroviários. Outro trabalho de Newton Sampaio é publicado neste número, intitulado “Carnaval de Camelô”. Publicação do “Decálogo”, de Adolpho Werneck (póstumo). | |||
III | 6 | março 1936 | Centro dos Ferroviários. Este exemplar marca o início das matérias sobre comunismo, URSS e as impressões da viagem de um correspondente na Alemanha. | |||
III | 7 | abril 1936 | As condições de vida do ferroviários. | |||
IV | 1 | outubro 1936 | O que almejam os ferroviários. | |||
1937 | ||||||
IV | 11 | agosto 1937 | As nossas estações e a sua estética. | |||
IV | 12 | setembro 1937 | O novo regulamento para construção de casas pela C.A.P. (Caixa de Aposentadoria e Pensão) | |||
V | 1 | outubro 1937 | Construção de casas para os ferroviários. | |||
V | 2 | novembro 1937 | Construção de casas. | |||
1938 | ||||||
V | 6 | março 1938 | Casas para os ferroviários. | |||
V | 7 | abril 1938 | Construção de casas para os ferroviários. | |||
1949 | ||||||
I (Nova Fase) | 1 | outubro 1949 | Este exemplar marca o início da Nova Fase da revista, caracterizada pela ausência de propagandas devido à tutela da RVPSC. | |||
1953 | ||||||
O Presidente Vargas em Curitiba. | ||||||
1963 | ||||||
XV | 10 | Usina Marumbi. | ||||
1965 | ||||||
XVI (Nova Fase) | fevereiro de 1965 | Edição especial, comemoração de 80 anos da RVPSC. Texto sobre o assassinato do Barão do Serro Azul em 1894 que, embora estivesse sob a custódia das tropas comandadas pelo Marechal Floriano Peixoto, foi executado (com mais 5 pessoas) no km 65 da ferrovia Curitiba-Paranaguá, onde hoje há uma cruz em sua homenagem. | ||||
XVI (Nova Fase) | setembro de 1965 | O concurso de crônicas “Meu Marido Um Ferroviário” foi lançado, e era dirigido a todas as esposas de ferroviários, exceto aqueles que ocupassem cargos de confiança.[3] Na capa: “Escreva um artigo e ganhe Cr$ 150.000 em Prêmios!”. | ||||
1966 | ||||||
XVII (Nova Fase) | abril 1966 | 31 de março: 2º Aniversário da Revolução democrática. | ||||
XVII (Nova Fase) | julho 1966 | Engenheiro Euro Brandão é o novo superintendente da RVPSC. Artigo: “RVPSC – Alta Eficiência no Transporte de Derivados de Petróleo”. A Idade de Ouro das ferrovias. | ||||
1967 | ||||||
XVIII (Nova Fase) | 400 | fevereiro 1967 | Como se localizou a estação de Curitiba. | |||
XVIII (Nova Fase) | 406 | agosto 1967 | Sinalização ferroviária. | |||
XVIII (Nova Fase) | 407 | setembro 1967 | Novo centro de treinamento no Rebouças. | |||
XIX (Nova Fase) | 409 | novembro 1967 | RVPSC (breve histórico, condições das linhas, linhas novas e variantes, o que transportamos, perspectivas) | |||
1969 | ||||||
XX (Nova Fase) | 429 | agosto 1969 | Por Raquel de Queirós, “Trem de Ferro”. Na capa, Vera Fischer coroada Miss Brasil e homenagem da chegada do homem à lua. | |||
1970 | ||||||
XXI (Nova Fase) | 434 | janeiro 1970 | Noruega, circuito por ferrovia. | |||
XXI (Nova Fase) | 438 | junho 1970 | Propaganda ferroviária. | |||
XXII (Nova Fase) | 444 | dezembro 1970 | Curitiba - Paranaguá, viagem de sonho. Aramis Millarch fala da seriedade dos quadrinhos. | |||
1971 | ||||||
XXIII (Nova Fase) | 449 | nov/dez 1971 | Um pouco da história da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. “Canção de Protesto – instrumento subversivo”. | |||
1973 | ||||||
XXIV (Nova Fase) | 465 | julho 1973 | Artigo de Sérgio Augusto sobre Histórias em quadrinhos – “Quadrinhos antecipam a conquista de novos mundos”. Publicação das tiras marginais de Sergio Aragonés, nas páginas internas. |
Notas e referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ PETUBA, Rosângela Maria Silva. A RVPSC em revista: ferrovia e trabalho ferroviário em busca de novos sentidos – Paraná (1955 -1973), 2006
- ↑ a b c Nilo Brandão
- ↑ a b c d e f MELO, Giselia dos Santos; BONI, Maria Ignês Mancini de. Ao Som do Apito: Vila Oficinas, Controle e Disciplinarização do Ferroviário (Curitiba, 1945-1960)[ligação inativa], Universidade Tuiuti do Paraná, 2008. Acessado em 22-09-2012.
- ↑ Paisagens ferroviárias Acesso em 2010
- ↑ Instituto Manoel de Oliveira Franco
- ↑ GUINSKI, Lílian Deise de Andrade Guinski. Newton Sampaio: um escritor paranaense Arquivado em 18 de março de 2014, no Wayback Machine.
- ↑ MILLARCH, Aramis. Tablóide Digital, Jornal o Estado do Paraná, 16-10-1975, p. 4.
- ↑ ZOMER, Lorena. História de uma boa feminista: trajetória intelectual de Leonor Castellano em Curitiba, 1924-1967[ligação inativa]. Florianópolis: UFSC, 2011.
- ↑ Paraná On Line
- ↑ Revistas Curitibanas