Alfred Dreyfus: diferenças entre revisões

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'''Alfred Dreyfus''' ([[Mulhouse]], [[9 de outubro]] de [[1859]] — [[Paris]], [[12 de julho]] de [[1935]]) foi um capitão do [[exército]] [[frança|francês]] de origem [[judaísmo|judaica]]. Injustamente acusado e condenado por traição - depois anistiado e reabilitado - foi o centro de um famoso episódio de conotações sociais e políticas, durante a [[Terceira República]] [[França|francesa]], e que ficou conhecido como o [[caso Dreyfus]].
'''Alfred Dreyfus''' ([[Mulhouse]], [[9 de outubro]] de [[1859]] — [[Paris]], [[12 de julho]] de [[1935]]) foi um [[capitão]] do [[exército]] [[frança|francês]] de origem [[judaísmo|judaica]]. Injustamente acusado e condenado por [[traição]] - depois [[anistia]]do e [[Reabilitação|reabilitado]] - foi o centro de um famoso episódio de conotações sociais e políticas, durante a [[Terceira República]] [[França|francesa]], e que ficou conhecido como o [[caso Dreyfus]].


== O Caso ==
== O Caso ==

Em [[1894]], Alfred Dreyfus foi acusado pelos monarquistas de ter vendido segredos militares aos alemães. Incriminado por um conjunto de documentos falsos, foi condenado à prisão perpétua na [[Ilha do Diabo]], na [[Guiana Francesa]]. Seu caso repercutiu por todo o mundo. Inserida no quadro de uma campanha [[nacionalista]] e [[revanchista]] contra a [[Alemanha]] que acabou por assumir características de [[anti-semitismo]] -com a condenação dos [[judeus]] como não-franceses - essa farsa, entretanto, foi sendo aos poucos esclarecida graças à atuação dos escritores [[Anatole France]](1844-1924) e [[Émile Zola]] (1840-1902), além do brasileiro Rui Barbosa, uma das vozes pioneiras no caso. O incidente envolveu toda a sociedade francesa, enfraqueceu os monarquistas e abalou o anti-semitismo nacional.
Incriminado por um conjunto de documentos falsos, (como o ''[[Le bordereau]]'') seu caso repercutiu por todo o mundo. Inserida no quadro de uma campanha [[nacionalista]] e [[Revanchismo francês|revanchista]] contra [[Império alemão]] que acabou por assumir características de [[anti-semitismo]] -com a condenação dos [[judeus]] como não-franceses - essa farsa, entretanto, foi sendo aos poucos esclarecida graças à atuação dos [[escritor]]es [[Anatole France]] ([[1844]]-[[1924]]) e [[Émile Zola]] ([[1840]]-[[1902]]), além do [[brasil]]eiro [[Rui Barbosa]], uma das vozes pioneiras no caso. O incidente envolveu toda a sociedade francesa, enfraqueceu os [[monarquista]]s e abalou o anti-semitismo nacional.

== A Prisão ==
== A Prisão ==
Dreyfus foi preso a [[15 de outubro]] de [[1894]] e, em [[5 de janeiro]] do [[1895]], foi degredado, sendo-lhe retirados os galões de oficial numa cerimônia humilhante. Inicialmente condenado à prisão perpétua, foi novamente julgado por um tribunal militar, em [[1899]], e, de novo, condenado. Anistiado por ordem do Executivo, deixou a prisão e foi viver com uma das suas irmãs, em [[Carpentras]], e, mais tarde, em [[Cologny]].


Em [[1894]], Alfred Dreyfus foi acusado pelos monarquistas de ter vendido segredos militares aos alemães.
Foi oficialmente reabilitado em [[1906]].
Foi preso a [[15 de outubro]] de [[1894]] e, em [[5 de janeiro]] do [[1895]], foi [[Exílio|degredado]], sendo-lhe retirados os galões de [[oficial]] numa cerimônia humilhante. Inicialmente condenado à [[prisão perpétua]] na [[Ilha do Diabo]], na [[Guiana Francesa]], foi novamente julgado por um [[tribunal militar]], em [[1899]], e, de novo, condenado.

Em [[15 de outubro]] do mesmo ano, foi-lhe dado o comando da unidade de artilharia de [[Saint-Denis]]. Contudo o exército continuou sustentando a acusação contra Dreyfus, de ser um traidor ou pelo menos suspeito de traição.
==Imagens==

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Ficheiro:Degradation alfred dreyfus.jpg|'''Cerimônia de degradação de Alfred Dreyfus.'''
Ficheiro:1890s caricature Dreyfus Le Traitre.jpg|''' ''Dreyfus Le Traitre:'' [[caricatura]] da [[década de 1890]] mostrando-o como traidor.
Ficheiro:Dreyfus Ile du diable 96.jpg|'''Capa do ''[[Le Petit Journal]]'' sobre o caso Dreyfus'''
Ficheiro:Alfred Dreyfus case 1 et 2.jpg|'''Casas em que permaneceu durante o período detido na Ilha do Diabo.'''
Ficheiro:J'accuse - Gallica -Titre 1.jpg|'''Título do [[Artigo (publicações)|artigo]] de Émile Zola em defesa de Dreyfus.'''
Ficheiro:Dreyfus proteste.jpg|'''Dreyfus durante seu segundo julgamento, em [[Rennes]].'''
Ficheiro:Picquart 2.jpg|'''[[Georges Picquart]], diretor da inteligência militar e personagem importante para a comprovação de sua inocência.'''
Ficheiro:DREYFUS réhab.jpg|'''Reabilitado em 1906 (à direita). No centro, um investigador do caso, o [[capitão]] [[Antoine Louis Targe]]. <ref>{{fr}} [http://www.dreyfus.culture.fr/fr/la-posterite-de-l-affaire/des-temoins-aux-historiens/bio-90-antoine-louis-targe.htm Dreyfus] - Pour ou contre Dreyfus. Página acessada em [[3 de Novembro]] de [[2010]].</ref>'''
Ficheiro:Alfred Dreyfus signature.svg|<center>'''[[Assinatura]]'''<center>
Ficheiro:Alfred Dreyfus & family.jpg|<center>'''Família Dreyfus.'''<center>
Ficheiro:Dreyfus-annee-de-sa-mort.jpg|'''Alfred Dreyfus em [[1935]], ano de seu falecimento.'''
Ficheiro:Alfred Dreyfus.JPG|'''[[Estátua]] em sua homenagem em Paris.'''
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== A Revelação ==
== A Revelação ==

Em janeiro de [[1898]], no jornal ''L'Aurore'', Émile Zola escreveu a famosa carta aberta ao presidente, com o título '''[[Eu Acuso!]]''' (''J'accuse!''), denunciando o Alto Comando Militar francês, os tribunais, enfim, todos os que condenaram Dreyfus, incendiando a [[opinião pública]] nacional. O escritor se apoiava no trabalho do chefe do serviço secreto francês, coronel Picquart, que concluía que os documentos contra Dreyfus haviam sido falsificados.
Em [[13 de Janeiro]] de [[1898]], no [[jornal]] ''[[L'Aurore]]'', Émile Zola escreveu a famosa [[carta]] aberta ao [[presidente]], com o título '''[[J'accuse]]!''' '''(Eu Acuso!)''', denunciando o Alto Comando Militar francês, os tribunais, enfim, todos os que condenaram Dreyfus, incendiando a [[opinião pública]] nacional. O escritor se apoiava no trabalho do chefe do [[serviço secreto]] francês, [[coronel]] Georges Picquart, que concluía que os documentos contra Dreyfus haviam sido falsificados.

Anistiado por ordem do [[Executivo]], deixou a prisão e foi viver com uma das suas irmãs, em [[Carpentras]], e, mais tarde, em [[Cologny]].

Foi oficialmente reabilitado em [[1906]]. Em [[15 de outubro]] do mesmo ano, foi-lhe dado o comando da unidade de [[artilharia]] de [[Saint-Denis]]. Contudo o exército continuou sustentando a acusação contra Dreyfus, de ser um traidor ou pelo menos suspeito de traição.

Em [[4 de Junho]] de [[1908]], sofreu um atentado a [[Munição|bala]] durante a cerimónia da transferência das cinzas de Émile Zola para o [[Panteão de Paris]], ficando ferido apenas num braço. O autor do atentado ''Louis-Anthelme Grégori'', foi absolvido da acusação de tentativa de [[homicídio]]. <ref> {{pt}} [http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3132686-EI6782,00-Zola+Dreyfus+e+o+Panteao.html Terramagazine] - Zola, Dreyfus e o Panteão. Acessado em 3 de Novembro de 2010.</ref>


== {{Ver também}} ==
== {{Ver também}} ==

* [[Anti-semitismo]]
* [[Anti-semitismo]]
* [[Charles-Ferdinand Walsin Esterhazy]] - O verdadeiro culpado
* [[Charles-Ferdinand Walsin Esterhazy]] - O verdadeiro culpado

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== Filmes Relacionados ==
== Filmes Relacionados ==

* ''L'Affaire Dreyfus'' , de Georges Méliès, Stumm, França, 1899
* ''L'Affaire Dreyfus'' , de [[Georges Méliès]], Stumm, França, 1899
* ''Trial of Captain Dreyfus'' , Stumm, USA, 1899
* ''Trial of Captain Dreyfus'' , Stumm, USA, 1899
* ''Dreyfus'' , Richard Oswald, Germany, 1930
* ''Dreyfus'' , [[Richard Oswald]], [[Alemanha]], [[1930]]
* ''O Caso Dreyfus'' , Kraemer FW, Rosmer Milton, E.U.A., 1931
* ''O Caso Dreyfus'' , Kraemer FW, Rosmer Milton, [[EUA]], [[1931]]
* ''A Vida de Emile Zola'' , E.U.A., 1937
* ''A Vida de Emile Zola'' , EUA, [[1937]]
* ''I Accuse!'' , José Ferrer, England, 1958
* ''I Accuse!'' , [[José Ferrer]], [[England]], [[1958]]
* '' Prisoner of Honor'' , dirigido por Ken Russell , centra-se nos esforços do coronel Picquart a fim de anular a sentença de Alfred Dreyfus. O Coronel Picquart foi interpretado por ator americano Richard Dreyfuss , que cresceu pensando que Alfred Dreyfus e [ele] eram da mesma família. - EUA, 1991
* '' Prisoner of Honor'' , dirigido por [[Ken Russell]] , centra-se nos esforços do coronel Picquart a fim de anular a [[sentença]] de Alfred Dreyfus. O Coronel Picquart foi interpretado por [[ator]] americano [[Richard Dreyfuss]], que cresceu pensando que Alfred Dreyfus e [ele] eram da mesma família. - EUA, [[1991]]
* ''L'Affaire, Dreyfus'' (lançado na Alemanha sob o título Die Affäre de Dreyfus), Yves Boisset, 1995
* ''L'Affaire, Dreyfus'' (lançado na Alemanha sob o título Die Affäre de Dreyfus), [[Yves Boisset]], [[1995]]


== Literatura Relacionada ==
== Literatura Relacionada ==
*Proust, Marcel - ''[[Em Busca do Tempo Perdido]]'' - 3 vol. - Ed. Ediouro - 2002


*Abrahão, Miguel M. - ''[[A Pele do Ogro]]'' - Ed. Shekinah - 1996
* Proust, Marcel - ''[[Em Busca do Tempo Perdido]]'' - 3 vol. - Ed. [[Ediouro]] - [[2002]]


* Abrahão, Miguel M. - ''[[A Pele do Ogro]]'' - Ed. Shekinah - [[1996]]
== Fontes ==

Bredin, Jean-Denis - ''O Caso Dreyfus'' - Ed. Scritta - 1995
==Fontes==

* Bredin, Jean-Denis - ''O Caso Dreyfus'' - Ed. Scritta - 1995


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Revisão das 05h12min de 3 de novembro de 2010

Alfred Dreyfus

Alfred Dreyfus (Mulhouse, 9 de outubro de 1859Paris, 12 de julho de 1935) foi um capitão do exército francês de origem judaica. Injustamente acusado e condenado por traição - depois anistiado e reabilitado - foi o centro de um famoso episódio de conotações sociais e políticas, durante a Terceira República francesa, e que ficou conhecido como o caso Dreyfus.

O Caso

Incriminado por um conjunto de documentos falsos, (como o Le bordereau) seu caso repercutiu por todo o mundo. Inserida no quadro de uma campanha nacionalista e revanchista contra Império alemão que acabou por assumir características de anti-semitismo -com a condenação dos judeus como não-franceses - essa farsa, entretanto, foi sendo aos poucos esclarecida graças à atuação dos escritores Anatole France (1844-1924) e Émile Zola (1840-1902), além do brasileiro Rui Barbosa, uma das vozes pioneiras no caso. O incidente envolveu toda a sociedade francesa, enfraqueceu os monarquistas e abalou o anti-semitismo nacional.

A Prisão

Em 1894, Alfred Dreyfus foi acusado pelos monarquistas de ter vendido segredos militares aos alemães. Foi preso a 15 de outubro de 1894 e, em 5 de janeiro do 1895, foi degredado, sendo-lhe retirados os galões de oficial numa cerimônia humilhante. Inicialmente condenado à prisão perpétua na Ilha do Diabo, na Guiana Francesa, foi novamente julgado por um tribunal militar, em 1899, e, de novo, condenado.

Imagens

A Revelação

Em 13 de Janeiro de 1898, no jornal L'Aurore, Émile Zola escreveu a famosa carta aberta ao presidente, com o título J'accuse! (Eu Acuso!), denunciando o Alto Comando Militar francês, os tribunais, enfim, todos os que condenaram Dreyfus, incendiando a opinião pública nacional. O escritor se apoiava no trabalho do chefe do serviço secreto francês, coronel Georges Picquart, que concluía que os documentos contra Dreyfus haviam sido falsificados.

Anistiado por ordem do Executivo, deixou a prisão e foi viver com uma das suas irmãs, em Carpentras, e, mais tarde, em Cologny.

Foi oficialmente reabilitado em 1906. Em 15 de outubro do mesmo ano, foi-lhe dado o comando da unidade de artilharia de Saint-Denis. Contudo o exército continuou sustentando a acusação contra Dreyfus, de ser um traidor ou pelo menos suspeito de traição.

Em 4 de Junho de 1908, sofreu um atentado a bala durante a cerimónia da transferência das cinzas de Émile Zola para o Panteão de Paris, ficando ferido apenas num braço. O autor do atentado Louis-Anthelme Grégori, foi absolvido da acusação de tentativa de homicídio. [2]

Ver também

Referências

  1. (em francês) Dreyfus - Pour ou contre Dreyfus. Página acessada em 3 de Novembro de 2010.
  2. (em português) Terramagazine - Zola, Dreyfus e o Panteão. Acessado em 3 de Novembro de 2010.

Filmes Relacionados

Literatura Relacionada

Fontes

  • Bredin, Jean-Denis - O Caso Dreyfus - Ed. Scritta - 1995
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