Fado Bicha

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Fado Bicha
Fado Bicha
Lila Fadista
Informação geral
Origem Lisboa
País Portugal Portugal
Período em atividade 2017 - presente
Integrantes Lila Fadista e João Caçador
Página oficial https://www.fadobicha.com/

Fado Bicha (Portugal, 2017) é um duo musical e ativista português formado por Lila Fadista e João Caçador.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Fado Bicha iniciou atividade em março de 2017, quando Lila Fadista procurava criar um canal que lhe permitisse acolher as suas aspirações artísticas ativistas envolvendo o fado e a exploração da sua identidade queer. Pouco depois de começar a cantar sozinha no FavelaLx, um bar localizado em Alfama, em Lisboa, capturou as atenções de João Caçador que, depois de convencido a ensaiar com Lila por um amigo, acabou por se juntar ao projeto no papel de guitarrista.[1][2]

João Caçador, guitarrista, durante concerto

Em 2018, depois de um ano em que tocaram em múltiplos espaços mais periféricos no circuito de salas e bares em Lisboa, o duo foi convidado a atuar em locais como o festival Política, onde tocaram para 500 pessoas no Cinema São Jorge [3], ou na cerimónia de encerramento do sexto fórum europeu no âmbito das comemorações do Dia Internacional de Luta contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia. [4]

No ano de 2019, depois de dois anos onde deram cerca de 100 concertos, a dupla estreou-se oficialmente nos lançamentos com o single "O Namorico do André", uma adaptação de Namorico da Rita, cantada originalmente por Amália Rodrigues. [5]

Ainda durante o ano de 2019, as Fado Bicha lançaram uma versão da canção "A Mulher do Fim do Mundo", do álbum homónimo, de Elza Soares, e Lila Fadista, single que anunciou o seu disco de estreia, OCUPAÇÃO. [6]

Participam na edição de 2022, do Festival RTP da Canção, com a canção "Povo Pequenino", tendo falhado o apuramento para a final, e contribuem para a nona edição da revista Headmaster com o curta-duração Every name is punishment. [7]

Em 2022, OCUPAÇÃO é lançado quase três anos após o seu anúncio original. Produzido por Moullinex (Luís Clara Gomes), o disco foi consagrado como um dos melhores discos portugueses do ano pela equipa da Blitz, tendo ainda incluído nas listas de final de ano da Antena 3 e de publicações como as revistas digitais Rimas e Batidas ou Espalha-Factos. [8][9][10][11] No mesmo ano, LARIE (fka Labaq ), multi-instrumentista brasileire não-binárie, junta-se ao duo para os concertos ao vivo.

Lila e João atuam também em teatro, nomeadamente nas peças "Xtròrdinário" (2019) e "Casa Portuguesa" (2022), de Pedro Penim, e no cinema, em "À procura de António Botto" (2019), de Cristina Ferreira Gomes, "A mulher sem corpo" (2021), de António Borges Correia e (apenas João) em "Fogo-fátuo" (2022), de João Pedro Rodrigues.

Reconhecimentos e prêmios[editar | editar código-fonte]

Em 2019, o Fado Bicha foi distinguido com um Prémio Arco-Íris, da associação ILGA Portugal.[12]

Ocupação

Discografia[editar | editar código-fonte]

Entre a sua discografia encontram-se: [13][14]

  • O Namorico do André (Single, 2019)
  • Mulher do Fim do Mundo (Single, 2019)
  • Lila Fadista (Single, 2019)
  • Every name is punishment: an exercise for Headmaster magazine (EP, 2021)
  • OCUPAÇÃO (LP, 2022)

Controvérsia[editar | editar código-fonte]

Em janeiro de 2023, o duo fez parte de um protesto controverso que consistiu na invasão de palco por parte de uma cidadã brasileira trans residente em Portugal, Keyla Brasil, que se apresentou como atriz e prostituta, durante uma apresentação de uma adaptação teatral do filme Tudo Sobre a Minha Mãe. no Teatro São Luiz, em Lisboa. Keyla Brasil exigiu que André Patrício, ator cisgénero que interpretava uma personagem trans, abandonasse o palco, protestando contra o facto de um ator cisgénero estar a interpretar uma personagem trans. A apresentação acabou por ser cancelada de imediato. Posteriormente, a direção da peça contratou a atriz trans Maria João Vaz para substituir André Patrício nas apresentações restantes. O acontecimento teve repercussão na generalidade dos maiores órgãos de comunicação social portugueses e também em alguns brasileiros.[15]

No Instagram da dupla Fado Bicha, foi colocada uma gravação do momento da invasão de palco, tendo a dupla escrito o seguinte: "Fizemos uma ação direta ontem no Teatro Municipal S. Luiz, durante a apresentação da peça "Tudo sobre a minha mãe", assim que o ator André Patrício entra, em transfake. O rosto e o corpo visíveis desta ação direta foi o da Keyla Brasil (...), atriz e performer travesti brasileira. Houve mais ativistas trans na plateia, para defenderam a Keyla, caso fosse necessário, e no balcão, a pendurar cartazes com mensagens."[16]

Mais tarde, o ator André Patrício escreveu o seguinte na sua conta do Instagram: "Concordo que uma minoria, agredida e maltratada, assassinada até, deve ser ajudada e apoiada pela sociedade. (...) Não sou a favor da violência nem da invasão de palco".Afirmou ainda que "[se sentiu] violentado e castrado na [sua] arte".[17]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. «"O fado é muito bicha e sempre foi, só faltava alguém pegar nele dessa maneira"». Dezanove. 5 de dezembro de 2017. Consultado em 5 de dezembro de 2017. Cópia arquivada em 8 de dezembro de 2022 
  2. «Silêncio, que se vai cantar o Fado Bicha». Diário de Notícias / Lusa. 17 de maio de 2018. Consultado em 17 de maio de 2018 
  3. «Fado Bicha». Divergente. 17 de maio de 2018. Consultado em 17 de maio de 2018. Cópia arquivada em 14 de março de 2023 
  4. «Silêncio, vamos ouvir o Fado Bicha». Público P3. 17 de maio de 2018. Consultado em 17 de maio de 2018. Cópia arquivada em 21 de janeiro de 2022 
  5. Friaças, Andreia. «Fado Bicha: "Isto é fado", mesmo que fale do "Namorico do André" e do Chico». PÚBLICO. Consultado em 18 de março de 2023 
  6. «Fado Bicha lançam single 'Lila Fadista' já na próxima sexta-feira». Notícias ao Minuto. 4 de dezembro de 2019. Consultado em 18 de março de 2023 
  7. «No. 9». headmaster magazine (em inglês). Consultado em 19 de março de 2023 
  8. «Álbuns Nacionais | Melhores do Ano 2022 | Antena 3 | RTP». Antena 3. Consultado em 18 de março de 2023 
  9. Team, ReB (10 de janeiro de 2023). «Os melhores álbuns nacionais de 2022». Rimas e Batidas. Consultado em 18 de março de 2023 
  10. Rocha, Miguel (22 de dezembro de 2022). «À Escuta. 30 discos que marcaram a música portuguesa em 2022». Espalha-Factos. Consultado em 18 de março de 2023 
  11. «A lista da BLITZ: os 50 melhores álbuns portugueses de 2022». Expresso. Consultado em 18 de março de 2023 
  12. PÚBLICO, Lusa (27 de dezembro de 2019). «"Variações", Fado Bicha e jornalista do PÚBLICO entre os premiados pela associação ILGA». PÚBLICO. Consultado em 24 de maio de 2023 
  13. «Fado Bicha». Genius (em inglês). Consultado em 19 de março de 2023 
  14. «Fado Bicha». Rateyourmusic 
  15. Amato, Gian (26 de janeiro de 2023). «Atriz trans brasileira invade palco de teatro, sofre ameaça e deixa Lisboa». O Globo. Consultado em 2 de março de 2023 
  16. Fado Bicha (20 de janeiro de 2023). «Fizemos uma ação direta ontem no Teatro Municipal S. Luiz,». Instagram. Consultado em 2 de março de 2024 
  17. da Eira Ballestero, Catarina (22 de janeiro de 2023). «Ator substituído em peça de teatro no São Luiz depois de ativista trans invadir o palco em protesto». Magg. Consultado em 2 de março de 2024 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]