Fazenda Ipanema

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Fazenda Ipanema
Fazenda Ipanema
Portal de entrada da Fazenda Ipanema em Bacaetava
Estilo dominante Colonial
Construção Século XIX
Estado de conservação em São Paulo
Geografia
País Brasil
Cidade Iperó
Coordenadas 23° 25' 33" S 47° 35' 55" O

A Fazenda Ipanema, também conhecida como São João de Ipanema, é uma fazenda fundada no século XIX, localizada no distrito de Bacaetava, município de Iperó, no interior do estado de São Paulo.[1][2]

História[editar | editar código-fonte]

A Fazenda Ipanema está localizada na Floresta Nacional de Ipanema, considerada uma das maiores florestas do estado de São Paulo.[3][4] Dado isto, possui enorme importância na cultura socioambiental do estado.[5]

A fazenda confunde-se com a história do Brasil Império, visto que foi palco da Real Fábrica de Ferro São João de Ipanema, principal siderúrgica do Brasil no contexto do Império brasileiro.[6][7]

Foi durante um grande período responsável pela produção de pregos, arames, ferramentas agrícolas, dentre outros itens relacionados.[3][8] Muito da mão de obra exercida na fundição foi oriunda da escravidão presente no país.[9]

Dada a importância da siderúrgica no contexto régio, a propriedade foi visitada inúmeras vezes por Dom Pedro II do Brasil.[10][11]

Estrutura[editar | editar código-fonte]

Casa das Armas Brancas - Fazenda Ipanema
Casa da Guarda - Fazenda Ipanema

A fazenda possuí uma vasta estrutura, destacando-se:

  • Sede administrativa: a sede administrativa foi fundada para área de administração da fazenda e da siderúrgica.[3][12] Com isso, também foi construída uma casa no local para quando recebesse D. Pedro II para dormir no local.[10]
  • Fornos: os fornos ainda estão presentes na propriedade e foram construídos de maneira independentes.[10][13][14]
  • Casa das Armas Brancas: setor inaugurado em 1886, sendo responsável por boa parte da produção de armas e artefatos para o uso do exército brasileiro no contexto da Guerra do Paraguai.[15][16] Com pontes ao seu redor, a edificação ainda abriga máquinas e ferramentas utilizadas naquela época, a maioria importada da Europa.[17]
  • Casa da Guarda: inicialmente foi projetada para ser um depósito da fábrica e posteriormente operou como prisão - tanto militar quanto comum.[18][19] Construída originalmente por taipa de pedra, a edificação possui dois andares, com um imponente pórtico. Possui uma vista maravilhosa para a represa Hedberg. Uma escada helicoidal metálica serve de acesso para os andares.[17]
  • Relógio de Sol: no ano de 1863, o Engenheiro Capanema foi responsável pra construção de um relógio de sol na propriedade.[10][20]
  • Oficina de Modelagem: construída em 1818, fazia parte do conjunto dos Altos Fornos, e nela foram produzidas munições e três canhões.[10]
  • Cemitério de Protestantes: inaugurado por D. João VI, após saber da morte de um sueco protestante, foi o primeiro cemitério construídos para não-católicos no país.[21][15]
  • Monumento a Varnhagen: foi erguida uma cruz no topo do Morro Araçoiaba em homenagem ao Visconde do Rio Branco.[22][23]

Cemitério de Protestantes[editar | editar código-fonte]

O Cemitério de protestantes, em ruínas, poderia passar despercebido por quem visita a Floresta Nacional de Ipanema. Atravessando o portal de alvenaria manchado, mato alto, pedaços de construção, o visitante encontrará as ruínas de cerca de dez túmulos, na sua maior parte de origem sueca ou inglesa, do início do século XIX[24].

Um carpinteiro sueco, Jonas Bergmann, foi o primeiro a ser sepultado. Faleceu vítima de tuberculose. Carl Gustav Hedberg, diretor da Real Fábrica de Ferro, comunicou à Dom João VI, príncipe regente, sobre os empecilhos para conseguir um local para o sepultamento, uma vez que os protestantes eram considerados hereges na época e não tinham permissão para serem enterrados nos cemitérios católicos.

O tempo, o abandono e os furtos já não permitem identificar a lápide de Jonas Bergmann. Mas ainda restaram duas lápides onde são possíveis ler os nomes e data de falecimento.

Trilhas[editar | editar código-fonte]

É possível realizar três trilhas na fazenda. De dificuldades diferentes, são elas: trilha Afonso Sardinha, trilha Pedra Santa e a trilha Fornos de Cal.[25][26]

Atualidade[editar | editar código-fonte]

Atualmente é possível realizar visitas a propriedade até mesmo com visitação guiada.[10] Existem algumas taxas durante a visitação como alimentação e estacionamento.[10] Crianças com menos de doze anos e adultos com mais de sessenta não pagam ingresso.[27] A fazenda vêm sendo administrada pelo Governo Federal e a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo.[27][28]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «FLORESTA NACIONAL DE IPANEMA». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Consultado em 3 de abril de 2021 
  2. «Iperó». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 3 de abril de 2021 
  3. a b c Lima, Alessandra. «Fazenda Ipanema Sorocaba: Um parque com muita História e Belezas Naturais». Viagens de cá pra lá 
  4. Smith, Welber Senteio; Biagioni, Renata Cassemiro; Halcsik, Letícia; Smith, Welber Senteio; Biagioni, Renata Cassemiro; Halcsik, Letícia (junho de 2013). «Fish fauna of Floresta Nacional de Ipanema, São Paulo State, Brazil». Biota Neotropical (2): 175–181. ISSN 1676-0603. doi:10.1590/S1676-06032013000200016. Consultado em 3 de abril de 2021 
  5. Ribeiro, Marina Pannunzio; Mello, Kaline De; Valente, Roberta Averna (1 de setembro de 2020). «Avaliação da estrutura da paisagem visando à conservação da biodiversidade em paisagem urbanizada». Ciência Florestal (3): 819–834. ISSN 1980-5098. doi:10.5902/1980509837683. Consultado em 3 de abril de 2021 
  6. Büsch, Fritz (16 de abril de 2015). «Real Fábrica de Ferro Ipanema». Gilberto Ferrez. Consultado em 3 de abril de 2021 
  7. Marson, Michel Deliberali (dezembro de 2012). «Origens dos empresários da indústria de máquinas e equipamentos em São Paulo, 1870-1900». Nova Economia (3): 481–511. ISSN 0103-6351. doi:10.1590/S0103-63512012000300003. Consultado em 3 de abril de 2021 
  8. «HISTÓRICO DA FLONA DE IPANEMA». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Consultado em 3 de abril de 2021 
  9. Silva, Sérgio (1993). História Econômica da primeira república. São Paulo: Edusp. p. 200 
  10. a b c d e f g «Fazenda Ipanema: ruínas do Brasil Império ao lado de Sorocaba». Coisos on the go: dicas de viagem para você viajar mais, melhor e além do óbvio!. 30 de setembro de 2019. Consultado em 3 de abril de 2021 
  11. Santos, Nilton (18 de setembro de 2009). «A fábrica de ferro São João de Ipanema: economia e política nas últimas décadas do Segundo Reinado (1860-1889)» (PDF). Universidade de São Paulo. Consultado em 3 de abril de 2021 
  12. Neto, Mario (2006). «Escravidão e indústria: Sorocaba (SP) : 1765-1895» (PDF). Universidade Estadual de Campinas. Consultado em 3 de abril de 2021 
  13. Tomazela, José (14 de julho de 1999). «Fornos de cal construídos no século passado são descobertos em fazenda de Iperó». Folha de Londrina. Consultado em 3 de abril de 2021 
  14. «Alto Forno de Mursa». Mapcarta. Consultado em 3 de abril de 2021 
  15. a b Marcolin, Neldson (2005). «A fogo e ferro». Revista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Consultado em 3 de abril de 2021 
  16. Rodrigues, Jaime. «Lugares de Memória dos Trabalhadores #50: Fábrica de Ferro de Ipanema, Iperó (SP) – Jaime Rodrigues e Karina Oliveira Morais dos Santos». Consultado em 3 de abril de 2021 
  17. a b «arquiteturismo 146.03 paisagem construída: Nas ruínas da Fazenda Ipanema | vitruvius». vitruvius.com.br. Consultado em 23 de abril de 2021 
  18. César, Ronaldo (30 de janeiro de 2011). «CADEIA DA CASA DA GUARDA 1840». Fazenda Ipanema em Fotos. Consultado em 3 de abril de 2021 
  19. «'Fazenda Ipanema' guarda muitas histórias curiosas e arrepiantes!». De Ponta a Ponta. Gshow. 16 de julho de 2016. Consultado em 3 de abril de 2021 
  20. «Trilha Pedra da Santa na Floresta Nacional de Ipanema e sítio histórico». Aventura SP. Consultado em 3 de abril de 2021 
  21. Corrêa, Mayara (1 de novembro de 2017). «Esquecido e em ruínas: G1 visita primeiro cemitério protestante do Brasil». G1. Consultado em 3 de abril de 2021 
  22. «Monumento a Francisco Adolfo Varnhagen». Turismo. Prefeitura de Sorocaba. Consultado em 3 de abril de 2021 
  23. «PRINCIPAIS ATRATIVOS». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Consultado em 3 de abril de 2021 
  24. «Esquecido e em ruínas: G1 visita primeiro cemitério protestante do Brasil». G1. Consultado em 23 de abril de 2021 
  25. Souza, Paula Cristina de; Martos, Henry Lesjak (fevereiro de 2008). «Estudo do uso público e análise ambiental das trilhas em uma unidade de conservação de uso sustentável: Floresta Nacional de Ipanema, Iperó - SP». Revista Árvore (1): 91–100. ISSN 0100-6762. doi:10.1590/S0100-67622008000100011. Consultado em 3 de abril de 2021 
  26. Campolim, Jackson (2016). «Educação Ambiental No Desenvolvimento do Projeto da Trilha Pedagógica na Floresta Nacional de Ipanema» (PDF). Universidade Federal de São Carlos. Consultado em 3 de abril de 2021 
  27. a b «ICMBio - Floresta Nacional de Ipanema - Guia do Visitante». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Consultado em 3 de abril de 2021 
  28. «CFB apresenta experiência paulista com conciliação ambiental durante treinamento do ICMBio». Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo. 16 de setembro de 2019. Consultado em 3 de abril de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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