Fernando da Costa de Ataíde e Teive de Sousa Coutinho, o Maquinês

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Fernando da Costa de Ataíde e Teive
13.º Senhor de Baião, Governador dos Estados de Grão-Pará e Maranhão
Fernando da Costa de Ataíde e Teive de Sousa Coutinho, o Maquinês
A Fortaleza de São José de Macapá, mandada erigir por Ataíde e Teive em 1764
Nascimento 20 de janeiro de 1730
Morte 21 de janeiro de 1807 (77 anos)
Pai Cristóvão da Costa de Ataíde e Teive de Sousa Coutinho, Senhor de Baião
Mãe D. Juliana de Noronha, filha do 1.º Visconde da Lourinhã
Ocupação Fidalgo, Estadista
Religião católica

Fernando da Costa de Ataíde e Teive de Sousa Coutinho, o Maquinês (Lisboa, 20.01.1730[1] - Lisboa, 21.01.1807)[2], 13.º Senhor de Baião e do Morgado da Ribeira Brava, na Ilha da Madeira, foi Governador e capitão-geral dos Estados de Grão-Pará e Maranhão,[3] de 14 de setembro de 1763 a 21 de novembro de 1772[4] e também Governador das Armas do Alentejo.

Contexto familiar[editar | editar código-fonte]

Era filho de Cristóvão da Costa de Ataíde e Teive de Sousa Coutinho, Fidalgo da Casa Real e herdeiro por via materna[5] do senhorio de Baião (cuja origem remontava ao final do século XIV[6]), com D. Juliana Maria de Noronha, filha do 1.º visconde da Lourinhã.

Foi, assim, 13º senhor do concelho de Baião, de juro e herdade, moço-fidalgo da casa real, do conselho do rei D. José I, comendador de Rebaldeira, no Ordem de Santiago, e de São Cristóvão de Nogueira, na Ordem de Cristo, Marechal de campo do exército e administrador de vários importantes vínculos, em sucessão a seu pai, entre os quais o morgadio instituído por Diogo de Teive em 1531, na ilha da Madeira, e outro na ilha de São Miguel, Açores, instituído em 1598 por seu tetravô, Francisco Ramalho de Queiroz.

Casou-se, em 13.07.1773, com D. Francisca Antónia de Mendonça, filha de Jorge Francisco Machado de Mendonça Eça Castro e Vasconcelos, 8.º senhor de Entre Homem e Cávado (Lisboa, 05.10.1726 - LIsboa, 29.12.1767) e de D. Luisa Antónia de Saldanha Oliveira e Sousa. Deste casamento nasceram quatro filhas (uma delas de nome Maria, batizada na Sé de Viseu, Oriental, em 08-09-1774) e um filho varão, Fernando Romão da Costa de Ataíde e Teive de Sousa Coutinho.[7]

Era parente próximo do 1.º Marquês de Pombal, sendo seu pai, o acima referido Cristóvão da Costa de Ataíde e Teive, primo segundo de Manuel de Carvalho e Ataíde, pai do Marquês. Um indício da relevância desse parentesco esteve presente logo no início da carreira de Fernando da Costa de Ataíde e Teive, quando em 1751, com a idade de 21 anos, foi procurador da madrinha de baptismo de Maria Francisca, uma das filhas do futuro Marquês de Pombal.[8]

Governo dos Estados de Grão-Pará e Maranhão[editar | editar código-fonte]

Durante o seu governo no Grão Pará, que exerceu por mais de 9 anos, distinguiu-se por ter mandado construir a Fortaleza de São José de Macapá, presidindo, em 29 de junho de 1764, à cerimônia do lançamento da pedra fundamental da fortaleza. A localização era estratégica, por estar na foz do rio Amazonas, podendo assim ajudar a assegurar a segurança do território.[9]

No ano de 1769, recebeu os habitantes da cidade de Mazagão (Marrocos), "que por ordem régia, foram mandados retirar dela, para virem fundar no Pará uma vila com o mesmo nome [Mazagão], junto à praça de Macapá". Pouco tempo depois da chegada destes novos colonos, escreveu ao secretário de Estado da Marinha e do Ultramar, Francisco Xavier de Mendonça Furtado (irmão do 1.º Marquês de Pombal), referindo que os recém-chegados se tinham instalado sem grandes problemas, estando "satisfeitos com a sua condição".[10]

Governador das Armas das Províncias da Beira e Alentejo[editar | editar código-fonte]

De regresso a Portugal, foi nomeado em 1783 governador da Praça de Almeida e das armas da província da Beira. Em 1792, foi nomeado governador das Armas do Alentejo, cargo em que se manteve até 1805. Foi elevado também à alta posição de Tenente-general do exército português.[2]

Faleceu em 21.01.1807, sendo sepultado no Convento de Nossa Senhora do Monte do Carmo.[2]

Ex-libris[editar | editar código-fonte]

Usou o seguinte Ex-libris:

Cercadura de Folhagem, tendo ao centro o nome do possuidor, como Fernando da Costa de Ataide Teive.

No alto, brasão encimado por coroa ducal e, pendente da ponta do escudo, a cruz da Ordem de Santiago e Espada, da qual era grã-cruz.

Escudo esquartelado: no primeiro quartel, as armas dos Sousas de Arronches; no segundo, as dos Costas; no terceiro, as dos Ataídes; no quarto, as dos Teives.

As armas dos Teives, tal como constavam no ex-libris, eram as que haviam sido concedidas por D. João III, em 05.10.1530, a João de Teive, um dos descobridores das ilhas das Flores e do Corvo.[2]

Toponímia[editar | editar código-fonte]

A cidade de Macapá, capital do estado brasileiro do Amapá, tem uma rua com o seu nome.[11]

Árvore genealógica[editar | editar código-fonte]

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16. Gaspar da Costa, chanceler e fundador da Relação da Bahia
 
 
 
 
 
 
 
8. Gonçalo da Costa Coutinho, governador de Aveiro, Buarcos e Figueira
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17. Leonor de Vilhena
 
 
 
 
 
 
 
4. Gaspar da Costa de Ataíde, Alcaide-mor de Sortelha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18. D. João de Ataíde e Azevedo, comendador de S. Salvador de Fornelos, filho dos senhores de Barbosa e Ataíde
 
 
 
 
 
 
 
9. D. Isabel de Ataíde
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19. Catarina de Sá e Sousa
 
 
 
 
 
 
 
2. Cristóvão da Costa de Ataíde e Teive de Sousa Coutinho, senhor de Baião
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20. Fernão Martins de Sousa, senhor de Baião
 
 
 
 
 
 
 
10. Cristóvão de Sousa Coutinho, senhor de Baião
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21. Maria de Ataíde
 
 
 
 
 
 
 
5. Catarina Helena Rosa de Lima, herdeira do senhorio de Baião
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22. D. António da Silveira
 
 
 
 
 
 
 
11. D. Maria Vitória Caetana de Lima
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23. Catarina de Lima, filha do senhor do Mogadouro
 
 
 
 
 
 
 
1. Fernando da Costa de Ataíde e Teive de Sousa Coutinho
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24. André de Melo e Castro, 4.º Conde das Galveias
 
 
 
 
 
 
 
12. Francisco de Melo e Castro, capitão-general de Moçambique
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25. ?
 
 
 
 
 
 
 
6. Manuel Bernardo de Melo e Castro, 1.º visconde da Lourinhã
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26. Manuel da Silva Pereira, diplomata, cavaleiro da Ordem de Santiago
 
 
 
 
 
 
 
13. Maria Joaquina Xavier da Silva
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27. Micaela Antónia da Silva
 
 
 
 
 
 
 
3. Juliana Maria de Noronha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28. D. Tomás de Noronha, 5.º Conde dos Arcos
 
 
 
 
 
 
 
14. D. José de Noronha
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29. D. Madalena Bruna de Castro, filha do 2.º Conde de Assumar
 
 
 
 
 
 
 
7. D. Domingas de Noronha, 1.ª condessa da Lourinhã
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30. Joaquim Manuel Ribeiro Soares de Castilho, governador da Ilha da Madeira
 
 
 
 
 
 
 
15. Mariana Isabel das Montanhas Ribeiro Soares
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31. D. Teresa Bárbara de Menezes, filha do Alcaide-mor de Viseu
 
 
 
 
 
 

Referências

  1. Gaio, Manuel José da Costa Felgueiras (1941). Nobiliário de Famílias de Portugal - Título de Sousas. Braga: Edição Agostinho A. Meirelles e Domingos A. Afonso. p. 368 
  2. a b c d «Boletim da Academia Portuguesa de Ex-Líbris». Alberto Virgínio Baptista. Boletim da Academia Portuguesa de Ex-Libris. Fascículo I (Ano I): 9. Setembro de 1955 
  3. «Decreto do rei D. José I, ordenando a nomeação de Fernando da Costa Ataíde [Teive de Sousa Coutinho], como governador e capitão-general do Estado do Pará e Maranhão, pelo tempo de três anos. - Arquivo Histórico Ultramarino». digitarq.ahu.arquivos.pt. Consultado em 15 de junho de 2021 
  4. «Fernando da Costa de Ataíde e Teive, governador e capitão geral dos Estados de Grão Pará e Maranhão - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 24 de agosto de 2020 
  5. Gaio, Felgueiras, op. cit., p. 367
  6. Freire, Anselmo Braamcamp (1921). Brasões da Sala de Sintra, Livro Primeiro. Coimbra: Imprensa da Universidade. pp. 235 – 236 
  7. Synopsis ou deducção chronologica dos factos mais notaveis da historia do Brazil. [S.l.]: M.F. de Faria. 1845. 422 páginas 
  8. Teles, João Bernardo Galvão (1 de janeiro de 2011). «Aspectos da vida familiar na estratégia de ascensão social e politica do 1.º marquês de Pombal». Armas e Troféus (2011 - 2012): 82. Consultado em 12 de agosto de 2022 
  9. «História Luso-Brasileira. Teive, Fernando da Costa de Ataíde». historialuso.an.gov.br. Consultado em 11 de outubro de 2022 
  10. Vidal, Laurent (2008). Mazagão, la ville qui traversa l'Atlantique : du Maroc à l'Amazonie, 1769-1783. [Paris]: Flammarion. p. 116. OCLC 493844362 
  11. «Av. Ataíde Teive». Av. Ataíde Teive - Macapá · Macapá, AP, 68900-095, Brasil. Consultado em 8 de outubro de 2022 


Precedido por
Manuel Bernardo de Melo e Castro
Governador geral do Pará
1763 — 1772
Sucedido por
João Pereira Caldas