Helena Pato

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Helena Pato
Nascimento 1939 (85 anos)
Mamarrosa
Cidadania Portugal
Alma mater
Ocupação escritora, sindicalista, ativista política, professora

Maria Helena Martins dos Santos Pato (Mamarrosa, 19 de abril de 1939) é uma professora de matemática, militante antifascista e sindicalista portuguesa. Foi presa política durante o Estado Novo e uma das fundadoras do Movimento Democrático de Mulheres.[1] Desde 2013 é autora da página Antifascistas da Resistência.[2]

Percurso[editar | editar código-fonte]

Nasceu em Mamarrosa, Oliveira do Bairro, em 1939, filha de uma professora primária e de um regente agrónomo, e cresceu em Lisboa.[3]

Ingressou na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa em 1956.[3] Começou a sua atividade política no MUD Juvenil (Movimento de Unidade Democrática) e foi dirigente da Associação dos Estudantes da Faculdade de Ciências de Lisboa no início da década de 60. Ainda antes de acabar o curso mudou a matrícula para a Universidade de Coimbra e em 1962 seguiu para o exílio político em Paris.[2][3]

Em 1960 casou com o jornalista e dirigente estudantil Alfredo Nolaes, com quem viveu em Paris e que viria a morrer de linfoma em 1965.[2] Alfredo Nolaes foi preso pela PIDE durante a campanha eleitoral de 1958 e este foi o primeiro contacto de Helena com a polícia política.[3]

Esteve no exílio durante 3 anos e juntou-se ao Partido Comunista Português em 1962, tendo sido militante até 1991.[2]

Em Junho de 1967 foi presa pela PIDE pelo seu envolvimento na criação do Movimento Democrático de Mulheres.[4] Esteve presa na cadeia de Caxias em isolamento e foi submetida à tortura do sono. Foi libertada em novembro do mesmo ano.[3]

Em 1969 casou com José Manuel Tengarrinha, historiador e dirigente do Movimento Democrático Português/Comissão Democrática Eleitoral (MDP/CDE).[2] Helena fez parte da campanha da CDE (Comissão Democrática Eleitoral) em 1969 e do secretariado do movimento.[3]

Em 1970 foi colocada pela primeira vez como professora de matemática no Liceu Gil Vicente e envolve-se na criação de uma organização de professores.[3] O marido, José Manuel Tengarrinha, foi preso pela PIDE pela última vez em 18 de abril de 1974.[2] Helena esteve presente na libertação dos presos de Caxias no dia 27 de abril de 1974, já depois da Revolução dos Cravos. Helena Pato e José Manuel Tengarrinha tiveram dois filhos, João e Rosa, nascidos em 1970 e 1972, e separaram-se em 1983.[3]

Helena foi professora de matemática durante 36 anos e fundadora e dirigente do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL).[3] Foi uma das fundadoras do Movimento Democrático de Mulheres.[2]

Foi dirigente do movimento cívico Não Apaguem A Memória, criado em 2006 como protesto contra a transformação da antiga sede da PIDE num condomínio de luxo.[2][5] Em 2013 criou a página Antifascistas da Resistência, que junta mais de 400 biografias de pessoas que resistiram à ditadura.[2]

Em 2019 posicionou-se contra os planos da Câmara Municipal de Santa Comba Dão para a criação do Museu Salazar.[6]

Obra[editar | editar código-fonte]

É autora de livros de memórias sobre a ditadura portuguesa:[1][7][8]

  • Saudação, Flausinas, Moedas e Simones (Campo das Letras, 2006)
  • Já Uma Estrela Se Levanta (Tágide, 2011)
  • A Noite Mais Longa de Todas as Noites (Edições Colibri, 2018)

Referências

  1. a b «Helena Pato». www.almedina.net. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  2. a b c d e f g h i «Helena, dos calabouços da PIDE para as redes sociais». Jornal Expresso. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  3. a b c d e f g h i «Mulheres de Abril: Testemunho de Helena Pato». Esquerda. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  4. «No Limite da Dor de 08 Mar 2014 - RTP Play - RTP». RTP Play. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  5. Lusa. «III Congresso da Oposição Democrática recordado em Aveiro passados 40 anos». PÚBLICO. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  6. AbrilAbril. «Antigos presos políticos denunciam criação de um «Museu Salazar»». AbrilAbril. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  7. «Helena Pato | Wook». www.wook.pt. Consultado em 9 de novembro de 2020 
  8. «Bibliografia - Helena Pato». bibliografia.bnportugal.gov.pt. Biblioteca Nacional Portuguesa. Consultado em 9 de novembro de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]