Las Hurdes
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Comarca | ||||
Paisagem nas vizinhanças da aldeia de Martilandrán, do município de Nuñomoral | ||||
Localização | ||||
Localização de Las Hurdes na província de Cáceres e Estremadura | ||||
Localização de Las Hurdes na Espanha | ||||
Coordenadas | 40° 22′ 44″ N, 6° 16′ 48″ O | |||
País | Espanha | |||
Comunidade autónoma | Estremadura | |||
Província | Cáceres | |||
Administração | ||||
Capital | Nuñomoral | |||
Características geográficas | ||||
Área total [♦] | 502 km² | |||
População total (2021) [1] [♦] | 5 694 hab. | |||
Densidade | 11,3 hab./km² | |||
Website | www | |||
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Las Hurdes (em português: As Hurdes; em estremenho: Las Jurdes ou Las Jurdis) é uma comarca histórica da Espanha, situada na extremidade norte da província de Cáceres e da comunidade autónoma da Estremadura. É composta por 5 municípios e 43 povoações menores, 4 das quais já estão despovoadas.
A comarca histórica propriamente dita não tem qualquer estatuto administrativo atualmente, mas em 1996 foi constituída a Mancomunidade de Las Hurdes, a qual, além dos municípios da comarca histórica, integra o município de Casar de Palomero.[2] A comarca está localizada na região da Serra de Gata e está ligado ao vale de Las Batuecas, em cuja parte baixa está assentada a alquería (alcaria) hurdana de Las Mestas. A riqueza natural da comarca é de caráter florestal.
História
[editar | editar código-fonte]Pré-história
[editar | editar código-fonte]Os primeiros dados sobre a atividade humana na comarca remonta ao Calcolítico. A esta época pertencen os desenhos rupestres mais antigos de um conjunto de arte pré-histórica que abrange um arco temporal compreendido entre o século IV a.C. até à época romana. Se bem que, tendo em conta as representações de pintura esquemática das Batuecas, nas proximidades de Las Mestas, os primeiros vestígios de povoamento podem antecipar-se ao século VIII a.C. Porém, a ocupação de Las Hurdes deve ter sido descontínua e não produziu núcleos habitados relevantes, que tampouco conheceram um desenvolvimento em épocas mais recentes. O ídolo-estela de El Cerezal, atualmente no Museu Provincial de Cáceres, é o testemunho mais destacado da Pré-história hurdana.[3]
Época romana e árabe
[editar | editar código-fonte]A romanização inclui-se dentro da Província de Lusitânia, se bem as provas arqueológicas deste período são meramente testemunhais. Com a invasão árabe, provavelmente Las Hurdes se encontraram despovoadas, ainda que a lenda anotada por Lope de Veja em uma de suas obras, "As Batuecas do duque de Alba", fala de grupos humanos isolados descendentes dos godos a finais do século XVII. Mais além das elucubrações do escritor, os primeiros testemunhos escritos sobre alguma “alquería” se remontam ao final do século XII, citando-se os nomes de "Riomalo", Batuecas, "Mestas" e "Ovejuela". O pastoreio de cabras traria novamente ao homem nestas terras.
Integração na Alberca
[editar | editar código-fonte]Em 1289 "la dehesa de Jurde" é cedida pela Villa de Granadilla a La Alberca, na Província de Salamanca, começando uma época de submissão à vila salmantina que se prolongaria durante séculos para além da metade da Comarca, a dependente do Concelho de Nuñomoral. A outra parte, pertencente ao Conselho do Franqueado se veria isenta da submissão aos albercanos. No século XVI se estabeleceu um censo enfitêutico sobre os habitantes de Las Hurdes. É también nesta época quando a Lenda Negra começa a ter força quando Lope de Vega, baseando-se nas notícias do licenciado Alonso Sánchez, escreve sua peça teatral. A fascinação criada pela peça teatral fez com que, de agora em adiante, sejam muitos os que escrevam sobre a comarca, aumentando a lenda.
Séculos XIX e XX
[editar | editar código-fonte]Já no século XIX,[4] após separar-se de La Alberca, com a divisão provincial de Javier de Burgos, em 1833, os visitantes ilustres da comarca, que é também um lugar para desterrados, começaram a crescer. O doutor Bide, em 1892, após viajar por Las Hurdes, apresenta um informe no "Boletín da Sociedad Geográfica de Madrid", no qual denuncia as difíceis condições de vida dos hurdanos. A Sociedade "Esperanza de Las Hurdes", dirigida por Francisco Jarrín, bispo de Coria, inicia obras caritativas na Comarca, que têm seu ponto álgido com o I Congreso Nacional de Hurdanos e hurdanófilos, em 1908. Em 1904, Gabriel e Galán recita "La Jurdana". Em 1913, Unamuno dedica um capítulo de "Andanzas y Visiones Españolas" a Las Hurdes, denunciando ainda mais as condições sanitárias de seus habitantes. Posteriores informes de Marañón e Legendre, cônsul francês em Madrid, fazem que Afonso XIII decida conhecer a comarca em 1922. Após a Visita Real surgem iniciativas para promover o desenvolvimento hurdano, tendo como prioridade o fator assistencial. Las Hurdes, não obstante, passam a converter-se no paradigma do atraso do meio rural na Espanha, a raiz do filme Las Hurdes, tierra sin pan,[5] que Luis Buñuel realizou em 1932 e na que se denunciava a dura situação da comarca. Buñuel vê no lugar a matéria-prima para desenvolver suas idéias cinematográficas; as lentes da câmera captam de maneira crua a vida miserável dos hurdanos, seus costumes e tradições, as doenças, as migrações, a precariedade da sua agricultura, a distância que os habitantes precisam percorrer para levar os mortos ao cemitério mais próximo. Um lugar esquecido, onde "a morte é quase um dos únicos eventos". À época de seu lançamento, Las Hurdes foi bastante criticado por, supostamentente, denegrir a imagem da Espanha. Pode-se ainda, no decorrer do documentário, perceber temas que mais tarde Buñuel aprofundaria em Os Esquecidos, de 1950.
Após a Guerra Civil, o ditador Francisco Franco põe em prática um plano para a comarca cuja base é o repovoamento florestal de grandes massas de pinheirais. Os salários que estes trabalhos proporcionam aos hurdanos ajudam a paliar a fome e freiam a emigração, mas acabam com um eco-sistema propicio para o pastoreio e a apicultura, os dois principais setores da economia hurdana. Em 1976, se produz um novo intento de desenvolvimento, o Plano Hurdes de Manuel Fraga Iribarne. A pesar do bom acolhimento entre os hurdanos não se demorou em descobrir o pouco efeito na comarca. Cresce, como nunca, o despovoamento e os incêndios florestais arrasam Las Hurdes. Em 1988, o II Congreso Nacional de Hurdanos e Hurdanófilos, organizado por AS-Hurdes, demanda maior participação dos hurdanos nas políticas que afetam diretamente a comarca. O congresso conta com a participação de especialistas renomados, mas, no geral, o nível de seus participantes é claramente inferior ao de 1908. Na década dos Noventa o turismo cresce nas Hurdes e se consolida como uma nova fonte de lucro. A Visita Real de 1998 foi utilizada pelos hurdanos para oferecer uma imagem de normalidade ao mesmo tempo para oferecer à sociedade um lugar com características singulares. Os planos de desenvolvimento rural, com fundos FEDER, que, pouco depois, apostaram pelo turismo conseguem que o turismo se consolide como grande fonte de lucro na comarca junto com a apicultura [6] e as oliveiras.
Situação atual
[editar | editar código-fonte]Ainda que a situação atual de Las Hurdes continua sendo difícil e a perda e o envelhecimento da população seu principal lastre.[7] Os municípios de Caminomorisco e Pinofranqueado tiveram certo desenvolvimento, mas em Nuñomoral, Casares de las Hurdes e Ladrillar a recessão é muito forte.
Economia
[editar | editar código-fonte]Historicamente ha sido una comarca isolada de seu entorno e de difíceis condições econômicas para seus habitantes, mas se baseia no auto-abastecimento através de pequenos cultivos de vários tipos. A população se distribui em pequenos povoados de 100 a 400 habitantes e em algumas “alquerías” (pequenos distritos). A economia tradicional de Las Hurdes tem se baseado nos produtos naturais do lugar: mel, azeitona, batatas, cereais, cortiça, carvão de “brezo”, etc. Na atualidade, a economia da comarca tem melhorado notavelmente. O turismo rural está tendo cada vez mais importância.
Geografia
[editar | editar código-fonte]Trata-se de um terreno montanhoso de clima mediterrâneo com influência atlântica. Limita com Sierra de Gata, Terras de Granadilla e Sierra de Francia, (Salamanca). Forma parte da chamada "Espanha úmida". 7 rios regam seus vales: o rio Malo ou Ladrillar, o rio Batuecas, o rio Hurdano, o rio Malvellido, o rio Esperabán, o rio Ovejuela e o rio dos Ángeles.
Concelhos e alquerías
[editar | editar código-fonte]O povoamento disperso da comarca faz com que os municípios estejam formados por pequenas povoações que são conhecidas com o nome de alquerías (alcarias).
Município | Área (km²) |
População (2021)[1] |
Densidade (hab./km²) |
Alquerías (aldeias) |
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Caminomorisco | 147,6 | 1 161 | 7,9 | Aceña • Arrocerezo • Arrofranco • Arrolobos • Cambrón • Cambroncino • Dehesilla • Huerta • Riomalo de Abajo |
Casares de las Hurdes | 20,8 | 383 | 18,4 | Carabusino • Casarrubia • Heras • Huetre • Robledo |
Ladrillar | 53,0 | 185 | 3,5 | Cabezo • Las Mestas • Riomalo de Arriba |
Nuñomoral | 94,8 | 1 224 | 12,9 | Aceitunilla • Asegur • Batuequilla • Cerezal • La Fragosa • El Gasco • Horcajada • Martilandrán • Rubiaco • Vegas de Coria |
Pinofranqueado | 148,9 | 1 682 | 11,3 | Aldehuela • Avellanar • Castillo • Las Erías • Horcajo • Mesegal • El Moral • Muela • Ovejuela • Robledo • Sauceda |
A Mancomunidade de Las Hurdes inclui, além dos municípios acima mencionados, inclui o município de Casar de Palomero, que historicamente pertence à comarca das Terras de Granadilla. Casar de Palomero tem 36,9 km² de área e em 2021) tinha 1 059 habitantes (densidade: 28,7 hab./km²); além da sede municipal tem três alquerías: Azabal, Pedro-Muñoz e Rivera Oveja.
Referências
- ↑ a b «Cifras oficiales de población resultantes de la revisión del Padrón municipal a 1 de enero» (ZIP). www.ine.es (em espanhol). Instituto Nacional de Estatística de Espanha. Consultado em 19 de abril de 2022
- ↑ http://www.mancomunidadhurdes.org/
- ↑ http://www.mancomunidadhurdes.org/index.php?opcion=historia
- ↑ «Cópia arquivada». Consultado em 10 de dezembro de 2008. Arquivado do original em 6 de janeiro de 2009
- ↑ http://www.cinehistoria.com/las_hurdes.pdf
- ↑ http://www.elperiodicoextremadura.com/noticias/noticia.asp?pkid=411778[ligação inativa]
- ↑ González Salgado, José Antonio. «El marco geográfico (Origen y distribución del léxico extremeño, vol. I, págs. 42-60)» (em espanhol). Cartografía lingüística de Extremadura. es.geocities.com/vozextremadura. Consultado em 10 de dezembro de 2008. Arquivado do original em 15 de dezembro de 2008
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Mancomunidad de Las Hurdes (em castelhano)
- Las Hurdes Destino Natural (em castelhano). www.todohurdes.com