Jacques Glassmann

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Jacques Glassmann
Informações pessoais
Nome completo Jacques Glassmann
Data de nasc. 22 de julho de 1962 (61 anos)
Local de nasc. Mulhouse, França
Nacionalidade francês
Altura 1,85 m
canhoto
Informações profissionais
Período em atividade 1978–1998 (20 anos)
Posição Líbero, zagueiro e lateral-esquerdo
Clubes de juventude
1973–1977 FC Mulhouse
Clubes profissionais
Anos Clubes Jogos (golos)
1978–1984
1984–1987
1987–1988
1988—1994
1994–1995
1995–1998
Strasbourg
FC Mulhouse
Tours
Valenciennes
US Maubeuge
USR Sainte Rose
0058 000(3)
0118 00(10)
0033 000(2)
0196 00(20)

Times/clubes que treinou
1998–1999 Strasbourg Sub-17

Jacques Glassmann (Mulhouse, 22 de julho de 1962) é um ex-futebolista e ex-treinador francês que atuava como líbero, zagueiro e lateral-esquerdo. Ficou famoso por ter revelado o escândalo de suborno envolvendo o Marseille e o Valenciannes em 1993, fato pelo qual ganhou Prêmio Fair Play da FIFA dois anos depois.

Carreira[editar | editar código-fonte]

Começo[editar | editar código-fonte]

Glassmann iniciou sua carreira em 1973, na base do Mulhouse, clube de sua cidade natal, ficando até 1977.[1]

Strasbourg[editar | editar código-fonte]

Em 1978, foi para o RC Strasbourg. Estreou dia 22 de novembro de 1978, no empate de 0–0 contra o Duisburg, válido pelas oitavas da Copa da UEFA, com apenas 16 anos.[2] Seu primeiro gol foi na derrota por 4–3 para o PSG, válido pela 12a rodada da Campeonato Francês de Futebol de 1982-83.[3] Ao todo ficou seis temporadas no clube e ganhou o Campeonato Francês de 1978–79.[4]

Mulhouse e Tours[editar | editar código-fonte]

Após um pedido seu, em 1984 retorna ao Mulhouse, ficando três anos no clube que o revelou, e em 1987 tem uma rápida passagem pelo Tours FC.[1]

Valenciennes[editar | editar código-fonte]

Glassmann chegou no Valenciennes em 1988. Após três temporadas, o clube consegue na 4ª tentativa o acesso para Division 1 de 1992-93, após o vice-campeonato na Segunda Dvisão.[1]

Porém, Glassmann ficou famoso e mais marcado por denunciar o episódio de suborno envolvendo o Marseille e o Valenciannes, seu time, no qual o clube de Marselha havia oferecido dinheiro para entregar o jogo, à mando de seu presidente na época, Bernard Tapie.[5] O Marseille foi punido com a queda para segunda divisão por esse episódio, enquanto Glassmann ganhou o prêmio Fair Play em 1995, pela sua honestidade e coragem.[6][7]

Aposentadoria[editar | editar código-fonte]

Após o Valenciannes, passou pelos clubes amadores US Maubeuge e USR Sainte Rose, até se aposentar em 1998. Chegou a treinar o time Sub-17 do Strasbourg durante 1998 e 1999. De 2002 a 2023, Glassmann trabalhou como diretor na UNFP (Union nationale des footballeurs professionnels), principal sindicato de jogadores franceses profissionais.[1][8]

Caso de suborno[editar | editar código-fonte]

Denúncia de Glassmann[editar | editar código-fonte]

O caso ocorreu no dia 20 de maio de 1993, no intervalo da partida entre o Marseille e o Valenciannes. Jacques Glassman, jogador do Valenciennes na época, contou ao então técnico do seu time, Boro Primorac, que ele próprio e mais dois companheiros de equipe (Christophe Robert, capitão do Valenciannes, e Jorge Burruchaga, campeão mundial com a Argentina em 1986), sofreram uma tentativa de suborno do jogador Jean-Jacques Eydelie, do Olympique de Marseille,[9][10][11][12] (que foi enviado pelo diretor Jean-Pierre Bernès, mandado pelo presidente do clube na época Bernard Tapie, com Bernès inclusive tendo feito a acusação contra o presidente, onde revelou os detalhes do caso depois de ter negado primeiro[10][13]) para “ir devagar” (já que o Marselha ia jogar com o PSG pela disputa da Division 1 e a final da Champions contra o Milan, ganhando as duas decisões) em troca de 200 mil francos.[11][14] Entretanto, Glassman recusou o suborno, enquanto Robert aceitou. Burruchaga havia aceitado, mas logo mudou de ideia e recusou.[12]

Conclusão da investigação[editar | editar código-fonte]

As investigações concluíram que o Marseille subornou os três jogadores do Valenciennes, tendo logo após o fim do jogo a polícia ido ao vestiário do clube para investigar.[15] Foi encontrado uma quantia de US$ 50 mil enterrado no quintal da casa da sogra de Christophe Robert, à quem Tapie alegou ter dado o dinheiro para ajudar na construção de um restaurante.[11]

Consequências[editar | editar código-fonte]

Os principais envolvidos no esquema foram presos. O presidente Bernard Tapie foi condenado a dois anos de prisão, juntamente com o diretor do clube, Jean-Pierre Bernès.[12] Já Eydelie, foi condenado a um ano, mas ficou somente 17 dias preso. Ao sair da prisão, foi supenso por um ano e meio, sendo que Eydelie antes do escândalo, estava no auge na carreira.[11]

O Marseille perdeu o título francês da temporada 1992–93 (que devido ao escândalo, foi oferecido ao PSG que tinha ficado em 2º colocado, mas o clube recusou o título e acabou ficando definido que não teve um campeão) e a chance de defender o título da Champions na temporada seguinte, além de ter sido excluído do Mundial de Clubes, contra o São Paulo (O Milan foi em seu lugar).[10] Entretanto, a conquista do título da Champions vencido, se manteve. E por fim, o Marseille ainda foi rebaixado para a Segunda Divisão Francesa[11] e decretou falência, só conseguindo se recuperar em 1996.[9]

Títulos[editar | editar código-fonte]

Strasbourg[editar | editar código-fonte]

Prêmios individuais[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d «FOOTBALL. Retour sur la carrière du Mulhousien Jacques Glassmann». www.lalsace.fr (em francês). Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  2. «RCS - Duisbourg 0-0». racingstub.com (em francês). Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  3. «Paris SG - RCS 4-3». racingstub.com (em francês). Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  4. «QUE DEVIENS-TU…. Jacques Glassmann, la paix du brave». www.lalsace.fr (em francês). Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  5. Ina.fr, Institut National de l’Audiovisuel-. «Le scandale om-va : été 93 - Archives vidéo et radio Ina.fr». Ina.fr (em francês). Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  6. «Would-be history makers with a tainted legacy: The Marseille bribery scandal of 1993». The Football Pink (em inglês). 21 de junho de 2020. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  7. FIFA.com. «The Best FIFA Football Awards™ - News - Klinsmann, Maldini and Weah take top Honours - FIFA.com». www.fifa.com (em inglês). Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  8. «Notre organisation -». www.unfp.org. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  9. a b «Escândalo de propina: Como um título de Champions League se tornou alvo de corrupção? | Goal.com». www.goal.com. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  10. a b c «Folha de S.Paulo - Ex-dirigente francês é acusado de suborno - 14/3/1995». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  11. a b c d e Janeiro, Por GloboEsporte comRio de. «Escutas, suborno e degola: os casos de manipulação no futebol europeu». globoesporte.com. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  12. a b c «The glory and the corruption of Marseille's kings of 1993, the team that conquered Europe». These Football Times (em inglês). 30 de outubro de 2018. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  13. «PSG? Lyon? Nada disso, veja quem é o maior campeão francês». Torcedores | Notícias sobre Futebol, Games e outros esportes. 8 de março de 2015. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  14. «Glassmann, le joueur qui a dénoncé le scandale VA-OM, a été contacté par Netflix». RMC SPORT (em francês). Consultado em 19 de fevereiro de 2021 
  15. «A última vez que o Campeonato Francês ficou sem um campeão». Betsul. Consultado em 19 de fevereiro de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]