Joaquim Pinto Grijó

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Joaquim Pinto Grijó
Joaquim Pinto Grijó
Postal ilustrado do ator Joaquim Pinto Grijó (Museu Nacional do Teatro e da Dança, Photo Fernandes, década de 1900)
Nascimento 7 de setembro de 1876
Ancede, Baião, Portugal
Morte 30 de outubro de 1934 (58 anos)
Vitória, Porto, Portugal
Sepultamento Cemitério dos Prazeres
Cidadania português
Cônjuge Aura Abranches
Ocupação Ator de teatro, empresário e diretor artístico

Joaquim Pinto Grijó (Ancede, 7 de setembro de 1876Porto, 30 de outubro de 1934) foi um ator de teatro, empresário e diretor artístico de grande nome em Portugal e no Brasil.[1][2][3]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Nasceu a 7 de setembro de 1876[nota 1], na freguesia de Ancede, do concelho de Baião, oriundo de uma família modesta, sendo filho de Joaquim Pereira dos Santos Júnior, carpinteiro e de sua mulher, Maria de Oliveira, que faleceram era o ator ainda jovem. Desconhece-se o motivo de não ter os apelidos de família.[4][5][6]

Iniciou a sua carreira artística no Brasil, para onde emigrara muito jovem e onde se empregara no comércio, num estado do interior. Passando por lá a Companhia Dias Braga, Pinto Grijó, que sempre tivera inclinação ao teatro, conseguiu contratar-se naquela companhia e estrear-se em São Paulo, com a peça Médico à Força, de Molière, em março de 1897. No mesmo ano, no Rio de Janeiro, desenvolveu um vasto repertório em que figuravam todos os géneros teatrais. Regressando a Portugal, fez uma época no Porto com a Companhia Portulez, com a qual veio para Lisboa, onde representou no Teatro Avenida, salientando-se bastante como tenor de opereta. Voltou ao Brasil e, de regresso a Portugal, esteve duas épocas no Teatro D. Amélia. Em 1915 voltou ao Brasil, ingressando na Companhia de José Loureiro, de que foi sócio e empresário.[1][3][6][7][8]

Fez ainda várias tournées ao Brasil e às Ilhas, acumulando êxitos junto do público. Para além de ator, foi também empresário e diretor artístico, tendo ação na direção das empresas de que fazia parte a atriz Aura Abranches, com quem casaria a 21 de fevereiro de 1916, na freguesia de Benfica, em Lisboa. Foi pai do ceramista Fernando Abranches Ruas Pinto Grijó, nascido em 1919.[1][3][4][7][8]

A última vez que esteve em palco foi no Teatro da Trindade, numa peça brasileira, deixando de representar nos últimos anos de vida, para se dedicar exclusivamente à administração de negócios teatrais. Foi um dos sócios fundadores do Teatro Politeama, onde chegou também a representar.[8]

Adoecendo gravemente na sua propriedade em Santa Leocádia, foi aconselhado pelo Dr. Alfredo Pimenta a internar-se no Hospital de Joaquim Urbano, no Porto, para onde foi acompanhado da mulher. Acabou por falecer a 30 de outubro de 1934, aos 58 anos de idade, naquele hospital. Da Igreja do Bonfim saiu no dia seguinte a urna do ator para a Estação de Campanhã, onde ficou depositado numa carruagem transformada em câmara ardente, para ser transportado a Lisboa pelo comboio-correio da noite. Chegando a Lisboa, foi velado pela família, pasando o préstito pelo Teatro Avenida, onde o ator obteve os maiores sucessos da sua carreira. Foi sepultado em jazigo, no Cemitério dos Prazeres.[2][4][9][10]

Sousa Bastos descreveu-o, em 1908, da seguinte forma: "É um artista de verdadeiras aptidões, que em Lisboa ainda não foram devidamente aproveitadas. Tem lugar saliente em qualquer companhia e tem futuro."[6] Já o Diário de Lisboa, dedica-lhe as seguintes palavras, a propósito do seu falecimento: "Pinto Grijó era muito estimado nos meios teatrais pelas suas excelentes qualidades de carácter. Todos conheciam os seus extremos de carinho pela família, que constituía a sua grande preocupação."[8]

Notas

  1. A maioria das fontes refere que o ator nasceu a 7 de setembro de 1876, no entanto, o seu assento de batismo refere que terá nascido a 6 de outubro de 1875, o que coincide com a idade apresentada no registo de casamento, desconhecendo-se o motivo da discrepância entre as datas.

Referências

  1. a b c Oliveira, Américo Lopes (1983). Escritoras brasileiras, galegas e portuguesas. Braga: Tip. Silva Pereira. p. 9 
  2. a b «O Falecimento de Joaquim Pinto Grijó» (PDF). Jornal do Brasil (260): 11. 31 de outubro de 1934. Consultado em 31 de julho de 2020 
  3. a b c CRUZ, Duarte Ivo. «Joaquim Pinto Grijó» in Verbo Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura, Lisboa : Verbo.
  4. a b c «Livro de registo de casamentos da 3ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (02-01-1916 a 31-12-1916)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. pp. 20, 20 verso 
  5. «Livro de registo de batismos da paróquia de Ancede (1875)». pesquisa.adporto.arquivos.pt. Arquivo Distrital do Porto. p. 34 verso 
  6. a b c Bastos, António de Sousa (1908). Diccionario do theatro portuguez. Robarts - University of Toronto. Lisboa: Imprensa Libânio da Silva. p. 272 
  7. a b Faces de Eva. Lisboa: Edicões Colibri. 2002. p. 202 
  8. a b c d «Faleceu hoje no Porto o actor Pinto Grijó». Casa Comum - Fundação Mário Soares. Diário de Lisboa: 4. 30 de outubro de 1934 
  9. «O funeral do actor Grijó». Casa Comum - Fundação Mário Soares. Diário de Lisboa: 4. 31 de outubro de 1934 
  10. «De luto - Actor Pinto Grijó». Casa Comum - Fundação Mário Soares. Diário de Lisboa: 4. 1 de novembro de 1934