Maria do Carmo Xavier Braga

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Maria do Carmo Xavier Braga
Maria do Carmo Xavier Braga
2.ª Primeira-dama de Portugal (póstumo)
Dados pessoais
Nome completo Maria do Carmo Xavier de Oliveira de Barros Leite
Nascimento 14 de novembro de 1841
Porto, Portugal
Morte 14 de setembro de 1911 (69 anos)
Lisboa, Portugal
Nacionalidade portuguesa
Cônjuge Teófilo Braga

Maria do Carmo Xavier de Oliveira de Barros Leite Braga (Porto, 14 de novembro de 1841Lisboa, 14 de setembro de 1911), foi a esposa do 2.º Presidente da República Portuguesa Teófilo Braga, e por inerência Primeira-dama de Portugal a título póstumo, por ter falecido antes da ascensão do marido ao cargo.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Maria do Carmo Xavier de Oliveira de Barros Leite nasceu na Rua da Picaria, freguesia de Santo Ildefonso, na cidade do Porto, a 14 de novembro de 1841, no seio de uma família com origens da nobreza. Era filha do Dr. António Pedro Xavier de Barros Leite e Alvim (tendo o último apelido sido erroneamente registado pelo escrivão do acervo, devendo originalmente ser Alão), Bacharel em Direito pela Universidade de Coimbra, natural de São João Baptista de Airão, e de sua esposa, Ana Amália Martins da Cruz Xavier de Castro e Sousa de Távora, natural do Porto.[2] Era irmã de Eduardo Xavier de Oliveira Barros Leite, médico,[3] e António Pedro Xavier de Oliveira de Barros Leite, juiz de Direito na comarca de Melgaço.[4][5][6][7][8] Era também prima em primeiro grau, pelo lado paterno, do reconhecido psiquiatra português Júlio de Matos.[9]

Retrato fotográfico de Maria do Carmo Xavier Braga durante a sua juventude
Maria do Carmo com sua filha Maria da Graça, na década de 1870.

Apesar de durante a sua juventude ter sido pretendida pelo poeta Antero de Quental,[10] fiel amigo do seu irmão Eduardo, a 20 de abril de 1868 contraiu matrimónio, na Igreja de São Martinho de Cedofeita, no Porto, com o republicano açoriano Teófilo Braga, natural de Ponta Delgada, à época com 25 anos, doutorando em Direito na Universidade de Coimbra e já conceituado poeta, que, perdido de amores, escreveu-lhe mais de uma centena de cartas enquanto a cortejava.[11][12]

Anos mais tarde, passando a dividir o seu tempo entre Lisboa, onde o seu marido passou a exerceu como professor de literatura no Curso Superior de Letras, e a Quinta do Paço em Airão São João,[13] a qual havia herdado de seus pais e era o seu principal e predileto refúgio campestre, Maria do Carmo Xavier Braga manteve-se quase sempre afastada da vida académica e política do marido, com quem partilhou a dor da morte precoce dos seus três filhos, o primogénito quase à nascença e os restantes vítimas de tuberculose: Joaquim (1869), Maria da Graça (1871-1887) e Teófilo (1874-1886).[1][14][15]

Faleceu 4 anos antes da tomada de posse do marido como Presidente da República, que ocorreu a 29 de maio de 1915, não chegando a ocupar o título de Primeira-dama de Portugal. Vítima de caquexia, faleceu em sua casa, situada no primeiro andar do número 70 da Travessa de Santa Gertrudes, na freguesia de Santa Isabel, em Lisboa, a 14 de setembro de 1911, com 69 anos de idade.

Sendo Teófilo Braga o chefe do Governo Provisório da República, o funeral de Maria do Carmo Xavier Braga foi realizado com bastante cerimónia e honras tendo o seu caixão sido levado e conduzido por marinheiros desde a sua morada até ao cemitério. A homenagem contou ainda com a presença de várias personalidades do período da Primeira República Portuguesa, como Bernardino Machado ou Anselmo José Braamcamp, tendo a cerimónia sido acompanhada por vários periódicos da época e fotografada pelo reputado fotógrafo Joshua Benoliel. Encontra-se sepultada em jazigo de família, no Cemitério dos Prazeres.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b «MPR - Teófilo Braga». www.museu.presidencia.pt. Museu da Presidência da República 
  2. Arquivo nacional. [S.l.]: Emprêsa Nacional de Publicidade. 1935 
  3. Braga, Theophilo (25 de julho de 2022). Anthero de Quental. [S.l.]: BoD – Books on Demand 
  4. «Livro de registo de baptismos da Paróquia de Santo Ildefonso (14-03-1841 a 20-12-1847)». pesquisa.adporto.arquivos.pt. Arquivo Distrital do Porto. p. 61 
  5. «António Pedro Xavier». pesquisa.auc.uc.pt. Arquivo da Universidade de Coimbra 
  6. Novo almanach de lembranças Luso-Brazileiro para o anno de ... [S.l.]: Parceria Antonio Maria Pereira. 1881 
  7. Carreiro, José Bruno (1955). Vida de Teófilo Braga. [S.l.]: Arquipélago 
  8. «António Pedro Xavier Oliveira de Barros Leite (D.)». pesquisa.auc.uc.pt. Arquivo da Universidade de Coimbra 
  9. «Eduardo Xavier de Oliveira Barros Leite». pesquisa.auc.uc.pt. Arquivo da Universidade de Coimbra 
  10. Carreiro, José Bruno (1981). Antero de Quental: subsídios para a sua biografia. [S.l.]: Instituto Cultural de Ponta Delgada 
  11. Geral, Universidade de Coimbra Biblioteca (1947). Boletim da Biblioteca da Universidade de Coimbra. [S.l.]: Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra 
  12. Braga, Teófilo (1996). Minha freira: cartas familiares. [S.l.]: Instituto Cultural de Ponta Delgada 
  13. «Casa do Paço | Casas com História». Em Guimarães 
  14. «Livro de registo de casamentos da Paróquia de São Martinho de Cedofeita (1868)». pesquisa.adporto.arquivos.pt. Arquivo Distrital do Porto. p. 35-35 verso, assento 34 
  15. «Joaquim Teófilo Fernandes Braga». pesquisa.auc.uc.pt. Arquivo da Universidade de Coimbra 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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