Mata de igapó

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Mata de igapó com vitórias-régias, plantas típicas, no Parque Estadual Rio Negro, no estado do Amazonas.

Mata de igapó é um tipo de vegetação característico da floresta amazônica. Situa-se em terrenos baixos, ou seja, planos, ao longo de rios de águas negras e que são frequentemente inundados.

Na classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2012), pode ser enquadrada nas categorias floresta ombrófila densa aluvial e floresta ombrófila aberta aluvial.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

"Igapó" é um termo oriundo do tupi antigo e significa "raízes d'água", através da junção dos termos 'y ("água") e apó ("raiz").[1]

Igapó na divisa entre as cidades de Envira, Eirunepé e Ipixuna, no estado do Amazonas, no Brasil

Características[editar | editar código-fonte]

As árvores atingem até vinte metros de altura, com a maioria entre quatro e cinco metros. As espécies vegetais aqui encontradas são adaptadas a terrenos alagadiços. Suas plantas, de menor porte, são hidrófilas (adaptadas a regiões alagadas), possuindo, como espécies comuns, a vitória-régia, as orquídeas, as bromélias e outras.

São vegetações da Amazônia brasileira que ocorrem ao longo dos rios de águas pretas ou claras. São, periodicamente, inundadas, e carregam baixa quantidade de sedimentos e nutrientes. O clima é tropical pluvial (equatorial), quente e úmido. As áreas alagadas na Amazônia ocupam cerca de 8% do bioma Amazônico e são diferenciadas com base no tipo de inundação, cor da água, tipo de solo, origem geológica, estrutura e composição de espécies.

As planícies inundáveis de rios de água preta consistem em solos arenosos pobres em nutrientes, intercalados com praias arenosas. A diferença na cor das águas dos rios da Amazônia indicam diferenças na qualidade da água. Os rios de água preta têm águas escuras devido à presença de compostos fenólicos que se formam no interior dos igapós, fruto da decomposição lenta e anaeróbica da serapilheira submersa. A água é ácida e o teor de substâncias inorgânicas dissolvidas é baixo. A água e o solo de área alagada por rios de água preta têm baixa fertilidade quando comparados aos dos rios de água clara.

Os igapós provavelmente surgiram nos períodos do Terciário e Pré-Cambriano. A flora associada a este tipo de ecossistema é altamente adaptada às condições deste ambiente, como, por exemplo, inundação, sedimentação, erosão, pH e produtividade. Essas florestas cobrem uma área de aproximadamente 100 000 quilômetros quadrados no período das enchentes. Crescem principalmente sobre solos arenosos, pobres em nutrientes, mas com muitas espécies endêmicas. Muitas dessas espécies florescem durante a fase aquática, sendo o período de inundação que comanda todos os processos de crescimento e desenvolvimento nestes ambientes.

Na floresta de igapó, a vegetação, geralmente, é baixa, sendo constituída por arbustos, cipós e musgos, que são exemplos de plantas comuns nestas áreas. É também nas matas de igapó que encontramos a vitória-régia, um dos símbolos da Amazônia. Sua folha arredondada, que fica na superfície da água, pode chegar a mais de um metro de diâmetro, e possui espinhos ao redor das bordas como forma de defesa contra ataques de peixes. Sua flor pode variar do branco ao rosa. A planta fica presa no leito do rio por um tendão que impede que a folha se separe da raiz. As árvores têm uma altura de aproximadamente 20 metros e podem-se encontrar espécies como a seringueira, a ucuuba, a bacaba, o buriti e a sumaúma. Entre a fauna aquática, os peixes são de grande importância, por atuarem como dispersores de sementes.

As florestas de igapó, devido a ocorrerem em regiões geológicas mais antigas dos Períodos do Terciário e Pré-Cambriano, possuem solos bastante pobres. Desta forma, são ambientes frágeis e de difícil recuperação uma vez alterados pela intervenção humana, que, atualmente, é maior ameaça a esse ecossistema de área alagada. O grau de resiliência do solo (capacidade do solo de recuperar sua integridade funcional) nestes ambientes é muito baixo e a remoção de sua cobertura vegetal pode levar a perda do habitat, face à importância ecológica e estrutural que as plantas desempenham para a manutenção desse ambiente.

Referências

  1. Eduardo de Almeida Navarro (2013). Dicionário de Tupi Antigo: a língua indígena clássica do Brasil. [S.l.]: São Pauloː Global. 50 páginas 
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