Mulheres empilhadas

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Mulheres empilhadas
Autor(es) Patrícia Melo
Idioma Português
País  Brasil
Gênero Romance
Editora LeYa Brasil
Formato Capa em cartão
Lançamento 2019
Páginas 240
ISBN 9788577346882
Cronologia
Gog magog
(2017)

Mulheres empilhadas é um livro da escritora brasileira Patrícia Melo lançado em 2019 pela editora LeYa Brasil. Décima segunda publicação da autora em 25 anos de carreira, sendo o décimo primeiro romance, consiste numa ficção com base num contexto real: o feminicídio no Brasil. É também o primeiro romance de Patrícia com temática e protagonismo femininos.[1]

Durante o lançamento, em novembro de 2019, a escritora, que reside na Suíça desde 2009, veio ao Brasil para uma pequena turnê, com passagens por Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador e São Paulo, em eventos que contaram com debates com nomes como a juíza e escritora Andréa Pachá, a atriz Camila Morgado e a escritora Paloma Amado, filha de Jorge Amado e Zélia Gattai.[2]

Enredo[editar | editar código-fonte]

A trama de Mulheres empilhadas narra a história de uma jovem advogada paulistana, cujo nome não é revelado, que, após o término de um relacionamento abusivo, aceita passar uma temporada no Acre, no extremo norte do Brasil, para acompanhar um mutirão de julgamentos de casos de mulheres assassinadas – na maioria das vezes por homens conhecidos, como maridos, namorados, pais, tios e avôs. Chocada com a violência ao seu redor, a protagonista se percebe inserida numa cultura onde a impunidade se impõe praticamente como lei. E, ao descobrir rituais ancestrais de povos indígenas na Amazônia, seus pensamentos passam a ir e voltar no tempo, misturar realidade e pesadelo, percorrer da razão ao delírio. Nesse processo, sua busca pessoal acaba impulsionando outras tragédias – das quais ela só será capaz de resgatar o seu próprio enigma.[1]

Intercalada à narrativa principal, de tom realista, Patrícia Melo constrói capítulos de caráter onírico. Neles, a narrativa tem inspiração na lenda das icamiabas, tribo de guerreiras amazônicas que combate a opressão masculina. Nesse mundo imaginário, a advogada e as icamiabas se juntam em sociedade de mulheres que perseguem, julgam e matam os assassinos de mulheres que escapam da justiça na vida real.[1]

Temática[editar | editar código-fonte]

Patrícia discorreu sobre a gênese de Mulheres empilhadas em entrevista ao jornal O Globo: "A (feminista americana) Diana Russell diz que vivemos uma era de terror sexista, tamanha a magnitude e intensidade da violência contra a mulher. Quando recebi convite da editora para este romance, perguntaram se eu queria escrever algo sobre a realidade da mulher brasileira. Minha escrita sempre foi muito calcada na realidade do país. O Brasil ocupa o quinto lugar no ranking de países mais feminicidas, e essa parecia uma realidade que se poderia usar numa ficção."[3]

Recepção[editar | editar código-fonte]

O romance foi celebrado na imprensa brasileira, com reportagens e resenhas de destaque em veículos como O Globo, O Estado de S. Paulo, Valor Econômico, Estado de Minas, Correio Braziliense, Correio da Bahia e Claudia, entre outros.

Nelson Motta, em coluna no jornal O Globo, classificou Mulheres empilhadas como um "grande livro" e afirmou que o texto de Patrícia é "de beleza arrebatadora".[4]

Em artigo publicado no Valor Econômico em janeiro de 2020, a também romancista Tatiana Salem Levy escreveu: "Há uma clara guinada na literatura de Patrícia Melo neste livro, quando ela transita do masculino para o feminino. Guinada que não põe em questão a qualidade do que ela fez antes, mas que mostra como um escritor muda e se deixa tocar pelo seu tempo. (...) A boa literatura transforma a dor em força, a morte em vida. Portanto, embora começar o ano com a notícia de mais feminicídios seja triste, é alegre iniciá-lo com uma voz potente, e com o sentimento de que, neste novo ano, continuaremos a falar."[5]

Em sua crônica semanal publicada nos jornais O Globo e Zero Hora, a escritora Martha Medeiros afirma que Mulheres empilhadas "coloca o dedo na ferida e mostra que não há exagero nem vitimismo quando o assunto é violência contra a mulher."[6]

O site Buzzfeed elegeu a obra como um dos dez melhores livros brasileiros da década de 2010.[7]

Referências

  1. a b c «Mulheres empilhadas». LeYa. 30 de setembro de 2019. Consultado em 11 de novembro de 2019 
  2. «LeYa Brasil no Instagram: "Na próxima semana, a escritora Patrícia Melo inicia a turnê de lançamento do aguardado romance "Mulheres empilhadas", que passa por quatro…"». Instagram. Consultado em 11 de novembro de 2019 
  3. «'O feminicídio é uma realidade de guerra', diz escritora Patrícia Melo». O Globo. 3 de novembro de 2019. Consultado em 11 de novembro de 2019 
  4. «Tapa na cara». O Globo. 14 de novembro de 2019. Consultado em 23 de janeiro de 2020 
  5. Levy, Tatiana Salem (17 janeiro 2020). «Crime democrático». Valor Econômico 
  6. «Martha Medeiros: Quando a gente se sente incomodado com algo que antes não nos abalava, é sinal de que nos tornamos mais conscientes». O Globo. 8 de dezembro de 2019. Consultado em 27 de janeiro de 2020 
  7. Passarelli, Gaia. «10 dos melhores livros nacionais desta década». BuzzFeed. Consultado em 23 de janeiro de 2020