Olga Mariano

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Olga Mariano
Nascimento 1950 (74 anos)
Seixal
Cidadania Portugal
Etnia ciganos
Ocupação escritora, ativista dos direitos humanos, Bitartekari

Olga Mariano, também conhecida por Olga Natália (Évora, 1950) é uma mediadora sócio-cultural, escritora, ativista pelos direitos da comunidade cigana e cofundadora da AMUCIP – Associação para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas Portuguesas e da Associação de Investigação e Dinamização das Comunidades Ciganas e da Letras Nómadas – Associação de Investigação e Dinamização das Comunidades Ciganas. Foi a primeira mulher cigana a tirar a carta de condução em Portugal.

Percurso[editar | editar código-fonte]

Mariano nasceu em Évora, em 1950 no seio de uma família cigana. Aos 4 anos, mudou-se com a família para o Fogueteiro, na freguesia da Amora, concelho do Seixal. Na década de 1960, frequentou a escola na Amora, a cerca de cinco quilómetros do Fogueteiro. Durante a infância e juventude passava temporadas em Évora, com as tias paternas.[1][2][3]

Aos 17 anos, foi emancipada pelo pai e tornou-se a primeira mulher cigana a tirar a carta de condução em Portugal, por ser a única da família que tinha concluído a 4ª classe, um critério obrigatório para fazer o exame de condução. A partir desse momento, passou a levar os pais às feiras de Sesimbra e de Cascais e a transportar a família a festas no Alentejo.[1][4][5]

Durante 25 anos, trabalhou na feira de Almada, onde tinha uma banca juntamente com o marido, onde vendia têxteis e vestuário. Em 1999, após ficar viúva, Mariano foi selecionada, juntamente com outras cinco mulheres ciganas e onze africanas, para frequentar um curso de mediadora sociocultural. Em 2000, na sequência deste curso, em conjunto com mais quatro mulheres ciganas - Alzinda, Anabela, Sónia e Noel -, formou a AMUCIP – Associação para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas Portuguesas, a primeira associação de mulheres ciganas em Portugal. Ao assumir a presidência, tornou-se a primeira mulher cigana a liderar uma associação deste género em Portugal, cargo que manteve até 2013.[1][4][6]

Entre 2000 e 2005 trabalhou como mediadora socio-cultural numa escola do Bairro Padre Cruz, em Lisboa. Entre 2007 e 2009, integrou o Gabinete de Ação Social da Câmara Municipal do Seixal, onde, em conjunto com as técnicas da Autarquia, apoiou a resolução das necessidades dos bairros. Durante este tempo, Mariano foi voluntária numa escola do concelho, com o objectivo de aumentar a representatividade das pessoas ciganas no contexto escolar, em função da ausência de menção à cultura cigana nos manuais escolares.[1][6]

Em 2009 passou a ser mediadora municipal na Câmara Municipal do Seixal, e deu formação a técnicos municipais e de assistência social em história e cultura cigana, a nível nacional.[7][2]

Em 2013, no âmbito do Romed - Programa Europeu de Formação para Mediadores Ciganos, lançado pelo Conselho da Europa em 2011, pelo qual é formadora, cocriou a Letras Nómadas, uma Associação cujo objectivo é a investigação-acção sobre as comunidades ciganas em Portugal, em conjunto com Bruno Gonçalves, primeiro presidente da Associação de Ciganos de Coimbra e antigo vice-presidente do Centro de Estudos Ciganos. Mariano assume a presidência da direção.[1][4][2]

Em março de 2019 representou a associação Letras Nómadas na audição que teve lugar no Auditório António de Almeida Santos da Assembleia da República, no âmbito da elaboração de um relatório sobre racismo, xenofobia e discriminação étnico-racial, juntamente com outros representantes das comunidades ciganas e de organizações que trabalham com estas pessoas.[8][9]

Obra[editar | editar código-fonte]

Mariano tem três obras publicadas sob o nome Olga Natália.[7][10]

  • Olga Natália (2000), Poemas desta vida cigana. Editora RealImo, Setúbal.
  • Olga Natália (2002), Festejando a Vida. Editora RealImo, Setúbal.
  • Olga Natália (2003), Inquietudes. Editora RealImo, Setúbal.

Reconhecimentos e Prémios[editar | editar código-fonte]

  • Em dezembro de 2017, esteve presente numa audiência no Palácio de Belém, no âmbito da parceria da Letras Nómadas com o Alto Comissariado para as Migrações (ACM) e com a Rede Portuguesa de Jovens para a Igualdade de Oportunidades entre Mulheres e Homens, que visou a criação do Programa Operacional para a Promoção da Educação (OPRE), enquanto pioneira do programa. O objectivo deste programa é a atribuição de bolsas de estudo universitárias, formação, tutoria e acompanhamento de jovens bolseiros/as das comunidades ciganas e suas respetivas famílias.[11][12]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. a b c d e Luís, Alexandra Alves; André, Ana Catarina (junho de 2017). «Olga Mariano». Faces de Eva. Estudos sobre a Mulher (37): 173–178. ISSN 0874-6885 
  2. a b c Studio (http://tpwd.pt), TPWD™, Web Design. «Entrevista Olga Mariano» 
  3. «Ativista cigana diz que nunca se sentiu tão ilegal dentro do próprio país como agora». TSF Rádio Notícias. 24 de junho de 2021. Consultado em 24 de junho de 2021 
  4. a b c Miranda, Ana Cristina Pereira, Adriano. «As mulheres ciganas estão a fazer a sua pequena revolução» 
  5. Rede40Mulheres. «Olga Mariano e Noel Gouveia: "Sou cigana com todo o orgulho que isso me dá, e posso ser tudo aquilo que quiser ser sem nunca deixar de ser quem sou" – 40 anos, 40 mulheres» (em inglês) 
  6. a b «Vozes Ciganas na Mediação Intercultural (Parte I), Olga Mariano - DetalheArtigo - obcig» 
  7. a b «MARIANO | ROMED» 
  8. «Portugueses de etnia cigana querem ser ativos na vida política nacional» 
  9. «Comunidade Cigana no Parlamento: ″Somos portugueses ciganos e não ciganos portugueses″ - DN» 
  10. Ciganos Portugueses: olhares cruzados e interdisciplinares em torno de políticas sociais e projectos de intervenção social e cultural. [S.l.]: Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais/CEMRI - Universidade Aberta. Novembro de 2013. ISBN 978-972-674-729-1. Consultado em 15 de março de 2020 
  11. «Presidente da República recebeu jovens OPRE - NoticiaDetalhe - ACM» 
  12. «Presidente da República recebeu participantes do OPRE» 
  13. «Cerimónia de entrega do Prémio Direitos Humanos 2018 – Assembleia da República» 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]