Oscar Martín

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Oscar Martín
Informações pessoais
Nome completo Oscar Raimundo Martín
Data de nascimento 23 de junho de 1934
Local de nascimento Buenos Aires, Argentina
Nacionalidade argentino
Data da morte 12 de fevereiro de 2018 (83 anos)
Local da morte Buenos Aires, Argentina
Apelido El Cacho, Negro, El Gran Capitán
Informações profissionais
Posição lateral-direito
Clubes profissionais
Anos Clubes Jogos e gol(o)s
1952–1958
1959–1963
1963–1967
1969
Argentinos Juniors
Chacarita Juniors
Racing Club
Almagro
0065 0000(4)
0112 0000(2)
0172 0000(0)
0013 0000(0)

Oscar Raimundo Martín (Buenos Aires, 23 de junho de 1934Buenos Aires, 12 de fevereiro de 2018)[1][2][3] foi um futebolista argentino que atuava como lateral-direito. Oscar Martín é um dos maiores ídolos da história do Racing Club de Avellaneda, ele foi o capitão da primeira equipe argentina a ser campeã do mundo, o Racing treinado por Juan José Pizutti venceu a Copa Libertadores da América e a Copa Intercontinental em 1967. Assim, Martín ficou conhecido como El Gran Capitán del Equipo de José.[4][2]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Argentinos Juniors[editar | editar código-fonte]

Oscar Martín iniciou sua carreira no futebol no Argentinos Juniors, sua estréia como jogador ocorreu em 1952.[5] Cacho ou Negro[2], como era conhecido naqueles tempos, era um típico '8' que jogava pela direita,[6] inicialmente atuava como volante pela direita ou meia-direita, mas sua entrega em campo e grande capacidade de marcação defensiva foram melhores exploradas na lateral-direita.[7] Em sua estréia, com apenas 17 anos marcou dois gols e o Bicho Colorado venceu o Tigre por 2–1.[3]

Em 1955, Martín fez parte do plantel histórico em La Paternal, que conquistou reconduziu o Argentinos Juniors a Primeira Divisão após 18 anos com a conquista da Primera División B (a Segunda Divisão do Futebol Argentino na época).[3][8][9]

Chacarita Juniors[editar | editar código-fonte]

Oscar Martín ganhou renome no Chacarita Juniors, onde chegou em 1959, e conquistou mais um acesso a Primeira Divisão neste mesmo ano.[3][7] El Funebrero conquistou a Primera División B, após ter caído em 1956 para a Segunda Divisão. Martín fez parte do time-base do Chacarita Juniros e teve grande destaque defensivo.[10] Após temporadas regulares no meio da tabela o Chaca conseguiu um ótimo quinto lugar no Campeonato Argentino de Futebol de 1962.[3][7]

Em 1963 a AFA decidiu levar para ao Campeonato Sul-Americano de Futebol de 1963 na Bolívia uma seleção 'C', formada de jogadores de pouca expressão, o que mostrou-se uma oportunidade para Oscar Martín que foi titular da Argentina no torneio, que terminou com a albiceleste em terceiro lugar e Martín negociado com o Racing de Avellaneda.[7]

Racing Club[editar | editar código-fonte]

Oscar Martín chegou ao Racing em 1963, como parte de uma reestruturação da equipe.[5] Estréiou em 28 de Abril de 1963 contra o Vélez Sársfield, em uma derrota como visitante por 1-2.[11] Suas primeiras temporadas não lograram sucesso no clube.[1] Em 1965, o Racing Club vivia à sombra do sucesso de seu grande rival, o Independiente, bicampeão da Copa Libertadores (1964 e 1965), além de passar por uma situação financeira delicada. A esta altura, Martín com 30 anos não apresentava uma carreira de relevo no futebol argentino.[12] El Cacho sofria com o clube albiceleste, que em Setembro de 1965 ocupava a lanterna do Campeonato Argentino de Futebol de 1965 com 13 pontos somados em 18 rodadas.[7] Segundo Martín, aquele momento do Racing foi uma desorganização total.[13] Tudo mudou rapidamente com a chegada do ex-jogador do Racing, Juan José Pizzuti, em 16 de Setembro de 1965.

Figura importante de La Academia nos títulos nacionais de 1958 e 1961, Pizzuti retornava como treinador encarregado de recuperar o Racing no Campeonato Argentino de 1965,[12] a equipe encontrava nos últimos lugares, mas tudo mudou rapidamente e o time transformou-se em equipe vencedora e referenciada como El Equipo de José, um time que deixou a desorganização total de lado para ser lembrado pelo belissímo futebol e intensidade ofensiva.[14] Em sua primeira partida a frente do comando técnico de La Academia, a equipe logo venceu, o então líder, o River Plate por 3-1 em 19 de Setembro de 1965 em Avellaneda (Buenos Aires).[12] Foi o início de uma remontada no campeonato, que levaria o Racing do último posto da tabela até uma honrosa quinta posição ao final do Campeonato Argentino de Futebol de 1965, graças a uma arrancada resultante de 14 últimos jogos invictos (7 vitórias e 7 empates).[15] [16]

Na equipe de José, Oscar Martín não tinha o mesmo brilho de seus companheiros de zaga.[5] No entanto, o veterano lateral-direito era a principal referência moral do time dentro de campo, sendo o ponto de equilíbrio de uma defesa fantástica, porém muito jovem.[14] Uma defesa que ficou na história do Racing e do futebol argentino, formada por: Agustín Cejas, Oscar Martín, Roberto Perfumo, Alfio Basile e Rubén Díaz.[5] O lateral-direito era o líder espiritual da equipe, respeitado por todos, encarregado em campo de arengar, apoiar, ouvir e orientar seus companheiros, um capitão indiscutível para o Racing.[1] Mesmo com o retorno de uma antigo ídolo, Humberto Maschio, para temporada de 1966, sua capitania não foi questionada.[7]

Campeonato Argentino de 1966[editar | editar código-fonte]

A Primera División 1966 começou com um triunfo frente ao Atlanta, a décima quinta partida consecutiva invicta da Equipo de José, uma série de invencibilidade que chegaria a 39 jogos invictos naquele histórico campeonato de 1966 (desde 24 de Setembro de 1965 a 4 de Setembro de 1966). Oscar Martín e Juan José Rodríguez foram os únicos a jogar as 39 partidas invictas.[12] [16] El Equipo de José foi considerado um dos primeiros a praticar um Futebol Total, com jogadores sem posição fixa e um grande volume ofensivo. Tito Pizzuti montou uma versão dinâmica do 4-3-3, o Racing defendia com um 8-2 (oito atrás) e ao atacar fazia com um 1-9 com laterais fortes, eficientes na defesa e no apoio ao ataque (com Perfumo em segundo plano e todo o resto a frente).[12] [17] Uma equipe bem estruturada defensivamente e onde todos atacavam, qualquer jogador poderia marcar um gol. El Grand Capitán foi o único a não marcar gol naquele campeonato, assim como não o fez por toda sua passagem em La Academia.[7] [12] [13]

A solidez defensiva do Racing organizada por Pizzuti e liderada por Martín em campo contribuiu para o goleiro Agustín Cejas manter-se 586 minutos sem sofrer gols no Campeonato Argentino de 1966.[12] Oscar Martín foi um símbolo do Racing de Tito Pizzuti, em um futebol solidário de poucas estrelas, mas que mirava sempre o gol adversário, o lateral-direito era o motor do time, era sólido na marcação e recuperação e forte na projeção ao ataque.[5] [12] O desempenho de Martín em 1966 o levou a ser considerado a convocação para a Copa do Mundo de 1966, mas em última hora o técnico Juan Carlos Lorenzo decidiu chamar Carmelo Simeone, tirando a oportunidade de Oscar Martín.[11]

Em 20 de Novembro de 1966, El Equipo de José tornava-se campeão argentino com duas rodadas de antecedência, premiando um futebol revolucionário, de esquema tático dinâmico, que produziu números impressionantes.[12] O recorde de invencibilidade (39 jogos) do Campeonato Argentino foi quebrado apenas em 1999, quando o Boca Juniors de Carlos Bianchi atingiu 40 jogos invictos.[7] [17] [18] O Racing terminou aquele histórico campeonato com o melhor ataque (70 gols marcados) e melhor defesa (24 gols sofridos). Em 38 jogos, o time albiceleste venceu 24 vezes, além de 13 empates e apenas uma derrota, uma campanha formidável.[12] [17] [18] [19]

Copa Libertadores de América de 1967[editar | editar código-fonte]

Oscar Martín ergueu a Copa Libertadores de América no Estádio Nacional do Chile, em Santiago (29 de Agosto de 1967) após o Racing Club venceu ao Club Nacional de Montevidéu por 2-1 no jogo desempate em campo neutro (terceira partida da final).[5] O Racing percorreu uma maratona de jogos para conquistar a América. El Equipo de José foi o campeão com a maior quantidade de jogos disputados da história do torneio sulamericano com 20 partidas disputadas: 14 vitórias, 4 empates e 2 derrotas.[17] [20] Mais uma vez La Academia se notabilizou por um forte ataque e solidez defensiva, foram 44 gols marcados e 14 sofridos.[20] [21]

Copa Intercontinental 1967[editar | editar código-fonte]

El Gran Capitán foi titular e capitão do clube albiceleste nos três confrontos contra o Celtic da Escócia: no primeiro confronto os escoceses venceram por 1-0 com gol do capitão Billy McNeill, em Hampden Park, Glasgow (18 de Outubro de 1967); a segunda partida foi vencida pelos argentinos no Estádio El Cilindro em Avellaneda no dia 1 de Novembro de 1967. Com gols de Noberto Raffo e Juan Carlos Cárdenas no segundo tempo, La Academia virou o jogo e venceu por 2-1 e forçou um terceiro confronto em campo neutro.[17] [22]

Em 4 de Novembro de 1967, Oscar Martín foi o primeiro jogador do futebol argentino a levantar uma taça no âmbito de um campeonato mundial. O Racing Club venceu o Celtic por 1-0 no Estádio Centenário, em Montevidéu (Uruguai) com gol de Juan Carlos "Chango" Cárdenas. Um título inédito para o futebol argentino (incluindo clubes e seleção), que consagrou Martín definitivamente como El Gran Capitán da história do clube de Avellaneda. [5] [17] [22] [23]O confronto ficou conhecido como La Batalha de Montevideo e ficou marcado por muito confusão e violência. Os espectadores assistiram a mais do que uma partida de futebol, houve chutes e golpes de punhos, bem como intervenções de policiais com capacetes e cassetetes.[24] [25] [11] A conquista ainda teve um simbolismo especial, pois ocorreu no mesmo estádio em que a Seleção Argentina perdeu a chance de vencer a primeira Copa do Mundo em 1930.[23]

A equipe comandada por Juan José Pizzuti alcançou a glória de um campeonato mundial. El Equipo de José apresentou um futebol revolucionário em seu tempo, marcado por um dinamismo ofensivo com variantes táticas e ausência de posições fixas em campo. De certa forma, foi o antecessor do famoso Ajax dos anos 70 e da Holanda de 1974.[17] [24]

50 anos do título mundial[editar | editar código-fonte]

Em 4 de Novembro de 2017, o Racing organizou festejos para celebração dos 50 anos da conquista do título mundial durante as prévias da partida contra o Talleres no Estádio El Cilindro. Oscar Martín e alguns de seus companheiros de glória mundial foram homenajeados e deram novamente a volta olímpica com réplica da Copa Intercontinental. El Grand Capitán ergueu novamente a taça da Copa Intercontinental 50 anos após levantá-la pela primeira vez em Montevideo no Uruguai. Estiveram presentes: Juan José Pizzuti, Juan Carlos Cárdenas, Nelson Chabay, Alfio Basile, Antonio Spilinga, Humberto Maschio, Juan Carlos Rulli, Fernando Parenti e Rubén Díaz.[5] [7] [11] [26]

Títulos[editar | editar código-fonte]

Argentinos Juniors[editar | editar código-fonte]

Chacarita Juniors[editar | editar código-fonte]

Racing Club[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c «Oscar Martín». Racing Club. Consultado em 12 de maio de 2020 
  2. a b c «Falleció Oscar Martín, gloria de Racing Club». La Capital. 12 de fevereiro de 2018. Consultado em 12 de maio de 2020 
  3. a b c d e «Murió Oscar Martín, el gran capitán del Racing campeón del mundo». Clarín Deportes. 12 de fevereiro de 2018. Consultado em 12 de maio de 2020 
  4. «Oscar Martín, el inolvidable capitán». El Primer Grande. 23 de junho de 2016. Consultado em 12 de maio de 2020 
  5. a b c d e f g h «Tristeza. El adiós a Oscar Martín, capitán del Racing de José». Xenen. 13 de fevereiro de 2018. Consultado em 12 de maio de 2020 
  6. «Falleció Oscar Martín, gloria de Racing». TyC Sports. 12 de fevereiro de 2018. Consultado em 12 de maio de 2020 
  7. a b c d e f g h i «Racing perde o capitão do time campeão do mundo em 1967: Oscar Martín». Futebol Portenho. 14 de fevereiro de 2018. Consultado em 12 de maio de 2020 
  8. «Cuando La Paternal disfrutó el regreso después de 18 años». Clarín Deportes. 22 de novembro de 2011. Consultado em 12 de maio de 2020 
  9. «ARGENTINOS JUNIORS CAMPEON DE 'PRIMERA B' 1955». Recordando Ascenso. 18 de janeiro de 2020. Consultado em 12 de maio de 2020 
  10. «1959 CHACARITA JUNIORS CAMPEON DE "PRIMERA B"». Recordando Ascenso. 30 de julho de 2009. Consultado em 12 de maio de 2020 
  11. a b c d «Oscar Martín, el gran capitán de Racing». Racing Maníacos. 23 de junho de 2018. Consultado em 16 de maio de 2020 
  12. a b c d e f g h i j «Y ya lo ve… Y ya lo ve… Cumple medio siglo el Racing de José». Xenen. 21 de novembro de 2016. Consultado em 13 de maio de 2020 
  13. a b «El capitán no se olvida». ESPN Deportes. 3 de novembro de 2007. Consultado em 14 de maio de 2020 
  14. a b «Times que gostamos: Racing Club 1966-1967». O Futebólogo. 1 de abril de 2015. Consultado em 13 de maio de 2020 
  15. «Argentina - First Division A 1965». The Rec.Sport.Soccer Statistics Foundation. 13 de novembro de 2017. Consultado em 14 de maio de 2020 
  16. a b «Academia de Récors». El Primer Grande. 14 de novembro de 2014. Consultado em 14 de maio de 2020 
  17. a b c d e f g «Esquadrão Imortal - Racing 1966-1967». Esquadrão Imortal. 27 de julho de 2012. Consultado em 14 de maio de 2020 
  18. a b «Morre Juan José Pizzuti, notável goleador e o mentor do Racing que conquistou o mundo». Trivela. 24 de janeiro de 2020. Consultado em 15 de maio de 2020 
  19. «Campeonato de Primera División 1966 – 1966 First Division Championship». The Rec.Sport.Soccer Statistics Foundation. 23 de novembro de 2017. Consultado em 15 de maio de 2020 
  20. a b «Copa Libertadores de América 1967». The Rec.Sport.Soccer Statistics Foundation. 29 de novembro de 2012. Consultado em 16 de maio de 2020 
  21. «Há 45 anos, o Racing vencia a sua Copa Libertadores». Futebol Portenho. 29 de agosto de 2012. Consultado em 16 de maio de 2020 
  22. a b «Intercontinental Club Cup 1967». The Rec.Sport.Soccer Statistics Foundation. 8 de julho de 2000. Consultado em 16 de maio de 2020 
  23. a b «Títulos Argentinos no Mundial Interclubes (II): Racing 1967». Futebol Portenho. 15 de janeiro de 2012. Consultado em 16 de maio de 2020 
  24. a b «Racing-Celtic, la batalla de Montevideo». Mundo Deportivo. 8 de novembro de 2012. Consultado em 16 de maio de 2020 
  25. «A 50 años de la batalla de Montevideo». El País - Ovación. 4 de novembro de 2017. Consultado em 16 de maio de 2020 
  26. «Cobertura: Racing Club celebró los 50 años de la Copa Intercontinental». Marca de Gol. 5 de novembro de 2017. Consultado em 16 de maio de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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