Oswald von Nell-Breuning

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Oswald von Nell-Breuning SJ (* 8 de março de 1890 em Trier (Alemanha); † 21 de agosto de 1991 em Frankfurt am Main (Alemanha)) foi um teólogo católico alemão, jesuíta, economista político e filósofo social, que contribuiu para a formulação da Doutrina Social Católica[1].

Como assessor do Papa Pio XI, desempenhou um papel fundamental na formulação da Encíclica "Quadragesimo anno", publicada no 40º aniversário da publicação da Encíclica "Rerum Novarum".

A "Quadragesimo anno" trouxe conceitos importantes como a função social da propriedade e o princípio da subsidiariedade, conceito para o qual, Nell-Breuning colaborou decisivamente.

Seu pensamento era baseado na tradição clássica do direito natural e nos princípios básicos do ensino social católico, personalidade, solidariedade e subsidiariedade, desenvolvidos a partir dela no século XIX. Em suas mais de 1.800 publicações, ele tratou de questões de ética econômica, política econômica e social. Temas importantes foram a relação entre trabalho e capital, o confronto com o marxismo, a questão da co-determinação, o desenvolvimento do ensino social católico e, portanto, a superação do distanciamento dos trabalhadores da Igreja.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Seu pai era dono de uma vinícola[2].

Depois de concluir o ensino médio, dedicou-se a estudos matemáticos e científicos por quatro semestres.

Em 1910, começou a estudar filosofia e teologia em Innsbruck (Áustria).

Em 1911, ingressou na Companhia de Jesus.

Em 1921, foi ordenado como sacerdote.

Em 1926, foi enviado para Münster, onde, em 1928, obteve o doutorado com uma dissertação sobre os principais traços da moral do mercado de ações e o divulgou ao público católico. No mesmo ano, foi nomeado professor de teologia moral, direito canônico e direito empresarial na recém-fundada Universidade Filosófico-Teológica de Sankt Georgen em Frankfurt am Main, onde continuou a lecionar e a trabalhar por muito tempo após sua aposentadoria.

Entre 1936 e 1945, foi proibido de escrever e publicar pelo regime nazista.

Em 1948, foi nomeado professor de ética econômica e social na Universidade de Frankfurt.

A partir da década de 1950, passou a se concentrar nas questões atuais de política econômica e social.

Nos três volumes da obra coletiva Economia e Sociedade (1956-1960), tratou das questões de uma reorganização econômica.

Defendia o reestabelecimento das estruturas corporativas capitalistas, que prevaleciam, na Alemanha, antes de 1933. Portanto, sustentava que os empregados deveriam ser mais integrados à sociedade industrial e parceiros iguais dos empregadores. Tópicos importantes incluíram: a equalização de encargos, salários justos, o direito à greve, a falta de moradia, a política de propriedade e a Constituição corporativa. Tinha uma relação particularmente próxima com os sindicatos.

A partir de 1959, passou a integrar o Instituto Econômico da Confederação Sindical Alemã, onde tentou manter a influência cristã e combater tendências marxistas. Defendeu a participação dos empregados na propriedade produtiva e a ideia do salário de investimento.

A partir de meados da década de 1960, seu compromisso com a força de trabalho mudou da criação de riqueza para a co-determinação, cuja justificativa sócio-ética ele elaborou em muitos artigos.

Esteve em contato próximo com o movimento dos trabalhadores católicos e elogiou o Programa de Godesberg do Partido Social-Democrata da Alemanha , que ele descreveu como um “curso de revisão concisa sobre a doutrina social da Igreja[3].

Entre 1950 e 1958, foi integrante do Conselho Consultivo Científico dos Ministérios Federais da Economia para o planejamento urbano e habitação.

Entre 1959 e 1961, foi integrante do Conselho Consultivo Científico dos Ministérios Federais da Economia para questões da família e da juventude.

Contribuições[editar | editar código-fonte]

A partir de 1924, publicou mais de 1.800 escritos[4]. Em tais escritos, abordou os os problemas econômicos e sociais da Alemanha de sua época, embora não tenha apresentado um projeto fechado de ordem social e econômica.

Seus temas preferidos no período anterior à Segunda Guerra Mundial incluíam: a desvalorização da moeda, o direito à terra e o financiamento da moradia popular. Também escreveu sobre as funções do mercado monetário e do mercado de capitais, direito societário e concentração societária. Além disso, fez considerações fundamentais sobre a função da propriedade e da economia capitalista.

No período posterior à Segunda Guerra Mundial, o foco estava nas questões fundamentais relacionadas com a reorganização da sociedade, da economia e do Estado na Alemanha Ocidental. Nesse contexto, escreveu, principalmente, sobre:

  • os ideais sociais cristãos, que dizia estarem além do capitalismo e do socialismo;
  • a democracia na economia; e
  • a relação entre a Igreja e os partidos políticos.

Até 1951, escreveu inúmeros artigos sobre a implementação da co-determinação do carvão e do aço.

Também estava preocupado com temas como:

  • a redução da jornada de trabalho;
  • programas de moradia popular;
  • reforma da previdência alemã de 1957 (que instituiu o sistema de repartição e ampliou benefícios); e
  • a expansão do estado de bem estar social e constitucional como particularmente importantes no.

Nas décadas de 1970 e 1980, influenciado pela aprovação de "Gaudium et Spes" pelo Concílio Vaticano II, voltou a abordar a questão da co-determinação econômica e a questão de uma nova constituição corporativa. Inspirado pelos documentos sobre questões sociais publicados pelo Papa Paulo VI, escreveu sobre os escritos econômicos de Karl Marx, validando-os parcialmente[5].

Obras[editar | editar código-fonte]

  • Grundzüge der Börsenmoral, 1928 - (Princípios básicos da moralidade do mercado de ações);
  • Die soziale Enzyklika, Colônia, 1932 - (A Encíclica Social);
  • Zur christlichen Gesellschaftslehre. Herder, 1947 - (em coautoria com Hermann Sacher) - (Para o ensino social cristão);
  • Einzelmensch und Gesellschaft, 1950 - (Indivíduos e Sociedade);
  • Mitbestimmung, Landshut 1950 - (Co-determinação);
  • zusammen mit Hermann Sacher: Wörterbuch der Politik. Gesellschaft – Staat – Wirtschaft – Soziale Frage, 1952, 2. Ed. 1954 - (em coautoria com Hermann Sacher) (Dicionário de Política. Sociedade - Estado - Economia - Questão Social);
  • Wirtschaft und Gesellschaft heute, 3 vols. Friburgo i. Br. 1956–60 - (Economia e sociedade hoje);
  • Kapitalismus und gerechter Lohn. Herder, 1960 - (Capitalismo e salários justos);
  • Baugesetze der Gesellschaft, 1968 ;
  • Grundsätzliches zur Politik, Munique 1975;
  • Soziallehre der Kirche, 1977 - (Doutrina Social da Igreja , 1977);
  • Soziale Sicherheit. Zu Grundfragen der Sozialordnung aus christlicher Verantwortung, Friburgo i. Br. 1979 - (Seguro Social. Sobre questões básicas da ordem social fora da responsabilidade cristã);
  • Gerechtigkeit und Freiheit. Grundzüge katholischer Soziallehre, 1980 - (Justiça e liberdade. Características básicas do ensino social católico);
  • Arbeit vor Kapital, Viena 1983 - (Trabalho antes do capital);
  • Arbeitet der Mensch zuviel? Friburgo i. Br. 1985 - (As pessoas trabalham muito?)
  • Kapitalismus kritisch betrachtet. Zur Auseinandersetzung um das bessere „System“, Friburgo i. Br. 1986 - (Uma visão crítica do capitalismo. Sobre o debate sobre o melhor "sistema");
  • Unsere Verantwortung. Für eine solidarische Gesellschaft, 1987 - (Nossa responsabilidade. Por uma sociedade solidária)
  • Den Kapitalismus umbiegen. Schriften zu Kirche, Wirtschaft und Gesellschaft, Düsseldorf 1990 - (Dobrando o capitalismo. Escritos sobre Igreja, Economia e Sociedade).

Fontes[editar | editar código-fonte]

  • Bernhard Emunds, Hans-Günter Hockerts (Hrsg.): "Den Kapitalismus bändigen. Oswald von Nell-Breunings Impulse für die Sozialpolitik". Paderborn 2015;
  • Franz Furger: Nell-Breuning, Oswald von (1890–1991). In: Theologische Realenzyklopädie Bd. XXIV (1994), 254–256.
  • Eberhard Grein: "Ways into a new social market economy. Analytical approaches for the democratically legitimized states in Central and Eastern Europe with special reference to the work of Oswald von Nell-Breuning" (= Europäische Hochschulschriften. Reihe 5. Volks- und Betriebswirtschaft. Vol. 3066). Lang, Frankfurt am Main u. a. 2004.
  • Eberhard Grein: Für die soziale Marktwirtschaft. Oswald von Nell-Breuning – Reformer und Jesuit. 2., erneuerte Auflage, EOS, Sankt Ottilien 2011.
  • Jonas Hagedorn: Oswald von Nell-Breuning SJ. Aufbrüche der katholischen Soziallehre in der Weimarer Republik, Ferdinand Schöningh, Paderborn 2018.
  • Hans Peter Henecka: Nell-Breuning (SJ), Oswald von. In: Wilhelm Bernsdorf/ Horst Knospe (Hrsg.): Internationales Soziologenlexikon Bd. 2, Enke, Estugarda 1984 S. 614–616.
  • Friedhelm Hengsbach SJ: Nell-Breuning, Oswald von. In: Neue Deutsche Biographie (NDB). Band 19, Duncker & Humblot, Berlin 1999, S. 56–58;
  • Friedhelm Hengsbach, Matthias Möhring-Hesse, Wolfgang Schroeder: Ein unbekannter Bekannter. Eine Auseinandersetzung mit dem Werk von Oswald von Nell-Breuning SJ. Ketteler, Colônia 1990.
  • Friedhelm Hengsbach: Oswald von Nell-Breuning. Ein Leben an der Grenze. In: Stephan Pauly (Org.): Theologen unserer Zeit. Munique 1997, S. 111–123.
  • Bernd Kettern: NELL-BREUNING, Oswald von. In: Biographisch-Bibliographisches Kirchenlexikon (BBKL). Volume 6, Bautz, Herzberg 1993.
  • Siegfried Koß in Siegfried Koß, Wolfgang Löhr (Hrsg.): Biographisches Lexikon des KV. 2. Teil (= Revocatio historiae. Band 3). SH-Verlag, Schernfeld 1993;
  • Anton Losinger: Gerechte Vermögensverteilung. Das Modell Oswald von Nell-Breuning. Paderborn 1994;
  • Matthias Lutz-Bachmann: Nell-Breuning, Oswald von. In: Lexikon linker Leitfiguren. Büchergilde Gutenberg, Frankfurt a. M., Olten e Viena 1988;
  • Oswald von Nell-Breuning-Institut für Wirtschafts- und Gesellschaftsethik: Kurzbiografie von Pater Oswald von Nell-Breuning SJ: (2014);
  • Anton Rauscher: Oswald von Nell-Breuning SJ (1890–1991). In: Zeitgeschichte in Lebensbildern. Bd. 7. Mainz: Grünewald 1994. S. 277–292, 307–308.
  • Josef Senft: Oswald von Nell-Breuning. In: Udo Hahn, Udo Tworuschka (Hrsg.): Hoffnung hat einen Grund. Persönlichkeiten des Jahrhunderts. Zurique/Düsseldorf 1999, S. 148–156;
  • Johannes Wallacher: Oswald von Nell-Breuning: Vordenker zeitgemäßer wirtschafts- und Finanzethik. In: In: Janez Perčič, Johannes Herzgsell (Hrsg.): Grosse Denker des Jesuitenordens. Ferdinand Schöningh, Paderborn 2016, S. 61–74.

Referências

  1. Wilde Spekulation ist Sünde, em alemão, acesso em 12/06/2021.
  2. Erinnerung an Pater Nell-Breuning, em alemão, acesso em 12/06/2021.
  3. Oswald von Nell-Breuning: Wie sozial ist die Kirche?, Düsseldorf 1972, S. 95. Allerdings ist in diesem Kontext zu beachten: „Die sich hartnäckig haltende Behauptung, Nell-Breuning habe am Godesberger Grundsatzprogramm der SPD (1959) mitgeschrieben, ist unzutreffend.“ (Jonas Hagedorn: Oswald von Nell-Breuning SJ. Aufbrüche der katholischen Soziallehre in der Weimarer Republik, Paderborn 2018, S. 43.)
  4. Zu einem Überblick über das Werk vgl.: Benno Kuppler: Oswald von Nell-Breuning SJ (1890–1991): Ein Leben im Dienst der kirchlichen Sozialverkündigung. In: Gregorianum, Bd. 73, Nr. 2 (1992), S. 329–335
  5. Vgl. u. a. Nell-Breuning: Arbeitnehmer im kirchlichen Dienst. In: Arbeit und Recht, Jg. 27 (1979), S. 1–8; Kirche(n) als Arbeitgeber. In: Katechetische Blätter, Bd. 103 (1983), S. 688–693.