Pessoa gramatical

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Em línguas românicas como o espanhol, a pessoa gramatical afeta a conjugação verbal.
Nessa imagem, cada linha representa uma pessoa e número: Primeira pessoa, Segunda pessoa informal and Segunda pessoa formal e terceira pessoa.
As colunas representam tempo verbal (nos pares conceituais manhã/passado, meio-dia/presente, noite/futuro).

Em linguística a pessoa gramatical é a categoria gramatical que diz respeito às referências dêiticas aos participantes do discurso, permitindo distinguir que papel ocupam no mesmo o falante, o ouvinte ou outras pessoas que se posicionam em relação à predicação. A pessoa gramatical é, tipicamente, definida pelos pronomes pessoais, mas também podem ser marcadas em afixos verbais.

As pessoas

A divisão mais comum marca três pessoas gramaticais (chamadas primeira, segunda e terceira pessoa/não-pessoa), em seus números singular, plural e, em alguns casos, dual. Além disso, a marcação de terceira pessoa costuma, comumente, acompanhar também marcação de género/gênero: masculino, feminino e neutro.

Primeira Pessoa

A primeira pessoa, também chamada de falante ou emissor, é a pessoa que fala, que enuncia o discurso. Em língua portuguesa, a primeira pessoa é representada, no singular, pelos pronomes eu, me, mim, migo e, no plural, pelos pronomes nós, nos, nosco, a gente.[1][2].

Muitas línguas fazem a distinção entre primeira pessoa plural inclusiva e exclusiva, marcando a diferença entre quando a segunda pessoa está incluída (eu e você, nós e você(s)) ou excluída (muitos de nós, mas não você) no plural. Línguas desse tipo incluem diversas línguas americanas como tupi, guarani, aimará, quechua, tsotsil e outras. Em português, nós é frequentemente usado de forma inclusiva, enquanto as expressões nós outros e a gente tendem a ser exclusivas.[3][4]

Segunda Pessoa

A segunda pessoa, também chamada de interlocutor ou ouvinte, é a pessoa com quem se fala, que recebe, ouve o discurso. Em língua portuguesa, a segunda pessoa é representada, no singular, pelos pronomes tu, te, ti, tigo e, no plural, pelos pronomes vós, vos, vosco.[1][2].

Muitas línguas fazem, na segunda pessoa, a conhecida distinção T-V, entre pronomes do tipo T, que indicam proximidade, intimidade e familiaridade, e pronomes do tipo V, que indicam afastamento, deferência e respeito. Essa distinção é muito comum entre as línguas indo-européias: no espanhol tu vs. usted, no francês tu vs. vous, no alemão du vs. Sie, no russo ты (ty) vs. Вы (Vy), no persa to vs. shomâ. No português, a divisão pode ser representada pelos pronomes tu e você. Embora produtiva em Portugal, a divisão não se aplica mais ao português falado no Brasil, onde "você" se aplica a todos os níveis de formalidade[2].

Terceira Pessoa

A terceira pessoa, também chamada de referente ou mensagem, refere-se à pessoa de quem se fala, ao assunto ou pessoa. [2] Ela corresponde, em português, aos pronomes singulares ele, ela, (você)[5][6], o, a, lo, la, Tem, lhe, e aos plurais eles, elas, (vocês)[5][6], os, as, los, las, lhes[1].

Algumas línguas, como as algonquianas ou as derivadas da língua de sinais francesa dividem ainda as marcas de terceira pessoa entre proximais, para pessoas mais tópicas no discurso, e obviativas,

  1. a b c «Gramática - Pronomes». Ferramentas para a Língua Portuguesa 
  2. a b c d Bagno, Marcos (2013). Gramática de Bolso do Português Brasileiro. São Paulo: Parábola 
  3. Ednalvo Apóstolo Campos. «O uso do pronomes nós e a gente no gênero entrevista da mídia televisiva – uma análise do português culto falado em Belém.» (PDF) 
  4. Célia Regina dos Santos Lopes (1998). «Nós e a gente no português falado culto do Brasil». DELTA: Documentação de Estudos em Lingüística Teórica e Aplicada. 14 (2) 
  5. a b «"você" é 2ª ou 3ª pessoa? (você é 3º pessoa gramatical, embora seja a 2ª do discurso)» 
  6. a b «Pronomes de tratamento são de terceira pessoa (gramatical)»