Pico do petróleo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Pico do Petróleo)
Previsões do governo estadunidense em 2004 para a produção de petróleo fora dos países da OPEP e ex-União Soviética

A teoria do Pico do Petróleo ou Pico de Hubbert proclama o inevitável declínio e subsequente término da produção de petróleo em qualquer área geográfica em questão. De acordo com a teoria, seja em apenas um poço de petróleo ou no planeta inteiro, a taxa de produção tende a seguir uma curva logística semelhante a uma curva normal. No início da curva (pré-pico), a produção aumenta com o acréscimo de infra-estrutura produtiva. Já na fase posterior (pós-pico), a produção diminui devido ao esgotamento gradual do recurso.

Teoria do pico de Hubbert[editar | editar código-fonte]

O pico de Hubbert foi uma teoria inicialmente projetada na década de 50 cujo autor acusa a Economia neoclássica de violar as leis da termodinâmica.[1][2][3][4][5][6] Todos os campos de petróleo relevantes exceto o saudita alcançaram seu pico em 2004.[7][8] Isso tem causado uma excessiva especulação financeira em torno dos recursos naturais.[9][10][11][12][13][14][15][16][17][18][19][20]

Desenvolvimento histórico[editar | editar código-fonte]

O "Pico do Petróleo" como um substantivo próprio (Peak Oil em inglês) refere-se a um evento singular na história: o pico da produção do petróleo na Terra. Após este Pico, segundo a teoria, a produção global de petróleo ingressará em um estado de declínio terminal. A teoria deve seu nome a um geólogo estadunidense, Marion King Hubbert, que criou um modelo de reservas petrolíferas, e propôs em um informe técnico apresentado ao Instituto Americano do Petróleo em 1956[21] que a produção derivada de fontes convencionais nos Estados Unidos contíguos (Alasca excluído) atingiria seu ápice entre 1965 e 1970. O pico global ocorreria "mais ou menos meio século" após a publicação. King, que até então havia gozado de grande respeito em sua profissão, passou a ser ridicularizado e a sofrer ostracismo da parte de seus colegas.

Polêmica[editar | editar código-fonte]

Quando o Pico do Petróleo ocorrerá é um assunto de grande controvérsia. Picos de produção são notadamente difíceis de prever, e em geral só podem ser identificados de maneira segura em retrospecto. A produção estadunidense culminou em 1971, apenas um ano mais tarde do que o previsto por Hubbert. O pico da descoberta de reservas petrolíferas por sua vez ocorreu em 1962.[22] De acordo com as avaliações mais pessimistas, inclusive a do próprio Hubbert, o Pico do Petróleo já deveria ter ocorrido. Estimativas mais respeitáveis quanto à data exata abrangem o período entre 2005 e 2025, com maior número de previsões para o período 2015-2020.

Possíveis consequências[editar | editar código-fonte]

Opiniões sobre os efeitos do Pico do Petróleo, e o declínio terminal a seguir, variam enormemente. Alguns prevêem que a economia de mercado proverá uma solução que impedirá disrupções graves. Outros avistam um cenário apocalíptico: a dissolução econômica global, o completo colapso das sociedades industrializadas, e o perecimento da maior parte da população do planeta devido à fome, epidemias e conflitos armados.

Referências

  1. «Small Is Beautiful» 
  2. MEADOWS, Donella H. (1972). The limits of growth (PDF). Nova York: Potomac. 205 páginas
  3. M. King Hubbert 1974, Essay on Exponential Growth, the Interest Rate and Inflation , Statement to the Subcommittee on the Environment, House of representatives, US Ninety-third Congress, June 4, 1974
  4. «Rumo ao petro-apocalipse». resistir.info. Consultado em 27 de maio de 2021 
  5. John W. Day, Jr., Charles A. S. Hall. «Revisiting the Limits to Growth After Peak Oil» (PDF). ESF. American Scientist: 1-8. Consultado em 27 de maio de 2021 
  6. 'The World`s Giant Oilfields', Matthew R. Simmons, M. King Hubbert Center for Petroleum Supply Studies, Colorado School of Mines, January 2002.
  7. Deffeyes, Kenneth S, 'Peak of world oil production,' Paper no. 83-0, Geological Society of America Annual Meeting, November 2001. gsa.confex.com.
  8. "An Analysis of U.S. and World Oil Production Patterns Using Hubbert-Style Curves," Albert A. Bartlett Department of Physics University of Colorado at Boulder, 80309-0390 Mathematical Geology, Vol. 32, No 1, 2000 "The Peak of World Oil Production and the Road to the Olduvai Gorge," Richard C. Duncan, Ph.D., Pardee Keynote Symposia, Geological Society of America Summit 2000, Reno, Nev., Nov. 13, 2000 "An Analysis of U.S. and World Oil Production Patterns Using Hubbert-Style Curves," Albert A. Bartlett Department of Physics University of Colorado at Boulder, 80309-0390 Mathematical Geology, Vol. 32, No 1, 2000
  9. Tom Schoenberg. «U.S. Said to Open Criminal Probe of FX Market Rigging» (em inglês). Bloomberg Newsweek. Consultado em 26 de fevereiro de 2014 
  10. Liam Vaughan, Gavin Finch e Bob Ivry. «Secret Currency Traders' Club Devised Biggest Market's Rates» (em inglês). Bloomberg Newsweek. Consultado em 26 de fevereiro de 2014 
  11. James O'Toole. «Oil-price manipulation: the next Libor?» (em inglês). CNN. Consultado em 26 de fevereiro de 2014 
  12. Pablo Gorondi. «Oil price-fixing scandal heats up in Europe» (em inglês). USA Today. Consultado em 26 de fevereiro de 2014 
  13. Peg Mackey. «Platts in lockdown as investigators continue oil probe» (em inglês). Reuters. Consultado em 26 de fevereiro de 2014 
  14. Rupert Neate e Terry Macalister. «BP and Shell raided in European commission price-rigging inquiry» (em inglês). The Guardian. Consultado em 26 de fevereiro de 2014 
  15. Harry Wallop. «Price fixing: Is slick trading pushing up the cost of oil?» (em inglês). The Daily Telegraph. Consultado em 26 de fevereiro de 2014 
  16. STANLEY REED. «Inquiry on Potential Oil Price Manipulation Intensifies» (em inglês). The New York Times. Consultado em 26 de fevereiro de 2014 
  17. The Observer. «If 'everyone knew' the oil market was open to rigging, why did no one act?» (em inglês). The Guardian. Consultado em 26 de fevereiro de 2014 
  18. Simon Falush e Timothy Gardner. «European oil price probe widens; U.S. senator calls for Justice help» (em inglês). Reuters. Consultado em 26 de fevereiro de 2014 
  19. Middelkoop, Willem; Wurbs, Wolfgang (13 de novembro de 2015). Der grosse Neustart: Kriege um Gold und die Zukunft des globalen Finanzsystems (em alemão). [S.l.]: John Wiley & Sons 
  20. Middelkoop, Willem (11 de dezembro de 2015). The big reset revised edition: war on gold and the financial endgame (em inglês). [S.l.]: Amsterdam University Press 
  21. «Hubbert, King, "Nuclear Fuel and the Fossil Fuel"» (PDF). Consultado em 21 de agosto de 2006. Arquivado do original (PDF) em 27 de maio de 2008 
  22. Ivanhoe, L. F. , "Future world oil supplies: There is a finite limit"

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Pico do petróleo
  • Pico do Petróleo no Facebook
  • ASPO Portugal
  • "Destaque na produção de petróleo dos Estados Unidos." (Novembro de 2002) Boletim Informativo # 23 da ASPO .
  • Greene, DL e JL Hopson. (2003). Esgotando e entrando no óleo: Analisando o esgotamento global e a transição até 2050 ORNL / TM-2003/259, Laboratório Nacional de Oak Ridge, Oak Ridge, Tennessee, outubro
  • Economistas questionam a relação causal entre choques e recessões do petróleo (30 de agosto de 2004). Pesquisa Econômica do Oriente Médio VOL. XLVII No 35
  • Hubbert, MK (1982). Técnicas de Predição Aplicadas à Produção de Petróleo e Gás, Departamento de Comércio dos EUA, Publicação Especial NBS 631, maio de 1982
  • Kenneth S. Deffeyes, Hubbert's Peak: The Impending World Oil Shortage, Princeton University Press, 2001, 208 pgs.
  • Jorge Figueiredo e Joana Antunes, Dicionário Técnico do Gás Veicular, AMERLIS, 2000, 114 pgs.
  • ASPO-ODAC Newsletter, nº 11, Novembro 2001 (The Association for Study of Peak Oil & The Oil Analysis Depletion Centre) Jean Lahèrre, http://www.oilcrisis.com
  • António Marques dos Santos, Recursos naturais e independência nacional – O caso do petróleo, Universidade de Coimbra, 1980, 134 pgs.
  • Jay Hanson, Economic Efficiency, http://www.dieoff.com
  • Australian Government, the Treasury, 2006 (accessed) www.treasury.gov.au/
  • Coal Authority, 2006 (accessed) www.coalminingreports.co.uk
  • Cook, C and Stevenson, J. 1996. The Longman Handbook of Modern British History, 1714-1995. Longman 3rd Edition. London and New York: DOE 1993, DOE/EIA-0572 Report,
  • Hubbert, M.K. (1956). Nuclear Energy and the Fossil Fuels. Presented before the Spring Meeting of the Southern District, American Petroleum Institute, Plaza Hotel, San Antonio, Texas, March 7-8-9, 1956
  • Kirby, M. W., 1977 The British Coalmining Industry, 1870-1946, The Macmillan Press Ltd, London and Birmingham.
  • Neuman A.M. 1934 Economic Organization of the British Coal Industry; Routledge.
  • Barnett, H., e C. Morse. 1963. Scarcity and Growth: the Economics of Natural Resource Availability. Baltimore: Johns Hopkins University Press.
  • Campbell, C., and J. Laherrere. 1998. The end of cheap oil. Scientific American March: 78–83.
  • Cleveland, C. J. 1991. Natural resource scarcity and economic growth revisited: Economic and biophysical perspectives. In Ecological Economics: The Science and Management of Sustainability. Edited by R. Costanza. New York: Columbia University Press.
  • J., et al. 2007. Restoration of the Mississippi Delta: Lessons from Hurricanes Katrina and Rita. Science 315:1679–1684.
  • Ehrlich, P. R., and J. P. Holdren. 1971. Impact of population growth. Science 171:1212–17.
  • Forrester, J. W. 1971. World Dynamics. Cambridge: Wright-Allen Press.
  • Hall C. 2004. The myth of sustainable development: Personal reflections on energy, its relation to neoclassical economics, and Stanley Jevons. Journal of Energy Resources Technology 126:86–89.
  • Hall C. A. S., and C. J. Cleveland. 1981. Petroleum drilling and production in the United States: Yield per effort and net energy analysis. Science 211:576–79.
  • Hall C. A. S., et al. 2001. The need to reintegrate the natural sciences with economics. BioScience 51:663–673.
  • Hubbert, M. K. 1969. Energy resources. In the National Academy of Sciences–National Re- search Council, Committee on Resources and Man: A Study and Recommendations. San Francisco: W. H. Freeman.
  • Meadows, D., D. Meadows and J. Randers. 2004. Limits to Growth: The 30-Year Update. White River, Vt.: Chelsea Green Publishers.
  • Odum, H. T. 1973. Environment, Power and Society. New York: Wiley Interscience.
  • Smil, V. 2007. Light behind the fall: Japan's electricity consumption, the environment, and economic growth. Japan Focus, April 2.
  • Tierney, J. 1990. Betting the planet. New York Times Magazine December 2: 79–81.
  • «Cinco estágios do colapso». Editora Revan. Consultado em 27 de maio de 2021