Rebelião de Rupununi

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Rebelião de Rupununi

Antigo Distrito de Rupununi, na atual região de Alto Tacutu-Alto Essequibo
Data 2 de Janeiro de 1969 - 5 de Janeiro de 1969
Local Sul da Guiana Essequiba.
Desfecho A Guiana mantém a soberania na região sul da Guiana Essequiba.
Beligerantes
Separatistas rupununis

Apoiado por:

 Guiana

Apoiado por:

  • Aliados de Burnham
  • Aliados de Burnham
  • Brasil
Comandantes
* Valerie Hart
  • Harry Hart
  • Elmo Hart
  • Dick Hart
  • Edward «Teddy» Melville
  • Averell John Melville
  • Harold Melville
  • Maurice Mitchell
* Ronald Rope
  • Cecil Martindale
  • Vernom Williams
  • Desmond Roberts
  • Jose Singh

A Insurreição de Rupununi[1] ou Rebelião de Rupununi[2][3] foi um movimento separatista na região de Alto Tacutu–Alto Essequibo[4][5] Começou o 2 de janeiro de 1969 no antigo Distrito de Rupununi, na atual região de Alto Tacutu-Alto Essequibo e foi contido 3 dias depois pelo exército da Guiana.[6] A insurreição pretendeu criar um Comitê Provisório do Governo de Rupununi. Os rebeldes, em sua maioria habitantes ameríndios do área, solicitaram ajuda da Venezuela[7] invocando sua nacionalidade venezuelana, mas nos últimos dias do governo presidido por Raúl Leoni, decidiu-se abster-se de apoiar o movimento. No entanto, o governo guianês do premiê Forbes Burnham acusou ao governo venezuelano de alentar com armas e dinheiro aos separatistas.

Causas[editar | editar código-fonte]

Vários fatores econômicos, étnicos, políticos, jurídicos e estratégicos motivaram aos fazendeiros a iniciar o conflito. Durante a rebelião, Valerie Hart, o autonomeado Presidente do Estado Livre Essequibo, sugeriu que era um fator racial. Disse à imprensa em Caracas, Venezuela, que os rebeldes estavam procurando independência racial do que considerava políticas despóticas do governo central do premiê Forbes Burnham. Jimmy Hart, também em Caracas, explicou que a decisão dos rebeldes foi tomada após que o governo supostamente negou aos ganadeiros uma solicitação de 25 anos de arrendamento das terras que ocupam e seu temor a que os agricultores chegados de Jamaica e Barbados tomassem suas terras.

Numa declaração clara no curso da rebelião, Valerie Hart instou ao governo venezuelano a fazer valer seu legítimo reclamo não só sobre a região de Rupununi, e sim toda a região do Essequibo.

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

Raúl Leoni, Presidente da Venezuela 1964-1969.
Forbes Burnham, Premiê da Guiana 1964-1980.

O 2 de janeiro de 1969 estourou a revolta no Distrito de Rupununi, um território de uns 58.000 km² formado por grandes savanas isoladas do resto de Guiana, onde os ameríndios da etnias lokono, macuxi e uapishana foram os principais protagonistas, basicamente fazendeiros e pecuaristas descontentamentos com o governo Guianês controlado por outros grupos étnicos (na costa de Guiana vivem asiáticos e negros, em Rupununi, predominam os indígenas).

Na manhã desse dia tomaram-se prisioneiros aos servidores públicos do governo guianês na região, tomaram-se os meios de comunicação -como rádios- e bloquearam as comunicações com a capital.

Descoberto o movimento, e ante a superioridade de armas e tropas das forças de Guiana, os líderes do movimento viram-se obrigados a retirar-se e procurar refúgio na Venezuela e no Brasil.

O 5 de janeiro de 1969 o governo venezuelano através de seu chanceler, Ignacio Iribarren Borges, recusou publicamente a petição da líder do movimento separatista, Valerie Hart, de ajudar aos rebeldes a anexar Rupununi a Venezuela. Nesse mesmo dia o chanceler de Guiana acusou a Venezuela ante a ONU de apoiar a revolta e tentar re-anexar o território.

Consequências[editar | editar código-fonte]

  • As Forças Guianesas controlaram a situação ao terceiro dia e atacaram as populações indígenas de Pirara e Annai, e outros focos da rebelião ameríndia.
  • Teve um estimado dentre 70 e 100 mortos, em sua maioria da etnia Macuxi; 53 moradias indígenas foram incendiadas; teve denúncias de violações e torturas.
  • 147 indígenas da etnias Macuxi e Uapishana foram detidos e condenados a penas dentre 1 e 3 anos; 326 reportaram ter sido golpeados.
  • Venezuela concedeu a nacionalidade a 120 pessoas envolvidas na rebelião, e outorgou-lhes cédula de identidade venezuelana, além de localizá-los em 3 assentamentos no sul do estado Bolívar (San Ignacio de Yuruaní na Grande Sabana, A Churuata nas Claritas e San Martín de Turumbán, município Sifontes).[8]

Reações internacionais[editar | editar código-fonte]

  • O Governo de Brasil concentrou tropas na fronteira entre Roraima e Guiana e respaldou implicitamente a Guiana, ao anunciar sua promoção de respeito aos tratados internacionais.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Torrealba, Pompeyo (1 de janeiro de 2003). A un siglo del despojo: la historia de una reclamación. [S.l.: s.n.] ISBN 9789801203780 
  2. Singh, Jai Narine (1 de janeiro de 1982). Diplomacia o guerra: Análisis de la controversia fronteriza entre Venezuela y Guyana. [S.l.: s.n.] ISBN 9788449987519 
  3. Semana. [S.l.: s.n.] 1 de janeiro de 1969 
  4. Smock, Kirk (1 de janeiro de 2011). Guyana/2 Bradt. [S.l.: s.n.] ISBN 9781841623580 
  5. Márquez, Oscar José (1 de janeiro de 2002). La venezolanidad del Esequibo: reclamación, desarrollo unilateral, nacionalidad de los Esequibanos. [S.l.: s.n.] ISBN 9789800785492 
  6. Whitehead, Neil L. (1 de janeiro de 2003). Histories and Historicities in Amazonia. [S.l.: s.n.] ISBN 080329817X 
  7. Ishmael, Odeen (13 de fevereiro de 2015). The Trail of Diplomacy: The Guyana-Venezuela Border Issue (Volume Two). [S.l.: s.n.] ISBN 9781503531284 
  8. «El Diario de Guayana». Consultado em 18 de dezembro de 2018. Arquivado do original em 12 de maio de 2015 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]