Sebastiano (mestre dos soldados)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Sebastiano.

Sebastiano (em latim: Sebastianus; morreu antes de 445 ou 450) foi um general do Império Romano do Ocidente, genro de Bonifácio, conde da África. Sebastiano tomou o cargo de seu sogro que tinha vencido Flávio Aécio na Batalha de Ravena de 432.

Biografia[editar | editar código-fonte]

A Batalha de Ravena (432) BAécio fugiu para Roma, depois pela Dalmácia e Panônia, alcançou os Hunos, seus amigos (tinha sido seu refém em criança). Quando em 433, Aécio entrou na Itália com um grande exército huno, Sebastião foi deposto e fugiu para Constantinopla, onde obteve apoio de importantes membros da corte oriental.[1]

Em 444, depois de várias conspirações, foi forçado a fugir até à corte de Teodorico I rei visigodo, e daí até Barcelona. Declarado inimigo público pelos romanos, fugiu da Espanha para África, onde foi bem recebido pelo rei vândalo Genserico, que a princípio manteve Sebastião como conselheiro, mas depois o condenou à morte (c. 450). Uma sequência diferente coloca a sua saída de Constantinopla em 435, a sua chegada a África em 440 e a sua morte antes de 445.[2]

Sebastiano (de Lisboa)[editar | editar código-fonte]

Há diversos autores portugueses que mencionam um general Sebastiano, no mesmo período de Valentiniano III, não sendo claro se referem este ou outro general Sebastiano.

Pinho Leal, a propósito de Lisboa, refere-se a um general romano «Sebastião» nos seguintes termos

«Em 427, o general romano Sebastião, ajudado pelos lusitanos, tira Lisboa do poder dos alanos e suevos, à força de armas; mas, querendo aclamar-se rei, o povo o assassina, e os alanos e suevos recobram o perdido, e Lisboa torna a cair em seu poder.»[3]

Bernardo de Brito conta história semelhante, no Capítulo VI, Livro Sexto, na Segunda Parte da Monarchia Lusytana mas não menciona datas. Coloca os eventos depois da passagem dos vândalos a África (429), e cita essencialmente o cronista Blondo. Diz que Genserico andava a atacar a Sicília, quando o imperador teria ordenado a Sebastiano de atacar os vândalos em África:

«(...) [Genserico] ouvindo o rumor desta armada, e preparações de gente que se faziam na Lusitânia, abriu mão de tudo, e se tornou a segurar as terras africanas, sem o capitão Sebastiano (a que Blondo chama Conde) fazer efeito digno de ponderação; antes diz Paulo Diacono com uma brevidade confusa, dá a entender que não fez jornada, por se mostrar amigo do vândalo, e o ter propício para os intentos que já trazia: porque vendo as muitas guerras em que ardia o império, e a facilidade com que os tiranos saíam com o domínio das províncias que ocupavam, quis deixado o nome de libertador, tomar o de tirano e levantar-se com a parte que ganhara na Lusitânia, e com as mais terras que o império tinha em Espanha. E Blondo, explicando mais o modo de sua rebelião, diz que fez as pazes com os godos e vândalos, crendo que com a sua amizade tomava o passo aos socorros de Roma, e lhe ficava seguro o senhorio da Lusitânia, onde tomou o nome e insígnias do Império; mas faltando-lhe os confederados com sua promessa, como ele faltara ao verdadeiro imperador, com a lealdade e fé devida, lhe tiraram a vida e cuidados de sustentar a tirania, e posto que as terras que tinha na Lusitânia ficassem em poder dos Romanos, os Suevos e Alanos as tornaram a cobrar pouco tempo depois, com mais facilidade do que as perderam.»[4]

Luís Marinho de Azevedo, sobre as fundações da cidade de Lisboa, também faz menção ao episódio, dizendo:

«Vendo-se o Conde Sebastiano poderoso com as retiradas, que Alanos e Suevos tinham feito, aspirou a tiranizar o Império, para o que fez as pazes com Godos e Vândalos, procurando tê-los propícios para qualquer sucesso, mas eles lhe tiraram pouco depois a vida, em pago de sua traição»[5]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Cameron, Averil (2000). Cambridge Ancient History (Volume XIV). [S.l.: s.n.] p. 6 
  2. in Prosopography of the Later Roman Empire
  3. Pinho Leal, Portugal Antigo e Moderno (Volume 4, pág.109)
  4. Brito, Bernardo de (1609). Monarchia Lusytana (2ª parte). [S.l.: s.n.] p. folha 159 (verso) e folha 160 
  5. Marinho de Azevedo, Luis (1652). A Fundação, antiguidades e grandezas da cidade de Lisboa (Livro 4). [S.l.: s.n.]