Shadi Amin

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Shadi Amin
Shadi Amin
Nascimento 1964
Irã
Cidadania Irã
Ocupação jornalista, ativista dos direitos humanos

Shadi Amin (em persa: شادی امین; nascida em 1964) é uma escritora e ativista iraniana. Ela foi forçada a deixar o Irã no início de 1980 por causa de suas atividades políticas. Amin vive exilada na Alemanha.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Antes de deixar o Irã, Shadi Amin teve que esconder sua sexualidade em público, embora tivesse liberdade para se expressar em sua própria família.[2][3] Shadi Amin foi politicamente ativa a partir de 1979, quando tinha apenas 14 anos: ela era contra o governo do líder religioso Ruhollah Khomeini. Eventualmente, ela teve que fugir em 1983, viajando para o Paquistão, passando por Istambul, na Turquia, e por Berlim para se estabelecer em Frankfurt, na Alemanha.[4]

Ela pesquisou a discriminação de gênero, a opressão sistemática contra as mulheres e o estado de mulheres homossexuais e transexuais na República Islâmica do Irã, publicando um livro com suas descobertas intitulado Gender X.[5] Uma síntese em inglês de suas descobertas escrita por Raha Bahreini também foi publicada, intitulada Diagnosing Identities, Wounding Bodies.[6][7] Shadi Amin estudou pessoas LGBT na Turquia e descreve o país como um lugar onde as pessoas do Irã podem prontamente buscar asilo político.[8]

Ela é membro fundadora da Associação da Rede de Mulheres Iranianas (SHABAKEH)[9] e atualmente é uma das coordenadoras da Rede Lésbica Iraniana (6Rang).[3] Como coordenadora do 6Rang, ela comenta as recomendações das Nações Unidas para os direitos humanos no Irã.[10][11] Ela também é co-fundadora da organização Justice for Iran.[3][11]

Atividades e publicações[editar | editar código-fonte]

Em 2000, Shadi Amin organizou um protesto contra a reação conservadora que ocorria no Estado Islâmico no Irã em uma conferência em Berlim, na Alemanha. Como membro da Berlin Exiled Women of Iran Against Fundamentalism (BEWIAF), ela pediu para abrir a conferência com um momento de silêncio para as vítimas da República Islâmica, enquanto outras membros da BEWIAF abriram "os xadores pretos que usavam, e dentro deles estavam escritos slogans contra a reunião e a República Islâmica." O ato levou vários membros da platéia a tentar impedir as manifestantes e a polícia foi chamada.[12]

Em 2009, Shadi Amin ganhou o Prêmio Hammed Shahidian Critical Feminist Paper Award, juntamente com Golrokh Jahangiri.[13] O prêmio foi criado em memória da estudiosa feminista iraniana e professora Hammed Shahidian, da Universidade de Toronto, do Canadá, e é usado para conceder fundos para estudos críticos sobre mulheres do Oriente Médio.[14] Shadi Amin usou seu prêmio para pesquisar prisioneiras políticas no Irã na década de 1980 e estudar estupro e abuso sexual, que ela apresentou no seminário The Political Prisoners, Beyond the Wall, the Word realizado em Toronto em 2011.[15] Em 2012, Shadi Amin fez parte de um painel com a Anistia Internacional, falando em evento antes do Dia Internacional Contra a Homofobia, Bifobia e Transfobia (IDAHO).[16] Em 2013, ela participou do Orgulho Gay da Turquia, pois era o local mais próximo do Irã, onde um evento do Orgulho foi realizado.[17]

No Istanbul Pride de 2014, Shadi Amin participou de um painel com o 6Rang, em que ela e outros discutiram mudanças de sexo forçadas que ocorreram no Irã.[18] Em 2014, no Orgulho de Estocolmo, na Suécia, ela e Raha Bahreini falaram sobre as violações de direitos humanos contra pessoas LGBTQ no Irã.[9] Ela foi citada pelo The Guardian, dizendo: "Em uma sociedade democrática, uma operação de mudança de sexo é uma opção para os transexuais, mas no Irã é uma obrigação para sua sobrevivência."[19]

Sua seleção e tradução dos artigos de Adrienne Rich e Audre Lorde foram publicadas em um livro intitulado Ghodrat va Lezzat (Poder e Alegria), que é um dos poucos recursos persas sobre heteronormatividade compulsória e existência lésbica.[20] Ela é a co-autora de Crime and Impunity; Tortura Sexual de Mulheres em Prisões Islâmicas. Shadi Amin pesquisou, fez trabalho de campo e forneceu revisão de literatura para a publicação sobre violações de direitos humanos contra indivíduos LGBT no Irã, Patholigizing Identities, Paralyzing Bodies: Human rights Violations Against Gay Lesbian and Transgender People in Iran (2014).[21]

Trabalhos publicados[editar | editar código-fonte]

  • Amīn, Shadi (2006). Qudrat va laz̲z̲at : Maqālāt-i barguzidah-i Adriyan Rich, Odri Lurd (em persa) Chāp-i 1. ed. Kuln: Āidā. ISBN 978-398-0-91128-3. OCLC 173806928 
  • Amin, Shadi; Sadr, Shadi (2012). Crime and Impunity: Sexual Torture of Women in Islamic Republic Prisons. Germany: Aida Book. ISBN 978-394-4-19190-4 
  • Bahreini, Raha (junho de 2014). Pathologizing Identities, Paralyzing Bodies (PDF) (Relatório). Justice for Iran and Iranian Lesbian and Transgender Network (6Rang) 
  • Amin, Shadi (2015). Gender X. [S.l.: s.n.] [5]

Filmes documentários[editar | editar código-fonte]

  • 1995 - Conferência de Pequim e Mulheres Exiladas.
  • 2000 - Exilopposition und Berliner Konferenz.
  • 2012 - Noites sem fim de mulheres prisioneiras.[22]
  • 2013 - Momentos Finais.[23]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

  • 2009 - Prêmio Hammed Shahidian Critical Feminist Paper.[13]
  • 2014 - Seu documentário "Momentos Finais" foi vice-campeão na categoria de documentário no Festival de Cinema Women's Voices Now (WVN).[24]

 Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. De Bellaigue, Christopher (2007). The Struggle for Iran. New York: The New York Review of Books. pp. 74. ISBN 9781590172384 
  2. «Shadi Amin: Şeriatın gölgesindeki kadınlar toplumsal yaşama eşit katılamıyor». Alternatif Siyaset (em turco). 5 de junho de 2013. Consultado em 22 de setembro de 2015. Arquivado do original em 23 de setembro de 2015 
  3. a b c Terman, Rochelle (2014). «Trans[ition] in Iran» (PDF). New York, New York: SAGE Publications. World Policy Journal. 31 (1): 28–38. doi:10.1177/0740277514529714. Consultado em 24 de setembro de 2015 [ligação inativa]
  4. Jaeger, Milan (22 de novembro de 2013). «Die Hoffnung ist geblieben». Frankfurter Allgemeine Rhein-Main (em alemão). Consultado em 22 de setembro de 2015 
  5. a b Evans, Trausti (19 de setembro de 2015). «Jag vill användamig av humorn» (em sueco). Stockholm, Sweden: Stockholms Fria. Consultado em 26 de setembro de 2015 
  6. Stewart, Colin (31 de julho de 2014). «Iran Campaign Seeks End to Coerced LGBT Sex Changes». Erasing 76 Crimes. Consultado em 22 de setembro de 2015 
  7. Farahani, Mansoureh (18 de agosto de 2015). «Forced Sex Changes Must Stop Now». London, England: IranWire. Consultado em 26 de setembro de 2015. Arquivado do original em 28 de setembro de 2015 
  8. Mirac, Zeynep (11 de agosto de 2014). «İranlı eşcinsellerin bekleme salonu Türkiye». Hurriyet Kelebek (em turco). Consultado em 22 de setembro de 2015 
  9. a b «6Rang Talks About Iranian LGBTQ Realities». Sogi News. 22 de agosto de 2014. Consultado em 23 de setembro de 2015. Arquivado do original em 4 de março de 2016 
  10. Stewart, Colin (5 de novembro de 2014). «11 Nations Blast Iran's Record on LGBTI Rights». Erasing 76 Crimes. Consultado em 22 de setembro de 2015 
  11. a b «Justice For Iran Delivers UPR-Pre Session Statement». Sogi News. 11 de outubro de 2014. Consultado em 26 de setembro de 2015. Arquivado do original em 28 de setembro de 2015 
  12. Eshkevari, Hasan Yousefi; Mir-Hosseini, Ziba; Tapper, Richard (2006). Islam and Democracy in Iran: Eshkevari and the Quest for Reform. London and New York: I.B.Tauris. pp. 147–148. ISBN 978-1-84511-133-5 
  13. a b «IWSF 2012 Awards». Iwsf.org. 23 de abril de 2012. Consultado em 9 de fevereiro de 2014. Arquivado do original em 5 de março de 2016 
  14. «Hammed Shahidian Legacy Initiative». Toronto, Canada: University of Toronto. Consultado em 27 de setembro de 2015 
  15. «The Political Prisoners, Beyond the Wall, the Word» (PDF). University of Toronto, Toronto, Canada: Women & Gender Studies Institute. Matters. 9 (1): 3. Março de 2012. Consultado em 27 de setembro de 2015 
  16. Li, See (16 de maio de 2012). «LGBT Iranians Speak Out at IDAHO Event». Demotix. Consultado em 23 de setembro de 2015. Arquivado do original em 23 de setembro de 2015 
  17. Bouchoucha, Lea (7 de julho de 2014). «Iranians Move to Turkey to Press LGBT Liberation». Women's eNews. Consultado em 22 de setembro de 2015 
  18. «Iranian LGBTs hold panel in Istanbul as a part of pride week». Istanbul, Turkey: Hurriyet Daily News. Doğan News Agency. 27 de junho de 2014. Consultado em 26 de setembro de 2015 
  19. Deghan, Saeed Kamali (2 de novembro de 2012). «Iranian Film Shines Spotlight on Taboo Subject of Transsexuals». The Guardian. Consultado em 24 de setembro de 2015 
  20. «Sexual Abuse & Torture Over The Past Three Decades In Iran». Centre for Oral History and Digital Storytelling. Montreal, Quebec, Canada: Concordia University. 28 de setembro de 2013. Consultado em 27 de setembro de 2015 
  21. Milliken, Alice (30 de junho de 2014). «Istanbul: Study on human rights violations against LGBT Iranians discussed at Pride». London, England: Pink News. Consultado em 27 de setembro de 2015 
  22. «شب های بی نهایت زنان زندانی». YouTube. Consultado em 9 de fevereiro de 2014 
  23. «Final Moments -لحظه های آخر». YouTube. 25 de junho de 2013. Consultado em 9 de fevereiro de 2014 
  24. «Triumph for 1988 Mass Executions Documentary 'Final Moments' at Women's Voice Now Film Festival». Justice For Iran. 31 de julho de 2014. Consultado em 22 de setembro de 2015