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eles eram muitos cavalos[editar | editar código-fonte]

eles eram muitos cavalos
Autor(es) Luiz Ruffato
Idioma Português
País Brasil
Editora Editora Record
Lançamento 2001

eles eram muitos cavalos (que se escreve em letras minúsculas) é o primeiro romance do escritor Luiz Ruffato. Publicado em 2001, recebeu o Troféu APCA e o Prêmio Machado de Assis da Fundação Biblioteca Nacional. Com uma estrutura não linear, é composto por 70 fragmentos. O único elo entre eles é o fato de todas as narrativas ocorrerem em um só dia, o dia 9 de maio de 2000 na cidade de São Paulo. O título do romance faz uma alusão ao poema “Dos Cavalos da Inconfidência”, de Cecília Meirelles .

O romance surgiu da ideia de Ruffato de escrever uma espécie de tributo sobre São Paulo, a cidade que o acolheu como a tantos outros brasileiros. A estrutura deve-se à incapacidade de se apreender esta metrópole, devido a sua extrema dinamicidade e multiplicidade. Assim, o autor buscou outras maneiras de expor essa pluralidade no livro, sendo este as vezes caracterizado como "uma colcha de retalhos". Em resposta a isso, Ruffato diz que considera seu livro uma "instalação literária".[1]

Outro ponto importante para o modo como Ruffato faz refletir não só sobre "estilo literário", mas sobre a própria literatura é a percepção de tempo. Utilizando um eterno presente, onde tanto o futuro como o passado acabam sendo negados, pela insistente percepção apenas do presente, mesmo que na forma de lembranças, faz repensar também sobre a concepção de tempo, pela manipulação de fronteiras temporais, por motivos diversos.[2]

O autor possui quatro livros traduzidos para o idioma alemão. No dia 2 de julho de 2016, Luiz Ruffato e o tradutor Michael Kegler receberam o prêmio Internacional Hermann Hesse[3] de 2016 pelo conjunto da obra e traduções, entre eles o Eles eram muitos cavalos.

Enredo[editar | editar código-fonte]

São contadas histórias de pessoas vivendo seus cotidianos, perdidas por diversos pontos da cidade, buscando menos um motivo e mais uma maneira de sobreviver. Trata-se de um romance revelador da grande quantidade de pessoas que vivem em anonimato em São Paulo, a qual é a grande personagem, onipresente, que interage com as outras em seus inúmeros dramas, infelicidades e pequenas tragédias urbanas.

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Rinaldo de Fernandes (27 de abril de 2008). «Entrevista Luiz Ruffato». Consultado em 22 de fevereiro de 2013 
  2. http://www.revlet.com.br/artigos/67.pdf
  3. «Prêmio Herman Hesse |». bookcenterbrazil.wordpress.com. Consultado em 23 de novembro de 2016 

A Hora da Estrela[editar | editar código-fonte]

 Nota: Se procura a adaptação cinematográfica deste livro, veja A Hora da Estrela (filme).
A Hora da Estrela
Autor(es) Clarice Lispector
Idioma Português
País Brasil
Editora Brasil Rocco
Lançamento 1977
Páginas 87
Cronologia
Visão do Esplendor
Um Sopro de Vida (Pulsações)

A Hora da Estrela é um romance literário da escritora ucraniana, naturalizada brasileira Clarice Lispector. O romance narra a história da datilógrafa alagoana Macabéa, que migra para o Rio de Janeiro, tendo sua rotina narrada por um escritor fictício chamado Rodrigo S.M. É talvez o seu romance mais famoso, sendo adaptado para o cinema por Suzana Amaral em 1985.

Enredo[editar | editar código-fonte]

Predefinição:Spoilers O romance narra as desventuras de Macabéa, uma moça sonhadora e ingênua, recém-chegada do Nordeste ao Rio de Janeiro, às voltas com valores e cultura diferentes. Macabéa leva uma vida simples e miserável. Começa a namorar Olímpico de Jesus, que não vê nela chances de ascensão social de qualquer tipo. Assim sendo, abandona-a para ficar com Glória (colega de trabalho de Macabéa), cujo pai era açougueiro, o que sugeria ao ambicioso nordestino a possibilidade de melhora financeira.

Sentindo dores constantes, Macabéa vai ao médico e recebe um diagnóstico de princípio de tuberculose, mas não conta a ninguém. Glória percebe a tristeza da colega e a aconselha a buscar consolo numa cartomante. Madame Carlota prevê um futuro feliz, no qual ela conheceria um estrangeiro, homem louro com quem casaria. De certa forma, é o que acontece: ao sair da casa da cartomante, Macabéa é atropelada por uma Mercedes amarela guiada por um homem louro e cai no asfalto, onde morre.


Análise[editar | editar código-fonte]

Além da história de Macabéa, há no romance a história de Rodrigo S. M., o narrador, e a descrição do processo criativo (discurso metalinguístico). Rodrigo e Macabéa não fazem parte do mesmo ambiente, esta por sua condição de retirante e aquele por ser visto com maus olhos pela classe média e não conseguir alcançar pessoas como a protagonista.

Toda a expressão do texto é para se explicar. Rodrigo S. M. acaba priorizando o relato dos recursos textuais a falar de Macabéa, que ironicamente só ganha papel de destaque perto da hora de sua morte. É nesse ponto que compreendemos o significado do título: A hora da estrela é a hora da nossa morte, pois, nesse momento, o ser humano deixa de ser invisível às pessoas, que percebem sua existência apenas quando já não existe mais.

Clarice adota discurso regionalista em A hora da estrela, algo incomum em suas obras. Através da personagem Macabéa, a autora descreve uma nordestina que tenta escapar da miséria e do subdesenvolvimento, abandonando Alagoas pela possibilidade de melhores condições de vida no Rio de Janeiro. Clarice foi muitas vezes criticada por se afastar da literatura regional emergente do modernismo.[1] Em A hora da estrela, ela foge do "hermetismo" característico de suas primeiras obras e alia sua linguagem à vertente regionalista da segunda geração do modernismo brasileiro. Na época da publicação, o crítico literário Eduardo Portella falou do surgimento de uma "nova Clarice", com uma narrativa extrovertida e "o coração selvagem comprometido com a situação do Nordeste brasileiro".[1]

A hora da estrela é uma obra-prima da literatura brasileira, principalmente, pelas reflexões de Rodrigo S.M. sobre o ato de escrever, sua própria vida e a anti-heroína Macabéa.

Contexto e publicação[editar | editar código-fonte]

Clarice comentou A Hora da Estrela em sua única entrevista televisionada, concedida em fevereiro de 1977 ao repórter Júlio Lerner para a TV Cultura, de São Paulo. Na entrevista, ela menciona que acabara de completar um livro com "treze nomes, treze títulos", embora ela tenha se recusado a citá-los. Ela diz, que o livro é "a estória de uma moça, tão pobre que só comia cachorro quente. Mas a estória não é isso, é sobre uma inocência pisada, de uma miséria anônima."[2][3] Na mesma entrevista, Clarice diz que usou como referência para Macabéa a sua própria infância no nordeste brasileiro, além de uma visita a uma feira onde nordestinos se reuniam em São Cristóvão. Ela diz ter sido neste local que capturou "o ar meio perdido" do nordestino na cidade do Rio de Janeiro.[2] Outra inspiração para a trama do livro foi uma visita que Clarice fez a uma cartomante. Na época, ela imaginou como "seria engraçado se na saída, ela fosse atropelada por um táxi depois de ouvir todas coisas boas que a cartomante previra".[2]

O romance foi escrito à mão em diversos fragmentos de papel, a partir dos quais Lispector, com a ajuda da sua secretária Olga Borelli, compôs a versão final.[4] O livro foi publicado em 26 de outubro de 1977, pouco antes da autora ingressar no hospital do INPS da Lagoa, no Rio de Janeiro.[5]

Referências

  1. a b Vieira, Nelson. "Jewish Voices in Brazilian Literature: A Prophetic Discourse of Alterity", Pág 111-112, University Press of Florida, 1995 ISBN 0-8130-1418-2, ISBN 978-0-8130-1418-0
  2. a b c Lerner, Júlio. Entrevista com Clarice Lispector, televisionado originalmente na TV Cultura, filmado em fevereiro de 1977.
  3. Esta entrevista está disponível na internet, no YouTubeem outras fontes. Dezembro de 2008
  4. Cadernos de Literatura Brasileira : Clarice Lispector. Rio de Janeiro: Instituto Moreira Salles. 2004 
  5. Miguez, Cristina (10 de dezembro de 1977). «A morte de Clarice Lispector» (PDF). Folha de S.Paulo, Caderno Ilustrada. Consultado em 30 de dezembro de 2008