Usuário:Chronus/Manifesto Antropófago

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O Manifesto Antropófago foi publicado em 1928 pelo poeta e polemista brasileiro Oswald de Andrade, figura-chave do movimento cultural do modernismo brasileiro e colaborador da publicação Revista de Antropofagia. Foi inspirado em "Abaporu", pintura de Tarsila do Amaral, artista modernista e esposa de Oswald de Andrade.[1]

Conteúdo[editar | editar código-fonte]

"Uma mulher piratapuia com partes do corpo humano" de Albert Eckhout.[2]

Escrito em prosa poética no estilo modernista de Une Saison en Enfer de Rimbaud, o Manifesto Antropófago é mais diretamente político do que o manifesto anterior de Oswald, Manifesto Pau-Brasil, criado com o interesse de propagar uma poesia brasileira para exportação. O "Manifesto" tem sido muitas vezes interpretado como um ensaio em que o argumento principal propõe que a história brasileira de "canibalização" de outras culturas é sua maior força, ao mesmo tempo em que joga com o interesse primitivista dos modernistas pelo canibalismo como um suposto rito tribal, que torna-se uma forma de o Brasil se afirmar contra a dominação cultural pós-colonial europeia.[3]

Um dos versos icônicos do Manifesto, escrito em inglês no original, é "Tupi or not Tupi: eis a questão". A linha é simultaneamente uma celebração dos tupis, que praticavam certas formas de canibalismo ritual (como detalhado nos escritos do século XVI de André Thévet, Hans Staden e Jean de Léry) e uma instância metafórica de canibalismo: come Shakespeare. Por outro lado, alguns críticos argumentam que a Antropofagia como movimento era muito heterogênea para que argumentos abrangentes fossem extraídos dele e que muitas vezes tinha pouco a ver com uma política cultural pós-colonial.[4]

Influências[editar | editar código-fonte]

O Grupo dos Cinco, coletivo de arte modernista que defendeu os princípios da Semana de Arte Moderna de 1922. [5]

Na década de 1960, apresentados à obra de Oswald de Andrade pelo poeta concreto Augusto de Campos, o artista plástico Hélio Oiticica e o músico Caetano Veloso viram no Manifesto uma grande influência artística no movimento Tropicália. Veloso afirmou: "a ideia de canibalismo cultural caiu como uma luva em nós, os tropicalistas. Estávamos 'comendo' os Beatles e Jimi Hendrix."[6] No álbum Tropicalia ou Panis et Circensis, de 1968, Gilberto Gil e Torquato Neto referem-se explicitamente ao Manifesto na canção "Geléia geral" na letra "a alegria é a prova dos nove", que seguem com "ea tristeza é teu porto seguro" (e a tristeza é seu porto seguro).

Em 1990, o artista plástico brasileiro Antonio Peticov criou um mural em homenagem ao que teria sido o centenário de Andrade. A obra O Momento Antropofágico com Oswald de Andrade foi instalada na estação Republica do Metrô de São Paulo e foi inspirada em três obras de Andrade: O Perfeito Cozinheiro das Almas deste Mundo, Manifesto Antropofágico e O Homem do Povo.[7][8]

Ver também[editar | editar código-fonte]

  1. «Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil | MoMA». The Museum of Modern Art (em inglês). Consultado em 18 de agosto de 2020 
  2. «Albert Eckhout, Series of eight figures (article)». Khan Academy (em inglês). Consultado em 18 de agosto de 2020 
  3. Garcia, Luis Fellipe (2020). «Oswald de Andrade / Anthropophagy». ODIP: The Online Dictionary of Intercultural Philosophy. Thorsten Botz-Bornstein (ed.). Consultado em 13 de junho de 2020 
  4. Jauregui, Carlos, A. (2012). McKee Irwin & Szurmuk, ed. Dictionary of Latin American Cultural Studies. Gainesville: University Press of Florida. pp. 22–28 
  5. Gearini, Victória. «Aventuras na História · Grupo dos Cinco: os precursores do Modernismo no Brasil». Aventuras na História. Consultado em 18 de agosto de 2020 
  6. Dunn, Christopher, 1964-. Brutality garden : Tropicália and the emergence of a Brazilian counterculture. Chapel Hill, NC: [s.n.] ISBN 978-1-4696-1571-4. OCLC 862077082 
  7. «Editorial - Underground collection: works of art in São Paulo subway». SP-Arte. 24 de janeiro de 2020. Consultado em 18 de agosto de 2021 
  8. «Livro Digital» (PDF). Arte no Metrô. 31 páginas. Cópia arquivada em 2013 

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