Virginia Hall

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Virginia Hall
Virginia Hall
Nascimento 6 de abril de 1906
Baltimore, Maryland, Estados Unidos
Morte 8 de julho de 1982 (76 anos)
Pikesville, Maryland, Estados Unidos
Residência Barnesville
Sepultamento Druid Ridge Cemetery
Cidadania Estados Unidos
Cônjuge Paul Gaston Goillot
Alma mater
Ocupação espia, intelligence analyst, SOE agent
Prémios Ordem do Império Britânico
Cruz de Serviço Distinto
Empregador(a) Central Intelligence Agency, Escritório de Serviços Estratégicos
Serviço militar
Lealdade
Serviço Special Operations Executive
Tempo de serviço 1940–1966
Batalhas/Guerras Operação Jedburgh - Segunda Guerra Mundial

Virginia Hall Goillot (Baltimore, 6 de abril de 1906Pikesville, 8 de julho de 1982) foi uma espia norte-americana que serviu durante a Segunda Guerra Mundial junto do Special Operations Executive britânico e, posteriormente, com os Office of Strategic Services e Special Activities Division da CIA. Ela tinha vários pseudônimos, como "Marie Monin", "Germaine", "Diane", "Marie de Lyon", "Camille",[1][2] e "Nicolas".[3] Os alemães a chamavam de Artemis e a Gestapo chegou a considerá-la uma das mais perigosas espiãs aliadas.[4]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Virginia nasceu em 1906, em Baltimore, filha de Barbara Virginia Hammel e Edwin Lee Hall.[5] Estudou nos prestigiados Radcliffe College e Barnard College (Universidade de Columbia ), onde estudou alemão, francês e italiano. Com a ajuda dos pais, ela terminou os estudos na Europa, passando pela Alemanha, França e Áustria, finalmente conseguindo um cargo junto ao corpo consular da embaixada americana em Varsóvia, na Polônia, em 1931.[5][6]

Virginia esperava poder se juntar ao United States Foreign Service, mas em 1932 ela, acidentalmente, atirou na própria perna esquerda enquanto caçava na Turquia e precisou amputar a perna do joelho para baixo, substituindo-a por uma prótese de madeira, que ela apelidou de "Cuthbert".[4] A amputação encerrou qualquer possibilidade de trabalhar para o serviço diplomático e ela se demitiu do Departamento de Estado em 1939. Em seguida, ela se ingressou na American University, em Washington, DC.[5]

Segunda Guerra Mundial[editar | editar código-fonte]

No ano em que a guerra foi declarada, Virginia estava em Paris, onde se juntou ao serviço de ambulâncias e resgate antes da anexação da França e de Paris ela foi para Vichy, território controlado pelos nazistas quando os combates pararam no verão de 1940. Virginia conseguiu chegar a Londres e se voluntariou para o novo Special Operations Executive (SOE), que a levou novamente para Vichy em agosto de 1941.[2] Pelos próximos 15 meses, ela ajudou a coordenar atividades com a resistência francesa e ainda serviu como correspondente de guerra para o New York Post.[2]

Quando os alemães passaram a controlar todo o território francês em novembro de 1942, Virginia fugiu para a Espanha.[7] Segunda a Inteligência da Força Aérea dos Estados Unidos, os franceses a apelidaram de "la dame qui boite" ("a dama que manca") e os alemães a chamavam pela mesma alcunha, colocando-a na lista dos mais procurados.[8]

Office of Strategic Services[editar | editar código-fonte]

Certificado francês de 'Marcelle Montagne', forjado pela OSS

Virginia entrou para o serviço de operações especiais do Office of Strategic Services (OSS) em março de 1944 e pediu para retornar para a França ocupada. Acostumada a trabalhar atrás das linhas inimigas, ela logo conseguiu acesso e chegou com uma identificação francesa falsa no nome de Marcelle Montagne. Usando o codinome "Diane", ela enganou a Gestapo e entrou em contato com a resistência francesa.[7]

Virginia mapeou zonas para pouso de suprimentos e de soldados para a Inglaterra, encontrou locais seguros e se associou com forças aliadas que tinham chegado à Normandia. Ajudou ainda a treinar batalhões para a resistência francesa em táticas de guerrilha contra os alemães, além de servir como informante e correspondente para as tropas aliadas.[4][7]

Pós-guerra[editar | editar código-fonte]

Em 1950, Virginia se casou com o ex-agente da OSS, Paul Goillot. Em 1951, ela ingressou na CIA, trabalhando como analista de inteligência para assuntos parlamentares franceses. Junto do marido, ele trabalhavam para a Divisão de Atividades Especiais da agência. Virginia se aposentou em 1966 e se mudou para uma fazenda em Barnesville, Maryland.[8]

Morte[editar | editar código-fonte]

Virginia Hall Goillot morreu no Hospital Adventista de Shady Grove, em Rockville, Maryland, aos 76 anos, em 8 de julho de 1982.[9] Ela foi sepultada no Cemitério de Druid Ridge, em Pikesville, Condado de Baltimore, Maryland.[4][8]

Prêmios[editar | editar código-fonte]

Por seus esforços de guerra, Virginia ganhou a Cruz de Serviço Distinto, em setembro de 1945, o único oferecido a uma mulher civil durante a Segunda Guerra Mundial.[10][11]

Na mídia[editar | editar código-fonte]

Uma biografia sobre Virginia foi publicada pela escritora Sonia Purnell. A Woman of No Importance: The Untold Story of Virginia Hall, WWII's Most Dangerous Spy foi publicado nos Estados Unidos em março de 2019. No Brasil, ele foi publicado pela editora Planeta com o título Uma mulher sem importância: A história secreta da espiã americana mais perigosa da segunda guerra mundial, em janeiro de 2021.[12]

Referências

  1. «CIA Kids Page – History – Virginia Hall». Central Intelligence Agency. Consultado em 31 de maio de 2018. Cópia arquivada em 27 de dezembro de 2006 
  2. a b c «Obituary of Georges Bégué». Daily Telegraph. Janeiro de 1994. p. 15. Consultado em 27 de dezembro de 2006 
  3. «The People of the CIA». Central Intelligence Agency. Consultado em 24 de julho de 2019 
  4. a b c d «Five Badass Female Spies Who Deserve Their Own World War II Movie». Vanity Fair. Consultado em 31 de maio de 2018 
  5. a b c «Not Bad for a Girl from Baltimore: the Story of Virginia Hall» (PDF). Departamento de Estado dos Estados Unidos. Consultado em 31 de maio de 2018 
  6. Alessandra Corrêa (ed.). «Quem foi Virginia Hall, a espiã americana mais temida pela polícia secreta nazista». BBC. Consultado em 29 de novembro de 2021 
  7. a b c Gralley, Craig R. (Março de 2017). «A Climb to Freedom: A Personal Journey in Virginia Hall's Steps» (PDF). Studies in Intelligence. 61 (1) 
  8. a b c «Virginia Hall: "We must find and destroy her"». USNews.com 
  9. «Education & Resources - National Women's History Museum». NWHM.org. Consultado em 31 de maio de 2018. Arquivado do original em 8 de novembro de 2016 
  10. «Today's Document from the National Archives». Archives.gov. 19 de outubro de 2011. Consultado em 6 de dezembro de 2016 
  11. «Today's Document » May 12 – Virginia Hall of the OSS». Archives.gov. 19 de outubro de 2011 
  12. «A história da maior espiã da Segunda Guerra Mundial». Publish News. Consultado em 29 de novembro de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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