Saltar para o conteúdo

Anacronismo: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Inserção de bibliografia e retirada de categoria oculta
Linha 33: Linha 33:


{{Referências}}
{{Referências}}

== Bibliografia ==

=== Artigos científicos ===
{{inícioRef|2}}
*{{Citar periódico |ultimo=Barros |primeiro=José d’Assunção |data=2017 |título=Os conceitos na história: considerações sobre o anacronismo |url=https://journals.openedition.org/lerhistoria/2930 |periódico=Ler História |número=71 |paginas=155–180 |lingua=pt |doi=10.4000/lerhistoria.2930 |issn=0870-6182 |acessodata=2022-11-15}}
*{{citar periódico |último=Burke |primeiro=Peter |data=2013 |título= O conceito de anacronismo de Petrarca a Poussin}}
*{{citar periódico |último=Da Cruz |primeiro=E.C.V. |último2= |primeiro2= |data=2019 |título=Temporalidades, anacronismo e o ensino de História |url=https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/433131/2/DISSERTA%C3%87%C3%83O%20DE%20MESTRADO%20-%20VERS%C3%83O%20DEFINITIVA_CAPA%20DURA.pdf |periódico=}}
*{{Citar periódico|ultimo=Faria |primeiro=Daniel|data=2008|titulo=Memórias póstumas de Camões. Ou, o anacronismo em três tempos.| url=https://www.academia.edu/31569359/Memorias_postumas_de_Camoes_O_anacronismo_em_tres_tempos|jornal=ArtCultura|paginas=58–72 |lingua=pt |doi= |issn=| acessodata=2022-08-22}}
*{{citar periódico |último=Flores |primeiro=Maria Bernadete Ramos |último2= |primeiro2= |data=2014 |título=Elogio do anacronismo: para os andróginos de Ismael Nery |url=https://www.scielo.br/j/topoi/a/4HBvXVtzvt6C7S5tY5NSxZC/?lang=pt&format=html |periódico=Topoi |volume=15 |número= |páginas=414-443 |doi=10.1590/2237-101X015029002 |acessodata=2022-11-23 }}
*{{citar periódico|último=Gonçalves|primeiro=Bruno|data=2022-04-27|título=Os sentidos do anacronismo|url=https://www.historiadahistoriografia.com.br/revista/article/view/1829|periódico=História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography|volume=15|número=38|páginas=285-314|doi=10.15848/hh.v15i38.1829|acessodata=2022-04-07}}
*{{Citar periódico |ultimo1=Kathiresan |primeiro1=Balasubramanian |ultimo2=Pushpanjali |primeiro2=S. |data=2017 |titulo=Post Modern Narration in Umberto Eco's The Name of the Rose |url=https://www.academia.edu/53668286/_Post_Modern_Narration_in_Umberto_Eco_s_The_Name_of_the_Rose_Pushpa_and_BK_ |jornal=Shanlax International Journal of English |acessodata=2022-11-09}}.
*{{Citar periódico |url=https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/13642529.2019.1677294 |título=Chronisms: on the past and future of the relation of times |data=2019 |acessodata=2022-11-30 |periódico=Rethinking History |número=4 |ultimo=Landweh |primeiro=Achim |ultimo2=Winnerling |primeiro2=Tobias |paginas=435–455 |lingua=en |doi=10.1080/13642529.2019.1677294 |issn=1364-2529}}
*{{Citar periódico|ultimo=Mateus |primeiro=Samuel |data=2012 |titulo=A Querela dos Antigos e dos Modernos |url=https://journals.openedition.org/cultura/1124 |jornal=Cultura. Revista de História e Teoria das Ideias |número=Vol. 29|paginas=179–200 |lingua=pt |doi=10.4000/cultura.1124 |issn=0870-4546 |acessodata=2022-10-04}}
*{{Citar periódico |url=https://www.degruyter.com/document/doi/10.1515/9783112422229-017/html |titulo=Anachronisms |data=2004-12-31 |acessodata=2022-11-09 |publicado=De Gruyter |ultimo=Most |primeiro=Glenn W. |editor-sobrenome=Danneberg |editor-nome=Lutz |paginas=294–297 |doi=10.1515/9783112422229-017 |isbn=978-3-11-242222-9 |editor-sobrenome2=Kablitz |editor-nome2=Andreas |editor-sobrenome3=Schmidt-Biggemann |editor-nome3=Wilhelm |editor-sobrenome4=Thomé |editor-nome4=Horst |editor-sobrenome5=Vollhardt |editor-nome5=Friedrich}}
*{{Citar periódico |url=https://revistas.ufpi.br/index.php/pensando/article/view/6427 |titulo=Arte contemporânea e anacronismo |data=2017 |acessodata=2022-10-18 |jornal=Pensando-Revista de Filosofia |número=16 |ultimo=Ramos |primeiro=Pedro |paginas=209-219 |doi= |issn=}}
*{{Citar periódico |url=https://academic.oup.com/past/article/234/1/236/2965808 |titulo=Presentism’s Useful Anachronisms* |data=2017-02-01 |acessodata=2022-11-09 |jornal=Past & Present |número=1 |ultimo=Rubin |primeiro=Miri |paginas=236–244 |lingua=en |doi=10.1093/pastj/gtw057 |issn=0031-2746}}
*{{Citar periódico |ultimo=Teixeira |primeiro=Fernando Sousa |data=2018 |titulo=A Síntese Histórica e o Papel do Historiador na Perspectiva Metódica de Langlois & Seignobos |url=https://www.revista.ueg.br/index.php/revista_geth/article/view/6608 |paginas=34–55 |lingua=pt |doi= |issn=2179-6386 |acessodata=2022-08-22}}
{{-fim}}

=== Livros e capítulos===
{{inícioRef|2}}
*{{citar livro |ultimo=Febvre |primeiro=Lucien |data=2009 |titulo=O problema da incredulidade no século XIV |url= |local=São Paulo |editora=Companhia das Letras |pagina= |isbn=}}
*{{Citar livro |url=https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/9781118257227.ch5 |capítulo=The Uniformitarian Principle and the Risk of Anachronisms in Language and Social History |data=2012-03-30 |acessodata=2022-11-23 |publicado=Wiley |ultimo=Bergs |primeiro=Alexander |editor-sobrenome1=Hernández‐Campoy |editor-nome1=Juan Manuel |paginas=80–98|título=The Handbook of Historical Sociolinguistics |lingua=en |doi=10.1002/9781118257227.ch5 |isbn=978-1-4051-9068-8 |editor-sobrenome2=Conde‐Silvestre |editor-nome2=Juan Camilo}}
*{{citar livro |ultimo=Bloch |primeiro=Marc |data=2001 |titulo=Apologia da História ou O Ofício do Historiador|url=https://bibliotecaonlinedahisfj.files.wordpress.com/2015/02/bloch-m-apologia-da-histc3b3ria.pdf |local=São Paulo |editora=Zahar|pagina= |isbn=}}
*{{citar livro |ultimo=Ginzburg |primeiro=Carlo |data=2002 |titulo=Relações de força: história, retórica, prova |url= https://www.worldcat.org/pt/title/52857943|local=São Paulo |editora= Companhia das Letras|paginas= 192|isbn=9788535902754}}
*{{Citar livro|url=https://www.worldcat.org/oclc/794700408|título=The birth of the past|ultimo=Schiffman|primeiro=Zachary Sayre|data=|editora=Johns Hopkins University Press|ano=2011|local=Baltimore|página=144|oclc=794700408}}
*KOSELLECK, Reinhart. O futuro passado dos tempos modernos. In: KOSELLECK, Reinhart. ''Futuro passado'': contribuição á semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, Ed. Puc-Rio, 2006. p. 21-39. Tradução.de Wilma Patrícia Maas.
*Loraux, Nicole. Elogio do anacronismo. In: Novaes, Adauto (org.). ''Tempo e história''. São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura, Companhia das Letras, 1992. p. 57-70.
{{-fim}}
{{Portal3|Teoria da História|Filosofia}}
{{Portal3|Teoria da História|Filosofia}}


Linha 38: Linha 68:
[[Categoria:Tempo]]
[[Categoria:Tempo]]
[[Categoria:Filosofia]]
[[Categoria:Filosofia]]
[[Categoria:!Mais Teoria da História na Wiki (Wikiconcurso de edição)]]

Revisão das 22h52min de 21 de janeiro de 2023

 Nota: Se procura a figura de linguagem, veja Anacronia.
Orfeu, personagem da mitologia da Grécia Antiga, representado por Cesare Gennari com um violino, instrumento que não existia antes do século XVI.

Anacronismo (do grego ἀνά "contra" e χρόνος "tempo") é um erro cronológico, expressado na falta de alinhamento, consonância ou correspondência com uma época. Ocorre quando pessoas, eventos, palavras, objetos, costumes, sentimentos, pensamentos ou outras coisas que pertencem a uma determinada época são erroneamente retratados noutra época.[1] O anacronismo também pode ser usado intencionalmente para fins de retórica, propaganda, comédia ou choque. Anacronismos não intencionais podem ocorrer quando um escritor, artista ou performer desconhece as diferenças de tecnologia, terminologia e linguagem, costumes e atitudes, ou mesmo modas entre diferentes períodos e épocas históricas..

História do anacronismo

Idade Média

Ao menos desde o século XII europeu, há indícios escritos e imagéticos da percepção humana sobre a diferença qualitativa entre passado e presente, que os tornaram tempos únicos e singulares. Esse distanciamento histórico entre as dimensões temporais é observado, por exemplo, no debate entre antigos e modernos ou mesmo nos conceitos de translatio imperii e translatio studii. Essa percepção da diferença temporal continuou no século XIII europeu. O artista italiano Nicola Pisano, por exemplo, realizou as roupas de suas esculturas, que representavam pessoas da Roma Antiga, de forma a parecerem com o padrão utilizado pelos romanos ao invés de parecerem com vestimentas comuns à época em que ele vivia. Isso marca uma consciência da diferença temporal e uma intenção de distingui-las em sua singularidade histórica.[2]

No século XIV, o sentimento de distância temporal entre passado e presente se difunde na Europa. Como exemplo mais significativo dessa percepção, tem-se os escritos de Petrarca que,[2] ao afirmar a alteridade entre a Antiguidade Clássica e o tempo em que vivia, estabelece a divisão entre Idade Antiga, Idade Média e Idade Moderna, enquanto momentos históricos essencialmente diferentes.[3]

Renascimento

A Escola de Atenas, de Rafael, demonstra caráter anacrônico no momento em que não apresenta um erro de datação, mas uma impossibilidade histórica, ao colocar Aristóteles e Platão em um cenário incoerente com o contexto da Grécia Antiga.

A interpretação de que o Renascimento é um momento de tomada de consciência da singularidade das compreensões de mundo formuladas pelos sujeitos históricos em diferentes épocas se difundiu no livro A cultura do Renascimento na Itália (1860) de Jacob Burckhardt.[4] Nos séculos XV e XVI, um pequeno grupo de humanistas e artistas expressou em suas obras a noção de distância entre o presente e o passado, pressuposto básico para a possibilidade de existência de um anacronismo.[5] O exemplo mais famoso produzido no Renascimento da percepção de distância temporal foi a argumentação de Lorenzo Valla a favor do entendimento da Doação de Constantino como uma falsificação.[6] Através de uma análise filológica, Valla contestou a autenticidade do documento já que a palavra sátrapa não existia na língua latina na época de Constantino, constituindo um anacronismo textual revelador de sua falsidade.[7]

Contudo, essa percepção de distância temporal não era difundida entre os letrados da época e muito menos na população europeia de forma geral, que entendia o passar do tempo como produtor de continuidades.[6] Essas duas atitudes renascentistas em relação à experiência do tempo - enquanto produtora de diferenças ou de continuidades - é visível em objetos artísticos que ora representam romanos com roupas clássicas típicas, ora representam os próprios renascentistas em vestes clássicas.[6]

No século XVI, a noção de distância temporal se aprofunda ainda mais com a Reforma Protestante, que, ao salientar as transformações entre uma igreja primitiva e uma igreja moderna, enxerga o presente como um momento de declínio, gerando um novo sentido de passado.[8] Ainda assim, permanecia forte a perspectiva de que o presente e a Antiguidade Clássica estavam situados num mesmo horizonte histórico e, consequentemente, desprezava-se a noção de distância temporal, que só será proeminente com a temporalização da história a partir do século XIX, que é simultânea à percepção de aceleração do tempo histórico.[9]

Século XVII

Há, no século XVII, o crescimento da noção de distância temporal, especialmente entre eruditos europeus. É por volta de 1650 que jesuítas, como Dionísio Petávio e Piero Sforza Pallavicino, e bispos, como Jacques Bossuet e Pierre-Daniel Huet, difundem a palavra anacronismo, tanto em latim - anachronicus - como em italiano, francês e inglês. Por sua vez, o surgimento do senso de anacronismo está ligado a figuras de artistas, especialmente italianos, sendo um importante marco na história cultural europeia.[10]

Século XVIII e XIX

O século XVIII é um momento importante para o desenvolvimento do sentimento de anacronismo pois, segundo Reinhart Koselleck, surge a ideia de História enquanto a unificação de histórias particulares, o abandono da percepção do passado como repositório de lições morais e a solidificação da percepção que a pesquisa histórica é realizada e orientada por um sujeito - o historiador - que tem uma subjetividade. Nesse momento, destaca Koselleck, anacronismos cometidos no passado são destacados por autores europeus oitocentistas, como as críticas de Friedrich Schlegel ao quadro A batalha de Alexandre em Isso (1529) de Albrecht Altdorfer.[11] Schlegel, ao contemplar essa pintura cerca de 300 anos depois de sua realização, apontou anacronismos derivados de uma noção de distância temporal alheia ao pintor, que enxergava a Antiguidade Clássica e a sua época como integrantes de um horizonte histórico comum. Assim, Altdorfer usufruiu de elementos de seu tempo para retratar aquele evento ocorrido em um passado distante.[9] Nos seus elementos anacrônicos, o quadro retrata, por exemplo, os soldados de Alexandre, o Grande como soldados lansquenetes da Batalha de Pavia e os persas têm suas vestes muito semelhantes às dos soldados turcos contemporâneos a Altdorfer, que tinham sitiado Viena no mesmo ano. Com isso, o pintor acaba por retratar a batalha de Isso dentro de uma noção de atemporalidade onde o quadro, segundo Koselleck, acaba por representar a luta entre Cristo e Anticristo, mesmo que essas não tenham sido preocupações existentes nesta batalha.[12]

Século XX e XXI

Nos séculos XX e XXI, são os historiadores da arte que lideram a discussão acerca do anacronismo. O desenvolvimento desse conceito tem papel importante dentro da história da arte com discussões capitaneadas por Aby Warburg, Fritz Saxl e Erwin Panofsky. Enquanto Panofsky se destaca por sua diferenciação entre perspectiva histórica e perspectiva pictórica no Renascimento italiano, Saxl concentrou-se no interesse do pintor Andrea Mantegna pela história, assim como sua amizade com o antiquário Frei Feliciano de Verona.[6] Warburg, por sua vez, chamou atenção à representação artística das formas de se vestir ao longo da história. Para o historiador inglês Peter Burke, o reconhecimento das mudanças nas vestimentas ao longo do tempo é o sinal mais claro da existência de uma compreensão de distância histórica.[13]

Exemplos

Alguns exemplos poderiam ser um filme encenado no século XIX em que aparecesse um computador, ou utensílios modernos usados por uma família da Idade da Pedra como no desenho animado Os Flintstones, de Hanna-Barbera.[14] Outro exemplo é o caso do satírico filme Blazing Saddles, de 1974: mesmo ambientado no Velho Oeste norte-americano (1845 a 1890), o xerife usa jeans novos da grife Gucci e também um automóvel, ao invés dos cavalos de então.[15]

Referências

  1. Aulete, Caldas (1964). Garcia, Hamilcar; Nascentes, Antenor, eds. Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa. I 5ª ed. Rio de Janeiro: Editora Delta. 239 páginas 
  2. a b Burke 2013, pp. 204-205.
  3. Mateus 2010, p. 184.
  4. 2011 p.144.
  5. Burke 2013, pp. 196-198.
  6. a b c d Burke 2013, pp. 197-198.
  7. Ginzburg 2002, p. 76.
  8. Burke et al. 2013, p. 210.
  9. a b Koselleck 2006, pp. 21-23.
  10. Burke 2013, p. 214.
  11. Gonçalves 2022, p. 303-304.
  12. Koselleck 2006, pp. 21-24.
  13. Burke 2013, pp. 197-200.
  14. «Atividade: Flintstones e o Anacronismo». historiadigital.org. Consultado em 28 de março de 2018 
  15. «Why do we care about anachronisms in films?». www.newstatesman.com (em inglês). Consultado em 28 de março de 2018 

Bibliografia

Artigos científicos

Livros e capítulos

  • Febvre, Lucien (2009). O problema da incredulidade no século XIV. São Paulo: Companhia das Letras 
  • Bergs, Alexander (30 de março de 2012). «The Uniformitarian Principle and the Risk of Anachronisms in Language and Social History». In: Hernández‐Campoy, Juan Manuel; Conde‐Silvestre, Juan Camilo. The Handbook of Historical Sociolinguistics (em inglês). [S.l.]: Wiley. pp. 80–98. ISBN 978-1-4051-9068-8. doi:10.1002/9781118257227.ch5. Consultado em 23 de novembro de 2022 
  • Bloch, Marc (2001). Apologia da História ou O Ofício do Historiador (PDF). São Paulo: Zahar 
  • Ginzburg, Carlo (2002). Relações de força: história, retórica, prova. São Paulo: Companhia das Letras. 192 páginas. ISBN 9788535902754 
  • Schiffman, Zachary Sayre (2011). The birth of the past. Baltimore: Johns Hopkins University Press. p. 144. OCLC 794700408 
  • KOSELLECK, Reinhart. O futuro passado dos tempos modernos. In: KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição á semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Contraponto, Ed. Puc-Rio, 2006. p. 21-39. Tradução.de Wilma Patrícia Maas.
  • Loraux, Nicole. Elogio do anacronismo. In: Novaes, Adauto (org.). Tempo e história. São Paulo: Secretaria Municipal de Cultura, Companhia das Letras, 1992. p. 57-70.