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Agustina Bessa-Luís

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Agustina Bessa-Luís, GOSE (Travanca, 15 de Outubro de 1922) é uma das mais consagradas escritoras contemporâneas portuguesa. Em 2004, venceu o mais importante galadão literário para a língua portuguesa, o Prémio Camões. Tem-se dedicado quase inteiramente à criação literária e desde sua estreia em 1948 manteve um ritmo de publicação pouco usual nas letras portuguesas. Conhecida não só como romancista, mas também como autora de peças de teatro, argumentos, biografias, ensaios e livros infantis, conta até ao momento com mais de meia centena de obras.
A sua escrita opõe-se a qualquer tentativa de contextualização, em termos de correntes, na história da literatura portuguesa. A autora revela grande preocupação pela condição social e cultural dos portugueses, particularmente interessada em perscrutar o passado, recorrendo à ficção para problematizar o conhecimento histórico e vivencial.


Biografia

Agustina Bessa-Luís (Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa) nasceu no lugar do Paço, em Travanca, concelho de Amarante (região do Douro) descendente de uma família de raízes rurais de Entre Douro e Minho, pelo lado paterno (o seu pai foi emigrante, tendo enriquecido no Brasil), e de uma família espanhola de Zamora, por parte da avó materna (Lourença Agostinha Jurado).

Desde muito nova interessou-se por livros, começando por ler alguns da biblioteca do avô materno - Lourenço Guedes Ferreira. Foi através destas primeiras leituras que tomou contacto com alguns dos melhores escritores franceses e ingleses, os quais lhe despertaram a arte narrativa. Em 1932 vai para o Porto estudar, onde passa parte da adolescência, mudando-se para Coimbra em 1945, e, a partir de 1950, fixa definitivamente a sua residência no Porto.

A escritora surge no panorama literário português numa altura em que a oposição entre o neo-realismo e o modernismo do movimento da «Presença» atinge o auge. Estreou-se como romancista em 1948, com a novela Mundo Fechado, mas foi o romance A Sibila, publicado em 1954, que constituiu um enorme sucesso e lhe trouxe imediato reconhecimento geral. E é com A Sibila que Bessa Luís atinge a total maturidade do seu originalíssimo processo criador. É conhecido o seu interesse pela vida e obra de Camilo Castelo Branco, cuja herança se faz sentir quer a nível temático (inúmeras obras de Agustina se relacionam com a sociedade de Entre Douro e Minho), quer a nível da técnica narrativa.

Além da actividade literária, a escritora envolveu-se em diversos projectos. Foi membro do conselho directivo da Comunitá Europea degli Scrittori (Roma, 1961-1962). Colaborou em várias publicações periódicas, tendo sido entre 1986 e 1987 directora do diário O Primeiro de Janeiro (Porto). Entre 1990 e 1993 assumiu a direcção do Teatro Nacional de D. Maria II (Lisboa) e foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social. É ainda membro da Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres (Paris), da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa (Classe de Letras), tendo já sido distinguida com a Ordem de Sant'Iago da Espada (1980), a Medalha de Honra da Cidade do Porto (1988) e o grau de Officier de l'Ordre des Arts et des Lettres, atribuído pelo governo francês (1989).

Vários dos seus romances foram já adaptados ao cinema pelo realizador Manoel de Oliveira, de quem é amiga e com quem tem trabalhado e colaborado de perto. Exemplos desta parceria são Fanny Owen (Francisca), Vale Abraão, As Terras do Risco (O Convento), ou A mãe de um rio (Inquietude). É também autora de peças de teatro e guiões para televisão, tendo o seu romance “As Fúrias” sido adaptado para teatro e encenado por Filipe La Féria (Teatro Nacional D. Maria II, 1995).

A sua criação é extremamente fértil e variada. A autora escreveu até o momento mais de cinquenta obras, entre romances, contos, peças de teatro, biografias romanceadas, crónicas de viagem, ensaios e livros infantis. Foi traduzida para Alemão, Castelhano, Dinamarquês, Francês, Grego, Italiano e Romeno. O seu livro-emblema, A Sibila, já atingiu a 25a edição.

Em 2004, aos 81 anos, recebeu o mais importante prémio literário da língua portuguesa: o Prémio Camões. Na acta do júri da 16ª edição do Prémio, pode ler-se que “o júri tomou em consideração que a obra de Agustina Bessa-Luís traduz a criação de um universo romanesco de riqueza incomparável que é servido pelas suas excepcionais qualidades de prosadora, assim contribuindo para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum”.

Obra

Obras publicadas

Ficção

Biografias

Teatro

Crónicas, memórias, textos ensaísticos

Literatura infantil

Adaptações cinematográficas

Prémios

Prémios à autora

  • 1975 - Prémio "Adelaide Ristori" (Centro Cultural Italiano de Roma)
  • 1982 - Prémio da Cidade do Porto
  • 1988 - Prémio Seiva de Literatura (Companhia de Teatro Seiva Trupe), Porto
  • 1996 - Prémio Bordalo de Literatura (Casa da Imprensa)
  • 2004 - Prémio Camões - o mais importante prémio literário da língua portuguesa
  • 2004 - Prémio Virgílio Ferreira (Universidade de Évora)
  • 2005 - Prémio de Literatura do Festival Grinzane Cinema, Turim (Itália)

Prémios às obras


Bibliografia passiva

  • A Sibilia de Agustina Bessa Luís: o romance e a crítica, ed. lit. Maria Glória PADRÃO, Maria Helena PADRÃO, 3a ed., Porto, 1987
  • Agustina por Agustina, entrevista por Artur Portela, Lisboa, 1986
  • BULGER, Laura Fernanda, A Sibila: Uma superação inconclusa, Lisboa, 1990
  • CASTELO BRANCO, Maria do Carmo, A fala a Sibila: nótulas para a leitura de “A Sibila” de Agustina Bessa Luís, ed. Estela Ribeiro LAMAS, Fernando Hilário FERREIRA, Porto, 1990
  • COSTA, Maria Moreira da, A Sibila de Agustina Bessa Luís, Mem Martins, 1990
  • DUMAS, Catherine, Estética e personagens no romance de Agustina Bessa Luís, Porto, 2002
  • LEÃO, Isabel Vaz Ponce de, e PINHEIRO, Olímpio, Agustina 1948-1998. Bodas escritas de oiro, Porto, 1999
  • LEMOS, Filomena Maria, e PEREIRA, Laura Maria, Ler, reler, criar, produzir… a obra literária “Dentes de Rato”, Lisboa, 2000
  • LIMA, Isabel Pires de, Vozes e olhares no feminino, Porto, 2001
  • LOPES, Sivina Rodrigues, A alegria da comunicação, Lisboa, 1989
  • LOPES, Sivina Rodrigues, Agustina Bessa Luís. As hipóteses do romance, Porto, 1992
  • MACHADO, Álvaro Manuel, Agustina Bessa Luís: O Imaginário Total, Lisboa, 1983
  • MANUEL, Maria Antónia Câmara e MORAIS, João Manuel, Análise de “A Sibila” de Agustina Bessa Luís, Lisboa, 1987
  • MARINHO, Maria de Fátima, O romance histórico em Portugal, Porto, 1999
  • PEDRÃO, Maria Glória, Os sentidos da paixão, Porto, 1998
  • PEDRÃO, Maria Glória e PEDRÃO, Maria Helena, A Sibila de Agustina Bessa Luís. Compilação de crítica e ensaios, Porto, 1982
  • PORTELA (Filho), Artur, Agustina por Agustina. Entrevista conduzida por Artur Portela, Lisboa, 1986

Ligações externas

  • Dados bibliográficos das obras de Agustina Bessa Luís [1] na PORBASE – Base Nacional de Dados Bibliográficos [2]
  • Mulheres Portuguesas do Século XX [3]
  • Agustina Bessa Luís [4] no Insituto Português do Livro e das Bibliotecas [5]
  • Obras de Agustina Bessa Luís na Guimarães Editores [6]
  • Da amizade e a relação Professional de Manoel de Oliveira com Austina [7] na CITI – Centro de Investigação para Tecnologias Interactivas [8]
  • Filmografia de Agusta Bessa Luís [9] na The Internet Movie Database [10]